Capítulo 23
Capítulo 23, Archie e Alexis.
Archie.
Meu Deus, como eu tinha uma noiva incrível e... linda!
Eu sei que estou ainda mais bobo por ela. Mas estou tentando esconder, apesar de achar que ela já pode ver estampado na minha cara como estou apaixonado. Fico com raiva por não saber atuar melhor.
Alexis deita sua cabeça sobre o meu peito, está sonolenta e eu triste por ter que deixá-la quando pegasse no sono.
Permito meus pensamentos viajarem, já que não estive tão em paz desde cheguei em Allegra. Ela segura repentinamente a minha mão direita, que estava apoiada sobre a barriga. Entendo o motivo, quando começa a alisar o objeto no meu anelar.
— Você entenderia se eu te pedisse para dormir comigo? — pergunta baixinho, luta contra o sono. — Eu estou com medo.
A aperto mais forte com o braço ao entorno dela.
— Tem pesadelos? — pergunto preocupado.
— Desde que Nice se foi, acho que perdi uma parte de mim... — explica. — Sonho com ela ainda e fico angustiada cada vez que isso acontece.
"Eu tenho medo de ficar sozinha."
Sinto-me na obrigação de garantir que ela ficará bem.
— Pode dormir sossegada. Eu estou aqui.
{...}
Demoro a pegar no sono e quando finalmente comecei a de fato descansar, sinto Alexis se agitar sobre mim e sua mão agarrar fortemente o tecido da minha camisa. Volto a realidade bruscamente.
— Alexis — a acudo com seu rosto se comprimindo em um choro, está desesperada. — Alexis, querida, sou eu... Archie.
Ela abre os olhos assustada, acordando. Respiro aliviado e ela me abraça com força. Sento-me e preciso praticamente niná-la para se acalmar. Suava frio, agarrando a minha roupa como se temesse que eu pudesse evaporar sob as palmas de suas mãos a qualquer momento.
— O que te fez ficar assim? — pergunto.
Ela afunda o rosto no meu pescoço, antes de me responder.
— Ma-mamãe e Alec estavam todos sujos de sangue. Tinham rostos inexpressivos... pareciam mortos — começa. — Eu não conseguia sair do lugar, os meus pés estavam enterrados em um líquido viscoso e escuro, o mesmo que escorria pelos meus dedos.
"Você e Rafa também estavam lá. Haviam correntes nos seus pulsos. Rafa chorava encolhida em um canto e você tentava chegar até a mim, gritando o meu nome."
"Eu fui engolida por uma profunda... melancolia."
Encosto o meu rosto nos seus cabelos, aconchegando-me no meio daquele cheiro tão bom que vem dela.
— Já passou, estamos bem. Nada vai acontecer com a gente. Rafa e a sua mãe estão bem, Alec deve estar dormindo há muito tempo a essa hora... E eu estou aqui, não estou?
Ela concorda, se afundando mais ainda nos meus braços.
— Vou fingir que você não me chamou de "querida" — diz por fim, antes de pegar novamente no sono.
{...}
Mexo-me desconfortavelmente ao ouvir um barulho vindo de algum lugar perto de nós, termino acordando de novo. Fios de cabelos de Alexis estão grudados na minha bochecha. Dormi sentado com o corpo escorado entre a cabeceira da cama e a parede ao meu lado. Alexis ainda dormia em meu colo, deixando o meu braço dormente.
— Desculpas, Vossa Alteza, não tive a intenção — diz Becky, que nos observava da porta.
Pergunto-me há quanto tempo está ali.
— Não tem problema — digo sonolento.
Alexis se agita, despertando.
— Alec não está mais conosco — diz Becky.
Tanto eu quanto Alexis perdemos completamente o sono, os olhos dela ficam arregalados e aterrorizados.
— Como assim? — pergunto ainda meio abobado.
— Ele está com Joseph agora — anuncia.
Acabo soltando o ar aliviado, mas Alexis continua tensa.
— Por que ele fez isso? — ela pergunta desnorteada.
— Eu ainda não sei, minha filha. Ele não disse nada a ninguém. Tinha saído da sala atrás de Archie, mas do nada voltou e foi direto para o portão falar com Joseph. Segundos depois abriram para que ele saísse.
Alexis me olha para logo se soltar de mim.
"Nem longe, esse cara me deixava em paz," penso.
— Eu preciso falar com ele — faz questão, indo até Becky.
— E como você faria isso? — pergunto, tentando não dar atenção a revolta que surgia em mim.
Como ela conseguia ainda ligar tanto para Alec, depois dele ter deixado claro que não quer estar conosco?
— Eu não sei, Archie! Mas Alec tem algum motivo bom para ter feito o que fez — ela diz nervosa.
— É, ele deve ter — ironizo.
— Eu preciso conversar com ele — solta irritada. — Está bem?
— Só acho que se Alec estivesse a fim de conversar com você, ainda estaria aqui — admito para ela.
Alexis fecha as mãos, enterrando as unhas nas palmas. O rosto está vermelho, mas começa a aceitar a verdade.
— Não param de falar de mim, hem — alguém diz repentinamente a porta.
— Bom dia — completa Joseph.
Becky fica estatizada vendo o filho na companhia dele, está diferente. Tinha se envolvido em alguma briga recentemente, pois o punho está enfaixado, os encontros dos dedos roxos e exibia um leve hematoma perto do olho. Vestia calças e blusa pretas junto de uma jaqueta de couro e bandana escura com detalhes em branco amarrada ao pescoço.
— O que aconteceu com você? — pergunta a mãe dele, perdendo a coragem de pular nos braços do filho para abraçá-lo.
— Longa história — interrompe Joseph, desenrolando dois pedaços de panos escuros nas mãos. — Senti saudades de vocês, sabia?
Percebo que Alexis está encarando Alec e ele apenas desvia o olhar para baixo.
Estaria mentindo, caso dissesse que não fico incomodado com a relação dos dois e que foi prazeroso saber que ela, no final das contas, está pelo menos com um pouco de raiva dele.
— Nossa, ninguém vai dizer que também sentiu a minha falta? — pergunta Joseph. — Quanta ingratidão nesses corações.
Alexis se volta para ele, como se só o tivesse notado agora. Joseph prossegue:
— Trouxe bandanas para a senhorita — diz olhando para ela, entregando o objeto. —, para o senhor e a senhora — termina, fazendo o mesmo comigo e Becky.
"Olhem como elas são lindas! Achei bem marcante. Imaginem como será para os filhos de vocês verem fotos nos livros de história do futuro com um exército de allegrenses de rostos metade esqueléticos."
Abro o pano em minha mão. Estampava os dentes e maxilares de uma caveira, que iriam cobrir das nossas bocas aos narizes.
— Icônico, não acham? — continua Joseph.
— Eu não vou por isso — rebate Alexis.
— Ah, você vai sim, meu amor. Vai, porque eu quero que chegue viva em casa.
"Já planejei tudo. E está nos meus planos, revelar em rede nacional a sua identidade no meio de um bando de revoltados. Então não estraga o meu dia, lindinha. Acordei de muito bom humor."
Alexis analisa a bandana, aceitando que não tem outra opção.
O dia que ela mais desejava e temia tinha chegado. Ela voltaria para casa, mesmo sendo da pior forma possível.
— Sairemos em uma hora — informa Joseph. — Quero que estejam arrumadinhos e bem alimentados. Hoje será o dia!
Ele vai se retirando, no entanto Alec continua escorado na porta. Penso que não vá dizer mais nada e é questão de tempo até sair atrás de Joseph, só que não.
— Ficarei na sala com Alex e Raul, preciso garantir que Alexis e Archie saíram daqui da forma devida — comenta.
Acho que não entendi direito, porém ele mostra um par de algemas do bolso interno da jaqueta como forma de resposta.
— Sejam rápidos — Alec completa, mesmo um tanto incomodado com a situação.
— Você é decepcionante — afirma Alexis.
Ele levanta o rosto para poder vê-la, demorando até voltar a se pronunciar.
— 58 minutos — diz por fim, atualizando o tempo que nos restava.
Confirmo a ideia de que Alexis o superestimava... Alec é pior do que decepcionante.
{...}
A Rebelião.
Alexis.
Haviam mais dois guardas na sala, Alex e Raul, que pareciam tanto os prisioneiros quanto a Alec.
Alec... Aquele Alec não parecia mais estar dentro desse garoto de roupas pretas e sério, pois ele nunca concordaria com toda essa maluquice.
Mal termino de engolir o último pedaço de pão do meu café da manhã e já estou sendo apressada e pressionada. Ponho-me de pé em frente às escadas, quando estou pronta sair.
Alec vem até a mim para dar continuidade a tarefa. Suas mãos geladas seguram as minhas, mantendo o foco no maior dever: cuidar da sua prisioneira, cuidar de mim. Fecha as algemas nos meus punhos, guardando as chaves rapidamente.
Não consigo ver onde as colocou. Poderia até tentar alguma coisa, caso tivesse conseguido acompanhar a agilidade dele e saber onde achá-las.
Alec abre um sorriso, percebendo as minhas intenções.
— Facilita, por favor. Não sou eu que estou no comando. Então, independente, do que possam me ordenar a fazer com você, eu terei que obedecer.
"Por mim."
Ele solta as minhas mãos. Fico nervosa por não ter mais o contato dele comigo e saber que Alex ou Raul possam estar atentos na gente.
— Desculpas, minha princesa. Foi preciso — cochicha o mais baixo que consegue.
...
Nota especial
'"Não sou muito fã de deixar observações e recados, porém achei essencial dessa vez.
Quanto a demora para a publicação desse capítulo: preferi me organizar mentalmente para fazer um desfecho interessante para história, não apenas continuar dando prosseguimento à um enredo sem rumo definido.
Quanto aos próximos capítulos (ou exclusivamente o próximo): Ele ficou um pouco dramático e algumas pessoas podem considerar um pouco "forte/caótico", mas juro que tentei amenizar a situação o máximo possível.
Bem, o recado está dado e fica a critério apenas do leitor querer lê-lo (mas espero muito que sim kkk)
Obs.: Muito obrigada mesmo a quem esteja acompanhando, está sendo ótimo compartilhar minhas histórias!
Até agora não recebi nenhum comentário que fale especificamente dos personagens e/ou acontecimentos, então prefiro considerar que estejam gostando e preferindo guardar os sentimentos para vocês kkkk
Bjsss <3'
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