Capítulo 33
Quando passamos por uma banca de jornal, Amanda pede para o motorista parar.
Ela vai correndo, e volta com uma revista na mão.
— Tem as nossas entrevistas? — Adam pergunta empolgado.
— Não só — Amanda responde, virando a capa da revista com os olhos brilhando de empolgação. — Nós estamos na capa.
E pelas chamadas, a revista parece conter a cobertura completa de tudo o que aconteceu na Celebração do Anel, e vários artigos sobre os Curados e Mentores.
— Mas vamos ver depois — ela diz, guardando a revista na bolsa, quando o motorista pele para ele afivelar o cinto de segurança. — Agora vamos aproveitar para ver a Matriz.
Restaurantes, cafés e livrarias dominam os arredores da Universidade. Alguns quilômetros depois, atravessamos uma zona residencial e, a seguir a uma curva acentuada, a praia surge na nossa frente e o cenário é completamente inacreditável.
No céu, poucas nuvens entrecortam o azul intenso, e a areia é tão branca que irradia a luz do sol e ofusca meus olhos.
Saímos do carro e, agora, sinto todos os meus sentidos serem estimulados ao mesmo tempo.
Mas o melhor é o cheiro do mar trazido pela brisa morna, e o barulho ritmado das pequenas ondas que quebram na areia.
Amanda não para de expressar surpresa e apontar para algo que não consigo saber exatamente o que é. Mas concordo com ela todas as vezes, independentemente para onde aponte, tudo é lindo.
Há pessoas indo e vindo, correndo na areia, andando de bicicleta. Crianças e cachorros se divertindo.
Um contraste tão gritante com o meu Setor que chego a me questionar se isso é mesmo real.
A vida pode realmente ser fácil e alegre desse jeito?
Por que a maioria da população de Gaia vai morrer sem nunca ter tido essa experiência?
— Sorvete! — Adam fala empolgado, e começamos a andar em direção ao pequeno quiosque.
Compramos três copos e nos sentamos em uma mesa coberta por um guarda-sol gigante com vista para o mar.
Mas não demora muito para começarmos a ser abordados.
Fotos, perguntas, abraços e até autógrafos fazem nossos sorvetes quase derreterem antes que consigamos chegar na metade.
— É culpa sua — Adam diz para mim, e Amanda dá uma risada enquanto balança a cabeça concordando.
— Não sou só eu que estou estampada aqui — rebato, apontando para a capa da revista.
Eles estão tão conhecidos quanto eu.
— Mas passaríamos despercebidos — Amanda começa —, se não fosse esse cabelo ruivo gritando que você é a curada do Setor 7.
— Ok — assumo a minha culpa rindo —, vou comprar outros sorvetes para a gente.
Encontramos um lugar mais reservado e conseguimos passar alguns minutos sozinhos.
Depois de um tempo, Amanda pega a revista da bolsa e começa a folhear pacientemente.
— Você queria ser professor de matemática? — ela pergunta surpresa para Adam depois de ler um artigo sobre ele. — Você não tem cara de professor.
— Eu tenho cara de quê? — ele pergunta, franzindo a testa.
— Cara de quem não sabe nem fazer conta de cabeça — Amanda diz, rindo. — E eu, tenho cara de que?
— No Setor eu não sei — Adam começa a responder —, mas aqui você poderia ser animadora de festa infantil. Daria uma elfa bonitinha.
Ela ri, dando um murrinho no braço dele.
— Eles deixaram sua profissão bem claro ontem na conferência de imprensa — Amanda diz para mim. — Deve ser muito difícil trabalhar em um Hospital de Cuidados Paliativos.
— Você não faz ideia — respondo. — Mas trabalhar lá evitou que eu fosse para um orfanato depois que fiquei sozinha.
— Conheço tão pouco de você, mas já admiro tanto — Amanda diz, encostando a cabeça no meu ombro de forma carinhosa por um momento.
Continuamos a ler os artigos e entrevistas, e sinto meu coração apertar ao saber um pouco mais sobre a Nina.
Ela também é órfã, e foi criada pelos dois irmãos maiores de idade, que se responsabilizaram por ela e pelo mais novo.
— Ela sempre parece tão triste — Amanda comenta.
— Deve ser esse o motivo — digo, apontando para os nomes dos irmãos. — Deve ser tão difícil ter três irmãos e vê-los ficarem para trás. Ainda bem que a Mentora dela parece ser paciente e gostar da Nina.
— Sim — Amanda concorda parando a revista em uma foto grande da Louise.
— Ela é realmente linda — Adam comenta —, mas já pode virar a página.
Amanda sorri sem graça tentando passar rápido para a página seguinte.
Assim que chegamos ao final da revista e decidimos voltar para a Torre, fico surpresa por ter conseguido me distrair um pouco e não pensar nos meus problemas.
Mas parece que tudo que é bom acaba rápido demais, e agora é hora de voltar para a realidade.
https://youtu.be/xQOO2xGQ1Pc
Todo mundo sabe meu nome agora
Mas algo sobre isso ainda parece estranho...
...E nem tudo é o mesmo agora
Parece que todas as nossas vidas mudaram
Talvez quando eu for mais velha, tudo vai se acalmar
Mas isso está me matando agora
(Lonely | Justin Bieber)
Amanhã vamos reencontrar alguém? Alguma ideia?
Até!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro