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QUATRO - Por Valente

Valente

Não entendi porque a garota fez aquilo. Ninguém nunca fugiu de mim. Antes que ela desaparecesse, me apressei em segui-la e atravessei rapidamente a cortina.

Segui pelo corredor guiado apenas por meus sentidos e pelos cabelos ondulados e escuros, que há pouco tempo enchiam minhas mãos. Aquela foi a única garota, até a data, que de uma forma inexplicável, eu quis conhecer por inteiro. Dos sonhos aos pesadelos.

Esbarrei direto com um grupo de jovens que saía de uma tenda bloqueou meu caminho. Aflito, observei-a se distanciar cada vez mais para o fundo do circo e apressei o passo.

Tive a impressão de vê-la entrando em uma tenda ao final do corredor:

"A Cartomante"

Ignorei o súbito calafrio que me preencheu ao adentrar o espaço vazio, lembrava o interior de uma caverna. Nenhum sinal dela ali. Admiti frustrado que havia me confundido. Virei-me para deixar a tenda, e não sei explicar como, mas a cortina fechou-se, deixando-me no puro breu.

Espiei por sobre os ombros, e levei um breve susto. Agora, havia um globo branco reluzindo ao centro da tenda, iluminando-a parcialmente.

Atrás do globo e entre as dezenas de panos arroxeados pendendo dos cantos, parecia haver alguém sentado. Não sabia ao certo, podia ser só uma sombra.

Por algum motivo, senti calafrios e um gelo no estômago. Aproximei o rosto do globo brilhante e pulei para trás.

Dois olhos negros apareceram diante da luz branca. Olhos pintados surgiram sob a luz projetada pela esfera:

— Laura — rosnei.

Não acreditei ao ouvir sua história no passado e não acreditaria agora. Pura invenção, tinha certeza. Nada a diferenciava das outras.

"Eu me apaixonei por você, Tiago." "Eu amo você, Tiago." "Por que você nunca liga para mim?" "Por que não posso dormir com você, no castelo?"

Eu carregaria sempre as dúvidas quanto a real intenção por trás de todo esse amor. Não passavam de interesseiras, inicialmente atraídas pelo castelo e por minha herança que muitas vezes, me parecia uma maldição.

Como se não bastasse ter perdido os meus pais ainda novo e daquela maneira horrível, todos que me conheciam, após saber do castelo, passavam a me enxergar como uma joia na vitrine. Essa certeza possuía um peso sólido, como o da jaqueta de couro em minhas costas.

Virei-me para deixar a tenda. Percebi que era perda de tempo dar importância a um bilhete. Laura merecia ser ignorada. Mas perdi a luta contra a cortina, que de repente pesava como uma parede de ferro.

A cobra atrás de mim riu ao anunciar:

— Você só sairá daqui depois que a maldição estiver lançada.

Essa mulher é mais louca do que eu pensava. Maldição?

— Desapareça da minha vida! — berrei em resposta e dei alguns passos errantes naquele breu até tropeçar e cair de joelhos.

— Você vai ouvir e vai se arrepender, Valente. Hoje e pelo resto de sua vida. Eu te amei, me declarei e fui jogada na sarjeta. Graças a você, fiz um aborto naquele mês e por um erro médico, nunca mais poderei engravidar.

Se a declaração fosse verdade, teria me abalado. Jamais foi minha intenção acabar com a vida dela de tal maneira. Mas aquela era Laura, cuja psicose atingia níveis altos de loucura. Ignorei-a até um súbito clarão do globo me obrigar a fechar os olhos.

O súbito clarão do globo, piscou e perdeu força. Olhei ao redor sem acreditar. Nenhum sinal de Laura. Puxei novamente a cortina. Continuava com o peso de uma tonelada. Soltei o ar irritado.

O que essa louca, está inventando?

Notei dois objetos debaixo do globo e segurei um em cada mão. Na palma da mão esquerda, vi uma carta de Tarot, com a gravura de um homem pendurado pela perna, de cabeça para baixo sob uma forca. O nome acima do desenho me trouxe um mau agouro: "O Enforcado". Sem refletir sobre o que fazia, guardei-a no bolso.

Em um impulso suicida, abri o livro que segurava na mão direita, e deparei-me com a primeira página.

Um livro em branco?

Ia fechá-lo, mas vi letras prateadas aparecerem. Simultaneamente, um desenho ganhava forma abaixo delas. Acompanhei o movimento da mão invisível que escrevia no livro e não acreditei. De novo aquele mau agouro. O enforcado. Abaixo do homem pendurado pela perna, sob uma forca, li os dizeres:

"A maldição de Tiago Valente. O rude, condenado por seus pecados."

Fechei o livro com força e o depositei perto do globo. Agora Laura havia me tirado do sério.

Voltei à cortina para deixar a tenda. O tecido mantinha-se imóvel independente da força que eu fazia.

— Chega desse teatro, sua víbora! — Gritei sem olhar para trás. — Diga o que quer antes que eu chame a polícia!

Quando me virei, fui tomado por uma forte pressão nas costas e caí no chão. O sufoco era similar a um soco nos pulmões. Tomado pela falta de ar, rastejei pelo piso atrás de uma sombra. Pensei que fosse ela, mas meus olhos não avistaram a cobra em nenhum canto da tenda.

Minha visão escureceu, imaginei que desmaiaria a qualquer segundo, conforme o sufoco comprimia mais o ar em meu peito. Girei a cabeça no chão e olhei em volta. O que estaria acontecendo? Sabia que era Laura a responsável, mas como? Tentei respirar fundo e os pulmões arderam.

Procurei avaliar a situação de forma racional, mas infelizmente não encontrei argumento para contestar o que meus próprios olhos presenciaram. Vi o livro ser escrito sozinho. Vi a mulher desaparecer. E a dor açoitando meu tórax me parecia tão real quanto o chão abaixo de mim.

Senti-me empurrado para a escuridão. Enfraquecia a cada segundo. Pensei que fosse morrer ali, quando uma voz feminina quebrou o silêncio e reverberou pela tenda. O ar ardeu bruscamente ao penetrar de volta. Em meio a tosses carregadas, ela sentenciou:

— Sua maldição será selada ao completar vinte e um anos. Eu o condeno a ser infeliz pelo resto da vida. Essa noite, a única mulher viva que lhe tem amor, o esquecerá. E se não for capaz de desvendar suas falhas, no dia de seu aniversário, ela o esquecerá para sempre. O livro é o marcador de seu tempo. Através dele, verá a si mesmo. Através dele, lerá as verdades que tentar ignorar.

Levantei tonto e não acreditei no que vi. Em um segundo, a tenda se esvaziou. Assisti o globo desapareceu. Como se nada tivesse acontecido. Como se a tenda sequer fizesse parte de uma atração do Circo Minguante. Laura pelo visto havia investido pesado no teatro dessa vez. Mesmo com tudo o que vi, duvidei. Absorvia apenas a sentença da maldição. Se o que ela disse tivesse alguma verdade, eu poderia perder a única pessoa que, após a morte de meus pais, me trazia carinho e conforto. Não deixaria que meus erros recaíssem sobre minha avó. Ela era inocente.

Segurei o livro determinado a me vingar de Laura e atravessei a cortina, enfim leve como deveria ser. Corri entre as pessoas no corredor apinhado do circo determinado a encontrá-la. A louca não poderia ter percorrido grande distância.

Ao me aproximar da fenda na saída, o desespero cresceu. Se Laura tivesse alcançado o terreno da festa, seria impossível localiza-la. Quase derrubei meia dúzia de pessoas enquanto corria até minha moto. Precisava conferir se existia alguma realidade na maldição, antes de ser tarde demais.

E se algo ruim já aconteceu a minha avó?

Montei na moto parada quando cheguei ao estacionamento e voei pela estrada até o castelo. Fui o mais rápido que consegui até o quarto dela e sacudi a maçaneta. Trancado. Bati três vezes e aguardei aflito. Ouvi a chave no trinco, observei a maçaneta girar, e meu batimento martelou a costela em expectativa. Minha avó abriu a porta franziu o cenho.

— Quem é você?

Deixei o corpo escorregar pela porta quando minha avó a fechou e passei horas ali, no chão.

No final da noite, eu ainda girava o corpo na cama, as palavras retumbavam dentro dos tímpanos: "Quem é você? Quem é você? Quem é você?".

Assim, descobri que minhas falhas caiam sobre inocentes. E provei das mágoas que tanto causei.

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Ui! Quanta emoção e mistérios! E aí, o que estão achando? Espero que estejam gostando! Sexta teremos mais! 
Beijosss

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