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Isac recebe a proposta

Quase todas as pessoas sobre a Terra imaginam qual será a sensação de perder a pessoa a quem mais amam. Não existem estatísticas sobre isso, mas sou capaz de apostar que boa parte dessas pessoas ama mais a mãe e/ou os filhos. São fatos empíricos. Não digo que os demais afetos não sejam importantes, seria petulância de minha parte, mas a verdade é que quase nunca são os mais importantes.

Mesmo que eu tenha imaginado durante toda a minha vida qual seria a sensação de ver minha mãe morta, nunca fui capaz de conceber nem um terço da dor, da impotência e da culpa que eu senti naquele dia.

O primeiro impacto foi como levar um tiro e estar com colete à prova de balas. Senti o risco, mas ele era quase irreal. Havia uma estranha anestesia durante a situação.

O momento seguinte foi de total e completo desespero. Desejei com todas as forças ser capaz de trazer ela de volta, de não me envolver em uma profissão perigosa e não desafiar um assassino cruel. Eu queria saltar sobre ela, tirar de lá aquelas rosas malditas, juntar as partes e fechar aquele buraco desrespeitoso que foi aberto em seu ventre. Mas meus joelhos não me obedeceram. Meu corpo não cooperava e isso só fazia aumentar meu desespero e me tirar da anestesia que o primeiro impacto causou.

Impotente, senti a dor me inundar, me afogar, fazer de mim um fantoche fraco e abatido. A dor grudou em toda a extensão  da minha pele, escorreu por cada um dos meus poros, fez morada em cada órgão e membro do meu corpo. Nada estava imune. Gritei para expulsar a dor, chorei para expulsar a culpa, me debati para ver minha mãe viva mais uma vez, mas não tive sucesso em nenhuma das empreitadas. Porque eu era humana, fraca e ridícula.

Quando Miguel me arrastou do quarto, a dor era tamanha que não consegui sentir seu toque em minha pele. Lembro-me pouco dele naquele momento, sei que estava chorando porque de relance vi as lágrimas em seus olhos.

Dizem que quando estamos à beira da morte, um filme passa em nossa cabeça. Particularmente creio que isso é mentira. Mas descobri que o  famoso filme passa quando pessoas queridas morrem. Uma película de todos os momentos vividos, bons e ruins.

Quando minha mãe morreu, assisti ao pior filme de toda a minha vida. Lembrei-me de cada detalhe, de cada dia, de todos os anos até ali. Rememorei todas as vezes que chorei, desobedeci, me machuquei, me magoei, comemorei e fui confortada. Tive consciência de cada conversa ao telefone, cada hora, minuto, segundos desperdiçados longe de minha mãe. Arrependi-me de cada uma das brigas, de todas as mentiras.

Aquele filme se repetia e repetia sem que eu pudesse controlar. Cada pessoa que eu via durante o dia me trazia alguma lembrança esquecida, e o roteiro aumentava seu tamanho.

A dor em meu peito cresceu como erva daninha, junto com a vontade de arrancar o coração e o cérebro fora da morada do corpo.

Quando a mãe de Miguel morreu, pensei sobre como seria triste ela não estar mais lá. Quando minha mãe morreu, tive noção de que isso não era apenas triste, era aterrorizante, injusto e cruel. Eu nunca mais ouviria seu riso, nem sentiria o calor de seu abraço ou ouviria sua voz.

Era o fim.

Não tenho certeza de como foi o velório ou o enterro. Tudo que eu pensava era o filme. Sei que fui carregada para lugares. Vi meu pai chorar, meu irmão desesperado enquanto jurava vingança, os restos mortais de minha mãe, e por último, fui obrigada a assistir jogarem terra sobre ela.

Ela nem gostava de lugares fechados.

♠♠♠♠

Ao final do dia, Miguel já estava exausto e os problemas não tinham acabado.

Depois que encontraram o corpo da sogra naquele estado, teve certeza que era melhor vender a casa e se mudar. Nia não tinha apartamento mais e ele não a levaria para o próprio, então foram para a casa do sogro.

Miguel arrumou as malas rapidamente e as colocou no carro. Durante o processo precisou ver Nia chorar e gritar jogada no sofá da sala. Desejou ser um homem melhor, mais forte, que pudesse tirar a dor dela.

Mesmo que tenha tentado, não fora capaz de conversar com a esposa devido ao estado de histeria no qual ela se encontrava. A certa altura, Miguel não tinha mais certeza se deveria ir para a casa do sogro ou em um hospital, mas precisava escolher a primeira opção porque ainda tinha a obrigação de contar ao sogro o que aconteceu com a esposa dele.

Enquanto dirigia, nervoso pelo ocorrido, triste e um pouco descontrolado, Miguel avisou à polícia sobre o cadáver em sua casa. Explicou que tinha deixado a residência aberta e eles tinham permissão para entrar e investigar. Por mais que não quisesse, foi obrigado a dar o endereço do sogro para que seus depoimentos fossem colhidos.

No turbilhão de pensamentos cresceu a idéia de que precisavam se mudar.

Quando contou ao sogro o que havia acontecido, Miguel levou um gancho de esquerda muito bem colocada. Apesar da idade, o homem ainda era um pouco forte e culpou Miguel pela perda da esposa. E pela tribulação da filha.

Por Nia ele se esforçou para continuar com os deveres. Contratou um serviço funerário, pagou por tudo e esperou o corpo ser liberado.

Nia não ouvia mais. Apenas chorava. Foi preciso que Miguel a banhasse e vestisse.

Depois das sete horas da noite o corpo foi liberado. Nico e dois policiais apareceram na casa de Adamastor para colher os depoimentos. Infelizmente Nia não conseguiu falar e Miguel agradeceu quando Nico se compadeceu do estado da esposa e deixou-a em paz.

Em um momento da noite as lágrimas dela secaram, mas era como se estivesse chorando em silêncio.

Ricardo ajudou a chamar todos os familiares, o velório seria no dia seguinte. Miguel fez o jantar, que ficou quase intocado. Foi preciso dar a comida e a água na boca da esposa.

Tarde da noite Nico voltou para visitá-los, era a única pessoa equilibrada com quem Miguel conseguia conversar.

Já era madrugada e Miguel não conseguira dormir. Era possível ouvir o choro do sogro, da esposa que se lamentava baixinho, do cunhado, de sua própria mente e ficar em paz.

“Lembre-se de mim, irmão”, Miguel se lembrou das palavras no bilhete.

Sem dúvidas, eles precisavam de um novo lugar para morar. Bem distante dali.

♠♠♠♠

— Isac, infelizmente eu preciso dar uma notícia péssima. — O rapaz, sentado do outro lado da mesa, não fazia a menor idéia do turbilhão de acontecimentos daquele dia. Faltavam poucos minutos para as seis horas e eu não poderia estar mais cansado.

— O que aconteceu? — Isac mirou o olhar e ergueu uma sobrancelha.

— Isso aconteceu. — Peguei uma cópia da foto que o delegado tinha me mostrado e coloquei sobre a mesa para que ele pudesse ver.

— Essa é...? — Naturalmente estava incrédulo.

— Sim, é a Lianmar. — Confirmei. — Sinto muito, de verdade, também foi um choque para mim.

Isac ficou com os olhos fixos na foto por tempo demais. A expressão de horror congelada no rosto. Eu podia entender sua reação, não era fácil, e também estava preparado para o que veio a seguir.

Ele estava sem as algemas, foi a vantagem que precisava para se esticar rapidamente sobre a mesa e agarrar o colarinho de minha camiseta.

— Você deixou isso acontecer! — Vociferou enquanto olhava em meus olhos a poucos centímetros de distância. — VOCÊ!

— Isac... — Tentei falar, mas como previsto, ele não deixou.

— Não! Cala a sua boca! — Isac se aproveitou da vantagem de que tinha sobre mim e da falta de resistência para me jogar contra a parede. Ninguém acreditaria se eu contasse que fui arremessado a dois metros de distância, no entanto aconteceu. Eu ainda estava no chão quando ele se aproximou devagar, calculadamente, despertando todos os alertas de perigo que eu tinha. — A culpa é sua, detetive Nico! Porque você é um bosta de detetive.

Aquelas palavras me machucaram, e não poder rebatê-las por ser verdade, foi ainda mais humilhante. Eu me sentia um bosta. Sabia que a culpa de todas aquelas mortes era minha porque não fui capaz de pegar um assassino que dançava debaixo de nossos narizes.

Coloquei uma mão na parede para me apoiar enquanto tentava me levantar. Em uma situação normal, os carcereiros já teriam intervindo na situação, mas eu tinha pedido que não entrassem ali a não ser que eu estivesse morrendo.

— Isac, você está certo. — Admiti, de pé outra vez e olhando nos olhos dele.

— Claro que eu estou. — Seu tom estava perigosamente baixo e a fala calma demais. — Você concentrou todos os seus esforços em me jogar no matadouro em vez de prender esse maldito serial killer.

— Não é como se você não tivesse uma atitude acima de qualquer suspeita. — O homem estava seguindo uma jornalista e tinha uma arma. Qualquer pessoa em sã consciência acreditaria que ele era o assassino.

— Conta nos dedos quantas pessoas já morreram depois que fui preso, Nico. Você é burro. — Isac não tinha medo de insultar autoridades.

— Isac, quero fazer uma proposta. — Sua postura foi de ameaçador a desconcertado.

— Estou ouvindo, detetive. — A última palavra dita com sarcasmo ferrenho.

— Preciso da sua ajuda, e dou sua liberdade imediata em troca. — A postura ameaçadora de Isac desapareceu tamanha surpresa. — Pedi carta branca ao delegado para acelerar as investigações. Você tem boas habilidades e sabe mais sobre o caso do que qualquer outra pessoa. Preciso de ajuda.

Isac andou até sua cadeira que estava no chão, levantou-a e se sentou me encarando como se eu estivesse louco, da mesma forma que o delegado tinha feito em algum momento do dia. Aproveitei a oportunidade para discorrer sobre a minha proposta. Isac ouviu atentamente enquanto me analisava de queixo caído.

— Você vai precisar usar tornozeleira enquanto o caso estiver em andamento, mas depois é liberdade total e vamos apagar seu histórico. — Propus.

— Você pode fazer isso?

— Carta branca significa que eu posso fazer o que achar necessário. — Expliquei.

— E você me acha necessário? — O processo de digestão da proposta foi lento.

— Muito.

— Vou poder ir ao enterro de Lianmar?

— Sim.

— Então aceito. — Isac bateu uma mão sobre a mesa em sinal de concordância.

A primeira parte do meu plano estava finalizada. Respirei aliviado. Restava esperar o relatório da perícia.

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