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05. Retorno ao Lar

"O lar é o melhor,
ainda que seja pequeno;
cada homem é livre em casa"

HÁVAMÁL (Os Ditos de Hár)

MINHA PARTIDA DE SAMANTIA NÃO FOI cheia de pompa ou ao som de tambores, e assim foi ao meu pedido; os Jarls samantianos encontravam-se presentes e reuniram-se para uma despedida formal. Rei Sverre Fagerberg beijou minha testa e sua rainha, Guðrún, beijou meu rosto, como alguém faz com uma filha. Sten foi o último a se despedir de mim, segurando minhas mãos e beijando meus dedos, fazendo com que um arrepio percorresse minha coluna ao sentir seus lábios em minha pele — lábios esses que já haviam tocado várias partes de meu corpo.

— Espero voltar a vê-lo rapidamente — sorri.

— Tenho certeza de que não demorará muito para que isso aconteça — respondeu, encarando adiante, por cima de meus ombros.

— Não irá olhar para mim? — murmurei.

— Olhar para você é como olhar para o sol, dróttning — retrucou no mesmo tom que eu, mas seus olhos examinaram brevemente meu rosto.

Por um momento estranhei seu comportamento, porém, limitei-me a apertar suas mãos entre as minhas, já sentindo saudades de seus olhos escuros e longos cabelos castanhos; o príncipe havia se tornado um homem tão bonito e forte, e era agradável estar ao seu lado. Estava apaixonada por ele.

Desviando a atenção de Sten, concentrei-me no que mais havia me emocionado neste dia de minha partida: o fato de que os camponeses se amontoaram nas estradas e no porto de Höfnalvöru para tentarem me ver; acenavam e gritavam, lamentando minha partida.

— Dróttning Artemisia! — eles gritavam — Dróttning! Princesa do Inverno!

Com um sorriso ao observá-los, e sentir o carinho dos samantianos por mim, ergui o braço e acenei, mandando alguns beijos enquanto sentia meu coração se aquecer. Toquei brevemente as pulseiras rústicas que usava nos pulsos e antebraços, por baixo da manga do vestido; após ter dado todas as joias que tinha para as Academias samantianas, várias pessoas presenteavam-me com pulseiras de lã e couro trançado. Sempre que andava pelas ruas eu as recebia, e nenhum bracelete de ouro poderia se igualar ao valor que elas tinham para mim.

Os braços de Nanna rodeando meu corpo em um abraço apertado tiraram-me de meus pensamentos, e eu a abracei do mesmo modo. A irmã mais nova de Sten estava com dezesseis anos e tornara-se uma linda jovem de cabelos castanhos que caíam em ondas até os quadris, e grandes e expressivos olhos verdes com os quais seu vestido combinava.

— Não queria que fosse embora — falou ao se afastar. Coloquei a mão gentilmente em seu rosto e ela a segurou ali, com os olhos úmidos — Queria que ficasse e se casasse com meu irmão, assim seríamos irmãs por lei!

Enxuguei a lágrima que escorreu por sua bochecha, sorrindo para ela; iria sentir saudades de Nanna.

Lítil stúlka, não chore — acariciei sua face — Preciso voltar para Astana, mas ainda gostaria de casar com seu irmão e tornar-me sua irmã. E talvez isso ainda aconteça.

Outras lágrimas caíram de seus olhos e novamente as enxuguei. A princesa me observava triste, o que me fez abraçá-la mais uma vez, ocultando-a dos olhares ao redor, não deixando que a vissem chorar. Quando Nanna se recompôs, a soltei.

— Espero que isso aconteça — murmurou — Que se case com meu irmão.

— Eu também espero — murmurei de volta.

Sten e eu prometemos um ao outro que iríamos nos casar, e ele pretendia corresponder-se com meu pai sobre isso. No fundo, tinha medo que meu rei não aceitasse, visto que durante todos esses anos, pelo que sei, nunca havia sugerido formalmente ao rei Sverre que me casasse com o príncipe.

Assim que a princesa samantiana se afastou, o próprio Sten voltou a se colocar diante de mim. Seus olhos escuros agora pareciam agitados, e fui surpreendida quando ele também me abraçou; não hesitei em retribuir a ação, sentindo sua mão se embrenhar em meus cabelos e seus lábios tocando brevemente minha têmpora direita.

— Escute, eu... — ele começou a dizer, respirando fundo — Eu só quero que saiba que... eu amo você.

— Eu... eu também — gaguejei — Eu amo você também.

— Lembre-se disso, sim? — afastou o corpo do meu, agarrando minhas mãos entre as suas — Eu amo você.

— O que houve, Sten? — perguntei, confusa com seu comportamento — Está tudo bem?

— Sim, minha querida — beijou minha testa.

— Dróttning, — Jarl Fjölnir Leifsson chamou, alguns passos adiante — precisamos ir.

— Faça uma boa viagem, Artemisia.

— Obrigada, Sten — ofereci um último sorriso.

Não iria voltar para Astana por terra, e sim pelo mar, pois seria mais rápido e prático, já que estava em uma cidade portuária; era final de verão, o que era bom, em meados do outono e no inverno os mares do norte ficavam agitados e tempestades eram comuns.

Seriam no máximo um dia e meio ou dois dias de viagem até chegarmos em Grænhöfn, o maior porto de Gullnalaufblað, que era uma das duas regiões de Astana voltadas quase inteiramente para agricultura. Jarl Eivindr Galmisson era o senhor dessa região, governando-a em nome de meu pai — assim como todos os Jarls faziam em nome de seus reis.

Ao mesmo tempo em que eu gostava de viajar pelo mar, não gostava de ficar em um navio; viagens de mais de um dia incomodavam-me, pois era difícil me banhar. Felizmente, atracamos em Grænhöfn à noite do mesmo dia que saímos de Samantia.

Jarl Eivindr era um excelente anfitrião, garantindo que todos nós tivéssemos uma farta refeição e também nos lavássemos. Fjölnir escreveu ao meu pai nessa mesma noite, avisando que já havíamos chegado em Astana e continuaríamos até Konungr Staðr no dia seguinte. Estava tão cansada que pouca atenção consegui dar ao Jarl de Gullnalaufblað e à sua família, mas pareceram compreender.

Na manhã seguinte estava chovendo, algo comum devido a aproximação do equinócio de outono, e por um momento desejei voltar as primeiras semanas de verão, quando o sol não se põe.

Seguimos caminho mesmo com o tempo assim, a chuva não estava forte, embora o vento estivesse frio. Seriam uns seis ou sete dias de viagem até a capital, pois não era difícil viajar na chuva; em Stór Eyja as estradas romanas eram mantidas e conservadas, e em Astana vinham sendo valorizadas ainda mais, principalmente após o fim do conflito com Carmago, já que meu pai precisou voltar a incentivar o comércio com outros reinos, fazendo com que pessoas de fora da Grande Ilha viessem e atravessassem o reino.

Demoramos um pouco mais do que o previsto, porém apenas por conta das festividades pelo equinócio de outono. Esse era um período de gratidão pela colheita e também seu encerramento, além de marcar o início das preparação para os duros e reclusos meses de inverno; nas igrejas eram rezadas missas de ação de graças, e aqueles que porventura seguiam a antiga religião realizavam seus rituais nas florestas.

Uma das coisas que mais amava em Stór Eyja era a presença constante do antigo e do novo; aqui as velhas tradições e costumes permaneciam presentes mesmo após a chegada do cristianismo e a conversão dos reis, ambas as religiões conviviam lado a lado e em paz. Claro, alguns boatos eram espalhados mundo à fora sobre como o sacrifício de crianças ou o consumo de sangue nos solstícios eram tolerados em nossa terra, bem como dançar nus em meio às árvores, o que levavam muitos nos julgarem como selvagens e bárbaros. Mas apenas de forma velada, pois tinham interesse em comercializar conosco.

De qualquer forma, aqui ninguém dançava nu — não éramos idiotas de fazer isso em um lugar de clima frio —; ninguém sacrificava crianças — nossas crianças eram consideradas bênçãos —; e ninguém bebia sangue — convenhamos, cerveja e hidromel eram preferíveis.

Os estandartes e a grande comitiva atraía atenção e sempre que passávamos por vilarejos e por campos as pessoas largaram a colheita e corriam até a estrada, acenando em minha direção. Eu acenava de volta, sorridente, e jogava algumas moedas de prata para as crianças que gritavam e davam gostosas gargalhadas. Meu coração se aquecia com toda essa alegria; eram meu povo e eu amava a todos.

Konungr Staðr era muito grande, visto que a área do próprio Kristalhöll ficava dentro dela, no canto norte; a capital também era completamente cercada por muralhas porém com quatro portões: um levava para o norte, outro para o sul, outro para leste, e outro para oeste, que eram mantidos abertos, exceto em tempos de guerra. Haviam torres flanqueando cada portão, e nas muralhas haviam ameias e merlões. Haviam vários estabelecimentos dentro da cidade, como estalagens, tavernas, ferrarias onde os ferreiros trabalhavam em suas forjas, duas ourivesarias, celeiros, depósitos de tijolos, barracas de mercadores, e vários outros. Também havia a grande Academia de Konungr Staðr, localizada na Praça de Haraldr, e a grande igreja liderada por Bispo Sandarr Sigvaldasson localizada na Praça de Olafr I Talvi, primeiro rei cristão de Asteria.

O Kristalhöll havia sido construído por um rei da antiga Asteria, meu dito antepassado, há mais ou menos 700 anos. Haraldr I Talvi era o nome desse lendário rei, ele supostamente havia se casado com Helga Vinter, uma jovem princesa de Gralana; o palácio fora um presente para sua noiva. Asteria não tinha o luxo como algo necessário em suas construções, como um dos reinos historicamente militares de Stór Eyja, prezava mais fortalezas e cidadelas; porém, Gralana era o reino voltado para o conhecimento e comércio, e na época suas construções eram, em sua maioria, luxuosas, com palácios feitos de pedras claras, lindas arquiteturas, tentando imitar o estilo greco-romano, e isso nada era eficientes em casos de guerra.

Essas características divergentes dos reinos fizeram Haraldr I ordenar a construção do palácio na região mais próxima da fronteira com Gralana, e onde futuramente surgiria Konungr Staðr. A cada ano que passava, a construção ia sendo modificada e ampliada, até se tornar o enorme lugar que atualmente era, e provavelmente nem vivendo por cem anos conseguiria explorar todo seu interior. A estrutura interna do Kristalhöll possuía todo o luxo digno de um verdadeiro palácio, com uma arquitetura única que deixava admirado qualquer um que o visitasse. Feito de pedras claras, com portas de carvalho e grandes portais em arco, porém com vários andares e torres, além de passadiços; muralhas cercavam o palácio, com apenas um portão que ficava aberto noite e dia, rigorosamente vigiado. Os salões do rei agora eram uma mistura de palácio com castelo, o que talvez soasse estranho aos outros, mas era lindo de contemplar, principalmente durante o verão.

Quando passei pelos portões e adentrei a área do Kristalhöll, um sorriso involuntário surgiu em meus lábios. Eu estava em casa! Finalmente abraçaria meus pais, minha avó e minha irmã. Emmeline havia se casado com o Jarl de Hábjarg quase dois anos depois de minha partida para Samantia, e agora tinha um filho de cinco anos cujo nome era Henrik, em homenagem ao nosso pai. Estava ansiosa para conhecê-lo e queria conversar com minha irmã, pois em uma das cartas que meu velho amigo Robin enviara-me ele contou que o rei não parecia muito contente com seu casamento; isso era estranho, o casamento com um Jarl de nosso próprio reino era uma boa união.

O sol já tinha sumido no horizonte, era início da noite, e uma fina chuva começava a cair. Vários cavalariços corriam em nossa direção, apressavam-se para pegar nossos cavalos, e guardas também se aproximavam. Preparei-me para descer de Trovão e ao meu lado surgiu um guarda de cabelos lisos e loiros que eu não conhecia, ou ao menos não me lembrava.

— Dróttning, deixe-me ajudá-la — disse, erguendo as mãos em minha direção.

Era uma excelente amazona, conseguia montar e desmontar um cavalo sem auxílio algum, porém nunca recusaria uma ação gentil e cavalheiresca; segurei sua mão e saltei da sela, sentindo seu toque apoiar minha cintura.

— Obrigada — agradeci, sorrindo, quando ele me soltou — Qual o seu nome, nobre guarda?

À luz das tochas e fogos acesos, seus olhos completamente azuis brilhavam, e ele sorria de forma contida, quase tímida.

— Balder, dróttning — respondeu — Balder Agnarsson. É um prazer lhe conhecer.

A primeira impressão que tive de Balder era que seu rosto irradiava bondade. Ele era muito alto, forte e de ombros largos, mas seu ar bondoso era inegável. Eu poderia confiar nele à primeira vista.

Balder tinha um rosto de ossos bem marcados, revelando já ser um homem feito, mas o grande entusiasmo que havia ali denunciava que ainda era jovem e não poderia ser mais velho do que eu. Os cabelos loiros e lisos caíam pela altura da nuca, e a franja sobre a testa era bagunçada; seu nariz era longo e afiliado, e seu maxilar era barbeado.

O humor maroto em seus olhos e a felicidade que irradiava, apesar de suas feições sérias, me envolveu de tal forma que senti como se o cansaço pela longa viagem desaparecesse.

— Também é um prazer conhecê-lo, Balder — apertei sua mão entre as minhas, e teria dito algo mais se não fosse por uma pessoa conhecida chamando meu nome.

— Artemisia!

O rapaz dois anos mais novo do que eu, de cabelos escuros e feições finas, corria em minha direção, sorrindo. Robin Dansson, meu amigo e o único confiável o suficiente para ser meu servo particular; meu coração se encheu de alegria ao vê-lo, e também corri em sua direção encontrando-o no meio do caminho.

— Robin, eu senti tanto a sua falta! Cartas não são o mesmo estar ao seu lado! — beijei sua testa, segurando seu rosto entre as mãos.

— Eu digo o mesmo — ele sorriu, segurando meus pulsos — Mas venha agora! Vocês chegaram antes do previsto, mas seus aposentos estão preparados e com certeza seus pais irão querer se reunir com você. Sua irmã também está aqui!

Enlaçando seu braço ao meu, seguimos para dentro do Kristalhöll.

Finalmente, eu estava em meu lar.

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