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Algo não está certo

Dante


O duelo entre mim e meu irmão havia se iniciado, eu sabia que não poderia pegar leve com ele. Dan era muito cheio de si e adorava provar que poderia ser melhor do que eu, era até cômico ver como ele se portava diante de um desafio.

Nossos punhos se colidem, envolvidos pelos elementos que haviam se despertado desde a aplicação do soro. Dou um sorriso ao ver a determinação em seus olhos e semblante ao querer me derrotar. Falo, em tom provocativo, antes de recuar para trás assim como ele:

— Força bruta não é tudo em uma batalha, maninho. — Ele envolve seus dois punhos em meio às chamas e vem em minha direção. Me posiciono em defesa para receber o golpe, tudo indicava que seria um gancho. Penso comigo mesmo "ele é tão previsível, nunca aprende com as derrotas anteriores". Flexiono leve- mente meus joelhos para não ser jogado para trás e conseguir um contra-ataque. Assim como pensei, ele tenta um gancho; seguro em seu braço esquerdo em um movimento rápido.

Vejo que ele foca em meu rosto para me acertar um soco. Com minha mão direita, crio uma esfera de ar, lançando-a em seu estômago. Não era grande coisa, mas já causaria um certo incômodo ao acertá-lo.

A força do elemento junto à força física que coloquei no arremesso iria causar um dano mediano em meu irmão. Sinto o calor de seu elemento em sua mão passar bem próximo do meu rosto. Ele é jogado para trás ao ser acertado em cheio pelo meu golpe. Dan cai de costas no chão; eram visíveis em seus olhos raiva e surpresa.

"Ele não vai desistir, é dele se levar ao extremo e ao menos conseguir um empate." — penso comigo, ao vê-lo se levantar com a mão em seu estômago e com uma expressão determinada. Ele não me ataca e fica parado em posição de ataque, e aquilo me deixa intrigado e pensativo.

"O que você está pensando, Dan?... Sabe que venho lendo seus movimentos e passos durante a vida toda."

Abro minhas mãos, criando duas esferas de ar e lançando-as em sua direção, logo corro em sua direção conjurando mais duas, enquanto ele se esquivava das quais eu havia lançado anteriormente.

"Você é rápido, Dan, mas não astuto."

Lanço mais duas e ele desvia com sucesso. Logo ele vem até mim com uma sequência de chutes e socos; desvio deles e me defendo com meus braços de seus socos, o único problema é que não devia ficar apenas me defendendo, pois, seus punhos estavam sempre envoltos por suas chamas.

Mesmo colocando força sobre meus pés para não ir para trás, as solas de meus tênis estavam começando a escorregar sobre a grama molhada.

Com meus braços em posição de X, abro as mãos, envolvendo-as com círculos de ar; desço com os círculos de ar em volta dos meus braços para diminuir os danos sobre eles. Concentro minha mente para que meus pés fossem envolvidos, por meu elemento, assim como alguns pontos do meu corpo sentindo a pressão sobre meus músculos.

Dan começa a sentir mudanças, a temperatura ficar mais fria, olho dentro de seus olhos claros e aquela autoestima dele estava diminuindo. Fecho meus olhos, criando uma esfera à minha volta, impulsionando-o para trás. Ele, ao notar que eu estava jogando sério, não poupa seus poderes, levando-os ao máximo, mesmo que ele não soubesse seu limite e nós nunca tivéssemos treinado antes.

"O pouco que vi na X-Bios era: pense e crie com seu elemento."

Mas eu não queria ser imprudente, pois o Doutor Jay disse em um vídeo que os poderes elementares exercem muito do corpo e se esgotam dependendo do quanto se usa dele. Acho que meu irmão idiota esqueceu disso, pois está ardendo seu corpo em chamas com seu elemento, não poupando sequer um pouco desse poder desconhecido o qual acabou de obter. Pressiono meus pés sobre o chão, envolto ao ar, indo para cima dele com tudo. Falo, de modo rude e convencido com ele:

— É hora de acabar com isso, irmãozinho. Espero que não fique tristinho, mas essa vitória é minha.

Seu corpo, em alguns pontos, continha chamas de tamanho mediano queimando. Ele lança sobre mim quatro bolas de fogo; desvio de duas delas e outras duas apago com esferas de ar. Dan salta, impulsionando seu corpo no alto e colocando toda sua força e poder em seu punho esquerdo, a fim de me vencer a todo custo com a força bruta e seu poder máximo em um único golpe, o que poderia funcionar, mas não comigo.

Estendo minhas mãos para a direção que ele estava por vir, ele foca em meu peito, para me acertar em cheio. Crio uma pequena esfera de ar e vou abrindo minha mão, expandindo--a. O ar a nossa volta começa a ser drenado para a esfera, que estava centralizada em meio às minhas mãos, nossos poderes se colidem por alguns breves momentos. Olho a determinação de meu irmão em provar que melhorou em combate nesses anos. Pensei em simplesmente ceder a batalha e deixar ele ganhar de mim apenas uma vez, porém as memórias em minha mente se passam, todos os desafios e batalhas que nós travamos no decorrer dos anos. Então vejo que não seria justo com ele, ele realmente havia evoluído, mas ele precisava ganhar por mérito, e não pena; não seria justo com ele e nem comigo, que o vi se esforçar tanto.

"Você está perto, meu irmão, mas não será hoje". Expando ainda mais a esfera, apagando a chama de sua mão e braço, jogando-o perto da cerca de nosso jardim. Minha respiração estava ofegante, então me entrego ao cansaço de meu corpo e caio de costas sobre a grama fria e úmida do jardim, com os braços abertos. Fico fitando o céu enquanto recupero o fôlego. Após a batalha contra Dan, a noite já havia chegado, o céu estava limpo, sem nuvens, e repleto de estrelas; aquilo me trazia uma certa calma que tomava conta de meu interior. Viro minha cabeça para a esquerda e vejo Dan se levantar, resmungando baixo, vindo em minha direção.

— Como você domina tão bem um poder o qual acabou de receber? Isso é muita apelação — comenta ele, fazendo um rosto intrigado, tentando ler minha mente. Era estranho, mas engraçado. Ele estende a mão para mim, em uma tentativa de me ajudar a levantar, e dou uma rasteira nele, fazendo-o cair ao meu lado, dou um leve tapa em sua testa e falo, de modo calmo, com um sorriso no rosto:

— Olhe para cima, Dan. Não fale nada. Apenas admire e pen- se no que você mais almeja nesse mundo, irmão.

Ele me olha confuso ao ouvir o que acabei de falar. Coloca as duas mãos na cabeça e fica olhando por breves segundos e o vejo falar, de modo descontraído:

— Almejo conhecer cada canto do mundo, viver aventuras, conhecer diversas culturas e povos, documentar tudo, sair sem rumo e deixar a vida me surpreender. Entende isso, mano?

Olho para ele, intrigado, e falo, sentando-me apoiando o corpo com meu braço direito.

— Entendo. E acredite, isso é bem a sua cara — Comento baixo enquanto coloco meus braços sobre os joelhos, apoiando-os enquanto mexia em meus dedos, observando minuciosamente o quintal vazio, o vento frio adentrando o local, o som das folhas da árvore mais ao canto balançando. Falar sobre isso me deixava levemente irritado, mas não sei o porquê, esperava que algum dia aquilo mudasse, às vezes me sentia um idiota. Por quê? Sequer eu tinha essa resposta.

Certas coisas não mudam, você tem que se acostumar com aquilo, ou viverá sofrendo ao criar uma ilusão que nunca irá acontecer.

— Eu apenas queria que nosso pai fosse mais presente, sinto que tudo fica nas costas da mamãe, me sinto fraco por não ajudar ela sempre, sabe, cara? Meu sonho é que nosso pai volte a ser presente em nossas vidas, como era dez anos atrás. Às vezes sinto que ele se foi em nossa vida, pelo simples fato de não lembrar qual foi a última vez que o vimos pessoalmente ou qual foi o momento em que todos estávamos reunidos na mesa de jantar.

Dan se senta ao meu lado, colocando a mão sobre meu ombro e fala, sorrindo, olhando para mim, dando leves tapinhas em minhas costas:

— Cara, relaxa. O velhote vai voltar a ser o que era. Eu também sinto falta dele, mas esse projeto que ele diz estar fazendo irá mudar as nossas vidas.

Dou de ombros e me levanto junto a ele, e falo, tentando ser otimista assim como meu irmão:

— Você está certo.

Começo a colocar minha camisa e arremesso a dele para ele; caminhamos, então, em direção à entrada de casa e faço um breve elogio sobre nossa batalha:

— Melhorou muito. Mas não fique só no ataque, cara, deixa muitas brechas.

Ele resmunga, falando que sabia que estava esquecendo de algo na hora da luta, na verdade ele deixa as emoções falar em meio ao combate. Dan conversa com os punhos e eu com a mente. "Espero ser espontâneo um dia assim como você, levar a vida de modo mais liberal e despreocupado".

Dan sobe as escadas em direção ao banheiro e eu vou até a cozinha. Minha mãe estava preparando o jantar e se vira, o cheiro do jantar exalava na cozinha toda. Aquilo estava realmente mexendo com meu estômago. Vou até ela e vejo o que ela estava preparando, mas já estava no ar, um delicioso curry apimentado, do jeito que só ela sabia fazer.

Olhando para mim, sorrindo, ela fala, enquanto mexe na panela:

— Treinaram pra valer, pelo visto. Quem ganhou hoje?

Encosto na parede atrás de mim, retirando do bolso de minha calça meu celular, e falo, de modo normal, tentando parecer o menos convencido possível:

— Meio óbvio, não? — A vejo olhar para mim com um sorriso, não crendo no tamanho do meu ego. — Mas Dan está aprendendo a se defender melhor.

Mamãe me olha e logo dá um sorriso, balançando a cabeça negativamente.

— Não ensinei você a ser tão convencido assim, mas é legal ver você ensinando algo ao seu irmão. Querido, pode, por favor, arrumar a mesa do jantar?

Guardo o celular no bolso após olhar as redes sociais, indo até o armário pegar as coisas para ajeitar a mesa. Minha mãe me alerta que meu pai não viria de novo aquela noite para casa. Abaixo a cabeça e bato com o punho fechado sobre a bancada, e falo, transparecendo raiva em minha voz:

— Por que ele simplesmente não some de nossas vidas? Já não aparece tem dois anos.

Minha mãe se aproxima de mim, coloca a mão em minhas costas e fala, olhando para baixo, com a voz triste:

— Eu sei o quanto é difícil para você, pois era mais apegado a ele, mas é difícil para mim também, querido. Ele está se sacrificando por um bem maior.

Retruco de imediato com ela, virando rapidamente e a encarando nos olhos, sem pensar no que estava falando, deixando a raiva falar mais alto.

— Sacrificar a família? Pelo que, mamãe? Isso realmente vale a pena? Eu não entendo e já não sei se quero mais entender tais motivos.

Dan, nesse momento, desce, já de pijama, e para na entrada da cozinha. Escuto ele falar, olhando para nós dois, com preocupação e tristeza em sua voz por presenciar tal discussão:

— Dante, eu também sinto falta do velhote, mas não temos culpa disso. Precisa aprender a lidar o quanto antes com essa situação. Não gosto de ver você assim.

Nesse momento, minha mãe cai de joelhos sobre o chão. Ela começa a tossir pesadamente e sem parar, Dan corre até nós. Me abaixo, colocando a mão no ombro direito de minha mãe, olhando atentamente para ela.

A preocupação toma conta de mim ao olhar que sangue estava saindo de sua boca. Olho para Dan, que parecia estar prestes a entrar em pânico. Eu também estava com medo do que poderia estar causando isso a ela.

Colocando os braços de minha mãe em meu ombro, digo para Dan me ajudar a levá-la até o sofá da sala. Minha voz sai calma, precisava manter o controle e não me apavorar como eles dois, que demonstravam estar em pânico com a situação.

— Tudo bem. — Dan parecia visivelmente abalado ao ver nossa mãe naquela situação. Ele se abaixa e coloca o braço dela em volta de seu pescoço, carregamos ela devagar até a sala para não machucá-la; o peso de seu corpo nos cansa um pouco, mas conseguimos. Colocamos ela deitada, ajeitando seu corpo, e noto eu sua tosse só se intensificava. Admito que ficava preocupado devido ao sangue que saía de sua boca. Olho em volta, tenso e com a mente a milhão.

— Mãe, a senhora sabe de algo? Ficou doente na última sema- na e escondeu da gente?

— Claro que não, querido. Não até onde eu saiba — ela fala rapidamente, antes de outra crise de tosse. Ela tenta se sentar, porém a impeço, pedindo para ficar deitada; ela não gosta muito da ideia, mas faz como pedi.

"Onde ficam os medicamentos aqui nessa casa? Por que numa hora como essa não me recordo?" — penso, irritado comigo mesmo. Olho para meu irmão, que ligava para a emergência, que por sinal parecia estar demorando para atender, o que só tornava tudo um pouco mais difícil para nosso lado.

Fico agachado ao lado de minha mãe, que estava deitada no sofá. Tinha a sensação de que algo estava errado com a saúde dela e ela não nos alertara antes. Olho para Dan e lhe pergunto assim que desliga o telefone:

— O que falaram? Me diga que estão a caminho — tento falar em um tom normal, porém meu rosto expressava minha preocupação com a situação.

O vejo fazer uma expressão de medo e preocupação. Ele estava com dificuldade em encontrar as palavras certas para entregar o que ouvira do outro lado da linha. — Eles... Eles...

— Vejo-o levantar o olhar, encarando-me naquele momento. Sentia já que as notícias poderiam não ser das melhores. — O telefone caiu direto para a caixa postal.

Falo, indignado, um pouco alterado, sequer notando que me deixei levar pelas emoções:

— COMO ASSIM?

— Um surto está ocorrendo na cidade e parece não sermos os únicos com alguém doente em casa, Dante. A pergunta agora é: o que faremos? Estamos sozinhos. — Ele termina de falar aquilo se aproximando e tocando nas mãos de nossa mãe, apertando-as em suas duas mãos.

— Querido... Não... não se preocupe. Já, já passa. Pega no armário perto do escritório de seu pai, um remédio para tosse e me traga, por favor — ela fala aquilo controlando sua crise de tosse e forçando um sorriso em seu rosto, uma tentativa de nos acalmar, notando que estávamos fora de nós, procurando ser o que ela sempre foi para nós.

Olho para Dan e afirmo com a cabeça.

— Deixa que eu vou, apenas cuide dela como sempre fez, tudo bem? — Ele afirma que sim com a cabeça e sigo em direção ao corredor onde me recordava ficarem os medicamentos. No caminho, retiro meu celular do bolso, enviando uma mensagem para meu irmão.

"Dan, é visível que essa tosse não irá passar com esse remédio. Fique de olho na mamãe. Assim que eu trouxer o remédio para tosse dela, caso não passe, irei pegar as chaves do carro e iremos levar ela ao médico, ela querendo ou não."

Ele olha a mensagem e a responde com um sinal de joia com a mão. Sigo o caminho entre o corredor da sala e cozinha, guar- dando o aparelho em meu bolso. Aquele corredor não muito espaçoso levava até o banheiro do andar de baixo, lavanderia e o escritório do papai, o qual não era aberto por mais ninguém além dele, mesmo ele estando todo esse tempo fora de casa; nem mamãe tinha autorização de abrir ele para limpar. Quando crianças, eu e Dan tentávamos entrar lá, achando que ali era passagem para algum mundo fantasioso, mas desistimos por nunca acharmos a chave.

Até aquele dia.

Chego ao fim do corredor, parando em frente ao armário, mexendo nos medicamentos. Pego o que minha mãe me solicitou.

Com ele em mãos, sigo meu caminho voltando até a sala, retiro o celular do bolso, olhando a hora que minha mãe iria tomar o remédio. Já me preparava para seguir caminho quando, ao pisar em uma parte do piso de madeira, senti ele solto abaixo de meus pés. Recuo para trás, vendo o mesmo solto a minha frente; vou me abaixando lentamente, estendendo minha mão e o retirando, não esperando encontrar uma chave.

— Não pode ser — falo, em descrença, olhando para a porta branca atrás de mim. Torno a olhar para a chave solta sobre o contrapiso, abaixo e pego-a em minha mão, me colocando de pé novamente, olhando para ela em meus dedos, fina e de prata. Caminho em direção ao escritório de meu pai, respiro fundo, tentando não me deixar levar pela emoção do momento; ela poderia não ser precisamente do escritório. Porém, aquilo logo me prova o contrário: ao girar ela, logo sinto a porta se destrancando. Sinto um frio na minha espinha ao girar a maçaneta e ir me deparando com o que havia em seu interior.

Assim que adentro uma luz clara se acende me dando visão de um local completamente diferente de nossa casa, uma sala ampla em tons brancos, muito bem-organizada e iluminada com muita tecnologia.

Aquilo passava longe de ser o que ele falara a nós e suspeitávamos, era muito mais parecido com um laboratório de pesquisa. Fico sem reação diante do que acabei de ver. Começo a caminhar sobre o local lentamente, atento ao que ele poderia estar pesquisando e estudando, porém não entendia muito bem sobre o que se tratavam todos aqueles números e cálculos. De repente, uma voz fala, assim que percebe meus movimentos:

— Seja bem-vindo, Doutor Thomas.

"Mas que merda é essa?"

Começo a ler as anotações de meu pai e os desenhos que estavam sobre a mesa branca. "O que são isso? Como ele pode esconder isso todo esse tempo? Somos a família dele, não entendo o porquê de ele esconder sobre o que trabalha da gente... Se ele desejava perder minha confiança, ele acabou de conseguir!

A cada passo e cada vez que lia mais as anotações dele, mas eu o via como um desconhecido, tudo o que ele fazia, tudo o que sabíamos dele até agora eram mentiras e histórias criadas por ele. O que éramos para ele? Por que mentir sobre seu trabalho? Havia várias perguntas a se fazer. Tiro uma foto da mesa de seu labora- tório particular e envio uma mensagem a ele.

"Não adianta mais esconder o que você faz, já sei de tudo. Mesmo que não se importe conosco, apenas quero respostas. Para sua informação, mamãe está muito ruim, tossindo sangue, muito fraca e pálida. Mas estamos cuidando dela, fazendo o seu trabalho como homem da casa. Como sempre fizemos e nunca reconheceu. Responda assim que lembrar que tem uma família."

Após enviar a mensagem, sigo andando pelo laboratório de meu pai e escuto Dan me gritar da sala. Viro rapidamente, olhando preocupado na direção da saída. Sigo, às pressas, saindo do local e fecho a porta. Falo alto, enquanto caminho a passos rápidos com o remédio em mãos, voltando à sala:

— Estou chegando, escandaloso.

Assim que chego na sala, ele estava sobre a minha mãe. Ela estava convulsionando, Dan estava colocando minha mãe de lado a fim de fazer com que a saliva dela não se acumulasse, ele estava segurando para que não caísse sobre o chão.

Como de costume, Dan não controlava suas emoções muito bem, estava visível que ele estava segurando suas lágrimas. Olho para Dan e falo, calmamente, não transparecendo que estava preocupado e aflito ao ver tal cena:

— Temos que esperar essa crise passar, apenas seguraremos ela para que não se machuque.

As convulsões se intensificaram, a pele de minha mãe, depois de cinco longos e terríveis minutos convulsionando, começou a ficar mais branca, suas veias ficavam mais expostas e marcadas sobre a pele. Eu e Dan tentávamos conter ela para que não se machucasse. Ela olhava para nós e parecia não nos reconhecer mais, estava se tornando agressiva e com uma raiva nunca vista antes por nós. Caímos os dois no chão, sentindo a dor do impacto, e a vemos se sentar; ela parecia confusa. Olhamos um para o outro e tornamos a olhar para ela, que permanecia sentada no sofá em silêncio, em seus próprios pensamentos, enquanto olhava para as costas de suas mãos. Logo, ela nos olha e fala, com a voz fraca:

— O que está acontecendo comigo, meninos?

Me levanto e falo, olhando para ela, tentando acalmá-la, com os braços à frente de meu corpo:

— Não sabemos, mãe. — Pego o remédio caído próximo ao sofá e falo, com um tom forçado, mas entregando minha preocupação na voz, que falha em seguida: — Eu trouxe o remédio que me pediu...

Faço um sinal para Dan para que ele busque um copo d'água. Noto que em seu pescoço começaram a surgir pequenos furos esverdeados, mas disfarço.

"O que está acontecendo com você, mãe?" — penso, olhando para ela, sentindo uma pontada de dor em meu peito ao vê-la sofrer tudo aquilo e não termos respostas ou o que fazer para ajudá-la.

Ele volta à sala e entrega o copo com água a minha mãe, que toma o remédio.

— Obrigada, querido. — Meu irmão olha para ela com uma expressão triste ao vê-la naquela situação, e ela tenta acalmá- lo.

— Eu vou ficar bem, não se preocupe. — Dan cruza os braços, apreensivo, afirmando que entendera com sua cabeça. Seguro em suas mãos trêmulas, ajudando-a a tomar o medicamento. Então, vejo-a segurar, de repente, o copo de modo firme e me afasto. Vejo ela olhando fixo para um ponto da sala, parecia que havia paralisado; ela fica parada durante dois minutos. Olho para meu irmão, que faz o mesmo para mim, ficamos ambos nos entreolhando, preocupados.

— Mãe? — Dan fala, com a voz falhando.

— Mãe, está sentindo algo? Por favor, nos responda — também pergunto.

Vemos ela apertando o copo em sua mão cada vez mais, até que ela acaba quebrando o copo. Os pedaços em sua mão começam a feri-la, gotas de sangue começam a escorrer por sua mão. Vejo meu irmão caindo em lágrimas silenciosas naquele momento ao sentir a dor de ver nossa mãe ferindo a si mesma. Sinto a mesma dor que ele, meus olhos se enchem de lágrimas e me aproximo dela, tocando em seu ombro, sacudindo-a, tentando fazer ela retomar a consciência.

— Mãe, me escute, por favor! Precisa se controlar! – Era eminente o desespero no tom e semblante do meu irmão.

Vemos ela cerrar os dentes e começar a ranger. Dan se aproxima de mim e ficamos ambos ali, ao lado dela, esperando vir algum sinal de sua parte. Estávamos ficando assustados com o que poderia estar causando aquilo nela, não tínhamos ajuda, está- vamos sozinhos e com medo de perdê-la.

O que ela estava sentindo não sabíamos. Logo me levanto do sofá, pegando sobre o chaveiro a chave do carro. Ela olha para Dan; o tom das íris de seus olhos haviam mudado, tornaram-se tão vermelhas quanto o sangue que escorria de suas mãos e tingiam o carpete surrado da sala; seus lábios estavam tingidos pelo sangue, que se misturava com a saliva que ainda estava em seu queixo causada pela convulsão. Somos surpreendidos por ela falando gritando com Dan, como eu nunca havia visto antes.

— SAIAM DAQUI AGORA, MENINOS! — Parecia

que ela estava em uma luta interna consigo mesma. Antes mesmo de termos alguma reação, em um movimento brusco ela empurra meu irmão, fazendo-o cair sobre o centro de mesa. Minha mãe fica parada olhando para suas mãos em posição de garras, de seus olhos correm lágrimas. Ela estava confusa e não entendia nada do que estava fazendo, seu corpo parecia estar tendo vontade própria, mesmo que ela tentasse o impedir de fazer algo contra nós, suas forças pareciam não ser o suficiente. Ela fala, sem olhar para nós, com a voz trêmula:

— A única coisa que tenho vontade agora é de ferir vocês. Fiquem longe de mim! — Olha para suas mãos ensanguentadas, com os olhos trêmulos, não crendo no que estava se tornando e em seus instintos. Ela se vira e vemos nitidamente em seu olhar transformado, pela última vez, nossa mãe. — Por favor, se salvem.

A tosse volta a aparecer em minha mãe, ela leva sua mão até a boca. Rapidamente, sem pensar, vou até ela, colocando a mão em suas costas. Notando que sua tosse estava com sangue, estendo a mão a Dan, ajudando-o a se levantar do chão e do centro de mesa quebrado em que ele estava em cima. Ele olha para minha mãe, falando com ela, tentando a acalmar e se negando a acreditar no que ela falava. Ele sorria em meio às lágrimas, mostrando que o que ela havia feito de nada importava e que ele apenas queria a melhora dela.

— Você jamais iria nos ferir, mãe, não importa a situação.

Olho para ele, falando, de imediato, de modo sério para que minha mãe escutasse e não me questionasse:

— Iremos levar você ao pronto-socorro. Sem mais, mãe. Eu irei dirigir.

Ela empurra nós dois para os lados, jogando-nos longe um do outro e de modo brusco. Escutamos ela grunhir e estalar os ossos de seu corpo, contorcendo-se e esticando sua mão. Sob sua pele, algo negro corria, seguindo em direção à sua cabeça.

Quanto mais aquilo se alastrava, mais ela mudava o modo como agia. Algo estava tomando o controle de nossa mãe e fazendo ela se esquecer de nós e agir de forma violenta contra seus próprios filhos.

Ponho-me de pé ao perceber que os pequenos furos em seu pescoço estavam se espalhando na lateral de seu rosto. Dan, assim como eu, fala, com os olhos cheios de lágrimas, tentando se aproximar dela:

— Mãe?

Ela se vira para Dan com seus olhos todos brancos e avança para cima dele. Naquele momento, vejo aquela cena e fico paralisado. Minha ficha acaba caindo e me dou conta de que nossa mãe não habitava mais naquele corpo.

"Aquilo era tudo, menos a mãe que algum dia nos amou."

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