Assim que paramos, vou o mais rápido que consigo para a parte de trás do jipe. Não há nada aqui, ainda não sei porque paramos.

— Ainda estamos perto demais da Matriz — Matt reclama, saindo da ambulância e então começa a dar ordens para os Soldados que começam a se espalhar.

Meredith desvia os olhos para mim e sei que não tem boas notícias.

— Ainda inconsciente — ela avisa, e vejo o Nathaniel com uma máscara de oxigênio. — Mas a hemorragia está controlada e acredito que não será difícil retirar o projétil.

Assusto-me com um barulho alto e vejo que alguns Soldados estão tirando entulho de uma entrada subterrânea, e me afasto quando outros dois Soldados passam por mim para retirarem a maca.

— Nathaniel — chamo, segurando a mão dele, meus olhos se enchem de lágrimas. — Por favor, volta! — digo baixinho, antes de o levarem para longe.

Meredith pega a caixa de primeiros-socorros e corre para junto deles, mas não consigo acompanhá-los, a dor na minha perna está excruciante.

— Eu ajudo você — o Soldado loiro diz quando vê que não consigo sair do lugar.

Ele me ajuda a chegar à descida. É a entrada do bunker. Depois de alguns metros dolorosos, sinto o ar frio e a umidade comprimirem meu corpo e seguimos por um corredor mal iluminado até a porta aberta.

É uma enfermaria pequena, mas não há nada com exceção de uma pia, uma maca, uma mesa e um armário vazio.

Observo mais soldados entrando com equipamentos. Rapidamente tem uma lâmpada por cima do Nathaniel e Meredith continua dando indicações enquanto lava as mãos na pia.

Vitor e eu tiramos o material para uma bandeja metálica, e uma Soldado começa a esterilizar com álcool os instrumentos cirúrgicos necessários.

— Kyle está estável e consciente — Matt diz, assim que entra na enfermaria. — O projétil está alojado no lado esquerdo do ombro.

Vejo Meredith com um frasco na mão.

— Nós temos um problema — ela fala depois de verificar o material e a sensação é quase como levar um murro no estômago. Não precisamos de mais problemas. — Essa anestesia é suficiente apenas para duas pessoas, e temos três feridos.

— Isso não é um problema — Vitor afirma, e todos olham para ele curiosos. — Uma para o Comandante e a outra para a Emily.

— Nós nunca conseguiríamos retirar o projétil do Kyle sem anestesia. Nem que vocês o segurassem, eu preciso que ele fique completamente imóvel — Meredith diz.

Ando um pouco para frente tentando não gemer de dor.

— De nós três, quem menos precisa de anestesia sou eu — comento.

É claro que sei no que estou me metendo, mas é um fato.

— Nem pensar, Emily — Matt diz. — O Nathaniel nunca aprovaria isso.

— O Nathaniel não aprovaria nada do que estamos fazendo. Por que você está preocupado com isso? — pergunto confusa. — De qualquer forma, a decisão é minha. Mesmo que ele estivesse consciente, a decisão seria minha.

— Você tem coragem, garota — Matt diz.

O murmuro que ecoa pela sala é a favor da sugestão do Vitor.

— Emily — a médica começa —, não tenho a certeza se você sabe o quanto pode ser doloroso...

— Meredith, sei exatamente o quanto isso vai doer. Se você não tiver coragem de fazer, eu mesma faço. — Não quero parecer agressiva, mas precisamos agir.

Temos que tirar a bala do Nathaniel.

— A Emily tem razão, Mere! E a decisão é dela — Matt diz, encerrando o assunto. — Primeiro o Nate, depois a Emily e o Kyle por último.

Vitor reclama insatisfeito.

— Eu ajudo você — aviso e começo a andar com dificuldade em direção à maca.

Mas quando meus olhos encontram o rosto do Nathaniel, o que tenho evitado fazer desde que chegamos, não consigo conter as lágrimas. Se alguma coisa acontecer a ele eu nunca vou me perdoar.

— Você não está em condições de fazer nada, nem emocionalmente nem fisicamente — Matt diz. Olho para a minha mão e constato que estou tremendo. — Eu consigo ajudar a Mere, Emily.

Apenas dou um suspiro decepcionada comigo mesma.

Mas ele tem razão.

Mal consigo ficar em pé.

Vitor me ajuda a deitar na maca no lado oposto de onde o Nathaniel está, depois que não aceitei a sugestão da Meredith de ir para outra sala.

Meu olhar se fixa no teto enquanto as luzes cintilam levemente e presto atenção em tudo que ela e o Matt falam.

Ela é cirurgiã, é uma das melhores médicas da Matriz. Ela vai conseguir.

Mas quanto mais o tempo passa, mais as incertezas surgem.

Quero que ele acorde.

Só quero que ele acorde.

https://youtu.be/8ofCZObsnOo

Eu te puxo para sentir seus batimentos
Você pode me ouvir gritando: por favor, não me deixe?
Espere, eu ainda te quero
Volte, eu ainda preciso de você
Me deixe pegar a sua mão, eu vou consertar tudo
(Hold on | Chord Overstreet)