Alara
Alara acordou se sentindo zonza, seus pulsos estavam acorrentados ao chão e ela foi colocada de joelhos em um piso de pedra gelado. Sua camisa xadrez foi tirada e Alara estava nua da cintura para cima, pelo menos conseguia esconder seus seios com os braços presos a frente do seu corpo. Ela também percebeu que sua pele estava pintada, símbolos desenhados em seus braços, suas costas e barriga. A penumbra não permitiu que ela traduzisse os que conseguia ver.
Uma porta foi destrancada e aberta, a luz que entrou naquela prisão forçou Alara a virar o rosto. Ela mantém os olhos fechados até alguém segurar seu queixo. A parte da mão dele que tocava seu rosto tinha a pele retorcida, ele usava a mesma roupa de quando invadiu Araluen.
- Dois olhinhos lindos que podem ver tanta coisa.- Ele murmurou, erguendo o rosto dela. - Isso seria tão útil para mim.
A líder Bamidele entendeu de imediato o que ele queria, algo que ela não vai entregar a ninguém.
- Nunca entregarei meus olhos. - Alara esbraveja.
Os olhos de Alara permitiam que ela visse o que quisesse, observasse vários lugares de uma vez. Tudo e todos que Alara desejasse ver naquele exato momento. Ela cresceu sabendo que outros tentariam usar sua visão em benefício próprio, então se manteve discreta e quase nunca usou seus olhos para nada além de vigiar as entradas para sua tribo e observar a corte dos seguidores de Edith, para garantir a segurança dos seus.
Alara já recebeu várias ofertas, tesouros, títulos, propostas de casamento e outros presentes em troca de observar algo que eles desejavam, mas ela recusou tudo.
- Admiro sua convicção. - O homem diz friamente, soltando o rosto de Alara.- mas eu prefiro a sua visão do que ficar lendo as reportagens da Clara Dylan e da Celina Rodrick, ou vasculhar notícias da Internet.
- Pode arrancar meus olhos, se quiser. - Alara diz.- Mas não verá nada. É o que restará para você no fim. Nada.
- Eu não vou precisar encostar um dedo em você. - Seu captor diz, sua voz calma e tranquila. Sem nenhum receio de que Alara possa fugir.- E você vai dar o seu poder para mim de bom grado.
Alara cospe no chão.
- Eu nunca farei isso.
- É fácil dizer isso agora. - O homem diz, se levantando.- Sempre é fácil falar.
- Quem é você?- A voz de Alara ecoa por todo lugar quando ela aumenta o volume da voz.
O homem que a capturou faz que não com o dedo indicador.
- Agora não. - Ele diz calmamente, como se planejasse uma surpresa. - Quando eu estiver com o príncipe Vitor em minhas mãos, todos vão saber. Não antes disso. Quer dizer, todos, exceto você.
Alara arregalou os olhos, percebendo que tudo isso era um problema dos Minori. Parte de si ficou furiosa e desejou que houvesse alguém da laia daquela família que tivesse o poder para falar com ela para que pudesse exigir que a filha de Irabelle resolvesse isso. Porém, uma parte mais analítica a lembrou de como Alara acabou naquela situação. Aquele homem invadiu sua casa, matou três líderes de sua tribo, dezenas de guerreiros e vários inocentes sem o menor remorso e disse que tudo seria dele.
Aquele homem não era só um problema dos Minori e dos seguidores de Edith, mas de todos. Os Bamidele e os escarianos.
- Não vou te dar o meu poder. - Alara diz, descobrindo o medo ao ouvir a própria voz.
- Vai sim. - Aquele homem frio diz em voz baixa e tranquila, gesticulando para o corpo de Alara.- Isso vai te persuadir..
Ela traduz os símbolos, que conseguiu ver graças a luz que veio pela porta, em seus braços. Suas mãos começam a tremer assim como lágrimas tentam sair por seus olhos. Aquilo não poderia ser possível, todo o conhecimento a respeito daquelas marcas foi destruído assim que os escarianos chegaram no continente.
- Não pode fazer isso...- Alara diz com a voz trêmula.
- Muitos me disseram essas mesmas palavras, mas eu não gosto de deixar coisas que eu começo inacabadas. - Ele dá de ombros antes de estalar os dedos.
O ritual começa, o temido círculo começa a se formar no chão ao redor de Alara, as marcas em seu corpo começam a queimar e ela sente aquele poder maldito subir pela sua coluna. Não, Alara pensa à beira do desespero. Eu tenho que resistir. Não posso permitir... se eu morrer aqui...
Dez horas.
Alara conseguiu aguentar durante dez horas, resistindo com todas as suas forças.Até começar a implorar por sua vida e pela misericórdia do homem que a assistia enquanto ela se agonizava. Até sentir seus pulmões a traírem e seus ossos cederem. Então, pouco depois dela sentir seu poder se esvaindo pelo seu corpo, o seu coração parou.
E aquele homem de olhos verdes conseguiu o que queria.
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