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Emaranhado

Isac não tinha noção da importância do que falava. Talvez estivesse tão sem esperanças que simplesmente tenha se esquecido como medir as palavras.

Adamastor o fitava com os olhos esbugalhados. A sobrancelha esquerda tão esticada para cima, que até desfez as rugas da pele em volta do olho. A postura do tórax evidenciava a tensão.

Soares continuava frio e analítico. Minha intuição dizia que no fundo ele era um turbilhão de planos para a construção de uma defesa coerente para Isac, que realmente havia cometido crimes e precisava pagar por eles. Que fizesse valer o título, já que seus honorários, apesar do desconto, nos custaram os olhos da cara. Agia rápido, só faltava saber se conseguia resultados.

Já o detetive, se remexia nervosamente e olhava para um relógio de pulso. Tantas vezes que suas órbitas oculares poderiam ficar grudadas nele. De certa forma, ele não deu importância para o que Isac acabara de dizer, mas era chocante demais. A única explicação plausível era a de que Nico já sabia. O próprio Isac fitava o chão, envergonhado pela confissão.

Seria estúpido tentar me enganar, eu desconfiava, mas nunca pensei que ouviria uma confirmação vinda da boca do garoto que eu considerava meu filho.

Isac disse que amava Nia, e então? Como lidaríamos com aquilo?

Adamastor se levantou e andou três passos na direção contrária ao sofá. Ficou de costas para Isac e de perfil para mim. Pude ver bem quando ele esfregou o rosto com as duas mãos. Estava perdido. Eu precisava tomar as rédeas da situação, focar no que deveria ser resolvido de imediato.

Limpei a garganta de um jeito ruidoso, que chamou a atenção de todos. Fiquei satisfeita com o resultado.

— Presumo que seja natural uma paixão platônica. Estiveram juntos por muito tempo. Essas coisas acontecem. — De fato.

— Sinto muito, não consegui controlar, sou humano também. — Isac retrucou.

Ele começou a lacrimejar. Senti pena, pois era horrível carregar um amor de tal natureza. Pior. Os últimos dias de sua vida haviam se transformado em um inferno justamente pelo amor insustentável.

— Tudo bem, mas é preciso se conformar. Nia está casada, meu filho. — Tentei soar compreensiva.

Era preciso entender a realidade. E ele tinha grandes problemas para resolver, por exemplo, o fato de ter sido agredido na clínica.

— Não confio naquele homem, mãe. Não posso confiar. — Isac se levantou e gesticulou amplamente com os braços, como se fosse fazer uma mágica de desaparecimento. — Antes eu não tinha motivos, mas quando eu estava na clínica vi algo que...

Ele parou de falar e olhou para Adamastor que se virou para nós. O rosto de meu marido estava vermelho e seu olhar era de alerta. Não iria tolerar mentiras, eu podia ler a expressão corporal. Talvez ele pensasse que Isac mancharia o nome de Miguel para ter nosso apoio, mas isso seria absurdo demais.

— Cuidado com o que diz. Se eu descobrir uma mentira que for, você sofrerá as consequências, garoto. — Adamastor ameaçou.

— Deixa ele falar, estou curioso. — Nico se intrometeu. Adamastor voltou-se para ele. — Não me ameace com o olhar, não sou uma criança.

Mas era um homem e um murro o machucaria da mesma maneira.

— Prossiga. — Soares fez um aceno com a mão para que Isac continuasse.

— Vi uma pasta na sala de Schukrut, e tinha o nome dele. Do Miguel. Sabe, o sobrenome dele não é muito comum e os dados batiam com os de Miguel que conhecemos. — Isac fez uma pausa e correu os olhos por todos nós. — Vocês podem não acreditar em mim, mas acho que Miguel já esteve naquela clínica e talvez o caso seja grave.

— Isso não o incrimina. — Adamastor estava irredutível. — Muitas pessoas se tratam em clínicas psiquiátricas. Você ao menos sabe o que ele fazia lá? Qual o propósito de suas consultas?

— Não, não ao certo. Roubei a primeira página do arquivo, mas não consegui ler tudo porque a letra do psiquiatra é péssima. Só algo sobre sua infância, um tal Juan e sua mãe dizer que ele era um bom garoto. — Isac sentou novamente e Nico se levantou. Olhou para Soares e coçou o queixo. Se fosse um desenho animado, de sua cabeça sairia fumaça.

— Isac, você faz acusações sérias a um dos melhores psiquiatras dos últimos tempos e levanta suspeita sobre Miguel. — Nico se posicionou frente a frente com os dois pares de olhos se encaravam mutuamente. — Você sabe que tudo isso parece mentira, não sabe!? Quero dizer, você é um fugitivo que perseguia uma pessoa e portava uma arma ilegalmente. Tem noção do quanto sua situação é grave? Se estiver mentindo será processado por calúnia, difamação, danos morais e uma porção de coisas que nem vou enumerar. Seu advogado sabe disso.

Isac fez algo que eu não imaginava que faria devido o temperamento doce que tinha. Não me pareceu possível que chegasse um momento no qual eu o veria agarrar bruscamente o colarinho de um detetive e o olhar de maneira ameaçadora, mas foi possível e aconteceu.

Todos fizeram menção de acudir Nico, mas ele nos parou com um gesto de sua mão. Os olhos de Isac estavam inflamados de raiva, algo que até então eu nunca tinha presenciado.

— Você! Você me jogou naquele maldito inferno! — Isac sacudia o corpo de Nico como se fosse um papel. Franzino como estava, não consegui imaginar de onde tirava forças. — E AGORA VOCÊ ME ACUSA DE MENTIR?! — Isac empurrou Nico no sofá do qual ele havia se levantado. — VOCÊ É RESPONSÁVEL POR TUDO ISSO! — Vociferou. — VOCÊ QUE NÃO FAZ SEU TRABALHO COMO DEVERIA FAZER! — Isac apontava o dedo indicador em direção ao rosto de Nico.

— O que você sabe sobre meu trabalho? Moleque inconsequente! — Nico revidou com palavras, mas não tentou se levantar.

Meu coração temia pelo que poderia acontecer, nunca tinha visto Isac tão descontrolado. Até mesmo Soares estava estupefato.

— Sei que Nia estava na mira de um assassino em série e você não conseguiu pegá-lo. — Isac acusou.

— Como assim?! — Meu coração acelerou com aquela revelação. Nia? Na mira de um assassino? Por quê?

— Nia, centro do alvo do serial killer que abalou a cidade, mãe! — Os olhos furiosos de Isac se voltaram para os meus, senti minha face se incendiar.

— Com que propriedade você diz isso? — Mantive o tom calmo como meu coração não estava.

— Ele está errado... — Nico tentou cortar a fala de Isac. Percebi que seu tom se alterou, mesmo que de leve. Havia algo diferente, uma espécie de desespero.

— CALE A SUA BOCA! EU NÃO ESTOU ERRADO E VOCÊ SABE DISSO! VOCÊ SABE! — Isac avançou na direção de Nico de maneira ameaçadora. — O ASSASSINO SEMPRE MATAVA NOS LUGARES QUE NIA IA. ERA COMO SE ELE ESTIVESSE FECHANDO UM CERCO E VOCÊ SABE!

Fazia sentido. Realmente aconteceu. Nia conseguiu cobrir quase todos os assassinatos em primeira mão. Eu comprava os jornais. Ela inclusive cobriu a morte da assassina, não? Ela não tinha morrido na prisão?

— A assassina não morreu na prisão? Nia fez uma matéria sobre a captura, eu me lembro. — Coloquei uma mão sobre a testa e a outra na cintura. Eu não podia estar errada.

— Também me lembro. — Adamastor cruzou os braços e ergueu o queixo.

— Aquela não era a assassina, mãe. Não tem como ser. Eu me lembro dos detalhes da matéria. Suas roseiras eram poucas, e não se pareciam com as do assassino. — Isac explicou. Um pouco mais calmo.

— E como você sabe que eram diferentes? — Nico interrogou com uma sobrancelha erguida. E isso o traiu em sua defesa de que Isac estava errado.

— Então você confirma que o assassino era outra pessoa? — Isac sorriu. Triunfante sobre os demais. Adamastor estava mais uma vez surpreso.

— Não. Quer dizer... Bem... — o detetive apoiou os cotovelos sobre as coxas e a testa sobre as mãos cruzadas.

— Detetive, responda. — Tentei meu tom mais frio e objetivo em conjunto com meu olhar mais altivo.

— Sim. Ele está certo. — Nico estava rendido.

— Eu sabia! — Isac deu um pequeno soco no ar.

— E meu suspeito número um é você, Isac! Como sabia que as rosas eram diferentes? — Foi vez de Nico se sentir triunfante. Meu coração ficou apertado quando percebi que ele tinha razão e que Isac estava na berlinda. — Me dê uma boa resposta ou levo você para a cadeia nesse exato momento.

— Eu sei por que entrei na casa da mulher que vocês prenderam. Eu vi as roseiras. — Isac respondeu de maneira seca. — Já viu meu jardim, detetive? Eu entendo de botânica. Jardinagem é algo muito desestressante, sabe. — O sarcasmo cobriu suas palavras como a calda cobria um bolo. — Eu estava com Nia no dia da feira, quando ela recebeu um buquê do admirador secreto. A rosa era maior.

— Você invadiu um local isolado. — Não era uma pergunta, era uma acusação. — Suspeito, não acha?

— Suspeito? Qualquer curioso poderia invadir. Ninguém estava de guarda.

— E o empregado? — Nico questionou.

— Não sei de quem está falando. — Isac se sentou no sofá e observou o detetive.

— O funcionário da casa. — O homem devolveu o olhar como se Isac fosse um idiota.

— Não sei de quem está falando. A casa estava vazia. — Isac sibilou, mas parecia sincero.

— Como você encontrou a casa? — Nico andava de um lado para o outro. Os passos pesados abafados pelo tapete da sala.

— É idiota, detetive? — Isac riu, ainda usando de sarcasmo. — Esqueceu que eu estava seguindo Nia? Não que eu tivesse entrado quando ela estava lá. Ela me encontraria. Foi depois.

Nico não apreciou ser chamado de idiota. Sentia-me como espectadora de um teatro no qual a entidade da raiva passou de Isac para Nico.

— Veja bem como fala comigo! Sou uma autoridade. — Nico apontou com o indicador. — Quem me garante que você não matou o empregado?

— O empregado está morto? — Adamastor perguntou. Lancei um olhar de alerta para que ele se mantivesse fora da conversa.

— Viu? Você é um detetive inútil! Deixou morrer uma testemunha, não acredito nisso. Por isso não me arrependo de ter seguido Nia. Meus instintos estavam corretos.

Nico se encolheu como se tivesse sido atingido por um punhal. Era verdade, a testemunha estava morta e isso não era bom para o trabalho dele. Nem era bom para Nia, já que havia um assassino à solta e ele queria a cabeça de minha filha.

Meus sentimentos de mãe começaram a me sufocar. Muitas coisas começaram a se encaixar. O véu da verdade tinha sido aberto e vi que Petúnia estava no centro de um palco macabro. Minha mente projetou isso. Nia sobre um palco redondo e vários cadáveres cobertos de rosas amarelas à sua volta.

Se tudo aquilo era verdade, ela ainda estava em perigo. Quais seriam os motivos para um assassino querer Nia?

— Não sou inútil. Este caso é complicado demais. — Nico fungou. — E você é suspeito até provar o contrário. Tem mais. Você ainda não explicou com clareza os motivos de não confiar em Miguel, nem nos deu uma solução para provar que Schukrut é um louco assassino.

— Espera que eu faça seu trabalho? — Isac tinha razão, aquilo era trabalho do detetive.

— Quer que eu invada uma clínica sem fundamento algum além de sua acusação? Sou um detetive, posso perder meu emprego, idiota! — Nico que fazia largos gestos com as mãos.

Isac arrancou a camiseta. Por essa atitude ninguém esperava. Todos prenderam a respiração com a visão do corpo todo machucado e cheio de manchas roxas, além disso, tinha os ossos de Isac que estavam muito expostos, mais que o normal. Bem mais.

— Meu deus! — Adamastor colocou a mão sobre a boca.

— Está pior do que eu imaginava. — Declarei e tive vontade de chorar.

Soares, que até então continuava na mesma posição, apenas analisando toda a situação, sacou o celular de um bolso e tirou várias fotos de Isac. Todos ficaram tão espantados com o gesto repentino que ninguém fez mais do que ficar congelado no mesmo lugar e acompanhar a atitude estranha do advogado.

Quando estava satisfeito, voltou para sua posição inicial.

— Para sua defesa. — Foi tudo o que disse para Isac.

— Isso não prova algo sobre Schukrut, talvez seus empregados ajam sem sua aprovação. — Nico tentou uma defesa ao psiquiatra, mas talvez quisesse, na verdade, defender sua decisão de colocar Isac na clínica.

— Você é idiota mesmo. Qual parte de “eu fugi da sala de cirurgia”, você não entendeu? Ele estava lá! Ele sabia de tudo. Entende isso? — Isac gesticulava agitado. — Consegue entender? Ele sabe o que acontece lá porque é ele que manda. Se não fosse a Djéfani eu estaria morto.

— Quem é Djéfani? — Nico perguntou.

— O anjo que me libertou. — Isac passou a mão sobre a testa e puxou os cabelos para trás.

— Uma louca! — Nico argumentou e provou que era realmente muito teimoso.

— Mais sã que você! Ela salvou minha vida e agora a dela está em perigo. — Era possível perceber que Isac estava realmente preocupado. — Vou salvá-la.

— Você não deve sair deste apartamento. — Soares interveio. — Até que eu consiga seu habeas corpus.

— Facilitaria seu trabalho se eu provasse que aquele lugar é um matadouro. — Isac afirmou.

Isac estava certo? Sim. E eu perdida em meio a tantos argumentos insanos.

Todos estavam certos, eu não sabia o que dizer.

— E como você pretende fazer isso? — Soares desafiou a inteligência de Isac.

— Com o testemunho de alguém confiável. — Isac rebateu.

— Quem, por exemplo? A interna? — O advogado era um homem prático. — Não vai funcionar.

— Um detetive. — Isac jogou no ar a mistura de sugestão e afirmação.

Todos os olhares estavam mais uma vez sobre Isac, ele pretendia invadir a clínica e levar Nico? Era isso mesmo? Era loucura. Nico perderia o cargo se algo desse errado. Eu não acreditava que Isac estivesse mentindo. Estive naquela clínica, meus instintos não mentiriam para mim. Havia algo terrível por lá.

— Eu também vou. — Sim, eu iria. Para provar que Isac estava certo, mas principalmente para roubar a pasta de Miguel. Eu precisava descobrir os motivos que o levaram a se consultar com um psiquiatra.

— Fora de cogitação. — Adamastor repreendeu. — Nem pense nisso, Lianmar.

— Não mesmo, mãe. —Isac fez o mesmo que meu marido. — Aquele lugar é perigoso.

— Sou uma mulher forte, eu posso. — Eu podia. Eu cria nisso. — Preciso pegar a pasta de Miguel.

— Vocês estão falando sério?! — Nico estava com as duas mãos na cintura.

— Não acredito que vão arriscar jogar pelo ralo a defesa dele. — Soares cruzou as mãos sobre as coxas.

— Eu pego, mãe. Dou meu jeito. Não quero a senhora nisto. — Ele realmente parecia ser meu filho. Estava sendo sincero. Faria aquilo por mim.

— Sozinho você não consegue, filho. Você ainda precisa salvar a moça. — O tempo seria pouco para duas coisas importantes.

— Não importa, mãe. Sei que vai parecer idiota o que vou falar, mas você precisa cuidar da Nia. — Isac se aproximou, pegou minha mão e olhou no fundo de meus olhos. — Por favor.

— Sim, eu vou. Não se preocupe. — Nico me confortava. A forma casual como falou não diminuiu a surpresa.

— Tem certeza, Nico? — Soares se pôs de pé.

— Sim, e se este garoto estiver me enrolando, eu o deixo preso. — Nico ameaçou com razão.
Ele estaria no lugar certo para deixar Isac, caso não fosse convencido dos argumentos do rapaz. No fim das contas isso se tornava duplamente perigoso para Isac.

— E o assassino? E a segurança de Nia? — Perguntei. Isso era importante, a segurança de minha filha.

— Ela está na lua de mel. — Nico respondeu. — Bem distante. E eu já recomecei as investigações.

— Ela volta hoje. — Informei.

— Não pode ser! Três dias de lua de mel? — Nico deixou o corpo cair pesadamente sobre o sofá.

— Ganharam a viagem, não era possível escolher. — Comecei a concordar com Isac, Nico era idiota.

— O problema é maior do que eu imaginava. — Nico massageou as têmporas.

— Se Miguel for o assassino, não tem forma de medir o tamanho desse problema. E a vida de Nia corre risco constante.

As duas frases de Isac foram o suficiente para pesar o ambiente. A tensão era tão densa que podia ser cortada com uma faca.

— Não mesmo. — Adamastor falou.

Eu concordava. Miguel não tinha perfil de assassino.

— Não fantasie, Isac. — Repreendi.

— Mas mãe...

— Não, aquele homem não mataria nem mesmo uma mosca. — Eu tinha certeza.

— Não vou discutir. Ainda assim, é bom você ficar com ela.

Nisso ele tinha razão.

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