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VINTE - Por Rosa

Seu namoradinho veio te buscar.

Levei um susto quando o furacão Valente irrompeu pela porta da biblioteca no momento em que a abri para ir embora. Havia passado o dia inteiro sozinha depois do episódio do curativo. Confesso que fiquei grata pelo cuidado dele, mas sentia-me fraca para lidar com as suas oscilações de humor. Ele ia de preocupado a enfurecido. Talvez nem Freud explicasse.

— Quem?

— Vai me dizer que não sabe? — Ele cruzou os braços, agora cobertos pelo farrapo que ele chamava de blusa. Lembrei-me da visão de seu braço exposto, da tatuagem...

— Eu não tenho namorado.

— Não é problema meu, Isabela. — Sua expressão pareceu suavizar. Ele olhou para um ponto fixo atrás de mim, como se quisesse esconder alguma coisa. — Só não quero saber desses mauricinhos abusados aparecendo por aqui e buzinando no meu portão.

Então além de falar comigo de maneira acusatória, agora eu sou acusada no plural? Mauricinhos abusados? Está pensando que eu sou o quê?

De repente, minhas mãos gelaram. Só havia uma pessoa que eu conhecia, capaz de se encaixar nessa descrição: Gastão. Recuei um passo. Ficar na biblioteca me pareceu a coisa mais segura.

— O Gastão veio aqui? — Sem perceber, perguntei em um sussurro.

Valente cerrou a mandíbula e me fitou com uma expressão assassina. Sua raiva parecia direcionada a outro alvo, mesmo assim estremeci.

— Esse cara te fez alguma coisa, Isabela? — A voz mansa contrastava com suas feições.

— Na...não. Ele é o novo consultor da franquia, onde meu pai é gerente.

Virei de costas para ganhar tempo de recompor minha expressão. Era isso. Gastão me cercava de forma descarada. Eu não sabia o que fazer, e não podia deixar Valente perceber. Respirei fundo:

— Desculpa. Vou pedir a ele pra não vir mais. Juro que não sei porque ele fez isso. Vou indo. Até amanhã.

Disparei a resposta e contornei Valente que me olhava de uma forma... Protetora? Desci a escada em espiral muito assustada. Esqueci até de esperar Alcindo para me acompanhar ao portão. O medo se espalhava como veneno nas veias. Teria que andar um pedaço da estrada, até a rua onde ficava o ponto de ônibus. Itaipava passava de uma cidade tranquila a um cenário de filme de terror.

— Veste isso, Isabela. — Dei um pulo quando Valente parou ao meu lado na grande porta de madeira. — Vou te levar em casa. — Ele me estendeu uma jaqueta de couro. — Fica aqui, que eu vou pegar a moto.

Abri e fechei a boca algumas vezes como um peixe fora d'água. Segurei a jaqueta e ele saiu. A fera queria me deixar em casa?

Eu devo ter sido jogada em alguma espécie de universo paralelo. Não é possível.

Ouvi o ronco perigoso do motor que só uma moto é capaz de fazer. Valente parou perto dos degraus e me ofereceu o capacete. A dupla perfeita do perigo: o bad boy e sua Harley Davidson. Se ele prendesse o cabelo e cortasse aquela barba, haveriam filas de garotas oferecidas atrás dele. Já eu, nunca fui de me abalar com essas coisas. Não até o conhecer, pelo menos.

— Se não quiser congelar, vista a jaqueta. — Seu olhar desceu para o casaco que eu ainda segurava.

— Já percebeu que você fala comigo no imperativo? — Reclamei, mas vesti. — Que coisa irritante. — Puxei o zíper quase com violência.

— Claro. Eu sou seu patrão. — Ele deu de ombros, como se fosse o dono da razão. — Anda, Isabela, senta logo aqui atrás.

— Só pra esclarecer, fora do horário de trabalho não, você não é. E mais uma coisa: essa moto por acaso tem airbag?

E pela primeira vez, vi Tiago Valente sorrir. Foi desconcertante. Seu sorriso Colgate/cafajeste eliminava toda aquela aura pesada de durão. Eu sabia que era pura fachada.

— Por que eu acho que você está com medo? — indagou.

Entre o terror de encarar as ruas à noite sob a espreita de Gastão e andar de moto com o chefe nazista, decidi que preferia a companhia de Hitler.

Bufei e olhei para a jaqueta em meu corpo, quase se transformou em um vestido. Tentei ignorar o perfume masculino embriagante, mas foi impossível. Subi na garupa e o provoquei antes de colocar o capacete.

— Pode deixar, Valente, não conto pra ninguém.

— O quê?

— Que você sorri. — Dei uma risada vitoriosa.

Ele não respondeu. Senti os músculos de suas costas se enrijecerem à minha frente.

Tateei o banco em busca de alguma coisa para me segurar. Valente grunhiu e puxou meus dois braços em volta dele. Endureci feito uma pedra, totalmente sufocada pela proximidade. Valente girou a moto e, no susto, o agarrei com mais força.

— Pode deixar que eu não conto pra ninguém, Isabela — falou pelo som abafado do seu capacete.

— O quê?

— Que você não passa de uma medrosa. — Havia um sorriso nítido em sua voz.

O capacete escondeu a careta que fiz. Ele arrancou com a moto e fechei os olhos. Me surpreendi ao ver que ele respeitou o limite de velocidade. Talvez estivesse sendo cauteloso por minha causa. Consegui até relaxar e aproveitar o trajeto até chegar em casa. Suas costas estavam tão quentes que a jaqueta me pareceu desnecessária.

Ao chegarmos a minha rua, apontei para o muro branco com o número oitenta e cinco de ferro. Valente parou a moto, eu desci e o devolvi o capacete.

— Obrigada pela carona.

— Cuidado com esses namoradinhos — falou com desdém e disparou antes que pudesse ouvir minha resposta atravessada.

O efeito ilusório de segurança criado pela temperatura dele, desapareceu quando a moto sumiu na esquina. Eu devia estar alucinando. Ainda sentia o seu perfume. Percebi que continuava com a jaqueta ao encaixar a chave na fechadura. Apertei-a junto ao corpo e abri a porta da sala. O corredor escuro fez a ameaça da noite anterior retornar.

Acendi a luz da sala e o terror se alastrou por mim. Se Gastão se deu ao trabalho de ir até o castelo, do que mais seria capaz? Ele parecia fechar o cerco. Não se tratava de um simples caso de vaidade ou de não saber lidar com rejeição. Esse comportamento me fazia pensar em obsessão.

Imaginar até onde ele forçaria os limites me deixou sufocada, angustiada. E eu não podia contar a ninguém. Muito menos ao meu pai. Eu precisava desesperadamente conseguir a bolsa na faculdade de cinema. Assim nos mudaríamos para São Paulo. Ficaríamos longe para sempre de Gastão. E logo hoje que eu havia me programado para enfim criar coragem e conversar com Valente sobre trabalhar apenas meio período, e voltar a estudar. O destino me jogava esse monte de bombas. Eu não podia mais adiar.

Vou fazer isso por email. Sou uma covarde.

Antes, ligaria para Isis. Eu não ia aguentar passar mais uma noite sozinha em casa, completamente em pânico. Se ela ainda estivesse de castigo eu iria até a casa dela. Passei o trinco na porta, acendi todas as lâmpadas da casa e disquei para Isis enquanto digitava o email. Expliquei que ouvia a música do filme Psicose incessantemente em meus ouvidos, de tanto medo que sentia e perguntei:

— Será que hoje você pode dormir aqui em casa? Esqueci de falar ontem, estou com a mochila cheia de biscoito com validade pra vencer.

— Cara, eu te amo! Claro que eu vou.

— Só por causa do biscoito, não é? Sabia.

— Lógico que não — Isis mastigava alguma coisa. Ouvi um som semelhante ao de chiclete grudando no dente. — Sei como você está com medo do Gastão.

— Então não demora. De repente assistimos algum filme pra matar o tempo.

— Filme, não.

— Tá, a gente arruma outra coisa. Só vem rápido, sinto o Gastão atrás de mim como uma alma penada.

— Vou só tomar um banho.

— Se levar mais de meia hora, vou jogar os biscoitos no lixo.

— Chego aí em dez minutos.

Guardei a jaqueta no armário e fiquei aflita até Isis chegar. Ela cumpriu a promessa. Apareceu pouco tempo depois e devorou três embalagens de uma vez. Sua companhia me distraiu dos meus pensamentos embaralhados e consegui dormir um pouco mais calma.

O problema, veio na manhã seguinte. Pelo visto, minha casa não era mais um lugar seguro.

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Sou só eu, ou vocês também sentem cheiro de romance no ar? <3

Beijosss e até sexta!

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