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CINQUENTA E TRÊS - Por Rosa

Valente mudou comigo desde a tarde em que adormecemos juntos no sofá, dois dias atrás, quer dizer, eu já vinha notando as mudanças há algum tempo, mas talvez por finalmente ter me entregue ao sentimento, elas tenham se tornado mais evidentes. Claro que ele continuava autoritário, como por exemplo, com a sua insistência de me trazer em casa. Meu pai já estava com uma interrogação gigante por trás dos óculos, mas enquanto ele não desse luz às suas dúvidas, eu é que não abriria a boca. O pior foi que, pela primeira vez, não ligava para a reação do meu pai. Aquela tarde da feira de livros, se não fosse pelo acidente com Bruce, ou sendo mais realista, a tentativa de homicídio, e o ataque de Isis, teria sido uma das melhores que já tive na vida, muito esquisito. Só sei que, em determinados momentos o sentimento me deixava em pânico, em outros me fazia absurdamente feliz.

Que ridículo, virei uma contradição ambulante.

Fechei o livro de História do Cinema aceitando a derrota. Minhas costas doíam por passar tanto tempo sentada e resolvi me esticar no chão do quarto.

Meus neurônios aparentemente não estavam afim de conseguir a bolsa para a faculdade de cinema em São Paulo. Eles só pensavam em Valente, e como eu não sabia manejar uma furadeira para criar um buraco na cabeça e deixar os pensamentos escorrerem, fiquei deitada no chão ao lado da cama, como se eu fosse uma esteira de ioga maluca e pensante.

Credo, meu teto está cheio de teia de aranha.

Levantei após alguns minutos e me encarei no espelho do armário. Percebi que andava com um sorriso de besta no rosto e irritantes ursinhos carinhosos no estômago. Eles sopravam corações de um para o outro, a cada coisa que Valente fazia. Tentei sufocá-los com um travesseiro imaginário, mas eles resistiram. Porque Valente passou a me receber no castelo com um sorriso colgate deslumbrante, e um beijo de enfraquecer os joelhos. Óbvio que na presença de Isis mantínhamos a discrição. A Bunda de Babuíno ignorava a minha existência, e eu a dela. O cumprimento que ela me dava era um movimento do pescoço, cheguei a pensar em indicar um fisioterapeuta para ela tratar o torcicolo.

Sacudi a cabeça e comecei a guardar alguns livros da escrivaninha, dentro da mochila. Levei um susto com a campainha. Ninguém aparecia lá em casa durante a semana, muito menos na metade do dia. Recordei que meu pai andava feliz da vida, pois estávamos sem a nuvem tóxica chamada Gastão, e talvez ele tivesse saído mais cedo da Grão Puro.

Não. Ele tem a chave de casa, sua anta.

Andei suspeita em direção a porta. Aproximei o rosto do olho mágico e me deparei com um azul desconcertante.

— Sou eu.

— Quem? — Zombei.

— O lobo mau.

— Minha vovozinha tá em São Paulo e não tenho doces, pode ir embora.

— Anda logo, Rosa. — Ele riu.

Depois de quase engasgar com o arco íris que invadiu minha garganta, girei a chave no trinco.

— Oi, lobo.

— Oi, corujinha. Pensei em fazer uma surpresa e vim te buscar para trabalhar.

— Não que eu não goste de ser surpreendida, mas acho que estou abusando do meu chefe. Daqui a pouco vou ser demitida.

— É? Por quê?

— Porque indo de carona, não uso o vale transporte e ultimamente tenho feito mais coisas ligadas a lazer do que trabalhado na biblioteca.

— Então seu chefe deve ser um cara muito gente fina pra dar todas essas regalias pra funcionária dele, não acha? — Ele passou a mão pela minha cintura.

— Ou, ele só está se aproveitando de uma jovem inocente, como eu. — Eu já estava toda arrepiada.

— Se posso dizer, Srta. Rosa, a jovem pode até ser um pouco inocente, mas ela não parece se incomodar nem um pouco com os abusos dele.

Valente correu os dedos pelo meu pescoço. Estremeci. Essa jovem aqui, não se incomoda nem um milímetro!

— Rapidinho, vou pegar meu livro. — Andei até o quarto e ouvi seus passos atrás de mim.

— Você vai mesmo continuar levando livros pra biblioteca? — Pude perceber um sorriso em sua voz.

— Lógico, preciso estudar no intervalo.

— Isa...Rosa. Você tem certeza que vive nesse planeta?

— Não, eu vim de Krypton, não te contei? — Espiei por sobre o ombro e acabei derrubando o livro no chão. Abaixei para pegar.

— Deixa eu te explicar como funciona uma biblioteca — anunciou Valente. — Não sei se você já percebeu, mas as pessoas visitam e levam um livro pra ler. — Ele crispou as sobrancelhas grossas. — É pra isso que serve. Qual é o título? Posso ver se temos o que você precisa no acervo, assim você para de ficar carregando esse cadáver nas costas.

Valente se aproximou para conferir o título do livro e de repente, empalideceu ao apontar para o objeto marcando a página.

— Onde você arrumou isso?

— Essa rosa de plástico? Foi há uns dois anos atrás, numa tenda em um circo...

Parei de falar ao vê-lo se distanciar com a mão apoiada no peito que inflava e esvaziava como balão de festa. Parecia em crise.

— Valente, você está bem?

Me aproximei devagar, não entendi o motivo daquele pânico todo. Coloquei a mão sobre a dele e ele repeliu o toque bruscamente. Arregalei os olhos e abri a boca. Valente aprumou o tronco, franziu o cenho e suas palavras rosnadas me atingiram como uma flecha:

— Preciso ir embora, Isabela. — Meu nome pronunciado naquele tom foi como uma flechada venenosa. — Tire uma semana de folga e fique longe do castelo, aproveite e estude para a prova. Não procure por mim.

— Mas...

Sem mais nem menos, ele sumiu do quarto. Ouvi a porta da sala bater com força segundos depois. Demorei um tempo até assimilar que aquilo havia mesmo acontecido. Existiria alguma explicação racional para o surto raivoso? Ou ele voltou a ser bipolar? E como podia me tratar dessa maneira, depois dos últimos dias que tivemos?

Uma semana longe do castelo. E longe dele. O que estava acontecendo? Isso tudo por causa de um livro? Qual seria o sentido? Precisei apoiar as mãos na parede, o ar parecia lutar contra meu corpo para chegar aos pulmões.

Respirei com força e encarei o corredor. Não fazia nem 24 horas que havíamos passado uma tarde inteira conversando em um dos sofás de veludo da sala de cinema. Nem um só dia que eu havia contado a ele toda a minha vida. Sobre a minha família em São Paulo, o divórcio de meus pais, meus sonhos, meus medos. Se bem que, analisando friamente, mesmo depois de me abrir com ele, Valente não me disse nada. Apenas soltou sem querer, que visitava com frequência a avó no centro de idosos em Itaipava e fechou a cara. Seus pais continuavam na zona de mistério digna de filmes do Stephen King.

No entanto, ele chegou a me convencer que havia mudado. Não agia mais de maneira rude com tanta frequência e acima de tudo, parecia mais em paz consigo mesmo. Se eu não considerasse os dois minutos passados, obviamente.

Você é muito ingênua, Rosa. Claro que em algum momento ele voltaria atrás.

A cada flash de nossos momentos juntos eu sentia uma nova fisgada de dor. Valente me encarando com as safiras carinhosas, seu toque, seu carinho, seu beijo. Não era possível que isso simplesmente acabasse de um segundo para o outro. Dei um tapinha no meu próprio rosto e despertei do transe. Sentei na cama e uma espécie de punho parecia espremer meu peito, enquanto o cérebro buscava as justificativas mais loucas. Pena que nenhuma fazia sentido. Ele apenas viu a rosa de plástico. Nada demais. A não ser que... não, ele não parecia ciumento assim. Seria ridículo agir dessa forma só porque beijei alguém há dois anos em uma tenda. Deitei na cama e apertei o travesseiro. A irritação batalhou furiosamente com a angústia e deixei a raiva vencer. Não importava o motivo. Ele não tinha o direito de me tratar dessa forma. Valente acabava de despertar o meu lado negro.

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Meu Deus, mas que casal enroladinho! rs

Será que uma hora isso vinga?

Estou de volta amores, próximo capítulo sairá na sexta-feira <3

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