Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Mudanças

Dante


Eu estava sem reação, não sabia o que fazer ou como reagir, estava paralisado, meu corpo não se movia, minha mente estava vazia, nada pensava ou sequer sabia o que fazer diante aquela situação. Meus olhos estavam focados nos dois, um fino suor frio estava surgindo em minha pele. Os passos longos e pesados que minha mãe dava para chegar até Dan ecoavam pelo espaço da sala.

Vejo ele colocar os braços na frente, apavorado com a situação, estava exposto em seus olhos, rosto e voz o quanto ele estava com medo assim como eu. Ele diz:

— Mãe... O que você vai fazer? Você está nos deixando com medo.

Ela para diante dele com seus olhos brancos, o líquido negro que corria por debaixo de sua pele preenchia seu rosto, assim como os poros que estavam por se alastrar por metade de seu rosto, pequenas coisas verdes estavam saindo deles. Eu não sabia ao exato o que eram, mas tinha a certeza de que aquilo a estava transformando no monstro à minha frente.

Ela fica exatos três minutos parada o encarando olho a olho, respirando pesadamente sobre ele. Sua mão fazia movimentos e seus dedos estalavam, criando um certo incômodo em mim a cada estalo de seus dedos.

"Por favor, lute contra isso, seja lá o que for... Não podemos perder você para essa doença" — penso, aflito e tenso.

Naquele momento eu ainda tinha um pouco de esperança que ela pudesse lutar contra aquilo. Mas não aconteceu, ela faz um grunhido e agarra meu irmão pelos braços, jogando- o para trás dela; aquilo fez um barulho e tanto. Dan logo tenta conter ela, após resmungar com a dor da queda.

Mesmo ele não possuindo muita força, ele conseguiria parar nossa mãe. Escuto ele gritar com ela em uma tentativa dela o escutar.

Corro até ela, indo até suas costas, para tirar ela de cima dele. Seu corpo pesava quase o dobro, sua força era muito maior do que a minha. Ela se vira furiosamente para mim, jogando-me contra o sofá no qual ela estava deitada antes.

— MÃE! Pare com isso! Me solte, por favor! Saia de cima de mim!

Escuto a voz de Dan com um tom de medo e preocupação. Levanto do sofá em um salto. Coloco a mão nos ombros de minha mãe, olho para Dan e digo para ele, em um tom sério e autoritário:

— Empurre ela comigo, ao mesmo tempo. Não pense ou fale nada.

Em um movimento de ação rápida, conseguimos jogar ela para trás, que cai sentada e faz um barulho de incômodo. Assim que seu corpo cai sobre o chão de madeira da casa, ela vai para cima do mesmo centro de mesa quebrado no qual Dan havia caído anteriormente.

Os pedaços de madeira embaixo dela devem ter lhe causado uma pequena dor desagradável. Estendo minha mão ao meu ir- mão, ajudando-o a se levantar.

Ele fica de pé ao meu lado e olha para mim; era visível como estava abalado. Olho para ele tentando não transparecer nenhum sentimento em meu semblante. Ele pergunta, em um tom preocupado:

— O que está acontecendo com a mamãe? Ela está mudando. O que é aquilo surgindo em seu corpo? — Respondo para ele de modo breve, voltando minha atenção para nossa mãe e seus movimentos. Abaixo rapidamente, pegando um pedaço do pé do centro de mesa, segurando-o com as duas mãos à frente de meu corpo. Meu irmão olha para mim com repulsa e me dá um leve empurrão, falando comigo irritado:

— Que droga você está pensando em fazer, Dante? Ela está agindo estranho, eu sei. Mas que merda! Vai atacar ela com um pedaço de madeira em sua cabeça? Isso não é a droga de um jogo.

Abaixo meu olhar para não deixar transparecer o quão aflito e abalado estava com tudo o que estava acontecendo. Era para ser um dia feliz devido às mudanças que aconteceram conosco, mas tomou um rumo completamente contrário.

Minha mãe estava se transformando em algo que não compreendíamos, tentando a todo custo nos ferir ou até mesmo nos matar.

"O que você faria se diante dos seus olhos sua mãe estivesse a todo custo tentando ferir ou matar você e seu irmão?"

"Você vê diante dos seus olhos ela se transformar em algo que você não compreende, mas sabe que algo bom que não é."

Sou tirado de meus pensamentos naquele instante quando escuto os barulhos da madeira quebrada nas quais ela estava caída em cima. Ela se levantava e falava, com dificuldade:

— Meninos... Saiam daqui o quanto antes, eu não...

Ela cospe sangue sobre o tapete surrado e amarelo da sala no qual estávamos. Ela o arranha com suas unhas, parecia que estava lutando para controlar algo desconhecido que estava tomando controle de sua mente e corpo.

— Não sei o que está acontecendo, só fiquem longe de mim — ela falava, rangendo os dentes.

Ela vai se levantando, lentamente e com dificuldade. Metade de seu corpo vai sendo tomado pela coisa que a tentava dominar por completo. Parte de seu rosto, do lado esquerdo, estava com pequenos buracos e algo verde saindo, tomando conta dele, criando uma espécie de nova pele.

Um suor frio estava presente em sua pele, sua roupa estava coberta pelo seu próprio sangue, ela salivava e mostrava seus dentes, grunhindo. Seus dedos estavam enrijecidos, prontos para agarrar nossas peles; seu rosto estava abaixado, com os cabelos cobrindo parte dele. Escuto a voz dela falando baixo, misturada com pequenos estalares de seus dentes batendo fortemente:

— Fu-jam...

Logo escutamos barulhos do lado de fora da casa, pareciam batidas de carro. Uma enorme gritaria começa na rua de nossa casa. Nossa mãe salta em nossa direção, para ser mais preciso, no meio de nós. Ela se vira rapidamente, seus olhos brancos agora estavam vidrados em mim.

Coloco, em um movimento rápido, a madeira à frente de meu corpo, impulsionando com força para ela não se aproximar de mim. Ela estava tentando me morder e arranhar a todo custo, sua força era tanta que, com seu avançar contra mim, sou lançado contra a parede, ficando encurralado. Olho de relance para meu irmão, que fica sem reação com tal cena. Não o julgo, pois até pouco era eu. É simples quando vemos em um filme ou game, mas quando é trazido para o mundo real e com alguém da família, a situação e mente nos faz paralisar, o corpo não reage aos comandos, é nesse momento que os sentimentos e lembranças falam mais alto.

"Me desculpe, mãe!" fecho os olhos brevemente enquanto penso isso. Tento uma visão próxima de seu rosto e olhos sem vida, vendo apenas uma raiva e fúria sem tamanho e nada além do vazio e a vida dela que havia partido alguns minutos atrás, dando espaço para aquela coisa que tomou seu corpo e ser.

Lanço ela para trás e chamo Dan, falando para ele me seguir. Estava com as chaves do carro dela, ela começa a nos seguir, grunhindo e andando tortamente pelos corredores. Escuto Dan falar comigo confuso e sobre o que eu faria naquela situação.

— O que tem em mente? Não podemos deixar a mamãe nesse estado, Dante.

Seguimos pelo corredor em direção ao escritório do papai e ele torna a falar novamente. Aperto os passos e vou derrubando algumas coisas no caminho a fim de dificultar a passagem de nossa mãe.

— Aí é o escritório do papai, seu tolo, vive fechado e você já sabe disso.

— Não mais. Fecha a boca um pouco, tenho coisas demais pra pensar agora. Só me siga.

Abro a porta com a chave, que estava em meu bolso direito. É notável no rosto de Dan a surpresa e descrença; a julgar por tal expressão, ele achou que eu estava blefando. Adentro rapidamente, puxando-o, logo tendo a visão de minha mãe se aproximando de nossa localização. Ela não iria parar enquanto não nos matasse. Era difícil ver ela naquela situação, não nos reconhecendo e que- rendo nos ferir a todo o custo.

— Foi mal, mãe. — Fecho meus olhos, fechando logo em seguida a porta em sua cara. Do lado de dentro, tento a todo custo não escutar ela grunhindo e batendo de modo brusco suas mãos do lado de fora da porta.

— O que isso tudo significa? — Sou tirado de meus pensa- mentos quando escuto a voz do meu irmão, que caminhava não crendo em que seus olhos viam.

— O que parece, Dan? — Meu tom sai mais irônico do que devia, devido a meu nervosismo, presumo. Sigo caminhando pelo laboratório à procura de uma bolsa na qual eu pegaria alguns documentos e guardaria a fim de estudar eles depois. Dan fica vendo eu ir para lá e para cá e observando tudo, tão confuso quanto eu, quando vi tudo aquilo e nenhuma explicação de nosso pai a nós.

— Está com cara de laboratório, tipo aqueles secretos — ele fala, em tom inocente e confuso. — Mas no que ficarmos aqui dentro vai ajudar?

Paro em sua frente, respirando fundo e tentando não perder o controle e ser rude com ele.

— Dan, não sei se percebeu, mas nossa mãe está com um problema maior do que podemos resolver. Então precisamos de ajuda, e não teremos se ficarmos em casa com ela tentando nos matar, e mortos não poderemos salvá-la.

— Ele fica surpreso e triste por saber que o que falei era verdade, por mais dura que fosse, não teríamos outra opção.

— Então nós iremos atrás de ajuda e respostas, iremos trancar ela em casa e voltaremos, não podemos andar com ela no carro sedada ou amarrada como uma coisa. Posso contar contigo? — Ele apenas afirma que sim com a cabeça.

— Fico feliz por contar com seu apoio e compreensão nesse momento, só temos um ao outro nesse momento. — Tor- no a procurar algo para guardar um caderno de anotações e documentos para estudar depois; mais ao canto, noto uma bolsa trans- versal e a pego, guardando-os dentro e a colocando no ombro.

Olho para Dan, falando de modo sério com ele:

— Vamos, precisamos sair daqui para encontrar nosso pai, um hospital, polícia, qualquer coisa que possa nos ajudar com nossa mãe.

Logo vejo ele dar um soco contra a parede; surpreendendo-me, pois nunca o vi agir daquele modo. Aproximo-me dele, colocando a mão sobre seu ombro, sabia o quanto ele não sabia lidar com situações difíceis quando envolvia nossa família.

Esse era o ponto fraco de meu irmão, diferente de mim, que só se importava comigo, ele e nossa mãe. Ao sentir minha mão sobre seu ombro, ele se vira para mim com os olhos cheios de lágrimas. No mesmo instante, as lágrimas escorrem pelo seu rosto e sinto ele me empurrar levemente, falando, de modo irritado:

— Eu não posso... Me nego a deixá-la sozinha. Se quiser ir, sinta-se à vontade, eu não posso ir contigo... Não é tão simples para mim, Dante!

Olho para ele irritado, tentando conter a raiva que estava por surgir em mim. Eu estava tentando proteger o idiota de nossa mãe e ele não notava isso. Enquanto isso, do lado de fora, ela estava por caminhar à nossa procura, pronta para rasgar nossa carne com as próprias mãos e dentes.

— Você não consegue enxergar o óbvio, não é mesmo?

— Seguro ele pelo colarinho, colocando-o contra a parede, e acabo falando mais alto e notando que minha paciência e a situação só contribuiu para meu descontrole emocional. — Você percebeu que aquilo lá fora não é nossa mãe, certo? Sabe muito bem que nossa mãe não iria nos ferir e nos atacar. Você olhou bem nos olhos dela? Você viu que aquela não era ela, não só pela aparência, pelo modo de agir e pelo olhar, escutou que ela pediu para nos afastarmos dela e nos protegermos? Eu estou tentando fazer isso por nós dois e por ela, não dificulte mais as coisas. — Ele me empurra, falando descontente em seguida, não me encarando nos olhos:

— Não irei te atrapalhar... Só que essa situação... — Ele fecha os punhos e se vira, levantando seu olhar para mim.

— Não será fácil a encarar quando sairmos daqui, não será mesmo, Dante.

— Ele caminha a passos pesados até mim, encarando- me nos olhos. — Só não deixe seu ódio pelo nosso pai interferir em suas palavras...

Somos interrompidos assim que a voz programada da sala nos alerta sobre algo, ligando o painel de LED ao centro da sala.

— Isso deve ser do interesse dos senhores.

A tela começa a exibir o noticiário das oito horas da noite, logo, começamos a ver imagens de pessoas, assim como nossa mãe, atacando uns aos outros na rua. Algumas pessoas usavam de seu poder elementar para se defender e contra- atacar os infecta- dos. O repórter parecia com medo ao estar fazendo seu trabalho em meio a tal situação, ficar em meio a disparos de poder, violentas e o caos em que o cenário estava se formando não era para menos.

— A situação agora à noite na cidade de Atlanta ficou caótica. Um surto tomou conta das ruas da cidade, espalhando o caos e o terror; parte dos habitantes estão tendo um surto de raiva. — Eu e meu irmão nos entreolhamos brevemente. — Como defesa, podemos ver alguns cidadãos já usando de seu elemento para se defenderem.

— Não poderia já ter se passado vinte e quatro horas... — penso alto.

— Como saberíamos ?— Dan olha para mim, falando incrédulo me questionando.

— Se bem que não paramos um momento sequer. Calcular o tempo em meio a correria é algo incerto — Tornamos a olhar a reportagem e, à medida que ele seguia caminhando, a situação só parecia pior; a respiração do homem estava ofegante, um suor preenchia seu rosto, seus cabelos sobre a testa estavam levemente úmidos, explosões aconteciam ao seu lado direito, dando-lhe um susto, fazendo ele e o câmera correrem.

— Eu que não irei continuar a matéria. — O homem segue correndo com o câmera, a imagem fica trêmula, escutamos a gritaria e barulho no local. Uma explosão de veículo ocorre ao lado do homem, fazendo o câmera cair. Duas daquelas coisas surgem em meio às chamas, atacando o repórter, que lutou para se defender e esquivar deles. A cena era algo terrível de se ver, ele sendo segurado pela cabeça e braços enquanto seu pescoço era dilacerado pelas criaturas, que se banhavam com seu sangue e carne. Após tal cena ser exposta, o sinal de ao vivo foi cortado e uma mensagem de problemas técnicos no canal surgiu na tela.

— A teoria dos andarilhos é real — a voz holográfica tinha o tom de uma menina de treze anos, era suave e não havia nada de irritante, mesmo sendo robótica.

— Anda o quê? — meu irmão pergunta, confuso, olhando em volta.

— Dan, perguntas ficam para depois — falo, olhando para ele, deixando nítido em minha expressão que mais informações na- quele momento não seriam boas, mesmo eu estando curioso para saber o que poderiam ser andarilhos e de que teoria ela estava falando. Minha dedução diz que meu pai poderia estar estudando essa doença ou tentando impedir quem trabalhasse com ela.

Outra coisa também rondava minha mente: será que isso tem algo a ver com a mais recente vacina do soro elementar? Ou os que estão infectados com esse surto são os que não foram vacinados?

Algumas pessoas se aglomeravam na frente da sede da X- Bios, a imagem surge de um noticiário que dava as imagens aéreas. Era uma espécie de rebelião, e a população estava atrás de respostas, mas isso só conseguiu piorar a situação.

De repente, as pessoas ficam paradas olhando umas para as outras, algo estava acontecendo, eles sentiam algo vindo da direção da empresa. Na frente da empresa, o doutor Jay surge, caminhando até o hall da entrada.

— Peço que retornem às suas casas. Mais informações serão passadas na manhã seguinte. — Seu tom sai calmo e o homem parecia seguro de suas palavras, não temendo a população raivosa à sua frente.

— Filho de uma... — um homem grita, enfurecido, mirando uma garrafa de vidro e ameaça arremessá-la contra o Doutor, que permanecia imóvel, encarando-o sem medo. Assim que o homem dá um passo em direção à empresa, grandes armas surgem do chão da empresa, dos lados direito e esquerdo, o som delas se preparando para atirar já dava o sinal de que aquilo não acabaria bem.

— Você não ousaria – uma das pessoas comenta, não crendo na cena.

— Façam o que eu disse e elas não serão usadas.

— Não podem fazer o que bem entendem, somos uma multidão e não iremos nos calar sob pressão ou ameaça. Queremos uma cura! — o homem grita, lançando a garrafa na direção do Doutor, e aos fundos alguns gritam junto a ele; outros já seguem correndo alvoroçados em meio aos que resistem, temendo pela morte.

— A doença já estava presente, vocês apenas não sabiam. — Um homem faz um sinal com suas mãos, ordenando o ataque, que se inicia de imediato. Ele segura a garrafa com sua mão, enquanto a lança sobre o chão à sua frente de modo brusco, virando-se logo em seguida, enquanto escuta os gritos de terror e medo das vítimas atingidas pelas balas do sistema de defesa da empresa.

— Precisamos ir atrás de nosso pai — digo, sério, olhando para Dan, mostrando para ele uma das anotações junto com uma foto de algo que parecia estar ligado com a pesquisa que nosso pai estava fazendo. — Isso, que está na anotação de nosso pai, não parece com essas reações que os infectados estão tendo? Nosso pai chamou isso de parasita do andarilho, creio que de algum modo tudo possa estar ligado, Dan. Ele é o único que pode nos ajudar.

Dan me olha, confuso e receoso, falando, enquanto lia as ano- tações:

— O que você disse faz sentido. Mas como iremos mantê-la em segurança até acharmos nosso pai. Primeiro que nem sabemos onde ele se encontra...

Eu tinha ódio mortal pelo modo que nosso pai se afastou de nós e pelo jeito que ele tratava sua família como segundo plano. Ainda tinha o fato dele esconder sua real fonte de renda e trabalho, mas pelo que vi de suas anotações, ele estava estudando esse parasita há bastante tempo, ele era a única coisa que nos restava agora.

— Sei de um modo.

Vou até o computador, conectando meu aparelho celular. Co- meço a rastrear o número de celular do meu pai; não leva muito tempo, a tecnologia do laboratório de meu pai era de ponta e nem se comparava ao simples notebook que eu possuía, os programas instalados neles também eram avançados, e sem contar o banco de dados.

Logo achei a sua localização, e o que me deixou mais intrigado era o fato que ele se encontrava em Nova Iorque, mas nossa mãe não havia comentado nada conosco que ele havia ido para outra cidade.

Olho para Dan e falo, de modo intrigado:

— Nosso pai está um pouco longe. Ele se encontra em um hotel em Nova Iorque, está disposto a ir até lá? — pergunto, olhando para ele de modo sério, meio que já sabendo sua resposta.

Ele olha para mim, fechando seu punho direito e afirmando

com a cabeça. Digo para ele, de modo sério, para que ele entendesse e não me questionasse:

— Vamos sair agora. Fique atento e não tente falar com nossa mãe, se ela se aproximar, empurre-a, ok?

— Mesmo não gostando, é a única alternativa no momento.

Pode contar comigo. - Ele fica receoso, mas aceita minhas diretrizes e seguimos adiante. Assim que seguro a maçaneta da porta para abri-la, recebo uma mensagem de nosso pai.

"Se protejam, meus filhos. Se vocês virem qualquer pessoa infectada, não pensem duas vezes, corram!

Se forem atacados, matem. Desculpe não estar aí com vocês, terão que se virar sozinhos e sem mim, como sempre fizeram.

Sinto muito, mas sei que vão sobreviver. São fortes e espertos, os criei para serem sobreviventes. Irei chegar até vocês o quanto antes, aqui em NY está tendo um surto de infectados também, porém tem outras coisas que parecem ser bem piores do que os andarilhos. As linhas aéreas pararam, e já está ocorrendo queda de energia. Os meios de comunicação podem ser os próximos a parar, essa pode ser a minha última mensagem e a última de vocês que eu possa estar lendo.

Amo vocês, meus filhos. Cuidem um do outro e da mãe de vocês.

Após ler aquilo, eu sinto um pouco de pena dele por não saber metade do que está ocorrendo aqui e conosco. Guardo o celular no bolso, olho para Dan e falo baixo:

— Desculpe, pai, mas não acredito mais no senhor.

Giro a maçaneta, abrindo a porta lentamente. Pouco a pouco, vou tendo a visão do corredor não muito extenso, porém bagunçado e com manchas do sangue de nossa mãe por todo o canto.

Seria difícil passar por ele devido ao tanto de coisa espalhada pelo trajeto. Olho para meu irmão, fazendo sinal para ele permanecer em silêncio e tomar cuidado durante nosso caminho. Respiro fundo, sentindo um medo de encontrar nossa mãe naquele esta- do. Era incerta sua reação e o que ela poderia fazer conosco.

Eu gostaria de evitar ao máximo encontrar com ela e faria o possível, pois eu e meu irmão jamais iríamos querer ter que enfrentá-la de novo. Estávamos chegando ao fim do corredor quando escutamos o barulho de seu caminhar pesado e os grunhidos; paro de imediato, fazendo sinal para meu irmão, que permanece parado, levando as duas mãos à boca; seu olhar de medo é evidente.

"AGORA NÃO, AGORA NÃO" — penso, temendo.

Assim que paramos de escutar os ruídos, seguimos o trajeto rumo às escadas que levariam ao andar de cima. Enquanto passávamos pela sala, olhávamos para o ambiente que há pouco está- vamos e vivenciamos o pior momento de nossas vidas. Subimos os degraus um a um, pisando levemente sobre a madeira, olhando para o corredor dos quartos; não havia sinal de nossa mãe no ambiente pouco iluminado, o que para nós foi um alívio. Parado em frente à porta de nossos quartos, agora faço um breve comentário ao meu irmão, que olhava tensamente a nossa volta.

— Coloque o essencial em uma bolsa. Vê se não demora, molenga. — Adentro meu quarto, escutando-o reclamar algo.

— Olha quem fala. — Ele seguia em direção ao seu quarto e parou antes de fechar a porta por completo. — E se ela aparecer, Dante?

Viro-me, olhando para ele, e falo, passando positividade e confiança para ele naquele momento:

— Vai dar tudo certo, apenas seja o mais rápido possível. Estaremos juntos, o que pode dar errado?

Vejo-o sorrir brevemente e falar, enquanto segue quarto adentro:

— É até estranho ver você ser o positivo.

— Cala a boca — resmungo, com um sorriso pretensioso no rosto.

Respiro fundo dentro do meu quarto. Enquanto encosto as costas na porta, meus olhos se fecham e as imagens do que aconteceu recentemente vêm à minha mente. Minhas duas mãos vão de encontro ao meu rosto, reluto comigo mesmo para não me permitir chorar, ser fraco ou me entregar aos sentimentos em tal momento.

— Preciso ser forte. — Minhas mãos descem de meu rosto e aperto o tecido de minha calça. — Devo ser, por todos eles.

Caminhando pelo quarto, à medida que eu me aproximava do guarda-roupas no pequeno trajeto, vinham em mente memórias de quando eu era mais novo, entrando correndo pelo quarto, jogando minhas roupas sujas por todo o canto e me lançando sobre a cama, rindo; minha mãe, na porta, falando incomodada de eu não ter ido tomar banho e de como meu quarto estava fora de ordem. Uma risadinha preenche meu rosto e pego, sobre a cadeira próxima à mesinha de computador na qual eu passei três meses da minha vida jogando League of Legends, a bolsa que usei no meu oitavo ano, meio surrada, porém era o que teria naquele momento.

Rapidamente, abro o guarda-roupas, pegando algumas roupas e jogando de qualquer modo dentro da bolsa. Pego mais um par de tênis abaixo da cama; noto que ali estava um caos, e cheio de coisas que na época para mim eram as coisas mais incríveis, como HQ's, caixas de jogos de mesa e uma caixa na qual eu guardava fotos com meus amigos e família. Antes de me colocar novamente de pé, algo corre em minha mente. Abaixo-me novamente, estendo a mão em direção à caixa e a puxo, sentindo a poeira dela nas palmas de minhas mãos. Sento-me brevemente no chão, colocando-a sobre meu colo; solto um espirro baixo ao assoprar a tampa. Assim que retiro a tampa, colocando-a de lado, ao ter a visão do conteúdo em seu interior, sinto uma pontada em meu peito. Sorrio de canto ao ver as imagens das fotos acima, que me despertavam um sentimento de nostalgia e alegria ao me lembrar dos momentos vivenciados através delas. Sou tirado de tal momento ao escutar a maçaneta da porta girando. Coloco minha mão esquerda estendida à frente do meu corpo, mirando na direção da porta, temendo que fosse minha mãe controlada pela doença. Sinto-me apreensivo ao ter que atacá-la com meu elemento, permaneço em silêncio e focado.

— Dante? — a voz baixa e o rosto sorrateiro de meu irmão surgem atrás da porta, aliviando-me.

Abaixo minha mão, fazendo sinal para ele adentrar logo; ele assim faz, vindo em minha direção.

— Quase lhe ataco.

— O que está fazendo ainda aqui? Ainda teve a audácia de falar que eu seria o molenga. — Ele não perde a chance, enquanto se aproxima de mim, abaixando e ficando ao meu lado, olhando intrigado para a caixa. — Você as guardava...

— É claro que sim, idiota.

— Você ficava caçoando de mim quando eu dizia que iria guardar as minhas.

— Sempre fui o irmão mais velho do contra e que enche o saco do mais novo, não poderia simplesmente estragar esse lado que criei.

— Faz sentindo, no final das contas... — Ele sorri, dando os ombros. — Vai pegar alguma delas?

— Apenas três.

— Posso saber quais?

— Nem ferrando. — Viro de costas, pegando-as e guardando-as na bolsa rapidamente. Havia perdido tempo com isso, e por mais que quisesse ficar ali revivendo cada um dos momentos, nossa situação atual não era apropriada para tal. — Vamos indo, o pior está por vir, Dan.

Passo a mão sorrateiramente sobre o bolso da calça, sentindo a chave nele. Respiro fundo enquanto saio, na frente de meu irmão, andando pelo corredor pouco iluminado em direção às escadas que levavam ao andar de baixo. Meu irmão e eu permanecíamos em silêncio, ambos tensos e com uma ponta de medo do que poderíamos encontrar ou como ela poderia estar lá embaixo. Escutamos um barulho de algo caindo e quebrando; paramos de imediato ao escutá-lo. Parecia um grunhido ou próximo disso; engulo em seco e logo escuto passos indo mais para o fundo da casa.

À medida que desço os degraus, vou tendo visão da sala até o corredor que levava ao escritório. Paro, fazendo sinal e olhando para meu irmão, falo com ele em língua de sinais naquele momento:

— Precisamos distrai-la para sairmos pelos fundos, ou não teremos acesso ao carro.

Dan parecia pensativo e logo me surpreende, ao retirar um bloco de notas desgastado em meio às suas coisas. Ele estende seu braço, mirando o objeto em direção ao corredor do escritório para o lançar o mais longe possível em sua extensão. Só tínhamos visão da metade dele do degrau no qual estávamos, mas, a julgar pela força, ele chegou até depois da metade.

Ao escutar o barulho vindo da cozinha, a criatura segue em disparada em sua direção, fazendo o mesmo som e cambalear sobre algumas coisas em seu caminho.

— Vamos! — falo para ele, sussurrando, e descemos o mais rápido possível, seguindo minuciosamente em direção à cozinha. Passamos pela sala sem problema ou vestígio dela estar retornando. Ao passarmos pelo corredor, vemos ela, quase irreconhecível devido ao nível da infecção que se alastrava de forma rápida por seu corpo.

"Voltaremos em breve pela senhora, mamãe" — penso comi- go, tentando ser otimista naquele momento. Por um lado, estava cogitando que ela pudesse não voltar, ou voltar com sequelas do que seja lá o que seja isso.

Mas somos surpreendidos quando um blecaute ocorre em nossa região. Tudo se torna escuro, perdemos a noção de onde estávamos e aonde deveríamos ir. O medo toma conta de nossos corpos e mente, ficamos paralisados entre o corredor e a entrada da cozinha, tento controlar minha respiração e buscar uma solução em minha mente que agora travara devido a situação não esperada.

Passo as mãos em meus bolsos laterais, buscando rapidamente meu aparelho celular para ligar a lanterna e sairmos o quanto antes dali. Não queria que minha mãe nos encontrasse, mas, com nossa falta de sorte, logo escutamos

passos pesados se aproximando pouco a pouco de nossa localização. Em minha mente, torcia para que Dan ficasse imóvel e evitasse entrar em desespero por conta do medo.

Movimento meus braços, buscando ficar próximo de Dan. Toco em seu ombro rapidamente, indo em direção à sua boca e a tampando. Enquanto ela tropeçava nos objetos em seu caminho, grunhindo, logo tudo se tornou terrivelmente silencioso; o silêncio nunca foi tão perturbador e incômodo, devido a ele, não sabíamos se poderíamos tentar sair dali ou permanecer imóveis e vivos. Engulo em seco e logo mais sinto uma respiração pesada próxima a nós e sons de estalos em nossas proximidades. Ela estava se aproximando de nós.

O espaço pequeno e curto para corrermos poderia causar nossa morte, preferi não arriscar e seguir com o plano de esperar ela se afastar de nós.

"O que devo fazer... Não posso arriscar no escuro. Se ela pudesse nos ver, já estaríamos mortos."

Naquele momento, sinto a mão de meu irmão apertando meu braço fortemente, seu medo estava sendo compartilhado comigo. Um barulho vindo dela se aproximava do lado de meu irmão, a luz naquele momento ameaça voltar e vejo o quão próxima ela estava do rosto de meu irmão. O pior foi ver o estágio da infecção que cobrira seu rosto por completo e modificara sua pele e mãos; era algo assustador e sequer parecia nossa mãe, e sim algo que se assemelhava a filmes de terror e jogos de Survivor horror.

Tomamos um susto e puxo meu irmão rapidamente em minha direção, a criatura bate com tudo contra a parede atrás de meu irmão. Seguimos correndo, adentrando a cozinha, e a criatura fica de pé novamente, vindo com tudo em nossa direção. Quando meu dou conta, sinto suas mãos em meus ombros, viro-me rapidamente para trás, mas antes mesmo de pensar ou fazer algo, sinto meus pés saindo do chão e meu corpo ser lançado contra o balcão da cozinha. Minhas costas colidem contra a madeira, rolo por cima dela, caindo de mal jeito no chão. Enquanto me levanto, sou surpreendido por outro ataque, coloco meus braços à frente de meu corpo, segurando-a nos ombros e impedindo que se aproximasse de mim; suas mãos e boca tentam se aproximar de meu rosto.

A cena era assustadora, e temia por fraquejar em uma situação daquelas. Um vacilo e meu irmão estaria sozinho para enfrentá-la. Viro-me brevemente olhando para ele e falando alto e de modo firme:

— DAN, PEGUE O NECESSÁRIO NA DISPENSA PARA SAIRMOS DAQUI!

— O que está pensando em fazer? — Ele teme por nós dois, cogita que eu possa feri-la ou pior.

— CONFIA EM MIM! — Passo a ele confiança em minha voz, mostrando que estava certo sobre o que faria.

Ele afirma que entendeu com a cabeça e segue rapidamente abrindo a despensa e uma bolsa vazia a qual pegou em seu quarto, começando a colocar alguns suprimentos. A força de minha mãe estava superando a minha, estava sendo difícil mantê-la longe de mim. Olho em volta, procurando algo que pudesse me auxiliar a contê-la, mas nada avisto. Solto-a, então, e ela se lança em minha direção. Rolo para a direita, fazendo ela colidir com tudo no balcão atrás de minha antiga localização. Olho para minhas mãos, me dando conta da maior arma ali presente.

— Agi como um idiota até então. — Aponto com as mãos em direção a ela, que vinha até mim, o ar a minha volta começa a se condicionar em minhas palmas, um jato forte de ar frio é lançado na direção dela. Seu corpo é lançado contra a parede, fazendo-a ficar encurralada e super irritada por não conseguir se mover ou nos atacar.

— DANTE!

— É isso ou todos aqui morrem. Faça o que lhe pedi, Dan.

— O que me irritava era que Dan não via o quão perturbado eu estava com tudo aquilo.

Era visível em seu rosto que ele estava mais incomodado do que tudo, porém engolia seu orgulho por não ter escolha em uma situação dessas.

— RÁPIDO, DAN! NÃO SEI ATÉ QUANDO ISSO VAI DURAR.

— Estou indo! Que droga, eu não estou encontrando as garrafas de água. — Ele estava nervoso e falava aquilo enquanto revirava as coisas.

Sinto que a força do jato de ar havia diminuído, aquilo era um sinal de que meu poder elementar estava se esgotando com aquele tipo de ataque. Haviam se passado cinco longos minutos e estava frustrado por não dominar meu elemento por completo, se eu soubesse um pouco mais, poderia segurar mais minha mãe ou mantê-la presa em um cômodo, mas era tudo novo e tudo acontecendo de uma só vez.

— TERMINEI! — grita meu irmão, colocando-se de pé.

— Isso aí, Dan! Vamos indo. — Olho para ele, fazendo sinal para se aproximar. Porém, antes de percebermos, o jato de ar e meu elemento falham, dando sinal de que eles chegaram em seus limites. Meu rosto se vira lentamente em direção à criatura, que cai no chão de imediato, erguendo-se, grunhindo furiosamente enquanto fica de pé. Sacudo minhas mãos, buscando usar resquícios de meu elemento, que nada fazem. Vejo ela saltar em direção a meu irmão, que coloca de imediato suas duas mãos à frente de seu corpo.

Corro desesperadamente na direção de meu irmão sem pensar duas vezes, tudo passa lentamente em meus olhos e sinto que iria falhar e perder os dois por não conseguir ser rápido o suficiente. Porém, somos surpreendidos com um clarão e a criatura sendo lançada fortemente contra o fundo da cozinha. Fico surpreso com tal cena e forma de ataque. Levanto-me, após me abaixar atrás do balcão para não ser atingido pela criatura no momento. Enquanto me ergo e olho em volta, vejo-a se debatendo contra tudo ali para apagar as chamas, aquilo estava lhe causando dor. Logo ela se lança para o quintal dos fundos e se esfrega contra a grama.

Viro, então, olhando para meu irmão com as bolsas nas costas e olhando suas mãos, horrorizado com o que causou à nossa mãe. Suas chamas se espalhavam até seu antebraço, ele estava em estado de choque, seus olhos já se enchiam de lágrimas e, ao me aproximar, escuto ele falando baixo para si mesmo:

— Me desculpe, mãe... Me desculpe, eu não... — Coloco a mão em seus ombros e caminho com ele para o lado de fora. Quando nos deparamos com a cena sobre o jardim, ficamos de- vastados: o corpo de nossa mãe estava sendo carbonizado, meu irmão entra em desespero, soltando-se de mim e correndo em sua direção.

— Não, não, não... — Vejo ele se ajoelhar ao lado do corpo, colocando suas mãos sobre ele. — Por favor, não!

— Dan! Não faça isso! — Antes de terminar, vejo o fogo sendo drenado por suas mãos. Fico sem entender como ele estava fazendo aquilo, ajoelho-me ao seu lado e, quando olho o corpo dela naquele estado, a ficha cai. Meu coração aperta e minha mente se torna vazia, o cheiro seria incômodo em outra situação, porém não importava mais nada a nossa volta naquele momento, os gritos se tornaram silenciosos, o vento não era mais frio, o caos se cessou, apenas estávamos nós três ali naquele momento.

— Ei... Mãe... — Ele a balançava, em uma tentativa falha de acordá-la. — Acorde, por favor... — Ele sorria em meio às lágrimas. — Mãe, precisamos ir... Eu sei que está aí... Aquela coisa já foi embora...

— DAN! Pare, por favor... — penso alto

— Eu tenho fé que seu poder vai despertar e você voltará para a gente... Mãe, por favor... — Ele aperta o tecido de seu casaco com todas as forças, fechando os olhos e chorando em silêncio agora.

Não era de demonstrar muito afeto a meu irmão, porém deixei meu lado chato de lado, pois agora só tínhamos um ao outro em um mundo em colapso. Dan estava com seu rosto contra o abdômen de minha mãe, chorando e soluçando.

— M-me perdoa, mãe, eu não... eu não... queria ter... Me per- doe, por favor... — Abraço-o naquele instante, levantando-o. Fecho meus olhos, negando vê-la naquela situação; não queria aceitar tal perda e não sabia como lidar com aquilo, em minha mente só tinha suas memórias alegres e felizes, seus momentos "mandões" como mãe e tudo de bom que ela foi e ainda será para nós. Carregaria para sempre em minha mente e coração seus ensinamentos e exemplo de ser humano. Dan se vira para mim, abraçando-me, enquanto caía em lágrimas. — Dante, não foi por- que eu quis... Só...

— Eu sei, Dan. Não foi sua culpa. — Retribuo o abraço e deixo algumas lágrimas caírem, enquanto permaneço em silêncio.

Um barulho é escutado por nós dois. Abro meus olhos, vendo que a cerca de nossa casa fora quebrada por três daquelas coisas. Afasto-me de meu irmão me erguendo. Eles caminhavam em nossa direção enquanto grunhiam, prontos para nos atacar.

— Dan! Precisamos ir! AGORA! — Puxo-lhe, enquanto ele relutava para sair dali.

— Mãe, iremos voltar...

— DAN! AGORA! — falo alto e sério com ele, ordenando que viesse logo atrás de mim. Retiro do bolso do meu jeans as chaves do carro dela e, enquanto corríamos em direção ao carro estacionado, lembranças corriam em minha mente.

Momentos com nossa mãe brincando conosco no gramado de nossa antiga casa, uns atirando nos outros com armas de água.

Ela brigando conosco por brigarmos por bobeira, enquanto saía correndo atrás de nós com o chinelo e gritando.

Nosso primeiro piquenique, que deu errado devido a um forte vendaval e chuva chegarem bem na hora que nos preparávamos para comer. Esse dia era meu favorito, pois saímos todos correndo e fugindo da chuva, acabamos todos comendo na casa da árvore e foi o último dia que papai esteve presente em nossas vidas.

Adentro o carro rapidamente com meu irmão, colocando rapidamente a chave no contato. Meu irmão estava colocando seu cinto quando tomamos um susto com quatro daquelas coisas batendo contra o vidro das janelas, seus ataques se tornavam fortes e logo dou partida, saindo em arrancada dali. Dois deles se seguram acima do carro.

— Malditos! — esbravejo, enquanto jogo o carro de um lado para o outro, fazendo um zigue-zague forte para eles se soltarem, o que funciona, pois os vejo sendo lançados. Assim que eles retomam consciência, já começam a atacar quem ali estava lutando contra outros deles e fugindo, assim como nós, para sobreviver.

Nas ruas havia carros em chamas, corpos caídos e com andarilhos se alimentando dos que não conseguiram fugir ou se defender deles. As ruas foram tomadas por essas coisas e o horror que elas traziam consigo. Não parecia sequer a rua de poucos instantes atrás, com famílias felizes por receberem o soro elementar, assim como a nossa, todos rindo, conversando e curtindo o avanço dado pela humanidade no dia de hoje. Tudo havia mudado, estava diferente, pena que para pior. A fonte disso, não sabíamos; como reverter essa infecção, também não; e tampouco quando o governo iria dar as contas ou conter aquilo. Estava começando muito a duvidar que isso viesse a acontecer tão cedo. Ou se iria acontecer.

— Vamos mesmo fazer isso, Dante? — Meu irmão olha para mim, buscando certeza e confiança em mim do que iríamos fazer. Ele ainda estava em caos dentro de si e muito abalado.

Viro-me, olhando brevemente para ele, e afirmo com a cabeça.

— Sim, só nos resta buscar respostas e sobreviver irmão. Precisamos sobreviver e lutar por ela, ou tudo o que ela fez e nos ensinou será em vão.

Vejo ele suspirar pesadamente, passando a mão no rosto e encostando no banco, enquanto fala, de forma abafada:

— Só nos resta isso, temos um ao outro e um longo caminho à frente, Dante.

— Enquanto tivermos um ao outro, tudo ficará bem.

— Torço que sim, Dante. — Ele se vira, olhando para mim, e completa: – De coração, espero que sim.

O bairro residencial fica para trás e seguimos em direção à estrada que levava para fora da cidade. Nosso destino era Nova Iorque, e não importava as dificuldades que surgiriam em nosso caminho, deveríamos chegar até o nosso pai, o quanto antes.

"O senhor nos deve respostas, então não morra antes de estarmos aí!"

Por onde quer que passássemos, era eminente o conflito entre as criaturas e seres humanos; as pessoas usavam de seus elementos, outros de qualquer coisa que servisse para os atacá-los e se defender, mas todos estavam buscando fugir de onde eles estavam chegando e em maior número.

— Isso só pode ser brincadeira — reclamo, ao ver o trânsito assim que chego na ponte. Olho mais à frente, vendo que a guarda nacional estava barrando a passagem, pareciam estar vendo carro por carro, pessoa por pessoa, antes de liberarem a passagem.

— Isso vai levar horas e só vai piorar a situação — meu irmão fala, inconformado.

— Precisamos mudar a rota, aquelas coisas logo chegarão até aqui — comento, inconformado, mas, assim que engato a marcha ré, noto que mais carros já estavam atrás de mim, impossibilitando-nos de sair dali. Tudo estava cercado, tanto na frente quanto atrás, não tínhamos opções naquele momento. — Que merda! — esbravejo, batendo com a mão no volante. Olho em direção ao lago abaixo da ponte, vendo no céu escuro helicópteros da polícia passando por cima e indo em direção à cidade. Alguns prédios estavam em chamas e a fumaça podia ser vista de longe. Carros da polícia e ambulâncias não paravam de seguir em direção ao centro e áreas residenciais. O barulho era imenso: sirenes, vozes e motores de carros e motos.

Quando me viro para olhar para frente, escuto o grito de meu irmão, apontando para trás:

— DANTE!

Antes que eu conseguisse ver, sinto o forte impacto de outros carros no nosso. Minha cabeça bate bruscamente contra o volante do carro, um forte zumbido toma conta de meus ouvidos, sinto o carro sendo arrastado pelo lado e se inclinando rio abaixo. Minha visão se tornara turva e vejo tudo embaçado e desfocado, estava tonto devido ao baque, meu irmão olhava para mim preocupado, alertando que havia me ferido.

Passo a mão em minha testa, sentindo um corte; o sangue escorria pelo meu rosto abaixo. Vou me dando conta da gritaria e do que causou aquilo quando um caminhão tomba rio abaixo, junto aos carros atingidos.

— Dante, precisamos... — Antes de meu irmão completar e eu entender a gravidade da situação, meu corpo sente a pressão do nosso carro sendo atingido e caindo junto aos demais envolvidos, rio abaixo. A parte da frente colide com a água fria do rio que passava entre as montanhas que cercavam a cidade. Pouco a pouco, ele vai afundando e água adentrando o carro. Vejo meu irmão desesperado tentando soltar seu cinto, que parecia ter emperrado e sinto meu corpo e mente se tornando leves, entregando-se à temperatura da água. Mesmo que eu buscasse forças, não as encontraria. Dou conta que naquele momento eu estava completamente em apuros.

"Me desculpe, mãe, mas não cumpri com a promessa de cuidar do Dan. Eu falhei..."

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro