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VINTE E QUATRO - Por Rosa

Rosa

O tronco de árvore, quer dizer, o braço de Gastão, pesava em meus ombros. Apoiei o rosto no cotovelo e me inclinei disfarçadamente para a esquerda, mas continuava encurralada pelo Rambo no canto. Fiquei ali tentando pensar em um jeito de escorregar pelo assento vermelho e escapar por debaixo da mesa.

Não sei de onde tirei a ideia besta de ir até a Grão Puro. Claro que Gastão apareceria minutos depois. Eu precisava mesmo conferir a história do rastreador no meu crânio.

Devia ter aproveitado a folga para começar a estudar. Se bem que depois do episódio de sensibilidade de Valente, comecei a sofrer de falta de oxigenação cerebral. No momento, meus pensamentos eram uma sopa borbulhante. Eu fervia em sensações confusas. O olhar triste de Valente, o perfume de Valente, a tatuagem de Valente, o abdômen de Valente.

Valente, Valente, Valente...

Devo ser doente, demente, carente...

— Acho que vou te levar num lugar mais reservado, gracinha. Talvez assim você preste atenção no que eu falo.

Imaginar nós dois em um lugar reservado me fez ter calafrios. O estômago chegou a embrulhar.

Gastão virou o meu rosto com uma força brutal e me segurou pelo queixo. Tive certeza que deixaria a marca de seus dedos.

— Dá pra me soltar? Você está me machucando. — Eu queria ter só a metade da coragem que minha voz transpareceu. Tentei me libertar, mas acabaria quebrando o pescoço se insistisse no gesto.

— Hoje só largo você, depois que vier comigo. — Ele não estava brincando.

— Não posso, Gastão. — Procurei ser educada para ele não se irritar. — Preciso estudar e trabalhar amanhã cedo.

—Estou começando a perder a paciência. Acho que não vai gostar de me ver irritado.

O Rambo sibilou. Depois largou meu rosto e senti sua mão descer pelo pescoço, ombro, braço. O toque era rude. Áspero. Desprovido de gentileza. Havia certa raiva na carícia, e o prazer em suas feições me deixava nauseada.

— Eu preciso ir embora, Gastão. Isis vai estranhar se eu demorar a chegar em casa. Ela está me esperando. — Rezei para que a mentira funcionasse.

— Claro, gracinha. Vou com você.

Correu bem até certo ponto. Ele se levantou, mas ficou de pé no meu caminho. Obviamente não me deixaria sair livre. Varri o restaurante com os olhos, mas ninguém pareceu ter notado o perigo que eu corria. Eu não sairia da Grão Puro com ele de jeito nenhum. Gastão precisaria me arrastar pelos cabelos se quisesse me tirar dali. E eu iria fazer um escândalo. Aí sim, obviamente, alguém viria em meu socorro.

Me agarrei a essa esperança e cruzei os braços.

— Vai ficar sentada aí?

— Vou.

Gastão estalou o pescoço. Ouvi o som perturbador do clec clec clec. Ele olhou para os lados e pareceu constatar o mesmo que eu, pois abriu seu sorriso de lâmina. Fui puxada pelo braço bruscamente, abraçada pela cintura e arrastada até a porta de vidro. Pontos escuros margearam as laterais de minha vista.

Não desmaia, Rosa. Não desmaia!

Meu batimento pulsou na velocidade de uma hélice de helicóptero. As batidas vibravam nos ouvidos. Ele abriu a porta e de repente enraizou no chão ao olhar para o homem prestes a entrar na Grão Puro.

— O que você veio fazer aqui, Carlão?

— Foi mal, chefe. Temos uma pendenga pra resolver.

O som do helicóptero diminuiu gradativamente nos meus ouvidos. O amigo de Gastão me olhava de um jeito esquisito, como se eu exalasse um cheiro ruim.

Gastão me libertou do seu toque rude e avançou em Carlão.

— Pelo visto você é incapaz de resolver qualquer coisa sozinho. Nunca, nunca mais volte aqui, entendeu?

— Foi... mal... Seu ce...lular nã....

— Vaza daqui. Me espera no lugar de sempre — Gastão ordenou e o pobre coitado sumiu de vista. Ok, acho que amigo foi uma escolha errada de palavra. — Quanto a nós dois, gracinha, ainda não terminei com você. Na verdade, eu mal comecei.

Gastão se inclinou para mim e mordeu meu pescoço.

— Que delícia essa pele. Imagino como deve ser o resto.

Ele sorriu vitorioso. Sua expressão dizia que o pior ainda estava por vir. Sem falar mais nada, foi embora. Acariciei a pele dolorida. Com certeza deixaria um hematoma. Engoli o grito, o xingamento, o choro. Entrar em desespero não me ajudaria. Fiquei estagnada no meio do shopping. Um misto de raiva e espanto ameaçava minha sanidade.

O que eu fiz para merecer isso?

Gastão agia como um obcecado. Quanto mais eu negava, mais ele insistia. Parecia gostar do jogo de Tom e Jerry. Não passava de um sádico. E obviamente não jogava para perder. Era nítido: Gastão não se preocupava com caráter, agia sem o menor escrúpulo.

A cada encontro nosso, meu medo atingia níveis de tirar o sono, a paz, o sossego. Se tornava crucial me livrar dele, antes de algo muito ruim acontecer. Se meu pai desconfiasse, só Deus sabe o tamanho do desastre! Mas como eu faria isso? Conseguir a bolsa da faculdade em São Paulo era um plano em longo prazo. A urgência da situação demandava algo imediato. Talvez uma coisa que destruísse seu interesse em mim.

Tive poucas ideias, só uma delas me pareceu convincente. Sair com ele, agir da pior forma possível num encontro e fazê-lo desistir. Só que eu não sabia se conseguiria realizar essa proeza sem vomitar.

Retomei o fôlego e voltei para casa com o ânimo de um dementador. Mantive o ritual de acender todas as luzes, colocar obstáculos no corredor, mentir para meu pai no telefone e capotar na cama.

Na manhã seguinte, analisei o efeito pós Gastão no espelho do armário. Olheiras estilo A Noiva Cadáver e um hematoma no pescoço.

Que ótimo!

Amarrei um lenço para esconder a marca da agressão e fui à biblioteca do castelo.

Hora de lidar com outros problemas. Se Valente não mencionasse o email sobre trabalhar somente meio período, eu seria forçada a levantar o assunto. Confesso que estava tímida e agitada depois do nosso momento íntimo de ontem. A mera recordação dele me chamando de linda, me provocava reações involuntárias. Será que Valente se abriria para mim? Me contaria o motivo de suas lágrimas ou seria pelo menos mais gentil comigo?

Acreditei desesperadamente que sim. Afinal, eu não fiz nada além de ajudá-lo. De alguma forma masoquista, passei a desejar destruir aquela carcaça de durão. Me convenci de que essa seria minha última boa ação antes de deixar Itaipava. A recordação de seu corpo quente próximo de mim, trouxe de volta o sentimento eletrizante em meus poros. Um desejo suicida de pular de paraquedas na esperança de ter a queda amparada. Não entendi o que acontecia comigo. Mas era inevitável.

Se controla, Rosa. Isso deve ser nervosismo pós estresse. Só isso.

O Sr. Alcindo estava de volta. Ele me explicou que havia pedido folga ontem para passar o dia com sua neta, enquanto me acompanhou até a biblioteca.

Precisei cobrir os ouvidos ao entrar. Uma voz aguda e estridente ressoava entre as prateleiras. O aparelho de som berrava em um volume que seria capaz de despertar os mortos. Vi Valente agachado diante de uma pilha de livros. A faísca de fúria em seu olhar lampejou para mim e freei o movimento. Se eu tivesse pulado da montanha, aquele seria o momento em que eu estatelaria de cara no chão.

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Ihhh, agora vem treta! =O

Beijosss e bom final de semana!

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