June estava incrédula ao ver a cena na sua frente, as lágrimas caindo nas suas bochechas já eram involuntárias. Eric e o outro menino levaram alguns segundos para perceber que June estava de pé na porta do quarto em completa crise. Imediatamente os dois garotos na cama se separaram e se viraram para encarar June.

— Eric? — questionou June com a sua voz fraca e falha que soavam mais como um sussurro, um tanto quanto inaudível. Mas ainda assim, Eric podia ouvir a ele e então ele lentamente soltou o outro garoto, tentando evitar o contato visual com June enquanto se desculpava.

— Me desculpa, June, eu posso explicar... — disse Eric assim que saltou para fora da cama, tentando rapidamente encontrar algo para vestir, mas não havia como esconder a vergonha que estava clara no rosto de Eric.

Não havia como negar o que estava acontecendo e enquanto June assistia Eric vestir a sua cueca, ele não podia mais controlar as suas lágrimas, talvez, June pensasse que isso era culpa dele.

— Por favor, June, eu posso explicar! — pediu novamente o traidor em puro caos e depois de vestir a sua cueca, Eric finalmente foi capaz de olhar nos olhos de June com os seus lindos e mentirosos olhos verdes com surpresa e culpa. O corpo meio despido de Eric ainda brilhava contra a luz por causa do suor que o cobria e isso só deixava June ainda mais enojado. E enquanto Eric voltava a procurar outras partes das suas roupas, June trouxe o seu olhar para o jovem nu na cama e, inevitavelmente, ele soltou um suspiro irritado assim que percebeu que o garoto era seu maldito vizinho do andar de baixo. June fechou os olhos, balançando a cabeça e se segurando para gritar com Eric.

— Como você pode? Mentir para mim! Como você pode? — exigiu June com a sua voz rouca como se mal conseguisse se controlar.

Eric olhou para ele surpreso, pois June não era do tipo de fazer uma cena ou de gritar, mas June nunca havia sentido tal emoção, nunca havia sido traído pela única pessoa que ele amava e que prometeu amá-lo também.

— June, por favor, se acalma, eu posso explicar... — Eric insistia enquanto ele lentamente colocava as suas calças. Assim como o jovem vizinho que saiu da cama e começou a vestir as suas roupas silenciosamente, aparentemente, planejando uma rota de fuga dali.

— Eu, eu... — Eric gaguejou, mas June o interrompeu com outro suspiro alto, enquanto ele secava algumas das lágrimas que caíam.

— Você não precisa me dizer mais nada. — respondeu June simplesmente, olhando fixamente para o chão.

O coração de June estava partido e ele não podia mais se permitir sentir tal dor como sentia agora. June não tinha ideia do motivo que levou Eric a fazer isso com ele? E isso apenas levou June a pensar que ele não era suficiente, por um breve momento, porque só assim Eric iria procurar outros meninos. Mas então June lembrou-se do que as freiras costumavam dizer, todos têm algo sombrio dentro de si, especialmente os homens. E com Eric não foi diferente. Talvez fosse instinto, ou mesmo intencional, mas isso já não importava mais. June sentiu que ele não se encaixava mais nesta situação.

E novamente ele era descartado.

June sorriu para si mesmo com certa tristeza ao perceber a profundidade de tudo isso e sabia que não poderia mais continuar ali. Mesmo estando petrificado e com uma dor no peito que nunca havia experimentado antes, ele sabia que tinha que partir e assim o fez. Sem aviso, June virou-se e começou a sair do apartamento, mas foi interrompido pelo caminho quando Eric se aproximou o suficiente para agarrá-lo e puxá-lo em direção a ele.

— June, você pode me ouvir? — suplicou Eric desesperadamente num tom fraco.

— Não me toque! — June gritou para Eric quando ele tentou agarrar o seu braço.

— Por favor, June, você precisa me ouvir. Isso foi um erro, eu te amo, eu juro. — Eric persistiu em insistir com a sua desculpa, nem um pouco honesta ou aceitável. Mas June sabia que isso estava longe de ser um mal-entendido, o que ele viu minutos atrás não podia ser facilmente apagado da sua memória, não mais.

— Amor, você precisa acreditar em mim. — Eric deixou as suas palavras saírem facilmente da sua boca enfatizando o seu desapontamento com a situação, tanto quanto possível. Então ele agarrou o pulso de June com tal força, fazendo-o parar no lugar. June podia se sentir entorpecido e enojado. E então ele puxou o seu pulso do aperto de Eric.

— Eu não te quero mais na minha vida, eu te odeio Eric! — cuspiu June com raiva as suas últimas palavras enquanto ele empurrava Eric para longe dele, ele podia sentir o seu estômago se revirando percebendo o cheiro nojento de sexo que Eric exalava.

— Você precisa me ouvir. — Eric perguntou novamente, mas desta vez, ele prendeu June nos seus braços, prendendo-o na pior situação da sua vida. June não queria ficar preso nisso, ele não queria ser o único a sair machucado. Ele estava cansado de ser o único que estava sempre perdendo tudo e todos. June não suportava mais relembrar o momento em que via o homem que amava se entregar a outro sem pensar nele.

— E ouvir as suas mentiras? — June sorri ironicamente com lágrimas salgadas que ainda cobriam os seus olhos. — Eu te odeio! — June sibilou novamente, inundado de tanta fúria antes de empurrar o peito suado e nu de Eric. — Vê se para de ser patético! — foi o que disse o jovem de cabelo avelã antes de pegar a sua mochila que havia caído no chão quando Eric o puxou.

E sem um segundo olhar, June deixou o prédio o mais rápido que pôde. A única coisa que estava clara para ele era que ele precisava de tempo, muito tempo para processar tudo o que havia acontecido sozinho e como ele iria seguir em frente depois disso?

— Aonde você vai, amor? — gritou Eric da sacada para June, que se distanciava pela rua. Eric ficou ali parado, assistindo June ir embora e tudo que June deixava para trás era um rastro de lágrimas salgadas ao longo do caminho por onde ele passava.

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