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SESSENTA E UM - Por Rosa

Enchi as mãos em concha com a água da pia e molhei o rosto. Aquela confissão na carta de Valente pesou demais para mim. Eu esperava alguma coisa do tipo: "Foi mal, tenho medo de relacionamentos porque as mulheres podem ser grudentas." Mas estava longe disso.

Enxuguei o rosto com a toalha e voltei ao sofá para ler o restante. Algo me dizia que as palavras seguintes seriam ainda piores. As lágrimas continuavam a escorrer.

"Depois de virar a noite lendo tudo que encontrei, levantei a cabeça do teclado do computador. Meu pescoço doía. Demorei para perceber que havia um estardalhaço no castelo. Um burburinho de vozes agitadas falavam alto no corredor, mas me distraí com um pedaço de papel, perto do porta-lápis. Parecia a letra do meu pai. E era:

'A culpa jamais seria sua. Me perdoe, filho. Sem sua mãe aqui, virei um desesperado. Cometi o pior erro da minha vida ao lhe contar esse segredo. Traí o último desejo dela. O errado, sou eu. O culpado, sou eu. Amo você, filho, mas fui buscar a luz dos meus olhos.'

Eu não quis entender o sentido daquilo. Saí apressado do quarto e ouvi o sino ressoar na Torre do Batistério. Cheguei ao corrimão da escada e me assustei com a quantidade de pessoas aglomeradas na sala da lareira. Todos os empregados cochichavam. O burburinho cessou, quando minha avó olhou para cima. Os olhos dela transbordavam, o rosto estava inchado. Ela pausou antes de me chamar:

'Tiago, desça aqui.'

Na hora eu soube. Corri na direção oposta. Segui em direção à Torre do Batistério. Ignorei as vozes atrás de mim. Escancarei a porta do quarto do Barão no caminho. Vazio. Cama arrumada. Continuei a correr e gritei:

'Pai, pai! Cadê você?'

Sabe, a esperança é maldita. Se ela não morre, pode ter o poder de te fazer acreditar em alguma coisa até o último fragmento de vida deixar seu corpo.

Eu gritei até ficar rouco. Gritei enquanto subia os últimos seis lances de escada. Gritei de novo quando cheguei à porta da torre. O som do sino se espaçava gradativamente.

'Pai? Pai?!'

'Você não devia estar aqui, Sr. Valente.' – Alcindo me segurou pelo cotovelo quando cheguei à porta de madeira da torre - 'Por favor, me acompanhe.'

'Me solta! Eu quero falar com meu pai!'

Lembro do olhar fraco do Alcindo. Ele não precisou dizer nada.

'O que aconteceu com ele? Pai!!'

Gritei de novo para a porta de madeira fechada. Alcindo me abraçou com lágrimas escorrendo pelo rosto. Me sacudi nos braços dele até me soltar. Um policial carrancudo passou pela porta e cruzou os braços.

'Vocês tem que sair daqui. Eles precisam passar com o corpo.'

'Seu infeliz! Não está vendo a criança ao meu lado?!' – Pela primeira vez, vi o Alcindo se exaltar.

O policial me fitou com aquela mesma expressão nos olhos. Um sentimento que tive de suportar por muito tempo depois desse dia. Pena.

A palavra 'corpo' soava exatamente como os sinos. Errada. Fora de contexto. Perdida. Então a esperança finalmente morreu no meu peito. E me deixou sozinho com a verdade. O bilhete de meu pai, era de despedida.

Tive a sensação de ser rasgado por dentro. No dia seguinte, minha avó se mudou para o castelo. E eu me perdi em algum lugar dentro de mim.

O tempo passou e eu demorei para entender que não tinha que entrar nessa de auto piedade. Tem tanta gente nessa vida suportando coisa muito pior. A verdade é que a gente dá um jeito de continuar. Você persiste e nem sabe por qual razão. Você só acorda e respira no dia seguinte. Depois você acorda, levanta e respira de novo. E por aí, vai. Até deixar de ser um martírio. Até não doer tanto. Mas esse 'até', nunca chegou para mim. Eu só continuei respirando.

Eu comparava com algo como perder um membro e ser obrigado a se curar sozinho. Mas não existia cura. Não tinha fim, entende? Porque para mim, havia acabado há muito tempo.

Eu acho que nunca esquecerei o ressoar do sino. Hoje, me mantenho longe da catedral de Petrópolis. Esse barulho me atormenta.

Não quero parecer brega, corujinha, mas só reuni coragem de escrever isso aqui porque finalmente encontrei a luz dos meus olhos.

Você."

Apertei a almofada do sofá como se fosse o próprio Valente. Meu coração se encolheu num canto e choramingou, cheio de band aids por cima das feridas que sangravam.

Céus, porque ele não me contou isso pessoalmente? Que coisa mais triste!

Ele era apenas uma criança, que perdeu a mãe para uma doença horrível e o pai da pior maneira que eu poderia imaginar. Porque não suportou mais viver sem a mulher que amava e desistiu. Eu não conseguia conter as lágrimas. Imaginei um menino de onze anos, praticamente sozinho no mundo, com tudo de cabeça para baixo enquanto era obrigado a seguir em frente, sem nenhum amparo para extravasar sua dor.

Agora eu entendia a razão do medo dele em se aproximar de mim. O porquê do seu jeito rude e fechado, no início, quando nos conhecemos. Valente se afogou na culpa, mas eu não li nada que o incriminasse naquela carta. Ele era só um garoto... Mas eu mesma não seria diferente. Não é o tipo de coisa que se supera assim. Talvez, se tivesse acontecido comigo, a verdade é que eu provavelmente não superaria.

Na verdade, será que é possível prosseguir com a vida depois de um desastre desses?

Fiquei aflita na sala, como se as paredes pudessem encolher até me esmagar. Eu precisava vê-lo. Abraçá-lo. Agradecer por ter confidenciado isso a mim. Imaginei a dor que Valente deveria ter sentido ao escrever aquilo tudo. Fui tomada por um desejo avassalador de abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, que eu estaria ali sempre que ele precisasse.

Não devia ter forçado a barra para que ele se abrisse comigo. Nós temos essa péssima mania de julgar as pessoas. Eu, inclusive. Uma olhada e já temos uma impressão completa de alguém. Uma simples análise das roupas, do status e do comportamento e pronto. Como se todos nós estivéssemos resumidos ao que dizemos ou ao que vestimos.

Ledo engano.

A casca grossa de Valente, obviamente ocultava a alma ferida, de um menino castigado pela vida.

Eu precisava vê-lo rápido, antes que meu coração explodisse, mas não sabia exatamente o que faria, só sentia que teria um treco se não falasse com ele logo.

Mudei de roupa e não gastei muito tempo com o meu cabelo. Levei rapidamente a minha cabeça de sósia do Rei Leão pelo corredor. Ignorei o som tenebroso da mágoa perturbando a minha cabeça: E o emprego do seu pai, Rosa? Você vai perdoar a mentira dele? Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

E realmente não tinha, mas chutei o pensamento. Não era a hora de refletir sobre o ocorrido na Grão Puro. Eu só não podia ignorar, não podia ser hipócrita e dar as costas ao menino perdido, que eu mesma fiz questão de resgatar.

Abri a porta e me deparei com um par de safiras profundas, prestes a tocar a campainha. Ele me fitou surpreso e ergueu o canto do lábio em um sorriso tímido, antes de olhar para baixo. Inspirei o seu perfume e soltei o ar ruidosamente. A saudade renasceu com a força de um vulcão em erupção. Valente ergueu os olhos e nos encaramos por alguns segundos. Naquele momento, eu soube.

Se eu sou a luz dos olhos dele, ele definitivamente, ilumina os meus.

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Guenta coração! Também quero um Valente pra me chamar de corujinha, e vocês?

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