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O MUNDO NÃO É MAIS O MESMO

Snow Flubell


Horas Antes do surto de Andarilhos


Não esperava vê-lo na X-Bios, foi uma surpresa para mim, tanto que não sabia como reagir, espero não ter agido como uma ridícula. Adentro o carro, despedindo-me de Dan, após me desculpar com ele por quase tê-lo atingido com minhas chamas. Provavelmente o lesado não se lembrava de mim, a julgar pela forma como ele me olhara, chega a ser cômico esse lado avoado dele junto ao meu atrapalhado.

Era uma vergonha a qual eu havia acabado de passar, já caindo e quase incendiando um colega/crush de meu colégio. Dou uma última olhada, observando-o entrando no carro junto a seus familiares; faço o mesmo, entrando junto com Sue no carro do nosso pai, juntando-me à minha irmã e seguranças.

O carro sai do estacionamento pouco iluminado, indo em direção às ruas de Atlanta. Sentada sobre o banco de couro do carro bem confortável e vendo que nenhum diálogo, como sempre, partiria de meu pai, que estava bem ocupado

com uma ligação de sua empresa, viro meu rosto, olhando para minha irmã ao meu lado, que criava pequenas esferas de água testando seu elemento. Ela estava se divertindo bastante, penso comigo que não seria prudente atrapalhar ela. Então, retiro do bolso de meu casaco meu aparelho celular junto aos fones de ouvido, colocando-os enquanto olho para o lado de fora da X-Bios e vejo que a fila de populares que estavam por receber a vacina estava diminuindo gradativamente.

Abaixo o vidro da janela, deixando o ar frio do cair da noite vir ao encontro do meu rosto pálido, uma sensação que eu gostava de sentir. Ao menos era uma das coisas a qual eu ainda sentia, a breve sensação de paz e calma com meu eu interior.

Com os fones em meus ouvidos, acesso minha lista de reprodução de músicas para se ouvir durante um passeio de carro, o aleatório começa a tocar a música de uma de minhas bandas favoritas: Paramore - Now. Começo a escutar a música, apenas curtindo o ritmo e cantando baixo enquanto começo a conversar com um grupo de pessoas que havia recebido a dose do soro elementar, e começam a falar algumas coisas como: efeitos, duração, como funcionam e outras coisas.

Não possui efeitos colaterais, o máximo que senti é o líquido do soro queimando por dentro de meu corpo, em uma questão de minutos você já desperta seu poder elementar, que varia de acordo com o seu tipo sanguíneo.

O teste que vi foi de um Youtuber que possui o poder da terra. No vídeo, ele usou sem pausas e teve uma durabilidade de três horas seguidas, mas acho que é boato. O meu durou mísera uma hora, tenho certeza de que ele foi comprado pela empresa para soltar essa baboseira.

Não existem segredos quanto ao uso do poder, imagine e crie, ele pode mudar a forma e a quantidade emanada de poder dependendo das emoções do portador e seus pensamentos.

Estava cansada já de ler e evitaria usar o máximo possível de meu poder enquanto não treinasse e dominasse por completo ele. Afinal de contas, eu portava fogo, poderia causar um caos com uma pequena faísca ou chama.

Chegando em nossa casa, caminho lentamente em direção às escadas que levam ao dormitório. Sou pega de surpresa ao sentir o toque das mãos de meu pai segurarem minha mão e pedir, com um gesto, para eu retirar meus fones de ouvido. Viro-me, descendo o único degrau que eu havia subido e retiro com a mão esquerda, puxando para baixo os fones, que saem de meus ouvi- dos caindo e batendo em minhas coxas. Começo a enrolar eles de qualquer jeito com a mão direta. Assim que ele me solta, olho para ele, esperando o que teria a falar comigo.

— Pode falar. — Meu tom é suave ao falar e noto que ele estava olhando em meus olhos.

— Nada demais, querida. Peço que tome seu banho e desça para se juntar a nós no jantar. Não demore ou se atrase, por favor.

— Ele é objetivo e parecia querer nos ter junto a ele naquela noite, diferente dos demais dias. Não compreendia o porquê daquilo, porém apenas afirmo com a cabeça que tudo bem.

— Tudo bem. — Sou breve em minhas palavras, vejo- o retomar seu caminho pela casa e seu trajeto indicava que ele iria para seu escritório, como de costume. Ele passava mais tempo lá do que em qualquer outro cômodo. Mas todos da mansão já se acostumaram com isso, até mesmo suas filhas.

— Snow, se você for mais fria, em breve estaremos no castelo de gelo da Elsa. — Sue passa, brincando comigo e me irritando.

— Acho que teremos churrasco no jantar, Papai. — Sorrio maldosamente, fazendo-a subir os degraus restantes correndo.

— Meninas, por favor — meu pai fala, sério, porém em seus lábios surge um sorriso por ver como eu e minha irmã nos damos bem, na medida do possível.

Sue possuía um jeito travesso que me fazia rir algumas vezes, mas na maior parte do tempo sentia uma pequena inveja pelo seu modo espontâneo e livre de viver a vida.

Diferente de mim, que não sentia um terço dessa felicidade. Eu era mais na minha, tímida, atrapalhada, calada e pouco sociável. Minha mãe dizia que criei um mundo no qual vivo para mim, ela era a única que eu permiti entrar nele; às vezes, Sue adentra, mas ela na maior parte do tempo o invade, era a pequena e irritante intrusa.

Chego, enfim, em meu quarto, um ambiente grande e espaçoso, com poucas cores e vazio, não em objetos e móveis, mas sim em lembranças e memórias, em sentimentos, o que para mim era um exagero. Na minha opinião, todo aquele espaço apenas servia para pessoas com egos absurdamente grandes, apaixonados por consumir e encher tudo aquilo com coisas desnecessárias. Talvez o Papa achasse que objetos comprados para meu quarto pudessem preencher o vazio que nossa Mama deixou ao partir. Toda a nossa casa, na verdade, era um completo exagero. Morávamos em uma mansão ao sul de Atlanta, eu achava aquilo ridículo. Após a morte de nossa mãe, meu pai se negou a mudar de casa e permaneceu na mansão em que nascemos e fomos criadas, ele vive as memórias e emoções do local que criou junto com ela, achava um puta egoísmo da parte dele se importar apenas com seus senti- mentos e não levar o meu e de minha irmã em consideração.

Mas apenas ignoro isso e prossigo com minha vida, tento entender como ele se sente e a raiva cessa um pouco, afinal de contas, um de nós deveria ter empatia. Caminho em direção ao banheiro, o espaço era todo branco e bem amplo, havia um grande espelho, no qual evitava me olhar, não gostava muito do que o reflexo me apresentava. Sigo em direção à banheira, abrindo a torneira na água fria, fico fitando a água preenchendo o espaço enquanto um vislumbre corre em minha mente, lembrando-me de quando tive que começar a trocar a água morna e quentinha pela fria e sem graça, consequências de uma atitude impensada. Logo adentro a banheira; a toalha cai de meu corpo em direção ao chão, abaixo de meus pés. Toco com a ponta do dedo do pé direito na superfície da água, suspirando levemente enquanto adentro por completo a banheira, sentindo o frio tomando pouco a pouco cada canto e parte de meu corpo. Fecho a torneira, entregando-me por completo a meu banho.

Dou-me conta de que não havia trazido comigo meu aparelho celular para dar uma conferida no grupo X, o mesmo grupo de pessoas em que estava lendo as mensagens e interagindo de certa forma quando retornava para casa. Apenas me deito, tentando relaxar. Passava com a pequena bucha ensaboada sobre minha pele molhada. Rápidos pensamentos correm em minha mente, como se fossem um déjà-vu, era uma imagem minha sendo levada por um grupo de pessoas que nunca vi quando mais nova. Estendo em seguida minha mão, conjurando uma pequena chama, observando-a próxima a meu rosto, vendo as chamas dançando diante dos meus olhos, sentindo o pouco de calor que elas traziam sobre minha pele.

Aquilo enchia meus olhos, começo a visualizar a imensidade que aquele poder poderia me trazer futuramente quando domina- do por completo e elevado ele ao máximo em potencial. O fogo era uma das maiores descobertas do homem desde os primórdios; o que uma mulher com sede de se provar e uma imensa inteligência poderia fazer com uma pequena chama em um imenso mundo?

Falo, com a voz baixa e confiante:

— Irei provar o quão poderosa posso ser.

"É mais fácil eu sentir algo com essas chamas do que dominar os meus próprios desejos" — penso, ao mesmo tempo que falo, enquanto as chamas somem pouco a pouco diante de meus olhos, deixando apenas minha mão aberta à frente de meu rosto.

Saio, após um bom banho e, enquanto me seco, escuto minha irmã adentrando meu quarto. Seus passos apressados poderiam ser ouvidos e estavam seguindo em direção ao banheiro. Assim que abro a porta, deparo-me com ela à minha frente, ela parecia preocupada e eufórica.

Sue transparecia preocupação em seu semblante, deixando evidente que algo errado estava acontecendo.

— Se troque rápido! Precisamos sair o quanto antes, Snow.

— Ela me puxa pelo meu pulso direito, levando-me rapidamente para o espaço do quarto, enquanto andava à procura de algo. Solto meu braço dela, parando à sua frente, questionando-a em seguida:

— Sue, tem algo de errado acontecendo? — Começo a me vestir diante dela, coloco minhas peças de roupas que havia deixado sobre a cama junto aos meus fones e aparelho celular, guar- dando-os em meu bolso, enquanto pergunto novamente a ela, que parecia presa em seus próprios pensamentos. Ela estava longe e aquilo já estava me deixando aflita, ela não era de entrar em meu quarto e agir daquele modo.

— O que está havendo? Achei que apenas iríamos jantar com nosso pai. Ou estou errada?

Antes que ela pudesse me responder, apenas escuto barulhos de tiro do lado de fora de nossa mansão, pareciam vir do jardim. Com os cabelos úmidos e agora completamente vestida, caminho em direção às grandes janelas de meu quarto, andando a passos calmos com os pés sobre o tapete de algodão. Paro em frente as janelas para ver o que de fato estava acontecendo. Minha irmã vem logo em seguida atrás de mim, respondendo às minhas perguntas, enquanto eu abria as cortinas de cor bege, tendo visão do que se passava.

— Tudo aparenta ser um surto, ainda não sabem ao certo o que está causando esse surto de raiva e ataques nas pessoas, eu e papai apenas estamos sabendo isso. Foi a única coisa noticiada nos jornais até agora, o mais seguro é ir para uma área de segurança. Papai pediu para irmos para a cidade vizinha de nossos tios — ela falava em um tom sério, explicando o que estava acontecendo, enquanto presenciávamos o caos tomando conta de tudo pouco a pouco.

Viro-me, olhando para ela, perguntando, de modo que trans- parecesse em meu semblante preocupação, assim como no tom de voz:

— Mas e ele?

— Ele disse que irá logo em seguida, ele quer primeiro garantir a nossa segurança. — Sue sai de meu quarto e, antes de fechar a porta por completo, ela sorri, tentando me passar positividade.

— Arrume rapidinho as coisas em sua bolsa, passo aqui já para descermos.

— Tudo bem, Sue. Não irei levar muito tempo. — Vejo-a fechar a porta e sigo caminhando pelo meu quarto de modo pen- sativo, remoendo minha mente, sabendo que desde o começo minha intuição havia me alertado sobre o soro, falando que poderia ser o grande triunfo da humanidade ou a grande arma para extinção da raça humana, pena que foi a segunda intuição.

Enquanto arrumava minhas coisas dentro de minha bolsa, soltando minhas vestes dos cabides em meu closet, fico pensando que não existe lugar seguro, o que estamos fazendo é sobrevivendo ao nosso erro. Poderia ser uma perda de tempo adiar a morte, mas não iria contrariar meu pai em um momento desses.

— Vamos, Snowzinha? — Sue surge em meu quarto após alguns minutos e afirmo com a cabeça, sigo até ela, colocando a alça da mochila em minhas costas.

Seguimos pelo corredor indo para o andar de baixo a passos longos, descemos as escadas correndo. Havíamos pegado algumas coisas em nossas bolsas, apenas o necessário para a viagem de carro. Assim como meu pai informara à minha irmã, a viagem de carro não duraria menos de três horas.

Assim que chegamos ao andar de baixo, meu pai esperava por nós no corredor entre a sala de estar e a entrada da mansão. Seu rosto mesclava preocupação e tristeza, era eminente que ele não tinha escolhas ou opções, a situação lá fora estava tomando proporções maiores do que ele poderia resolver ou controlar.

— Minhas filhas... — Ele nos traz até ele, dando-nos um forte abraço e beijo em nossas cabeças. — Vocês sabem que o pai ama vocês mais do que tudo nesse mundo, não sabem?

— Claro que sabemos, Papa — falo baixo, com a voz abafada, meu rosto estava contra seu peito direito e naquele momento sabia que não teria orgulho ou mágoa que me fizesse agir diferente.

— E por que não pode ir conosco? — Sue levanta seu rosto, encarando-o nos olhos; ambos estavam com os olhos cheios d'água.

— Antes mesmo de perceberem, eu estarei com vocês. Mas antes de tudo, tenho que garantir que meus bens mais preciosos estejam longe de toda bagunça e caos que está rolando. — Ele nos coloca à frente dele e fala, intercalando olhares entre nós duas: — Apenas prometam que irão cuidar uma da outra até o papai chegar, ok?

Não consigo encontrar forças ou voz para responder e apenas afirmo que sim com a cabeça. Minha vontade era de gritar e chorar, abraçá-lo mais forte que tudo e falar que não iríamos sair dali e do lado dele por nada, não queria perder meu pai também, mas eu apenas travei.

— Tudo bem, sabe que a Snowzinha é a mente e eu sou a força, somos a dupla perfeita. — Sue olha para mim, colocando sua mão em meu ombro, arrancando de meu pai um sorriso.

— Eu sei, querida. Criei pequenas princesas guerreiras. Agora precisam ir. — Ele vai para trás de nós, colocando suas mãos em nossos ombros, caminhando conosco até a garagem.

Nossos passos ecoavam sobre o piso de madeira encerada, visualizo os quadros nas paredes do grande corredor com fotos de nossos familiares, enquanto escutava do lado de fora o barulho dos seguranças e sistema de segurança disparando contra seja lá o que fosse adentrando o terreno de nossa casa. Estava preocupada com as consequências que tal caos poderia nos trazer futuramente, uma preocupação que naquele momento não sabia o porquê, mas há poucas horas faria completo sentido. Não demora muito e chegamos até a garagem, um espaço amplo com os mais diversos carros que ele colecionava e usava para sair, dependendo da ocasião. Do lado de fora, os seguranças lutavam com andrignos. Logo quando surgiram, não sabíamos como eram suas aparências, como atacavam e como lidar com eles, mas depois com o tempo soubemos que era a mutação da infecção dos andarilhos nos animais mordidos ou que tiveram contato com as toxinas deles, porém, havia muitas variações nessa transformação. Meu pai aperta o passo junto a nós, levando-nos em direção a um dos carros blindados com vidros escuros e no formato mais quadrado e robusto dali.

— Entrem, meninas. — Meu pai abre a porta do carro para mim e minha irmã entrarmos rapidamente; ambas olhamos com receio para ele, demonstrando preocupação em nosso olhar. — Rápido, meninas. — Ele fecha a porta e fala brevemente conosco, abaixo o vidro do meu lado, olhando em seus olhos, sentindo seus sentimentos através de palavras e gestos. Ele toca sobre minha mão, que estava à mostra na janela do carro. — Não me olhem assim, meninas. Ter que deixá-las ir dói mais em mim do que parece.

— Então vem conosco. — Sue aparece atrás de mim, pedindo a ele com uma voz meiga.

Ele olha em direção ao barulho da porta da garagem que levava à mansão, rapidamente olha para nós, cogitando o que minha irmã havia falado, porém, estava decidido no que faria.

— Primeiro vocês, querida. Já disse que a segurança de vocês em primeiro lugar — Assim que ele disse aquilo, um estrondo é ouvido da direção da porta. Meu pai se vira, olhando abismado para as três criaturas que saíam dali. Ele bate com a mão na porta. — VÃO! — Ele dá a ordem ao motorista, que dá partida no carro.

— PAI! — Sue grita, preocupada. O carro sai da garagem, vemos as criaturas vindo correndo em direção a meu pai e mais dois seguranças que atiravam na direção deles; o motorista fecha a minha janela. Eu e Sue nos viramos, olhando pelo vidro traseiro a cena: uma daquelas coisas ataca um dos seguranças no pescoço, abocanhando e arrancando a cabeça do pescoço, mesmo após ter levado dois tiros em seu corpo, de nada adiantara.

— PARA O CARRO AGORA! — Sue grita

histericamente, chorando inconformada ao ver nosso pai sendo encurralado por aquelas coisas, sendo que ele tinha chance de se salvar ali conosco. — Precisamos pegar o Papa.

— Desculpe, senhorita, não posso dar ouvidos às suas ordens. Seu pai foi muito claro comigo — o motorista a responde, de forma fria e automática.

— MERDA, MERDA, MERDA... — Sue esbraveja, voltando a olhar junto a mim até perdermos a visão da garagem e mansão. Podem me julgar, eu deveria fazer algo assim como ela, mas nunca fui a melhor das pessoas, nunca soube como canalizar e lidar com sentimentos e emoções, eles me confundiam, ou nunca soube para que eles serviam e em que momento era certo demonstrá-los.

— DROGA! — esbraveja o motorista. — Meninas, se segurem. — Olhamos brevemente para frente, vendo várias daquelas coisas que se alimentavam dos corpos dos seguranças mortos sobre o gramado focando em nosso veículo, que passava pelas proximidades de onde elas estavam. O sistema de segurança fora destruído por aquelas coisas, sendo tomado pelas chamas que clareavam o local junto a luz do luar, a fumaça saindo dos equipamentos dava um tom de caos e destruição ao gramado tingido pelo vermelho do sangue derramado das vítimas, o cenário de horror estava instalado em nossa mansão.

Elas começam a correr na direção lateral do carro; nosso motorista acelera, desviando das que vinham à frente. O carro balança de um lado para o outro de modo brusco, agarramos nos bancos, segurando-nos. Se aquelas coisas grudassem no carro ou pneus, seria nosso fim.

— Snow — Sue me chama, alertando-me de que algo estava acontecendo lá fora. Retomo a olhar, mesmo com os movimentos do veículo, tendo a visão de nosso pai, ferido pelas criaturas as quais derrotara de alguma forma na garagem, apontando suas duas mãos na direção das criaturas que cercavam nosso veículo. Sentimos um tremor no veículo quando ele toca o solo; nas laterais por onde o carro passava, raízes grossas eram erguidas debaixo do solo, perfurando as criaturas e as erguendo ao alto. Meu pai estava limpando pouco a pouco o caminho e eliminando aquelas coisas, porém ele estava focando apenas nas que estavam cercando a nós, esquecendo dos seguranças mortos que se erguiam, alguns com os restos do que sobraram de seus corpos, outros com sua genética e feição transformada pouco a pouco. Meu pai é pego de surpresa enquanto lutava e tentava escapar, defendendo-se dos ataques daquelas várias criaturas.

"Eu amo vocês eternamente, minhas pequenas" — Leio em seus lábios suas últimas palavras, ao invés de demonstrar medo, pânico e tristeza. Ele estava sorrindo como um bobo, talvez por ter cumprido seu último desejo que era nos proteger e nos manter seguras enquanto fugíamos da mansão.

Puxo minha irmã, que ficou paralisada ao ver nosso pai sendo cercado e devorado por um grupo daquelas criaturas. Puxo ela próxima a mim, abraçando-a e ainda tentando entender como tudo havia começado, em que momento não percebemos a situação e sua gravidade, como chegou a tal ponto e apenas nos damos conta quando tudo havia sido tomado e fora de controle. Minha irmã encosta com seu rosto em meu peito, sinto suas lágrimas molhando o tecido fino de meu vestido, enquanto suas mãos apertavam o tecido na região de meu abdômen. Pela primeira vez ela se calou, porém não queria que fosse por um motivo que também me entristecesse.

"Irei cuidar dela, papai, custe o que custar" — penso, deter- minada comigo mesma, deixando uma lágrima escorrer de meu olho esquerdo, enquanto fitava a nova realidade pelo vidro do carro.

Por todo o trajeto que o carro fazia e passava rapidamente a cena era a mesma: morte desenfreada, aquelas criaturas espalhando sua doença e caos, o terror nas ruas e rosto de quem lutava contra elas e tentava sobreviver, era doloroso e horrível demais de se presenciar e nada poder fazer. Nem mesmo as autoridades estavam dando conta da quantidade nas ruas e do tanto de chamados, era cada um por si, não havia policiais ou pessoas com a vacina para poder ajudar os que precisavam e não sabiam como se defender. Tal doença se alastrou rapidamente, criando o maior número de vítimas e daquelas coisas, não havia outra resposta para meu questionamento e raciocínio.

Sinto meu celular vibrar e uma notificação do grupo que se chamava "Elementarys". Desbloqueio ele e vejo a mensagem que recebemos; na verdade era uma notícia, mas não das melhores.

A cidade será evacuada. Enquanto não souberem o que ocorreu, ela será mantida em quarentena. Eles estão falando para todos permanecerem trancados em suas casas. Uma separação de infectados e não infectados será feita para não agravar o caso e o vírus se espalhar.

A tentativa de conter a infecção era tão ridícula que o governo queria controlar algo que já estava fora de controle e tinha dizimado metade da população da cidade de Atlanta. Tal ação só contribuiu para deixar as pessoas mais confusas e em pânico, ajudando o vírus a se espalhar e a situação a se agravar ainda mais.

Estávamos seguindo para a via principal, onde estava um trânsito terrível; e não era para menos, apenas um louco iria obedecer a tal regra imposta pelo governo. Antes mesmo do nosso veículo chegar às vias com trânsito da ponte intermunicipal, somos atingidos em cheio por um caminhão repleto de andarilhos grudados em suas laterais. O motorista do caminhão estava sendo atacado por vários deles; creio eu que ele iria se tornar um em questão de poucos minutos.

Nosso carro girou por três minutos devido ao impacto, por pouco não caímos no rio abaixo da ponte. Minha irmã e eu estávamos ilesas, mas nosso veículo ficou de cabeça para baixo e nossos corpos presos ao cinto de segurança.

O motorista do nosso veículo aparentava estar desacordado e com um pequeno corte em sua testa, o segurança no banco do passageiro logo se solta do cinto e se vira, olhando para nós.

— As senhoritas estão bem?

— Na medida do possível — respondo brevemente para ele, em um tom levemente irônico.

— Mantenham a calma, irei ajudá-las a se soltarem. — Ele estava tentando nos manter calmas, mas a gritaria e caos lá fora não contribuía muito para que nossos conscientes ficassem em paz. Olho para a janela, agora aos pedaços, e vejo pessoas correndo desesperadamente, barulhos de tiros vindos de mais à frente da ponte e a voz do prefeito da cidade falando. Era o próprio cenário do fim dos tempos instalado naquele momento.

— Retornem às suas casas, não piorem a situação. Não que- remos ser obrigados a disparar contra nossa amada população — A voz rouca e irritante daquele homem ecoava por todo aquele momento.

Nosso segurança se solta de seu cinto, vejo como ele fez e enquanto ele chuta a sua porta, levemente emperrada, faço o mesmo comigo. Caio levemente contra o teto do carro que estava capotado de cabeça para baixo, surpreendendo minha irmã.

— Como fez isso? – Sue estava com um semblante de surpresa.

— Vendo como ele fez. – Sorrio sem jeito comentando com ela.

— Impressionante, Snowzinha. – Ela lança uma piscadela para mim.

— Táticas de sobrevivência, agora me ajude aí para não levar um tombo daqueles — falo, olhando em seus olhos. Ela afirma que entendeu, começo a soltar ela de seu cinto rapidamente. Antes de ela cair ao chão, o segurança abre de modo brusco a porta do lado em que eu estava; o barulho dele ao abrir foi alto, não era para menos, pois foi o lado atingido pelo caminhão.

Enquanto nos colocávamos de pé do lado de fora, começávamos a ter noção da proporção do que estava acontecendo. Começo a olhar lentamente à minha volta, ignorando todo o barulho e gritaria. A visão que tinha dava um choque de realidade em minha mente, o grau da situação.

— Se afastem do carro, senhoritas — ele fala alto, enquanto caminha à frente, fazendo sinal para o seguirmos. O cheiro forte da gasolina que escorria aos cantos do carro começava a se espalhar pelo asfalto próximo.

— Mas e o motorista? — Sue o questiona. Nosso segurança vai até a janela do lado do motorista, abaixando- se rapidamente. Vejo ele tocar com seus dedos na região do pescoço do homem, ele resmunga e se levanta rapidamente.

— Ele está morto. Agora precisamos ir...

— Isso só pode ser um pesadelo — Sue comenta, enquanto começamos a seguir ele. O homem parecia estar pensando a todo momento como iria nos proteger em meio àquela situação.

— ANDEM... — Apertamos o passo e, quando estávamos a poucos metros distante do veículo, correndo em meio à multidão, escutamos o forte barulho da explosão do veículo. Gritos são escutados da nossa antiga localização, pessoas passam por nós, esbarrando na gente, gritando, algumas em pânico, tornando aquele cenário um dos piores que eu já presenciei nesse tempo de vida.

Não demorou muito e vários andarilhos que estavam presos ao caminhão começaram a atacar as pessoas e aos carros que foram atingidos e que ali estavam. Seguíamos correndo junto ao segurança, que atirava com uma mira precisa nos andarilhos que vinham em nossa direção. Por onde eu passava era notável o desespero das pessoas correndo e empurrando umas às outras no alvoroço e desespero de protegerem a si mesmas, sem se importar com o próximo.

Nosso segurança é atacado inesperadamente por um andarilho, que morde sua jugular. O sangue da mordida em seu pescoço voa sobre meu rosto e de minha irmã mais nova, que grita, e um grupo de pessoas passa correndo por nós, empurrando-nos para a parte quebrada da mureta da ponte.

Em meio ao desequilíbrio, acabamos caindo em queda livre. Caímos rumo ao rio abaixo da ponte, abraço minha irmã e afundamos de imediato na água fria e escura, em meio aos carros que ali caíram. Algumas pessoas nadavam para sair dali, devido aos poucos andarilhos que ali estavam a atacar. Não afundamos muito, logo, nadamos o mais rápido para chegar à superfície, não muito distante de nossa localização.

Sue dominava o elemento água e logo ela cria um pequeno redemoinho à nossa volta, impossibilitando os andarilhos que ali se encontravam de se aproximarem de nós. Elogio ela assim que chegamos à superfície:

— Ótima ideia, Sue. Vejo que está dominando seu elemento com exatidão.

Enquanto seguíamos nosso caminho até as terras firmes, vemos um carro conhecido por nós. Deparo-me com a situação de dois garotos em apuros, um de seus rostos muito conhecido por mim, falo baixo e Sue me escuta, reparando em meu rosto uma expressão de preocupação.

— Não pode ser.

Sue logo percebe de quem se trata e fala, apontando em direção ao veículo, que estava por ficar submerso por completo:

— Não é o garoto que você quase queimou hoje mais cedo, maninha?

Dan havia saído do carro, mas parecia que seu irmão estava preso ao cinto. O carro estava afundando e dois andarilhos estavam indo em sua direção enquanto ele tentava soltar o cinto do motorista. Ele nem notara o perigo que corria pelo desespero em tentar salvar seu irmão desacordado.

Sue vira para mim e diz, tomando uma decisão repentina e meio suicida no momento:

— Precisamos ajudar eles, Snow.

— E desde quando nos preocupamos com estranhos, Sue?

— Tento parecer séria e fazer ela desistir daquela ideia idiota de botar nossas vidas em risco.

— E desde quando fugimos do perigo, irmã? E eles não são estranhos, tanto que sei que um deles ali é seu "crush"

— Ela faz aspas com as mãos. Fico levemente corada e não retruco mais. Ela dá uma risadinha e logo falo baixo, retomando consciência da situação delicada em que estávamos:

— Tudo bem, mas se as coisas ficarem feias, iremos nos colocar em primeiro lugar, sem se importar com ninguém, está bem? — digo, de forma séria, mostrando que não hesitaria em deixar eles para trás. Minha única preocupação era manter nós duas se- guras.

Ela afirma com a cabeça que entendeu, logo me diz o que tem em mente de modo rápido e fácil de compreender:

— Acho que o bobo lá esqueceu que possui o elemento fogo, ele pode esquentar suas mãos e queimar o cinto. Fora que ele não está atento aos perigos em volta e se deixou levar pelo sentimento de preocupação. No fim, não fazendo nada.

— Ela suspira e logo prossegue: — O que tenho em mente é o seguinte: eu consigo afastar os bichos com meu elemento, jogando-os longe. Você o ajuda, já que ambos têm fogo e tiram o outro garoto do carro. Depois protejo nós em redemoinhos, impossibilitando aquelas coisas de chegarem próximos de nós na água, até chegarmos em terra. Depois que chegarmos em terra, ferrou.

Ela dá uma risadinha assim que termina de falar, mostrando um olhar confiante.

— Tudo bem, então. — Suspiro e seguimos em direção à água novamente, indo em direção ao veículo que estava submerso.

Eu queria parar ela naquele momento. Devíamos nos preocupar só uma com a outra, mas algo não me parou naquele momento e nem eu quis tentar impedi-la.

Seria o sentimento de compaixão pelo próximo o qual eu prometi a mim mesma não ter desde a partida de minha mãe?

Mas mal eu sabia que a decisão que minha irmã tomara naquela noite maldita me salvaria, num futuro não tão distante.

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