Sophie
Quando o Vitor chegou, Sophie pensou que eles poderiam finalmente entrar no bar, mas aí o chato do Hank apareceu atrás dele, levou o príncipe/rei e o Éden para fora e os três ficaram conversando. A Cori parecia prestes a explodir de raiva com a demora dos três, alegando que eles deveriam estar só colocando a conversa em dia. "Que conversa? O Edie e o Vitor não têm lembranças boas para compartilhar." Sophie teve vontade de dizer, mas não conseguiu ao olhar para os olhos sugadores de almas da prima. Cori recentemente tem sido tão calma quanto um vulcão em erupção.
Mas, os três voltaram e eles finalmente começaram com a estratégia para encontrar informações sobre a Magnólia e onde a desgraçada se escondeu. Hank era um chato, insuportável e metido, mas era um bom estrategista e Sophie talvez tivesse que tentar ser legal com ele já que o maldito era namorado da sua melhor amiga.
Depois de muita discussão, eles decidiram que apenas Imene falaria com a tal pessoa por ter sido ela quem entrou lá primeiro e saber "interpretar" melhor até do que a Cori, que queria seguir a carreira política. Enquanto os meninos estavam tendo outro "papo de homem", as primas de Sophie a cercam enquanto ela estava checando o motor do trailer.
- Que foi?- A Hauser pergunta olhando de uma prima para a outra.
- Vamos entrar no bar hoje a noite.- Cori diz com a voz que usava com bastante frequência. A da irritada, insuportável e que está sendo bastante perdoada porque o pai morreu.
- Uhum.- Sophie confirma com a cabeça devagar, sem entender onde ela quer chegar. - E? - Ela desiste de tentar adivinhar.
- É um lugar bem elegante, sabe, políticos, autoridades e celebridades frequentam bastante.- Mene explica erguendo os ombros e os soltando.- Então, não é qualquer coisa.
- Você disse que era cheio de criminosos.- Sophie relembra.
- Isso também.- Imene confirma com a cabeça.- É um bar secreto, qualquer um pode ir lá sem se preocupar.
- O ponto é o que eu já deixei claro.- Cori continua.- Não podemos ir de qualquer jeito.
Sophie acena devagar com a cabeça.
- E... por que vocês estão com cara de que querem me matar?- Ela pergunta devagar.
- Quando foi a última vez em que fez as sobrancelhas, Sophie?- Imene pergunta com a voz firme.
- Ah, eu fiz minhas sobrancelhas.- A Hauser responde passando os dedos pelas sobrancelhas.- Quer dizer, eu tirei os pelos de baixo para não ficarem tão horríveis, não tive tempo para essas coisas enquanto estávamos no exército.- Ela acaba disparando, ficando irritada com as primas.
- E o buço?- Cori pergunta passando o dedo por cima do próprio, não tinha pelo nenhum.
- Eu passo o creme depilatório que a tia Héstia passava em mim.- Sophie responde depois abaixa um pouco o rosto.- Mas eu esqueci quando viemos para cá e... ARGH! O QUE É, HEIN?
- Você tem que se arrumar, Sophie, é o que estamos querendo dizer.- Imene diz com a voz calma e colocando a mão no ombro da prima mais nova.
- Eu entendi.- Sophie bufa e revira os olhos.- Eu vou me arrumar, ok?
- Eu e a Cori estamos indo para o shopping aqui perto.- Imene conta.- Queremos que você venha também.
Sophie inclinou a cabeça para o lado, não ficando animada com a ideia. Normalmente, Cori e Imene seriam as garotas que ela odiaria de cara e as xingaria quando não estivesse olhando. As "patricinhas" que Sophie conheceu sempre a provocavam ou faziam piadinhas com ela mesmo sem ter feito absolutamente nada, mas suas primas não foram assim.
Foram gentis e se mostraram dispostas a ajudar, Sophie entendeu que elas estavam agindo assim agora, mas anos de bullying vindo de pessoas como suas primas resultaram em nojo e ódio profundo desse tipo de gente, e o shopping é o habitat natural delas. No que elas vão se tornar quando entrarem lá? O que vai ser da Sophie?
- Sophs, eu sei o que você está pensando agora.- Imene diz em voz baixa e se inclinando, deixando o rosto das duas próximos. - Passei por isso até as falsas da minha escola descobrirem que Onúris Zander é meu pai.- Mene revira os olhos.- Elas insistiram em fazer de mim uma delas, mas eu nunca esqueci como já me trataram antes disso e também aprendi que se arrumar e se cuidar bem não faz de você uma delas. Mostra que, acima de tudo, você se ama e dá a si mesma todo o cuidado que merece. É o que queremos que você faça, Sophie.
"Não deixe que sua vida se resuma ao que fizeram com você." A voz do tio Tyr ecoa em sua cabeça, ele e Imene tem razão. Essas pessoas não podem tomar a felicidade e o amor próprio dela. Sophie respira fundo, solta o ar devagar e sorri para as primas.
- Ok, vamos lá.- Sophie diz, olhando uma última vez para o celular. Sem nenhuma ligação ou mensagem de Maxine.- Eu acho que realmente preciso disso.
As três saíram do trailer, os meninos estavam conversando sobre alguma coisa e o príncipe/ rei estava encarando a tela do celular de Éden.
- O que vão fazer?- Edie pergunta ao ver as garotas.- Aonde estão indo?
- Fazer compras, Edie, cuida de tudo até voltarmos.- É Imene quem responde, conduzindo Sophie pelo estacionamento onde tinham vários trailers e onde eles decidiram colocar o deles.
...
Quando Sophie disse que o shopping era o habitat natural das suas primas, não se enganou nem um pouco. Imene ficou um tempo observando a planta do shopping que ficava na portaria e depois assumiu a liderança do trio. Sophie previu isso, mas não previu a Cori.
Ela rejeitou as três primeiras lojas, falando das costuras dos vestidos, a falta de variedades nas roupas, os recortes mal feitos e várias outras coisas de moda que Sophie não entendeu e não entenderia.
As primas finalmente conseguiram entrar em uma loja que seria "perfeita para elas". Cori conversou com a atendente por dez minutos enquanto Imene mostrava algumas roupas para Sophie. Ela voltou e a atendente saiu correndo para os fundos da loja.
...
As próximas duas horas foram uma mistura de palestra de moda e tortura. Sophie experimentou tudo, às ordens da prima. Corinne Zander era uma comandante da moda, ela comanda tudo o que as primas experimentam e ordena que elas tirem independente da opinião delas. Apenas a opinião dela importa.
Sophie não foi obrigada a calçar saltos porque, de acordo com a Cori, ela não sabia andar e não teria tempo de aprender. Também disse que ela pareceria uma criança usando os saltos da mamãe, o que seria vergonhoso. Enquanto as primas dela discutiam sobre uma calça de veludo roxa, o estômago de Sophie soltou um ronco estrondoso.
Ela precisava de comida, mas a comandante Cori não deu permissão para elas saírem. O estômago de Sophie começa a roncar de novo como se implorando "por favor, me alimente."
A Hauser vê as primas mais uma vez, elas estavam perto do provador e Cori tentava pegar a calça das mãos de Imene. Sophie se levanta e vai devagar até o seu provador como se as primas fossem explodir caso a vissem. Ela colocou suas roupas e saiu da loja quase correndo.
Depois de algumas curvas erradas pelo shopping, Sophie encontra a parte mais sagrada do lugar, a praça de alimentação. A área era circular e com quinze lanchonetes para escolher, vendendo sorvetes, pizza, hambúrguer, sanduíches naturais, bebidas estranhas que Sophie achou horrível e várias outras comidas nativas de Cyrus que são noventa por cento pimenta.
Sophie decide por uma lanchonete que vende sanduíches que são iguais aos que ela comia em Therese, quinze centímetros, com muito molho, carne e um copo enorme de refrigerante. Ela pega a sua bandeja e procura um lugar para sentar até que ouve alguém chamar seu nome.
Éden estava com a mão levantada, chamando pela prima com um aceno. Hank estava a esquerda dele e a direita tem um garoto com pele morena, cabelo preto volumoso e vestia um moletom azul escuro e calça preta. Sophie senta ao lado deles e percebe que Éden está de boina.
- Por que você está usando uma boina?- Ela pergunta colocando a bandeja na mesa.
- É porque eu quero esconder o cabelo, para não chamar a atenção. - Éden explica.
Éden e Cori tinham a pele da tia Dani com o tom rosado do pai, parecendo que eles passaram blush demais nas bochechas e nas maçãs do rosto, mas os olhos e a cor do cabelo são do tio Tyr e os cachos deles são mais estreitos. Imene é quase a mesma coisa, só que a pele dela é mais clara que a dos primos e os olhos dela não são tão estreitos, mas ela também tem o cabelo grisalho.
A única coisa que Sophie tem parecida com os primos são o cabelo e os olhos, ela tem todos os traços de um Zander "tradicional" como Magnólia disse quando a conheceu.
- E quem é esse?- Sophie perguntou apontando para o rapaz que ela não reconheceu.
- É o Vitor. - Éden responde e o rapaz levanta o rosto do celular e sorri.
Então Sophie percebe os olhos verdes brilhantes, claro, o objetivo deles é não chamar atenção e o Vitor chamaria atenção em qualquer lugar.
- Ah, sim. Foi mal. - Ela diz ao desembrulhar o seu sanduíche. - Vieram fazer o quê?
- Viemos almoçar. - Éden responde mostrando um bip da lanchonete com comidas de Cyrus. - Terminamos de planejar alguns detalhes para hoje à noite, então viemos para cá.
Minutos depois, a comida dos garotos chegou. Éden estava com uma tigela com arroz amarelo, camarão, salsa, pimenta e outros ingredientes que o primo de Sophie falou no idioma de Cyrus que ela não entendeu, mas ela sabia que tinha muita pimenta. Ela também descobriu que o Vitor é vegano, no momento em que viu que o hambúrguer que ele pediu era verde, Hank não pediu nada porque não saiu do celular.
- Onde estão as suas primas, Sophie?- Vitor pergunta.
- Ficaram discutindo sobre uma calça, eu aproveitei a deixa para fugir delas. - Ela responde.
- Você fugiu de Cori Zander?- Hank pergunta, parecendo não entender.
- Sim. - Sophie responde dando de ombros, dando uma última mordida no sanduíche.
- Enquanto ela estava escolhendo roupas para você?- Vitor pergunta.
Sophie faz que sim com a cabeça enquanto limpa a boca com o guardanapo.
- É. - Ela responde amassando o papel.
- Foi um prazer finalmente conhecer você, prima. - Éden zomba antes de enfiar uma colher de arroz com três tipos de pimenta na boca.
- Ué? Como assim "finalmente"? - Sophie pergunta vendo o primo nem olhar para o copo de refrigerante com três cubos de gelo dentro. - E todas as comidas de Cyrus tem tanta pimenta assim?
- Eu se-se-sempre soube da sua existência, da Mene também, só não as conhecia pessoalmente. - Seu primo diz, mexendo na comida com um garfo pequeno para pegar um camarão.
Ele para de falar e fica mexendo na comida com um ar tristonho. Tio Tyr tem participação nessa história. Sophie conclui. Ela não sabe que fim seu pai levou, mas sabe que ele está vivo porque a Imperatriz Miriam disse, nem sabe o porquê dele não ter tentando falar com ela até hoje. Mesmo assim, ela não imagina o que faria se ele morresse. Ele quem ensinou a Sophie tudo o que ela sabe sobre carros, máquinas e deu apoio para ela ir estudar no Campo.
Sophie não saberia o que fazer se ele morresse mesmo que estivessem distantes, ela não conseguia imaginar o pai morto. Seria impossível de assimilar. Éden contou que foi o tio Tyr que o ensinou a surfar, quando ela perguntou se Edie poderia ensinar a ela, para animar o astral dele, ele disse que nunca mais iria surfar na vida.
Que não conseguiria.
- Então, quantos tipos de pimentas tem nesse prato? - Sophie pergunta para tentar distrair o primo.
- Muitos, é um dos pratos mais famosos de Cyrus. - Ele responde animado. - Minha mãe dizia que era a comida que ela mais sentia saudade depois que se mudou para Escarion, disse que os temperos de lá não chegam aos pés dos daqui.
- Apesar de eu odiar esse país, eu concordo com a tia Dani. - Hank resmunga.
- Ei, minha mãe é daqui. - Éden protesta.
- Não disse que odeio sua mãe, disse que odeio Cyrus, é diferente. - Hank diz sem tirar os olhos do celular.
- Mas você não é daqui? - Sophie perguntou franzindo a testa.
- Sim, por isso posso dizer que odeio. - O metidinho responde sem olhar para ela.
- Até hoje não entendi sua história. - A Hauser diz, relaxando na cadeira.
- E por que está tão interessada agora? - Hank perguntou olhando para ela.
Sophie dá de ombros, a resposta era óbvia e aquele idiota não percebia.
- Porque você é o namorado da minha melhor amiga, lógico. - Ela responde se debruçando sobre a mesa. - Eu quero saber com quem ela está saindo pelo bem dela e também é bom você demonstrar simpatia pela melhor amiga da sua namorada, não acha? - Sophie pergunta apontando para si mesma com os polegares. - Tenta ser um pouquinho educado pela Max, faça isso por amor. - Ela zomba.
Hank suspira e volta a olhar para o celular.
- Eu vivi em Cyrus até uns oito anos, por aí.- Ele responde enquanto digita alguma coisa no celular. - Até o meu pai me adotar e me levar para Gedeon.
- Aí você virou protegido do General Urano também, né? - Sophie pergunta.
- O General Urano é o meu pai. - Hank corrige.
- Hein? Você nunca se referiu a ele como seu pai. - Sophie comentou.
- Porque eu estava em serviço, não me refiro a ele como pai quando estou em serviço.
- Por quê?- Sophie pergunta.
- Porque não é da sua conta. - Hank dispara, ainda digitando no celular.
Éden limpa a garganta e Vitor fica procurando alguma coisa para dizer.
- De onde você conhece a Max, Sophie? - O príncipe/ rei perguntou.
- Nós duas somos de Therese, éramos colegas de escola até ela ir para Gedeon e eu ir para a Ilha de Maya, mantivemos contato por um tempo, mas devido às circunstâncias, eu me fechei um pouquinho. - Sophie explica sem muito pesar.
- Ela comentou isso. - Hank resmunga.
- Sério? Ela falava sobre mim? - Sophie pergunta com um sorriso.
- Como você já disse umas três vezes na mesma frase, você é a melhor amiga dela. - Hank explica. - Maxine sempre falava de você.
- Fico até comovida. - Sophie leva a mão ao peito.
- Na verdade, todos aqui tinham noção da sua existência. - Éden diz. - Hank co-co-conhecia você como a amiga da namorada dele, Vitor como um dos membros afastados da Família Zander e eu te conhecia como uma das minhas primas distantes. Só que eu via a Imene na TV, em algumas revistas e na Internet.
Sophie refletiu sobre muitas coisas enquanto estava treinando em Gedeon e o que descobriu lá. Descobriu ser descendente de uma família secular que fundou Escarion, descobriu que é geneticamente incapaz de sentir remorso ao matar alguém e se assumiu bissexual.
Também pensou na sua vida e percebeu como sua mãe a escondeu do mundo, o cabelo dela sempre pintado de preto, nunca mencionou o sobrenome de solteira e sempre deixava claro que Sophie só tinha a mesma doença que seus tios tinham sempre que eles apareciam na TV sendo que não era doença coisa nenhuma. Nunca revelou que eles eram parentes.
Foi muita coisa para absorver, descobrir que você vem de uma família poderosa, rica e está na linha de sucessão de Chefes de uma Família Primordial não é nada divertido. Com a Magnólia, Sophie não sentiu o impacto disso, mas no Campo, foi como uma bomba explodindo na cara dela. As pessoas tratavam ela de um jeito tão estranho, uma mistura de medo com admiração, tanto que Sophie passou a andar só com seus primos. Pelo menos, a reação dos seus amigos foi engraçada.
A Naomi pediu desculpas por ter feito uma piada sobre o nariz dela e o Adam soltou: "Claro que você é, garota. Percebi isso na primeira vez que te vi, olhei e pensei caramba, tem uma Zander estudando comigo."
Sophie começou a pensar se fez papel de idiota quando negava ser parente dos Zander, quantas pessoas perceberam e ficaram zoando dela pelas costas por não conhecer a própria família. Depois, ela pensou em não refletir muito sobre isso. Não faria bem para sua auto estima, que já estava bem detonada.
- Todos sabiam que eu tinha sangue Zander, menos eu. - Ela resmunga, mas os meninos escutam.
- Na verdade, eu não sabia. - Hank comentou. - Quando a Max falava, eu não pensei que fosse uma Zander e quando te conheci, não imaginei que fosse a mesma pessoa. Ela só se referia à você como "Sophs".
- Mas, assim, se qualquer um procurasse a minha ficha, iria ver que eu sou descendente de uma Família Primordial. - Sophie dá de ombros.
- Não ia. - Éden resmunga. - Como descendente da Magnólia, aquela bruxa queria saber tudo sobre você, mas... meu pai escondeu todos os seus dados. Só eram acessados com a autorização dele e ele só autorizava se... ca- caso a sua mãe dissesse que não tinha problema.
O clima amistoso que estava crescendo ali definitivamente morreu, Sophie passa o dedo indicador por baixo do olho e pisca várias vezes. Mesmo que já saiba a verdade, sua mãe ainda era um assunto delicado.
- Vou atrás das meninas. - Ela diz antes de se levantar rápido e quase derrubando a cadeira.
Sophie encontra as primas saindo da primeira loja, levou um sermão da Cori, se desculpou e disse que vestiria qualquer coisa que a prima mandasse sem pedir explicação para não perder tempo. Elas continuaram com as compras e o tratamento de beleza, Sophie não conseguiu dizer mais nada.
...
Eles entraram em grupos separados, tinha tanta gente importante que ninguém ligaria para a presença dos primos Zander e o filho adotivo do General Supremo andando por lá, mas alguns foram disfarçados mesmo assim. Éden foi com Hank primeiro, dez minutos depois, Cori entrou sozinha, quinze minutos depois, Imene entrou e pediu para encontrar o "aliado" que mandou o cartão. Todos escutaram a conversa e Sophie entrou junto com o Vitor, eles seriam os vigias.
O figurino do príncipe/ rei é de um rapaz ruivo, muito alto, o cabelo puxado para trás, o rosto fino e cheio de sardas, os olhos verdes e vestia um terno branco com a camisa azul. Também parecia ter uns dezesseis anos. Aquele bar era o típico bar secreto de filme, com iluminação vermelha, mesas escondidas por cortinas, pessoas no andar de cima olhando para todo mundo com olhar de superioridade para quem está no andar de baixo. Tem um palco com uma cantora ruiva de olhos verdes, usando um vestido preto justo com um decote que vai até o umbigo e que brilhava conforme ela se mexia.
Sophie escolheu, a Cori escolheu na verdade, um vestido preto com alça reta, saia estilo princesa que cobria até os joelhos, justo que deixava suas costas nuas e decote em forma de um V bem pequeno que não mostrava nada. Depois de quase uma hora imóvel que nem uma pedra, sua maquiagem também estava "fabulosa" como a Imene disse, o delineado preto simples com uma linha lilás fina em cima, o batom cor de ameixa e todas as imperfeições de seu rosto foram escondidas.
A Hauser tinha medo de tocar no próprio rosto e de piscar. Também estava usando uma peruca que chegava até o final de suas costas, lhe dando um cabelo liso e preto. Coçava muito.
Ela e Vitor vão até o balcão do barman, Sophie senta em uma banqueta e olha em volta. O bar era grande e bastante movimentado, então não conseguia ver os primos, mas cada um estava com uma peça de metal que Sophie sentia de longe. Também sentia a corrente que Vitor usava, a mesma que encontrou na Floresta de Cecília.
Era de prata, mas também havia algo a mais nele que Sophie não entendia e nunca conseguia tempo para perguntar. Claro que também não iria perguntar no meio de uma missão tão importante.
- Eu e o Vitor já entramos. - Ela sussurra enquanto passa a ponta dos dedos pelo buço, era tão satisfatório não sentir nenhum pelo ali.
- Entendido. - Hank diz, gentil como sempre, pelo comunicador. Sophie não entendia o que a Maxine tinha visto nele.
- Estamos vendo a porta que leva até a parte particular, a Imene já entrou. - Éden acrescenta. - Ouvidos e olhos atentos.
- Vocês têm que agir naturalmente, fiquem calmos, vamos entrar apenas em sinal de perigo. - Cori diz.
Sophie começa a bater a ponta dos dedos no balcão, devagar porque ela também pensava que as unhas iriam quebrar em qualquer movimento brusco, e balançar os pés. Vitor está sentado ao lado dela, também olhando para o ambiente.
Tudo parecia tranquilo, nenhuma morte ou grito até agora, o barman aparece oferecendo bebidas para eles, mas Sophie recusa e Vitor pega uma limonada chique.
- Você podia vir com a sua aparência tradicional, sabe? - Ela comenta apenas para quebrar o silêncio depois que a cantora saiu. - Ninguém ia ligar.
- Infelizmente, iriam. - Vitor ruivo responde. - Eu chamo atenção em qualquer lugar, isso não seria bom para nós.
- Tem um pouco de vaidade aí? - Sophie perguntou, olhando para ele.
O príncipe/ rei faz que não com a cabeça, dá um gole na sua limonada que parecia ser misturada com leite.
- Nem um pouco. - Ele responde um pouco cabisbaixo.
Sophie estava prestes a perguntar mais, mas alguém entre pessoas na pista de dança chamou sua atenção. Uma mulher com uma calça plissada preta que cobria os pés, uma blusa preta justa com gola no pescoço e sem nada para cobrir as costas, um colar com uns seis cordões de pérolas, um rabo de cavalo e presilhas de diamantes na lateral da cabeça.
Era uma mulher linda e não uma mulher qualquer.
Era a mãe de Sophie.
Sophie nem pensa direito quando pula do banco e vai até a mulher, ignorando o Vitor, ignorando Éden que estava falando alguma coisa sobre o Hank, as pessoas na sua frente que ela empurra para o lado sem ressentimento e sua peruca caindo.
- Mãe? - Ela chama.
A mulher olha para ela, era realmente sua mãe, estava linda. Ela sorri para a filha e dá as costas para ela, indo na direção oposta.
- Mãe! - Sophie chama de novo, sua mãe olha para ela com um sorriso e a chamando com a mão.
Sophie acha que derrubou uma mulher no chão enquanto seguia a mãe, mas ignorou totalmente quando entrou em um corredor que levava até a saída de emergência. Sua mãe estava à sua esquerda com um sorriso fechado e largo, a mãe de Sophie não tinha aquele sorriso sinistro.
- Er... É você, mãe? - Ela pergunta.
- Não, mas foi uma bela maneira de chamar sua atenção, não foi? - A mulher pergunta.
- Como é que é? - Sophie pensou ter ouvido errado, aquela mulher era a cópia exata da sua mãe. Como pode não ser ela? Que injusto.
- Eu queria chamar sua atenção e consegui. - A cópia barata de sua mãe responde. - Também precisei distrair outras pessoas, mas enfim consegui o que eu queria.
- Quem é você? - Sophie pergunta, expandindo seu alcance para sentir todo o metal próximo que pudesse usar.
- Meu nome é Caos. - Ela se apresenta. - E não se preocupe, não vou te machucar. - Diz olhando para a faca que surgiu na mão de Sophie. - Só quero conversar com você.
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