Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

QUARENTA E OITO - Por Valente

Eu sentia fúria, falta de ar, medo. Queria ter ficado na Taberna do Soberano e utilizado os instrumentos de tortura que vi naquela sala no próprio Gastão. Mas quando Isabela perdeu os sentidos, foi quase como se os meus próprios, também fugissem.

Os movimentos de Gastão travaram ao ouvir a mentira sobre a polícia ao lado de fora. Ele nos expulsou dali e se apressou em fechar o estabelecimento. Claro, já dizia o velho ditado: "Quem não deve, não teme." E aquele lá, devia até a alma. Se vissem o galpão, dariam um novo significado à palavra flagrante. Assim que eu tivesse uma oportunidade, voltaria aquele lugar e começaria a reunir evidências. O mauricinho ia se arrepender.

Mexeu com a pessoa errada.

Deitei Isabela no banco de trás. Pareceu o minuto mais longo da minha vida.

— Ela tá legal? — Isis se apoiou na lataria para se equilibrar. Depois que ela vomitou na calçada, pedi a ela que esperasse ao lado de fora.

— Acho melhor ela ver um médico.

Entrei na Land Rover pela outra porta e repousei a cabeça de Isabela no meu colo. Ela abriu os olhos e os fechou de novo.

— Merda! — Esbravejei.

— Valente, vou pegar aquele táxi que parou ali na esquina. — Isis soluçou. — Cuida da Rosa. — Ela deu o primeiro passo vacilante e achei melhor levá-la no colo até o táxi.

Esperei ela dar o endereço ao taxista e voltei para meu carro.

Acariciei o rosto de Isabela. As pálpebras dela subiam e desciam.

— Ah, corujinha. Não faz isso comigo. – Suspirei, agoniado.

— Não faz o quê? Onde eu estou?

Isabela tentou se levantar, mas a impedi.

— Calma, já vou te explicar. — Acariciei o rosto dela. — É normal acordar confusa.

— O que.... o Gastão.... cadê? — Ela mas respirava.

— Shhhh. Está tudo bem. Agora tenta sentar, mas devagar.

Ajudei Isabela a erguer o tronco. Ela o fez em câmera lenta e de repente mergulhou num choro convulsionado, desesperado, o rosto enterrado nas mãos.

— O Gastão... ele ia me prender naquela cadeira... — Ela fungou. — Disse que ia se vingar de mim... De alguma coisa que eu fiz. Mas eu juro, não sei do que ele estava falando!

— Aquele miserável não vai mais chegar perto de você. Estou aqui. – Puxei Isabela e a abraçei. Senti um vazio tão forte no peito ao vê-la daquela forma que só pude pensar que se assemelhava a própria morte.

— Meu pai...me ligou e disse que ele ia embora... — Isabela acomodou o rosto em meu ombro e se encolheu, abracei-a com mais força. — Algo sobre o dono não querer mais o próprio filho como o consultor. Mas eu não tenho nada com isso. Eu juro, Valente. Eu juro!

— Calma, tenta esquecer isso por um instante. Você precisa melhorar para eu poder te levar em casa, senão seu pai vai ficar preocupado. Respira fundo.

Isabela anuiu com o rosto colado em meu peito e fungou. Suspirou algumas vezes, desceu do carro e foi lentamente para o banco da frente. Fiz o mesmo. Disfarcei a culpa me remoendo as vísceras enquanto afivelava o cinto e recordava do meu feito de dias atrás, quando encontrei o pen-drive de Yoda e a pasta com o vídeo editado: "Gastão, o machão." Só podia ser esse o motivo. Por que mais Gastão deixaria Itaipava? Na hora, não calculei o mal que poderia causar ao enviar o vídeo editado para o dono da Grão Puro, eu desejava apenas livrá-los de Gastão. Imaginei que o mauricinho bombado retornaria à sua vida de burguês no Rio de Janeiro e deixaria Isabela e seu pai em paz.

Deduziu errado, seu idiota.

— Você está bem? — Eu queria esmurrar o volante, mas me controlei para não assustar Isabela. — Quer alguma coisa?

— Estou. Só preciso deitar e desmaiar. — Ela continuava pálida. — Mas dessa vez, de sono.

Soltei a marcha e entrelacei meus dedos nos dela:

— Eu prometo, Isabela. Não vou deixar nada ruim te acontecer.

Ela abriu um sorriso fraco e descansou a cabeça no encosto do banco. Segui o trajeto e a deixei em casa relutante. Todas as minhas células desejavam levá-la para o castelo, onde eu cuidaria dela pessoalmente e garantiria que ninguém se aproximaria. Por isso, depois que ela desceu, fiquei com o carro parado, o motor ligado e os faróis acesos na rua escura. E se Gastão aparecesse de madrugada?

Do jeito que é covarde, melhor eu ficar aqui.

Isabela entrou. Girei a chave na ignição e apaguei a luz da lanterna. Não dormiria em paz de jeito nenhum se retornasse ao castelo. Bastaria ir embora de manhã bem cedo, antes de ser flagrado pelo pai dela. Eu não tinha a intenção de lhe arranjar mais problemas.

Preparei-me para uma longa noite. Não esperava incluir outras preocupações à minha extensa lista, até lembrar de tirar o livro encantado do porta-luvas. Na confusão, acabei jogando-o ali.

"Será que o Enforcado deveria trocar de nome? Anda cego, surdo e perdido. Menos mudo, pois ele fala tudo, exceto a própria história. Conte a si mesmo. Não há perdão para mentirosos e o tempo não espera ninguém. Tic tac. Faltam nove dias."

Encarei as palavras malditas, elas me forçavam a olhar de frente para as verdades que eu evitava. Eu conhecia muito bem os detalhes da história. Recordava dos sons que me provocaram pesadelos nos primeiros anos. O sino do batistério. Pessoas chorando. E o meu próprio. Da respiração entrecortada. Dos dias em que meu mundo virou de cabeça para baixo.

Talvez eu fosse mesmo o Enforcado. Condenado por minha própria dor a enxergar de maneira distorcida. Condenado a carregar uma ferida que não cicatrizaria.

Mas a verdade é que eu andava exausto. Cansado de correr a maratona diária contra mim mesmo, cansado de fingir que não via os fantasmas dos meus pais no espelho.

Eu não precisava contar a história, precisava encarar meus demônios e domá-los de alguma forma. No fundo, eu sentia medo de não ser capaz. Medo de me deparar outra vez com o garoto perdido que me tornei e não conseguir salvá-lo.

Respirei fundo. Os olhos e a garganta queimavam angustiados.

O círculo se fechava, eu sabia disso. Ou eu tomava uma atitude agora, ou passaria o resto dos meus dias perguntando o que teria sido da minha vida, e ainda havia uma vida inocente em jogo.

Arremessei o livro de volta ao porta-luvas.

Se eu tivesse um fósforo, teria atiçado fogo naquelas páginas. E decidi que faria, no dia seguinte, o que deveria ter feito há oito anos.

_______________________________________________________________________

Ainnnnn  meu coração, estamos nos aproximando da minha parte favorita do livro! <3  

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro