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QUARENTA E UM - Por Rosa

Parecia que eu rodava num carrossel com perfume de Valente. Apesar da tonteira, gostei do lençol quente que me abraçava. Murmurei e me aninhei mais na cama. Apertei o travesseiro e subi a gola da blusa até os olhos. Queria engarrafar aquele aroma. Me sentia em paz, até algo fofo me atingir bruscamente na cabeça e me trazer de volta à realidade. Olhei para cima e a fera ganhou forma na vista embaçada. O mundo rodou com tudo na minha frente. Percebi que a língua tinha um gosto nojento, parecia cabo de vassoura.

— Tsc, tsc. Se embebedando com seu chefe, Isabela? — Ele estava se divertindo demais com a minha ressaca. — Que péssimo exemplo.

— Cala a boca e me deixa dormir. – Puxei o travesseiro por cima do rosto.

— Sabe o que é bom pra curar ressaca? Banho de água gelada.

— Deus me livre. —Resmunguei com a voa abafada pelo travesseiro.

— O sol saiu. Não foi pra isso que você veio pra Trindade?

— Não tô nem aí pro sol! Quero ficar aqui na sombra, debaixo da coberta. Amanhã tenho que aturar meu chefe no trabalho, preciso descansar.

— Te dou cinco minutos pra levantar, ou vou trazer o Bruce aqui pra babar em você.

Valente deixou o quarto. Levantei irritada e trôpega. A têmpora latejava. Eu queria muito uma injeção intravenosa de analgésico. De repente me desesperei ao me dar conta de um fato crucial, que me deixou embaralhada em dúvidas.

Em que momento fui dormir? É normal ficar desmemoriada? Deus do Céu! Será que eu fiz alguma coisa vergonhosa ontem? Bebi a última dose, Valente puxou um revés e... O resto é uma parede negra.

Vaguei pelo corredor, seduzida pelo cheiro do café. Sentei na bancada da cozinha com os olhos semicerrados. A luz da varanda me atingia como um sabre de luz. Deixei meus cabelos desgrenhados me esconderem.

— Come logo Isabela. Quero dar um mergulho antes de pegar a estrada. – Os dedos de Valente resvalaram em ambos os lados de meu rosto quando puxou suavemente os meus cabelos para trás. Estremeci pelo arrepio provocado. – Já avisei a Isis onde estaremos. Ela vem encontrar a gente e depois dou uma carona pra vocês.

— Obrigada pela carona. Quanto a comer, acho que meu estômago vai recusar.

— Então bebe um pouco de leite. – Valente empurrou o copo na bancada - Anda!

— Como você é mandão. — Bebi um gole a contragosto. — Por que você não vai sozinho e me deixa aqui?

— Então tá. Cuidado com as cobras. — Ele deu de ombros. — Elas costumam entrar pela varanda.

Existiam noventa e oito por cento de chances de ser mentira. Mas os dois por cento de pânico venceram.

—Espera. – Virei o copo de leite em três goladas. — Vou me arrumar rápido.

Valente sorriu vitorioso. Cretino.

— Aqui, medrosa. Como você ficou sem roupa ontem. — Arregalei os olhos. Cheguei a perder o ar. Os olhos dele continuavam me avaliando, quase um Raio-X. Forcei a cabeça a tentar se recordar de novo, mas não adiantou. Então foi isso o que aconteceu? Valente me viu sem roupa. Notei a expressão dele, e agora parecia se esforçar para não rir. – Calma, não foi do jeito que eu gostaria. — O safado acrescentou.

Nem disfarcei. Levei as mãos ao tórax e suspirei. Ele depositou uma sacola ao meu lado, com um sorriso congelado no canto da boca, e acrescentou:

— Comprei uma roupa na lojinha do centro enquanto você dormia. Não esquece de passar o protetor solar, eu trouxe o fator 50. Do jeito que você é branquinha... — Valente passou meu cabelo por trás da orelha e acariciou minha bochecha com o polegar. — Vou te esperar lá fora.

Alguém por favor dá um pause ou um rewind? Não entendi nada do surto carinhoso.
O que estava acontecendo? De repente, o chefe rude e autoritário passa a me tratar dessa forma irresistível? Passa a me olhar como se quisesse cuidar de mim? Valente emanava uma aura nova, parecia haver um ímã nos atraindo um para o outro. E eu não sabia lidar com isso.

Terminei de me vestir e seguimos caminho por outra trilha. E já levava muito mais tempo do que eu gostaria. Mas dessa vez, eu deixaria a bexiga explodir antes de me afastar. Não correria o risco de acabar perdida de novo.

Como eu já esperava, escorreguei em uma descida enlameada. Só não imaginava que Valente me pegaria no colo.

— Eêê, garota estabanada. — Ele continuou a descer me carregando no braço,como se eu pesasse menos que uma pena.

— Ei, me bota no chão. — Falei séria. — Não vou cair de novo.

— Nesse ritmo de camêlo bêbado, vamos chegar amanhã. — Valente apertou o passo e se enfiou no meio de um arbusto.

— Culpa sua e da sua ideia genial. — Resmunguei quando tive que usar as mãos para desvencilhar de um galho em meu rosto, tinha certeza que ele passou por ali de propósito.

— Você me pareceu gostar do resultado dela.

Que resultado? Será que eu pergunto?

Fiquei calada. Só percebi que havíamos chegado quando meus tornozelos levaram um choque no contato com a água. Valente me pôs de pé sobre uma pedra e olhei o lugar. O tom esverdeado das águas me impressionava, principalmente próximo das vegetações. Enormes pedras em tamanhos variados transformavam o lugar numa bela piscina natural.

Infelizmente a ressaca me atrapalhava a curtir a paisagem. Uma dor latejante pontuou o lado direito da minha cabeça quando olhei para o sol. O problema era que não havia nenhuma área seca ali. Na melhor das hipóteses, eu ficaria feito estátua em cima da pedra.

— Onde estamos?

Valente jogou a camisa e a mochila em uma rocha, caiu na água com a delicadeza de um concreto e respondeu:

— Na piscina natural do Caxadaço. — Pediu ele inocente, mas não me convenceu. — Entra, a água está ótima.

— Nesse cubo de gelo? Não, obrigada.

— Eu trouxe toalha, vem. — Ele escondeu metade do rosto na água ao completar a frase. — Ou vou ter que ir aí pegar você? — Em seguida me dirigiu um olhar predatório.

Eu queria correr dali e mergulhar ao mesmo tempo. Valente começou a erguer o corpo lentamente para fora da água. Sem tirar as safiras de mim. E eu não tinha para onde fugir. Tremi só por imaginar aqueles braços fortes me envolvendo. Acompanhei as gotas que escorriam por sua pele. Sua tatuagem com o tribal de um leão. Seu abdômen mais definido que o do Damon Salvatore. Seu peitoral largo. Valente passou a mão nos cabelos longos colocando os fios para trás e deu um passo calculado para a frente. Depois abriu o sorriso colgate/cafajeste como se dissesse: "Te peguei."

Não teve outro jeito.

— Não faz isso. Eu vou congelar. — Implorei.

Ele andou mais um pouco. Se esticasse a mão, seria o suficiente para me derrubar.

De repente sua expressão mudou. Ele fitou muito sério um ponto fixo atrás de mim. Virei imediatamente o pescoço. Percebi tarde que foi um truque e eu caí como um filhote de pato manco.

Seus braços gelados me ergueram da pedra. Eu poderia dizer que estavam cimentados. Nem pude me mover. Ele ainda me torturou psicologicamente e contou até três antes de mergulhar comigo na água congelante.

O contato no resto do corpo foi doloroso. Meus músculos encachaçados gritaram. Ergui a cabeça e puxei o ar.

— Eu vou afogar você!

Minha ameaça perdeu todo o efeito porque meus dentes rangeram. Valente riu de lado. Então notei que ele ainda me segurava em um aperto suave. Daquela vez, eu não quis me desvencilhar.

Nos encaramos em um silêncio confortável, como se uma espécie de compreensão mútua pairasse no ar e nenhum de nós ousasse quebrar o momento com a fala. Uma palavra errada poderia interromper aquela ligação. Minha pele se habituava gradualmente a temperatura da água e o frio foi esquecido. Me vi muito consciente da carícia de seus dedos sobre os poros arrepiados do meu braço submerso.

Quando estávamos sozinhos, as barreiras do ego, medo e orgulho pareciam desaparecer. As minhas, é claro. E quanto as dele? Desde ontem Valente se mostrava uma pessoa diferente. Óbvio, ainda mantinha alguns lapsos de autoridade e aspereza, afinal, ninguém é capaz de mudar da água para o vinho. Mas em menos de vinte e quatro horas, somei uns quatro sorrisos, duas ou três demonstrações carinhosas comigo e até roupa para mim ele comprou. O que está acontecendo com ele?

Uma resposta ganhou forma, mas não fui capaz de acreditar.

. Adição, foi a única parte de matemática que já consegui entender. Assim, acabei somando protetor solar, mais carinho, mais olhar penetrante e concluí o inevitável.

Ele sente alguma coisa por mim. E eu definitivamente correspondo. Ô desgraça!

Abri a boca e ele se moveu ligeiramente. Parecia esperar que eu dissesse algo. Uni os lábios em seguida. E os meus planos para o futuro? Não adiantaria nada passar por isso tudo somente para fazer doer a despedida. Conquistar a bolsa em São Paulo era a promessa de descanso que meu pai precisava. A promessa de nos livrar de Gastão, além da realização de um sonho. Sem contar os sentimentos de Isis, a apaixonada.

Eu precisava desesperadamente descobrir por que ele agia assim. Se Valente me dissesse que a desejava, seria muito mais fácil me distanciar. Ainda que aterrorizada com a possível resposta, ignorei o batuque do samba no meu peito e decidi perguntar a ele. Ao menos me livraria dessa indecisão de uma vez.

Enchi os pulmões com todo ar que podia e expirei.

Só proferi a primeira sílaba. Porque Valente arregalou os olhos, me soltou sem aviso e emergiu dentro da água esverdeada. Não demorei para entender o por quê.

— Está gostando de Trindade, não é, Rosa? — Pude sentir as farpas na voz dela.

Olhei para trás e vi Isis de braços cruzados, só faltava expelir labaredas pelas narinas.

Não acredito que me enfiei nesse sanduíche de amigas.

Alguém com certeza acabaria como o recheio descartado.

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Viiiiish! Eu ouvi treta??? Beijosss 

Finalmente voltamos!

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