Capítulo 3: what am i now?
Isso já era quase meia-noite e lugar nenhum era o destino.
June chamou um Uber assim que se afastou o suficiente do apartamento onde havia encontrado o seu agora ex-namorado com outro na cama. As lágrimas nos seus olhos haviam secado exatamente como a sua mente havia ficado parcialmente vazia, mas as imagens de Eric sobre o maldito garoto ainda assombravam June no banco de trás do carro de cor cinza que ele tinha entrado. E ele se sentou no banco, chorando silenciosamente, olhando pela janela.
Pela primeira vez desde que June chegou a Thornehill, ele não tinha ideia de para onde ele iria, se é que havia algum lugar para ir. Tudo era demais para ele, era demais para pensar e aceitar. O fato de Eric estar traindo June com o seu maldito vizinho do andar de baixo era simplesmente demais. A dor e o desgosto que June estava saboreando só o fazia tremer de raiva que alimentava o seu auto desprezo. O que June fez para merecer isso? Merecer ser traído pelo único homem que ele amou desse jeito e se sentir sozinho no mundo outra vez, sozinho e triste? E assim que o vento soprou pela janela semi aberta na direção onde June estava, como em um estalo, algo veio a sua mente. Por mais terrível quanto podia um ser humano ser levado a pensar, June começou a secar as suas lágrimas quando percebeu o que ele tinha que fazer para parar esta dor no seu peito, seu sofrimento, e foi quando o motorista do Uber chamou seriamente a sua atenção no banco da frente.
— Para onde deseja ir, senhor? — perguntou o homem robusto sentado atrás do volante e levou alguns segundos para que June lhe respondesse. As palavras do motorista fizeram June pensar por um segundo, mas de uma coisa ele estava certo, voltar para casa não era mais uma opção. E June não tinha dinheiro suficiente para arranjar outro lugar para ficar, ele sempre foi sozinho, jogado ao relento como um miserável. Ele só tinha um lugar para ir em mente e tudo o que ele podia fazer era seguir até o fim da linha.
— O senhor pode me deixar nesse endereço. — pediu June ao motorista. A voz de June estava vacilante envolta por tristeza e raiva, mas também com uma leve sensação de desespero. O motorista o encarou por alguns segundos depois de pegar o endereço que June o entregou, nos seus olhos haviam preocupação e curiosidade, mas isso se desvaneceu brevemente quando o homem no volante se virou para dar uma boa olhada no papel.
— Esse não é o novo edifício dos Carrington, não? — perguntou o homem, mas June não se deu ao trabalho de lhe responder, ele apenas acenou pelo espelho retrovisor. — Tudo bem. — disse o motorista assim que ele deu partida no carro.
No banco de trás do carro, June não sentia mais a dor no seu peito ou a fúria que relembrar o que aconteceu no seu apartamento com Eric e o vizinho o despertava, mas, ao invés disso, a dormência estava o invadindo e tomando o lugar da culpa que o paralisava. O coração de June havia sido terrivelmente atirado em um triturador e ele nem mesmo podia fazer algo em relação à isso. Ele estava completamente perdido e quebrado como ele nunca esteve antes. Os seus olhos já estavam exaustos, afogados pelas tantas lágrimas derrubadas. Qual é o sentido quando a coisa mais grandiosa que já aconteceu na sua vida não passa de algo fútil e sem valor, sendo descartada por um momento de prazer que possivelmente não vai preencher nada além de um ego instável. June se sentia vazio, com um buraco no lugar do seu coração que era escuro e poderia engolir o mundo, não havia mais lágrimas, era como se todos os seus sentimentos haviam se esvaído por cada maldita lágrima que lhe deixasse os olhos. Era como se parte da sua alma havia deixado o seu corpo, assim como as suas lágrimas.
Então este era o segundo estágio, a dormência nunca lhe caiu tão bem.
— Aqui estamos. — anunciou o motorista assim que parou o carro, chamando a atenção de June que estava irremediavelmente distraído.
— Obrigado. — disse June calmamente, enquanto buscava o dinheiro para o motorista no seu bolso antes de sair do carro, ele fechou a porta num estalo e nem se preocupou em olhar para trás.
Tudo o que June fez foi levantar a sua cabeça e passar os seus olhos pelo grande e alto edifício na sua frente. Se tratava da mais nova torre do observatório da cidade que com toda certeza era magnifica. Daquele único ponto, era fácil ter uma vista de toda a pequena cidade de Thornehill, havia uma vista incrível para se desfrutar. Este era o lugar onde Eric e June costumavam vir para comemorar os seus aniversários e de mais celebrações, e agora onde June tinha decidido que seria o fim de tudo. A torre era longa e contava com mais de treze andares de altura, vidros espelhados se estendiam ao longo de todo o edifício. Era lindo. Agarrando as mangas da sua camiseta preta, June da uma olhada para cima e sorri.
— Esse é o meu último destino. — ele suspira assim que começa a dar passos para dentro do lugar.
De fato, esse seria um final as alturas, literalmente.
June sabia que era muito tarde e que a esta hora não haveria muitas testemunhas, que o lugar seria perfeito para que ele tivesse o seu fim. No orfanato as freiras diziam que era errado uma pessoa tirar a própria vida, mas June sabia que metade das coisas que as freiras diziam não eram inteiramente verdadeiras, mas não era essa a questão, June sempre pensou que ele estava destinado a algo, talvez o seu destino fosse simplesmente a morte. E era isso, ele sempre acreditou nisso, um bebê abandonado por pais que não davam a mínima, criado em um orfanato vendo outras crianças serem adotadas e tendo outra chance com uma nova família, mas não June. Ele nunca teve esta sorte, depois que foi embora do orfanato havia outro mundo a ser descoberto e ele o fez. June nunca pensou que iria amar ou que seria amado, e morria de medo de ser abandonado novamente, mas ele amou e foi amado, mal sabendo que haveria um preço. June ansiava ser como as outras crianças no orfanato que eram escolhidas, mas ele só conseguia se sentir ainda mais sem valor. Até que Eric surgiu, e como uma redenção caindo dos céus, ele o pegou, mas ele era apenas como uma brisa passageira, nem mesmo forte o suficiente para mantê-lo. E, como o vento, ele se foi. June entrou no elevador do observatório e apertou o botão para o último andar, para o terraço. Ao chegar no topo, ele saiu do elevador e os seus olhos estremeceram com tamanha claridade que rodeava o lugar. June não levou muito tempo para deixar de ligar para isso, em vez disso, ele começou a andar para frente diretamente até o corrimão na beira do prédio que dava vista a cidade inteira.
June franziu as suas sobrancelhas tristemente, podendo sentir os seus olhos começarem a molhar outra vez, mas desta vez, ele não se importou e apenas sorriu para a vista incrível que tinha daquele lugar
***
Oi, obrigado por ler. Por favor, não se esqueça de deixar um comentário e seu voto nesse capítulo, até o próximo. ily
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