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Vitor

A noite em Gedeon era linda, as estrelas pareciam competir umas com as outras e com as luzes da cidade para ver quem era mais brilhante. Vitor conhecia o caminho de cor, cada curva da rua íngreme que levava até o alto da colina onde ficava o Palácio Rubro, mas era estranho agora. 

A movimentação estava estranha, mais policiais do que o de costume, mais equipados. As pessoas paravam na frente das televisões nas lojas e em qualquer lugar a cada hora que aparecia a abertura do jornal de plantão. Esperando alguma coisa, ou temendo. 

Em parte, também é porque ele não vê aquelas ruas há muito tempo. Depois de escapar dos Zander, Vitor voltou para a capital, mas voando. Não viu como estava a cidade, o Campo nem seus amigos. Tudo mudou, cresceu ou sumiu e o príncipe não estava lá para ver. Ele tentava ao máximo não pensar nisso, não tinha tempo.

Sua avó não estava esperando por ele no portão. A rainha Irabelle não tinha emoção aparente. Há muito tempo ela era assim, desde a morte do avô de Vitor, anos antes dele nascer. Fez isso para não sofrer, pelo menos ela diz que não sofre mais. Em consequência, ela não se importa com mais ninguém.

O príncipe foi direto para o quarto, as janelas já estavam abertas e ele pôde ouvir Dumpling logo abaixo da varanda. O rapaz vai até a janela para vê-lo. 

O lobo estava apoiado nas duas patas traseiras, tentando alcançar o quarto sem precisar saltar, em alguns meses vai conseguir, mas agora não. Vitor iria levá - lo para Denver em breve, Dumpling não poderia ficar mais em Escarion por causa do tanto que crescia. O Palácio Rubro não tem espaço para ele, alguns corredores não tinham altura para o lobo passar.

Daria muito trabalho levá-lo para lá e fazer ele entender que tem que ficar lá, porque se não, o Dumpling vai fugir e ficar voltando para Escarion toda hora. Ele cresceu tanto, e estava mais agitado com qualquer coisa que acontecia, outra coisa que o príncipe do Oeste perdeu. O desenvolvimento do seu companheiro peludo.

Vitor queria ficar com ele agora, mas ainda tinha trabalho a fazer. Sua avó não se importa com nada nem ninguém, então não iria falar com ele; pelo horário, Dumpling já jantou e já está tarde o bastante para que todos pensassem que ele estava dormindo.

Se sua mãe pensava que poderia impedi -lo de tentar descobrir o que houve na floresta, ela se enganou. Vitor governa Denver de maneira titular para alguns, mas tinha influência e poder de qualquer maneira, o permitindo pedir ao Leonard que mandasse todas informações do laboratório sobre a amostra de terra que ele deixou em Denver enquanto ele investigava quem poderia ter feito isso em Escarion. 

[...]

Sua avó tinha muitos livros, sabe se lá como sua mãe conseguiu ler todos eles, a biblioteca dela era um lugar com tudo o que qualquer estudioso precisasse ou gostasse de aprender, mundos e vidas inteiras em um único cômodo. A magia de sua avó veio da tribo Bamidele, composta por pessoas que dominam a magia antiga usada pelos primeiros escarianos antes mesmo da Era de Edith, antes dos escarianos chegarem ao Oeste. Os seguidores de Edith se dividiram em dois grupos, o que se desenvolveu e avançou buscando ser independente da magia e os Bamidele, que mantiveram os costumes antigos. Então, a biblioteca também continha textos inestimáveis sobre magia. Talvez um deles possa ajudar.

Vitor usou as passagens de serviço e sua ilusão para que ninguém o visse, é óbvio que sua mãe mandou certas pessoas do palácio ficarem de olho nele. Ele entrou no corredor que levava até a biblioteca, já que nenhum corredor de serviço levava diretamente até lá, e usou sua ilusão para passar pelos guardas. Mesmo que Vitor estivesse debilitado demais para usar grande parte do seu poder, usar sua ilusão continuava fácil como respirar ou andar, era herança de sua família, esse poder nasceu com ele. 

Ilusão não era o suficiente para descrever o que os Minori poderiam fazer com esse poder, mas era a maneira mais fácil de entender, eles podem alterar o som, fazendo pessoas pensarem que ouviram coisas ou que não estão ouvindo nada. Enganar seus sentidos como bem entender era o ápice que um Minori poderia alcançar, de acordo com os registros.

Os guardas continuavam olhando para a entrada do corredor, atentos a tudo menos ao príncipe entre eles destrancando a porta.

Centenas de prateleiras ocupavam a biblioteca, tinha apenas uma mesa redonda envernizada com quatro cadeiras estofadas e um abajur para iluminar a leitura no centro do cômodo. Os livros eram organizados por ordem de lançamentos, de volumes velhos com capas gastas pelo uso até modelos ainda plastificados. 

Toda a história de Escarion estava registrada ali pelos reis e rainhas da família Minori e outros estudiosos ao longo das gerações, além das próprias histórias pessoais dos monarcas. Suas experiências, o que aprenderam ao longo do governo, lições e magias para deixar aos seus descendentes. Cada detalhe de Escarion estava naquela biblioteca. 

Os livros de magia eram ainda mais variados do que os registros da sua família, com vários estudos sobre a magia que cada um pode usar. Tem livros sobre magos, sobre o que cada magia fornece e causa, as limitações de cada uma delas e como expandir, não apenas sobre os poderes da família Minori, mas também da Zander. 

Infelizmente, praticamente todos os arquivos sobre o poder dos Febe foram destruídos há anos durante o Massacre dos Trovões.

Vitor procurou pelos livros que tinham etiquetas com o nome de sua família, magias relacionadas a energia vital que também podem afetar seres humanos comuns e escarianos. Lendas dizem que magias assim podem ser usadas para ressuscitar os mortos, mas é apenas um boato. Reparar energia vital de algo ou alguém é uma coisa, criar uma fonte de energia que não está mais lá é outra totalmente diferente. 

Tinham anotações nas páginas, Vitor reconheceu a letra de sua avó, que tinha observações e avisos para sua mãe nunca tentar usar com o tio Urano, o que fez o príncipe rir imaginando o que levou a avó a deixar esse aviso para ela; algumas anotações pertenciam ao seu avô.

Vitor nunca o conheceu, mas seus comentários pedindo para seus descendentes evitarem usar certas magias levam a crer que ele era um homem calmo e totalmente pacifista; anotações da sua mãe, fazendo observações e comentários de como expandir o alcance da magia para curar várias pessoas de uma vez, a maioria escritas de uma maneira não tão íntima e pareciam mais notas de rodapé; e as de outra pessoa. 

O príncipe não reconheceu a letra, foi escrita em cursivo perfeito e cuidadoso. A pessoa anotou observações sobre a magia, curiosidades que a pessoa provavelmente retirou de outros livros e quis acrescentar. 

Essa pessoa se perguntava se seria possível redefinir a magia para outro propósito, só não escreveu qual. O rei de Denver sabia qual era o propósito que essa pessoa tinha em mente. Normalmente, os comentários estavam assinados com o nome de quem escreveu, mas aqueles não tinham nenhum.

No final desse livro, tinha o nome das pessoas que dominavam mágicas mencionadas, Vitor encontrou o nome da sua avó e da sua mãe. Não era o bastante, a pessoa não usou nenhuma magia do livro e sim se baseou nela para criar uma nova, então não tinha o nome dela ali. Vitor só conseguiu descobrir que essa terceira pessoa criou a magia usada na floresta sozinha, então ele só podia tentar descobrir a quem aquela letra pertencia.

Ele não pode ter feito anotações só nesse livro. Uma magia dessa não iria deixar de ser lembrada aqui.

O príncipe continuou procurando por outros livros relacionados a magia de destruição, encontrou uma magia mais estranha que a outra e percebeu que há várias maneiras de destruir uma pessoa e ainda deixá - la viver.
Medonho, ele pensou. 

Encontrou um caderno, com a mesma letra que viu no outro livro, um caderno sem nenhum nome na capa ou na lombada, não era tão antigo quantos os outros manuscritos que Vitor já leu, mas as folhas já estavam amareladas e estava marcado com a fita vermelho sangue que indica que ninguém deveria usar para absolutamente nada. 

Era um estudo que levou à criação do feitiço da morte usado na Floresta Sagrada, várias anotações sobre os testes e os resultados que levaram, observações, etc. O príncipe encontrou a magia usada na floresta, era feita basicamente para causar morte, baseada na teoria das magias de cura e manipulação da energia vital escritas por sua avó, mas foi invertida para um propósito mais sombrio.

As anotações fizeram Vitor sentir um frio na barriga, porque o responsável por isso, seja quem for, usou em pessoas e animais às escondidas e, quando mostrou para todos o seu feitiço, mentiu dizendo que testou apenas em plantas. 

Essa pessoa também não procurou uma maneira de reverter o que houve, mas acrescentou que sentiu orgulho porque não há nada que possa reverter ou interromper o feitiço. 

Na penúltima página, está escrito: “Escrito por…”, mas o nome foi coberto por tinta preta, Vitor olhou no verso e na última página, mas não encontrou nada que possa dizer o nome do responsável. Seja quem for, não querem que seja lembrado. Ele coloca os outros livros exatamente onde estavam e sai da biblioteca com o caderno nas mãos, os guardas não percebem ele sair enquanto conversam, o assunto chama a atenção de Vitor. 

- Ei, ficou sabendo? - Um guarda fala para a outra que vigiava a porta, inclinando um pouco a cabeça para ela, mas sem olhar. 

- De quê? - A mulher perguntou revirando os olhos, claramente entediada. 

- A rainha Irabelle está parando com os remédios. - Ele responde. 

Vitor para e se vira para os vigias, que ainda não o viam.

- Como ficou sabendo? - A vigia pergunta, olhando de lado para o companheiro. 

- Meu namorado me contou. - O vigia responde, contente com a atenção. - Ele é aprendiz da rainha e mandava os remédios para ela, aí comentou comigo que ela não pede mais com tanta frequência. 

A vigia bufa e revira os olhos para outra direção, Vitor segura o caderno na frente do corpo, esperando que eles continuem com a conversa.  

- Nossa, já não era sem tempo. - A vigia comenta apoiando o peso do corpo na outra perna. - Aquela mulher é louca.  

- Acho que foi a Imperatriz Miriam que a fez diminuir, finalmente fez algo para ajudar a mãe. 

O príncipe luta contra o ímpeto de repreender o vigia, não vale a pena discutir. Sua mãe tentou ajudar sua avó de todos os jeitos possíveis, mas ela não aceitava de maneira nenhuma. As duas chegaram a brigar por causa disso, na verdade só sua mãe se exaltava. Miriam Minori sofria muito por causa do estado da mãe e Vitor já chegou a ver isso em primeira mão. 

Não era nada fácil tentar ajudar Irabelle Minori, mas a mãe de Vitor não desistiu, só precisava de um intervalo às vezes. A essa hora, sua avó já deve estar dormindo, provavelmente, então ele decidiu não vê - la agora. O dia foi frustrante e ele queria que acabasse logo. 

No dia seguinte, o príncipe foi falar com a sua avó, ela estava em seus aposentos, não gostava de sair nem precisava. A mãe do príncipe fazia tudo em Gedeon para que ela não tivesse que fazer nada. A antessala não tinha lugar para sentar, as paredes tinham a cor vermelha escarlate com linhas douradas, duas janelas em cada parede, dando vista para as montanhas e para a cidade, o piso era de madeira polida e tinha apenas uma mesa redonda envernizada com um grande vaso com flores azuis. 

Vitor bateu na porta do quarto da avó e esperou, ela veio depois de alguns minutos. A pele era azul como o céu noturno, seu cabelo era preto e crespo e seus olhos eram castanhos. São poucas as diferenças entre a mãe e a avó do Vitor. O cabelo de sua mãe não era crespo, mas liso e volumoso, sua mãe tinha mais músculo enquanto sua avó era magra e com aparência franzina. 

Irabelle, por mais incrível que possa parecer, sorri quando vê o Vitor. 

- Vitor. - Ela cumprimenta, agradavelmente confusa, fechando a porta do quarto. - A que devo a honra? 

Ele a cumprimenta com um aceno de cabeça, era estranho ver a avó assim tão simpática. Ela sempre o cumprimentava com desinteresse e até de forma grosseira. 

- Oi, vovó. - Vitor diz em tom desconcertado. - Posso falar com você um minuto? 

- Claro que pode, meu neto. - Irabelle diz, como se experimentasse a emoção dessas palavras apenas agora. - Venha, vamos sair daqui. 

A última rainha de Escarion o guia para fora do quarto, eles vão para um jardim que fica próximo do quarto, é longe da ala onde Vitor dorme. O Palácio era construído em volta do antigo castelo da família Minori, aquela era uma das alas mais antigas da construção. Eles se sentam em um banco de pedra branca perto da entrada de um labirinto. Sua avó parecia estar de ótimo humor, olhando para o céu e para as plantas como se fosse a primeira vez. 

- Então - Irabelle se ajeita no banco, olhando para o neto, como se só agora o conhecesse. - Sobre o que quer falar? 

- Eu encontrei um manuscrito sobre uma magia diferente e queria saber se alguém já a usou.- Vitor responde.

- Não tinha nenhum nome? - Irabelle perguntou erguendo uma sobrancelha. 

O príncipe faz que não com a cabeça e mostra o caderno para ela. 

- Alguém o cobriu com tinta, então não tenho como saber. - Ele mostra a penúltima página com o nome censurado. 

Irabelle inclina a cabeça levemente, analisando o caderno. 

- E usar um feitiço de remoção de tinta vai remover o nome também. - Irabelle complementa.

Vitor assente, concordando. Ele volta até a primeira página e dá o caderno à sua avó, ela passa os dedos pelo papel com cuidado.

- Você sabe quem criou isso? - Ele pergunta olhando para o rosto dela.

Sua avó não responde, olhando para a letra com carinho, passando o dedo pela caligrafia perfeita. Um brilho estranho surge em seus olhos. 

- Sei. - Ela responde nostálgica, sua voz era gentil e suave, como se falasse com um bebê. 

- Quem foi? - Vitor pergunta ansioso. 

Irabelle continua olhando para o caderno, folheando as páginas com cuidado, como se fosse a coisa mais delicada do mundo. 

- Vitor, você sabia que… - Os lábios de sua avó ficam fechados por alguns segundos. - você já teve um tio? - Ela pergunta gentilmente. - Sua mãe falou sobre ele?  

Vitor franze a testa, tentando lembrar, e balança a cabeça devagar. Não. Na verdade, a única pessoa que ele considerava um tio era Urano, mas ele não era irmão de sangue da sua mãe.

- Foi ele que escreveu tudo isso. - Irabelle diz fechando o livro gentilmente. - Ele era um gênio, assim como sua mãe, só não teve tanto tempo e liberdade para focar seus estudos apenas em magia. 

- Por que não?  

- Porque ele era o herdeiro do trono, não sua mãe. - Irabelle explica, olhando para o caderno com afeição. - Ele tinha que focar em outros assuntos também. Você entende. 

- Entendo. 

Ele entendia perfeitamente. Vitor raramente tinha tempo para fazer o que realmente queria por causa de seus deveres de príncipe herdeiro e os de rei em Denver. Às vezes, desejava internamente ter um irmão para que pudesse se aliviar um pouco. Passando algumas tarefas para ele ou ela, mesmo sabendo que isso seria errado.

- Ele era um bom menino, sempre ajudava sua mãe com tudo, chamava ela de Safira. - Irabelle conta com a expressão suave. - Dizia que ela seria a verdadeira jóia em sua coroa, sua aliada mais fiel, seu escudo e sua conselheira mais valiosa. Miriam queria isso também. 

- O que aconteceu? - Vitor perguntou com delicadeza. Com certeza essa história tem um final triste.

Irabelle parou de acariciar o caderno, seu rosto congela e seu olhar perde o foco. Depois, ela pisca rápido e balança a cabeça, espantando um pensamento ruim. 

- A guerra entre Escarion e Solarian que aconteceu anos atrás. - A avó de Vitor respondeu com a voz mais profunda. - Perdemos ele naquela época trágica. Ficou se definhando aos poucos, cada vez pior, até que ele se foi. 

- Mas se isso aconteceu nessa época...- O príncipe murmura para si mesmo. 

Como a magia dele atingiu a Floresta Sagrada?. Essa guerra aconteceu há anos, bem antes de Vitor nascer, antes do Império do Leste surgir. Ainda na Era de Edith.

- Vovó, ele ensinou isso para outra pessoa? - Ele pergunta apontando para o caderno com o queixo. 

Sua avó, para a tristeza de Vitor, faz que não com a cabeça. 

- A única maneira de alguém aprender essa magia é com isso. - Ela explica mostrando o caderno para ele. - E meu filho nunca deixou ninguém tocar nesse caderno, essa magia era seu maior triunfo. Só depois que ele… que ele se foi, sua mãe colocou esse caderno na biblioteca. Lembrar do nome dele traz muita dor para ela. 

- Ele não tinha nenhum amigo que pudesse saber da existência dessa magia? - Vitor insiste mesmo assim. 

- Isso, ele tinha. - Irabelle respondeu com um sorriso leve. - Meu filho já usou essa magia na frente de outras pessoas, nunca chegou a ensinar porque queria que isso fosse algo apenas da família Minori. Disse que passaria para os sobrinhos. - A velha rainha pisca como se tivesse percebido algo só agora, mas volta a expressão calma.

- Quem exatamente? 

Irabelle solta um suspiro. Seja lá o que estivesse lembrando, a fazia se sentir muito bem. 

- Alguns amigos dele morreram em combate, mas tinha um que o acompanhava nas aulas. - Irabelle levanta o indicador ao lembrar. - Eles não eram exatamente amigos, mas seu tio mostrou essa magia para ele e explicou como funciona. Meu filho queria que eles fossem aliados e pensou que compartilhar isso com ele ajudaria.

- Quem? - Vitor se inclina para ver o rosto da sua avó. 

- O irmão mais velho do Urano, Comandante Tourvenot Febe. - Irabelle respondeu com sua expressão séria.- Alguns o chamavam de Tovy.

Vitor já leu sobre ele, tio Urano tinha dois irmãos, e um deles se tornou uma lenda no Campo. Tourvenot Febe, conhecido como O Rei da Montanha Cinzenta por ser o único que conseguiu chegar até o topo, o aluno prodígio que era venerado por todos os outros alunos.

Ele era o noivo de Megara Bahati, general da força aérea, os dois eram o rei e a rainha do Campo. Diziam que a família Minori não reinava naquela área, e sim eles. Vitor gostaria de ter conhecido ele- todos no Campo gostariam disso, na verdade. Tourvenot Febe se tornou uma lenda.

- Mas ele também morreu quando Solarian e Escarion estavam em guerra. - Vitor relembra. 

Sua avó assente, sem tirar os olhos do caderno. 

- Por que quer saber disso, Vitor? - Ela pergunta, olhando para ele pela primeira vez.

Ele pensou em dizer que era só por curiosidade, porque se dissesse que era por causa de Denver, sua avó contaria à sua mãe que Vitor ainda estava tentando descobrir quem foi o responsável por isso. O que, por algum motivo que o príncipe não conseguia entender, sua mãe não queria que ele fizesse. Mas, se ele explicar para sua avó com clareza, talvez ela lhe diga mais alguma coisa útil. 

- Alguém usou essa magia para destruir uma parte da floresta de Denver. - Vitor começa. - Minha madrinha se machucou muito, vários animais morreram. Tenho que descobrir quem fez isso e se tem como reverter ou se algo vai voltar a florescer ali.

Irabelle fecha a expressão e encara o caderno, Vitor coloca a mão em seu ombro. 

- Vovó, eu preciso saber quem, que ainda está vivo, é capaz de usar essa magia. - Ele insiste. 

Sua avó olha para ele, seus olhos pareciam estar em completo desespero, ela segura a mão de Vitor como se estivesse prestes a cair de um precipício e ele fosse a única pessoa capaz de salvá - la.

- Seu tio tinha seguidores. - Ela sussurrou. - Que contavam os segundos para ele se tornar rei. - Irabelle faz uma pausa. - Quando sua mãe foi nomeada a herdeira, eles não aceitaram e deixaram o país. Eles viram seu tio usar essa magia muitas vezes, devem ter conseguido copiar. 

- Eles já fizeram alguma coisa desse tipo, atacar Denver, ou outra coisa? - Vitor pergunta. 

- Eu não sei, Vitor. - Sua avó balança a cabeça e solta sua mão. - Realmente não sei. Sua mãe não me diz muita coisa, e não me deixa a par de nada que acontece no império de vocês. 

O príncipe escondeu sua frustração de sua avó e apenas se levantou, ela continuou sentada no banco, olhando para o ponto onde ele estava. Ela segurava o caderno com força, Vitor ficou com receio de pedir de volta. Sua avó não sabia de nada, mas ele sabia de alguém que poderia dizer alguma coisa. Embora as chances da sua mãe ficar sabendo que ele desobedeceu às suas ordens sejam enormes, Vitor tinha que tentar conversar com ele. 

...

- Eu duvido que sua mãe vá gostar de saber que você está perguntando sobre isso.

Urano continuou digitando, encarando o computador. Vitor teve que esperar ele chegar em casa para ir até lá, ele tinha ido para Solarian com sua mãe também, mas por algum motivo, voltou antes dela. Hank que ligou avisando que o General estava lá. Eles estavam no escritório deles, é muito diferente do da sua mãe, o piso é de madeira envernizada, as paredes eram brancas com dois estandartes da família Febe. 

O General Supremo não é alguém fácil de ser persuadido, muito menos quando se trata da mãe do Vitor, ele é o confidente dela. É impossível fazer os dois discordarem ou não se apoiarem em alguma coisa. Se, na mais absurda das hipóteses, ele a traísse, havia grandes chances do Império cair.

- Por favor, tio Urano, ela não precisa saber. - Vitor insiste. 

Urano olha rápido para o teclado para conferir alguma tecla e depois volta a olhar para tela. 

- Eu acho que precisa. - Ele diz erguendo a sobrancelha. - Ela disse para você não se envolver nisso. 

Vitor tentou outra tática, apelar para o lado sentimental de Urano Febe era praticamente o mesmo que nada. Então, o príncipe tinha que tentar outra opção. 

- Se não pode me fazer esse favor, você pode cumprir uma ordem dada pelo seu príncipe, general. - Ele diz com autoridade, Urano nem pisca. 

- Eu recebo ordens apenas da sua mãe. - Urano diz ainda digitando. Em seguida para e olha para Vitor. - E a não ser que ela morra naturalmente com o passar dos anos, ou que você perfure o coração dela agora, o que não adiantaria nada, eu não sou obrigado a seguir ordens suas. - Ele dá de ombros. 

O rapaz revira os olhos. É verdade, tio Urano não recebe ordens de ninguém além de sua mãe. Miriam Minori é a única autoridade acima dele, a única que ele não questiona em momento algum. Se duvidar, Urano Febe está na linha de sucessão de alguma maneira.

- Além disso, uma das ordens dela foi para você não sair do Palácio Rubro e colocar vigias para te impedir caso tente. - Urano voltou os olhos para o computador, lendo alguma coisa. - Estou sendo flexível te deixando vir aqui.

- Para quê? - Vitor se encurva sobre a mesa, encarando o general. - Qual é a razão dela tomar essas medidas comigo? 

O General dá de ombros e digita mais algumas palavras. 

- Não sei, Vitor. - Ele diz parando de digitar e encarando o príncipe de volta.- Talvez seja porque você só tenha voltado há pouco tempo e já quer procurar criminosos por conta própria, justo o motivo que quase te matou anos atrás e porque ela não quer arriscar te perder de novo?

Vitor torce o nariz em teimosia. Na verdade, naquele dia, ele recebeu a notícia de que os Zander estavam atacando o templo de sua madrinha e mudou o curso para Denver. Foi uma armadilha da Magnólia Zander, que ainda está solta por aí, e Vitor poderia ter morrido naquele dia se não fosse pela ajuda da madrinha Cecília.

- Não é, não. - Ele diz cruzando os braços e recostando na cadeira. - Já faz tempo que eu voltei e ela não fez isso. Tem outra coisa. 

- Sim, mas você não tem que se preocupar com nada. - Urano diz conferindo as pontas impecáveis do cabelo.

- Claro que eu tenho. - O príncipe protestou. - Atacaram Denver. 

- E não foi nada alarmante. - Urano rebate o encarando. 

- Só porque não foi em outro país. - Vitor resmungou olhando para o lado. 

- O que disse? - Urano questiona no mesmo tom de quando ensinava Vitor, quando ouvia algo que não gostou.

O príncipe não conseguia se controlar, ele se vira para Urano com raiva. 

- Exatamente o que você ouviu.- Dispara se levantando. 

Ele vai irritado até a porta do escritório, Urano continua sentado na cadeira. Quando Vitor chega até a porta, ele fala alguma coisa. 

- Acho bom que você esteja indo para casa. - Urano diz em tom calmo. 

- Pode pelo menos me dizer sobre esses seguidores do antigo príncipe de Escarion? - Vitor pergunta se virando para ele. - O irmão da minha mãe.

- Não é da sua conta. - Urano diz abrindo um buraco na mesa com o olhar. - Volte para o palácio. 

O príncipe não teve escolha, saiu da casa e voltou para o palácio a pé, usando sua ilusão a fim de que os seus seguranças não o seguissem. Queria que essa caminhada durasse mais para que ele pudesse pensar sobre o que fazer. Nem sua mãe nem o tio Urano iriam ajudar, sua avó já tinha contado tudo o que sabia e ele não estava nem perto de descobrir o responsável pelo ataque contra a Floresta. 

Como percebeu que estava sem nenhuma ajuda e que a Floresta de Cecília estava em perigo, concluiu que teria que agir sozinho. Ele pega seu celular, procura o contato da senhorita Hauser e encontra ela em uma selfie com o Dumpling. Vitor até hoje não sabe como ela conseguiu isso, nem ele consegue tirar uma foto direito com o lobo. 

Sophie demora para atender, o príncipe ouve vozes discutindo ao fundo, mas decide não perguntar.

- Oi, Vitinho.- Ela cumprimenta com a voz mais gentil. - Tudo bom?

- Oi, Sophie. - Vitor teria que ser breve.- Gostaria de ir comigo à um bar chamado Tenda do Jaime? 

Ele ouve ela gritar para os primos calarem a boca em um tom muito mais agressivo do que o que usou para falar com ele há poucos segundos.

- Estamos ouvindo.- Sophie diz, Vitor apostou que ela estava sorrindo.

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