Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

CINQUENTA E SETE - Por Rosa

O anticristo terminou de aplaudir o nosso beijo com o sorriso mais cínico que eu já vi. O homem ao lado dele não movia um músculo. Parecia uma estátua. Os dois eram muito parecidos.

Observei Gastão cerrar os punhos de maneira ameaçadora e dei um passo para trás. Valente se posicionou à minha frente como um escudo protetor. Só a voz do Rambo já foi suficiente para me deixar enojada:

— Ora, ora, mas que belo casal. — Ele escorria sarcasmo. — Então é isso que fazem na loja? No horário de trabalho? — Gastão alisou alguma coisa no bolso da calça.

— O que acontece na minha loja é de meu interesse, moleque. — O homem estava com o rosto lívido. — Você não trabalha mais aqui. E não herdará franquia nenhuma.

Então a estátua é o pai dele.

— Você acha natural ver a filha do gerente beijando um qualquer no meio da sua loja? — Gastão insistiu com seu pai.

— Como se não bastasse eu ter de vir aqui para limpar sua sujeira, agora tenho que cuidar de seu ciúme fajuto, Gastão? Faça-me o favor. — O homem alisou o paletó. — Já perdi mais tempo do que deveria com essa brincadeirinha de adolescentes que vocês me arrumaram — esbravejou o Poderoso Chefão, e depois olhou para mim. — Você, garota, chame seu pai agora!

— Fale direito com ela. Rosa não tem que aturar nenhuma dessas grosserias.

Valente engrossou a voz ao me defender. Eu não compreendia absolutamente nada. Aquele cenário estava mais complicado do que fórmulas avançadas de Física.

— Quem é você, insolente? Se não é cliente, por que não sai da minha loja e deixa de se meter nos negócios dos outros? — O pai de Gastão apontou o dedo para Valente.

— Terei o maior prazer em ir embora, mas ela vai comigo. — Valente me puxou pelas mãos e adiantou-se para deixar a Grão Puro.

— Não vai, não. — Gastão deu um passo a frente e estalou o pescoço. Gelei.

Na hora eu não soube se temia mais pela expressão de ódio dele ou de Valente. Ambos me lembravam duas bombas, prestes a explodir.

O pai de Gastão esticou um braço a frente do peito dele, e ele cedeu. Suspirei aliviada. Só então notei o quanto minhas pernas tremiam.

— Pare de pensar com os músculos, moleque, e use a cabeça uma vez na sua vida. Vai querer arrumar briga também? Dentro da minha loja? — Ele falava como se Gastão fosse um idiota. — Segure a pasta e pegue o laptop. — O pai de Gastão empurrou uma bolsa de couro para ele e entrou na loja enquanto tirava o paletó. — Anda, Gastão! Pega a porcaria do computador e a rescisão! — Ouvir o chefe do meu pai usando a palavra rescisão me assustou. Ele olhou para os funcionários atrás do balcão e gritou:

— Estão olhando o quê? Saiam todos daqui, vão esperar na cozinha!

Procurei as palavras para perguntar que maluquice era essa, mas minha voz desapareceu no turbilhão de dúvidas. Gastão tirou um laptop de dentro da pasta do pai, e abriu sobre a bancada.

"Voulez vous coucher avec moi, ce soir?"

Reconheci de cara a música familiar que preencheu o silêncio pesado.

Arrastei os pés pelo chão e cheguei mais perto do laptop, o suficiente para enxergar as imagens na tela. Arregalei os olhos e pisei no pé de Valente atrás de mim quando recuei. Mordi a língua para não gritar. A compreensão finalmente chegou, mas relutei. Não podia ser. Não tinha como. Apenas eu sabia da existência do vídeo.

— O que foi, gracinha? — Ele estalou os dedos e abriu o sorriso cortante. — Reconhece a edição?

— Gastão, eu... eu... não... — Com esforço, engoli o choro.

Vai mentir agora? Estou te avisando há muito tempo, Rosa. — Sua expressão mudou rapidamente para a de um lunático. — Você se meteu com a pessoa errada. E merece pagar por isso.

Lembrei do galpão de tortura, do estado de Bruce e pensei que fosse desmaiar pelo nervosismo. As mãos transpiravam. As pernas tremiam. O peito subia e descia em uma respiração frenética. Se Gastão já nutria sua raiva por mim antes, eu sequer poderia cogitar o que ele planejava agora.

Sentei no banquinho de frente para o balcão e tentei raciocinar. Refiz passo a passo mentalmente. Havia salvo o vídeo no meu pendrive de Yoda, editado no computador de casa e guardado o pendrive em uma bolsa de praia que eu quase nunca usava.

"Creole lady Marmalade"

Roí as unhas, aflita. Eu queria enterrar a cabeça no balcão feito um avestruz até uma resposta plausível se formular. Ouvi várias vozes falando em volta de mim, mas com o pânico que tomou conta de meus pensamentos, na hora, não fui capaz de discernir. Eu só queria entender como aquilo havia acontecido, se a bolsa ficou no armário o tempo todo. Eu apenas a usei em Trindade, mas tinha certeza sobre o pendrive continuar lá. Em nenhum momento eu o peguei.

Respira. Solta o ar.

Valente me deu uma carona, e antes de descer do carro, eu a derrubei. Foi isso! Lembrei dos itens caindo espalhados debaixo do banco. Mas não fazia sentido. Como chegou a Gastão? No máximo o meu mini Yoda estaria caído ainda no carro. Valente me devolveria, se o encontrasse.

Devolveria?

Encarei seus olhos azuis me fitando apreensivos e sua expressão de culpa me deixou suspeita. Meu peito encolheu só por imaginar essa traição. Ele não faria isso. No entanto, era a única conclusão racional. Abri a boca para perguntar e engoli em seco ao ver Gastão se aproximando como um leão faminto. Curvei o corpo na tentativa de controlar o enjoo. Eu não possuía nenhum argumento. Pedir desculpas soaria praticamente patético.

Como fui besta desse jeito?

Lembrei da evidência incontestável que eu mesma incluí ao final do vídeo. O efeito de encerramento, com o meu email, telefone e o nome fantasia de uma empresa fictícia: "Skywalker Productions".

Gastão cerrou a mandíbula e eu me inclinei para trás. O olhar de louco me assustou. Valente percebeu meu espanto.

Fique longe dela. — Ele parou na minha frente e empurrou Gastão pelo peito.

É melhor você não tocar em mim, Valentão.

Gastão estalou o pescoço e tirou um objeto de ferro assustador de dentro da calça. A voz do pai dele o fez hesitar por um segundo. O alívio me percorreu quando o objeto de ferro foi guardado no bolso, parecia uma espécie de arma.

Está querendo conseguir outro viral, Gastão?! Porra, moleque! As câmeras estão ligadas!

Esse vídeo virou viral? – perguntei com vontade de desaparecer. Gastão me olhou com o rosto vermelho.

Vou tomar seu silêncio como um sim. — Valente acrescentou à minha pergunta e dobrou o corpo de tanto rir.

Gastão aproveitou a distração; derrubou Valente ao atingi-lo no meio do rosto.

Parem com isso! Por favor! – Desci desesperada do banco. Se eu me enfiasse entre os dois, acabaria perdendo um braço. Eles se engalfinhavam no chão.

Valente se recuperou do soco e eu arfei. Vi-o bloquear o segundo golpe com o braço e em seguida acertar o queixo de Gastão, que caiu arremessado direto na vitrine de vidro. As sobremesas e os estilhaços de cacos espalharam-se para todos os lados.

Ai, meu Deus!

Valente parecia ainda inteiro quando andou até Gastão e o atingiu com um chute no estômago.

Seus moleques! Parem ou serei obrigado a sacar minha arma e vou alegar que dois vândalos destruíram a minha loja!

Fitei o Poderoso Chefão boquiaberta e duvidei que ele estivesse blefando. Em seguida, vi o braço de Valente congelar no ar com a ameaça. Quando ele olhou para trás, Gastão chutou o meio das pernas dele. Valente cambaleou alguns passos e gemeu.

Valente!

Corri até ele e o abracei. Sua dor me feriu de um jeito indescritível. Mas Gastão não desistiu: o covarde vinha por trás para pegá-lo de costas. E eu sozinha contra o Rambo, não seria capaz de nada. Tremi como se estivesse prestes a ter uma convulsão.

— Vocês enlouqueceram?! — O grito que meu pai soltou da porta o fez parar. — Lourenço, você por aqui? O que aconteceu?

— Vim acertar contas, Vitor. — Ele sentenciou e apontou o dedo para o meu pai, que ficou branco em um segundo. — As suas contas. — Ele concluiu, com a voz seca como o disparo de um tiro.

Gastão abriu o sorriso de lâmina. E o meu pesadelo começou.

Os olhos do meu pai varriam o salão enlouquecidos. Iam de mim para Valente massageando meus ombros, para a vitrine de sobremesa destruída no chão, e para o Poderoso Chefão dentro do terno pomposo.

O silêncio perdurou algum tempo. Eu podia escutar o crepitar do pavio de cinco dinamites prestes a explodir. Ou talvez, só de uma. Eu. Gastão analisava a cena com um sorriso nojento congelado no rosto.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Meu pai perguntou com o tom exasperado.

— Você está demitido, Vitor. — O pomposo andou até ele e cruzou os braços.

A palavra ganhou sentido na minha cabeça oca pelo estresse.

Demitido!

— Como assim, Lourenço? Está tudo em dia na loja. Não fiz nada de errado....

— Você, não. Ela. — Ele apontou para mim e me olhou com desprezo. — E pelo que eu saiba, ela é sua responsabilidade.

— Minha filha? Dá pra ser um pouco mais claro? — A confusão no rosto do meu pai, só aumentava ainda mais minha culpa.

— Certamente. Serei cristalino. Gastão, aperte o play mais uma vez.

Trinta capoeiristas vieram dançar no meu peito. O berimbau me ensurdeceu. O vídeo do inferno começou de novo.

"Voulez vous coucher avec moi, ce soir?"

Eu nunca mais conseguiria assistir Moulin Rouge na vida. Escondi o rosto nas mãos. Não estava pronta para lidar com a decepção de meu pai e não conseguia raciocinar direito, porque era bem óbvio que não havia nenhuma rota de fuga daquela situação. Eu editei o vídeo. Não podia negar.

Mas como ele foi parar no Youtube? Quem fez isso?

Não dava para acreditar que depois de todo aquele esforço, de toda a minha dedicação com os estudos para tentar dar uma folga ao meu pai, lá estava ele, prestes a perder o emprego por minha causa. E eu nem sabia o que havia feito além da edição.

Eu não publiquei esse vídeo na internet!

Respirei rápido. Quando escutei a música chegar ao fim, meu pai perguntou com um fio de voz que me cortou o coração.

— Você fez mesmo isso, Rosa?

Mordi a língua e ergui o rosto. A decepção no olhar dele, acabou comigo. Foi como levar um tiro de canhão. Assenti muito fracamente.

— Ela fez, Vitor. E por isso, você está demitido.

Ouvi a sentença de meu pai e contive as lágrimas. Gastão riu alto, do canto da loja.

— Espera um pouco, Lourenço. Não podemos resolver de outra forma? — Não entendi como meu pai conseguia se manter calmo. — É só um vídeo no computador, isso é coisa de adolescente, daqui a pouco isso passa.

— Você acha, que vou manchar a reputação da minha empresa porque sua filhinha decidiu brincar? — Ele sacudiu o dedo no ar. — Eu afastei o Gastão do cargo assim que vocês me enviaram esse vídeo, e deveria ter acabado por aí. Foram trinta anos de dedicação e trabalho árduo. Desde muito cedo empreendi nesse negócio. — O homem andava de um lado para o outro. — Quem mandou deixar os vídeos de segurança nas mãos de uma garotinha? Deu no que deu.

— Tudo bem Lourenço, eu assumo meu erro. Mas não enviei esse vídeo a ninguém, essa gravação tinha desaparecido do sistema. — Meu pai cruzou os braços. — E não compreendo como isso poderia lhe causar tanta dor de cabeça.

— Talvez, alguém com a mente atrasada como você, não conheça ainda o poder da internet. — Ele quase colou o rosto no de meu pai. — O vídeo editado por sua filhinha querida, ultrapassou 200mil visualizações. Recebi dezenas de emails de franqueados e de clientes me perguntando do que isso se tratava. — Olhei para Gastão parado atrás do pai, ele mantinha um sorriso de triunfo congelado. O pai dele tomou fôlego e continuou. — Percebe-se nitidamente que é uma loja Grão Puro e virou motivo de piada! Além de terem feito um Gastão de palhaço! Deu pra entender?!

Valente começou a andar de um lado para o outro. Meu cérebro deu um nó.

Senhor! Quem enviou esse vídeo? E como?!

— Não precisa ofender, Lourenço. Afinal, fui um gerente dedicado por quase dez anos. — O tom de meu pai saiu murcho.

Eu estava trêmula. Valente passou o braço por meu ombro e meu pai o fuzilou com o olhar. Ele guardou as mãos no bolso.

— Alguém fecha a porta da loja antes que isso vire outro viral — ordenou o pomposo. Eu o fiz para não arranjar mais problemas. A plateia do shopping pareceu desanimar quando desci o toldo da frente.

— E você, Victor, terá um dia para reunir suas coisas e nunca mais pisar aqui. E como será demitido por justa causa, não receberá rescisão, não terá direito ao seguro desemprego... Enfim, você conhece as leis trabalhistas. — Ele falou em um tom irritante de superioridade. — E fique satisfeito de eu não lhe jogar um processo judicial, que é o que eu deveria fazer. O prejuízo de hoje será descontado do seu último pagamento.

— Isso não é justo! Você não pode fazer isso com meu pai! — Finalmente me expressei.

— Fique quieta, Rosa. Você já fez o bastante. — O corte do meu pai me fez engolir seco.

Gastão riu de novo e se aproximou. O sádico estava nitidamente se deliciando com a cena.

— Espera. — Valente ergueu a mão à frente. — Fui em quem fez o upload do vídeo no site. Eles não tiveram nada a ver com o ocorrido. — Ele acrescentou parecendo envergonhado. — Por favor, me deixe resolver isso. Penalize a mim e até judicialmente se for o caso. Eu não me importo. Mas deixe o Vitor manter o emprego.

Olhei para Valente sem acreditar e recuei um passo.

Meu peito acelerou, o estômago embrulhou, e senti as lágrimas umedecerem meus olhos. Engoli as lágrimas, e a vontade de gritar com ele. De berrar, de perguntar como alguém seria capaz de sacanear outra pessoa assim, e tantas vezes seguidas. Como ele podia ser tão mentiroso? Maquiavélico? Agir pelas minhas costas e ainda por cima com algo que afetava diretamente minha família?

E Valente sabia da preocupação que eu carregava com meu pai, ele conhecia a situação de sua saúde. Quanto mais eu pensava em como me entreguei à Valente, cheguei a brigar com minha melhor amiga, e em troco de que? Naquele momento, eu só queria desaparecer, desejei acordar em outra vida. Uma onde eu não tivesse sentimentos por ele me dilacerando de dentro para fora, e onde eu não fosse o motivo de demissão do meu pai. Respirei fundo, encarei o chão com os olhos arregalados por um tempo, e ergui o rosto.

Valente tentou entrelaçar os dedos nos meus, mas repeli o gesto.

— Espera, corujinha. Deixa eu explicar. — Ele pediu com a voz que me fazia derreter.

Mas dessa vez, eu não escutaria nada. Ele ultrapassou todos os limites.

Cansei de ser feita de idiota.

_____________________________________________________________________

Capítulo bafônico! =O 

E de agora em diante só piora! Guenta coração!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro