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Capítulo 14: Ecos do Passado

Uma corrente elétrica invisível de tensão percorria o ar da sala de audiências naquela manhã, advogados sussurravam entre si, papéis eram ajustados sobre as mesas. Cada pessoa na sala parecia prender a respiração, aguardando ansiosamente o reinício do julgamento, e Aaron sentia o peso esmagador do momento.

Este dia prometia ser um divisor de águas, uma batalha não só pela custódia de Jack, mas pela verdade que estava prestes a ser revelada. Seu advogado o havia alertado de uma revelação que aconteceria hoje quando se encontraram mais cedo, no entanto, ao pedir por mais detalhes, Thomas simplesmente disse para ele esperasse e visse por si mesmo. Uma fala que havia deixado Aaron ainda mais inquieto naquela manhã.

Quando o juiz entrou na sala, todos se levantaram em respeito, seus movimentos precisos e ensaiados pelo peso do momento. O juiz fez uma pausa breve, distribuindo cumprimentos e um olhar avaliativo aos presentes, antes de tomar seu lugar. Com um golpe firme de seu martelo, ele anunciou o reinício da sessão, e a tensão na sala atingiu um novo ápice.

Aaron estava sentado no banco das testemunhas, sentindo o peso do momento como uma pedra em seu peito. A sala de audiências estava repleta de olhares curiosos e atentos, aumentando ainda mais a pressão sobre ele. Thomas, seu advogado, se aproximou primeiro, com uma expressão de apoio e determinação.

— Senhor Fitzgerald, — começou, sua voz suave e firme. — Pode nos falar um pouco sobre a sua relação com Jack? Como é a sua rotina com ele?

Aaron respirou fundo antes de responder, buscando força na lembrança de seu filho.

— Jack é tudo para mim. Nós temos uma rotina que inclui passeios no parque, assistir filmes e ajuda nos deveres da escola. Mas não tudo de uma vez, por causa do meu trabalho. Então, geralmente, em um dia eu assisto algo com ele, em outro passeamos juntos, e por aí vai. Também faço questão de estar presente em todos os momentos importantes da vida dele, tanto familiar quanto acadêmico.

Thomas assentiu, satisfeito com a resposta, e prosseguiu.

— E como era a sua dinâmica familiar com a senhora Fitzgerald? Como o comportamento dela afetava o ambiente em casa?

Aaron hesitou por um instante, a dor das memórias refletida em seus olhos.

— No início, as coisas eram boas. Mas com o tempo, Sarah começou a se tornar cada vez mais fria comigo. Ela me cobrava mais e mais tempo em casa, e quando não conseguia, se afastava. Nossa relação não está bem já há muito tempo.

— Protesto, meritíssimo, — o advogado de Sarah ergueu a mão. — Relevância? Como já foi dito, não estamos aqui para discutir o casamento dos Fitzgerald, e sim, o filho deles.

—Protesto aceito. Senhor Harris, por favor, mantenha o foco.

Thomas assentiu, pensativo.

— Tudo bem, e quanto a Sarah como mãe, o que pode dizer sobre isso?

— Bem, pensei que ela fosse uma boa mãe. Não perfeita, já que ninguém é perfeito, mas nunca imaginei que ela fosse capaz de fazer tudo o que descobri que fez. Ela definitivamente não é a mesma pessoa com quem me casei. Se tivesse percebido isso antes, teria tentado ajudá-la ou me separado antes.

— Ou ela é e sempre foi, mas você só está enxergando isso agora, não? — Thomas acrescentou.

— Protesto, meritíssimo, o advogado está guiando a testemunha.

— Protesto aceito.

— Sem mais perguntas. — Thomas agradeceu e se afastou, dando espaço para o advogado de Sarah, que se levantou com uma expressão astuta e calculada.

Richard Malone levantou-se com um sorriso quase malicioso. Ele se aproximou de Aaron, ajustando seus óculos.

— Senhor Fitzgerald, mencionou que poderia ter tentado ajudar a sua esposa antes. Pode nos dizer que medidas tomaria para auxiliá-la?

Aaron manteve a calma, apesar da evidente provocação.

— Eu iria a incentivar a procurar terapia, a falar sobre seus sentimentos, coisas assim, eu acho.

Malone arqueou uma sobrancelha, desdenhoso.

— Interessante. Senhor Fitzgerald, você alguma vez pensou que suas próprias ações pudessem estar contribuindo para o estado emocional da senhora Fitzgerald? Por exemplo, a sua relação com Alyssa Mckay?

Aaron sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas manteve a postura firme.

— Minha relação com a senhorita McKay é puramente profissional. Sempre me esforcei para ser um bom marido e pai, nada além disso.

O advogado de Sarah sorriu de forma condescendente.

— Então, você não teve um caso com Alyssa Mckay?

— Não, — Aaron negou fielmente, sabendo que de fato não estava mentindo.

— Você nunca a beijou?

— Eu não disse isso, — Aaron deixou claro.

— Ah, então você de fato já a beijou?

— Eu sou um ator, já beijei inúmeras atrizes. Mas como já deixei claro, nunca tive um caso com Alyssa McKay. Inclusive, o senhor e sua cliente estão batendo tanto nessa tecla, mas até agora, nenhuma prova dessa suposta traição foi apresentada. — Aaron retrucou confiante, do jeito que Thomas o instruiu a fazer caso chegasse a esse ponto.

— Engraçado você dizer isso, senhor Fitzgerald, — Richard desdenhou. — Nunca teve um caso com Alyssa McKay, certo?

— Protesto, meritíssimo, perguntado e respondido, — protestou Thomas.

— Protesto aceito. Senhor Malone, siga em frente, por favor, — o juiz ordenou.

— Adoraria, Meritíssimo, mas antes disso, gostaria que assistíssemos a um vídeo.

Richard Malone se aproximou do televisor no canto da sala com passos calculados, cada movimento seu transbordando confiança. Ele conectou um pen-drive na entrada USB, e a tela brilhou ao carregar o conteúdo. O silêncio na sala de audiências era sepulcral, todos os olhares fixos no que estava prestes a ser exibido. Aaron, sentado em sua cadeira, franziu o cenho, confuso e preocupado. Ele lançou um olhar rápido para Thomas, que estava tão alerta quanto ele, mas seu advogado apenas balançou a cabeça levemente, sinalizando que não havia como prever aquilo.

A imagem na tela mostrou Alyssa caminhando em um corredor, e logo em seguida Aaron a alcançando. Aaron sentiu o coração afundar. Ele sabia exatamente o que era aquele vídeo. O que ele definitivamente não sabia era como Richard e Sarah haviam conseguido isso. O vídeo era algo que apenas ele e o estúdio possuíam. Ele virou a cabeça lentamente para Thomas, que estava visivelmente tentando conter sua irritação com a revelação inesperada. E então... o beijo. Não havia dúvidas: o momento era íntimo, intenso e carregado de uma atmosfera quente que Aaron não podia negar.

Ele tentou formar palavras, mas antes que pudesse dizer algo, Richard Malone já estava em ação.

— Senhor Fitzgerald, você ainda mantém sua declaração de que nunca teve um caso com Alyssa McKay? — Richard perguntou, sua voz cheia de triunfo.

Aaron endireitou a postura, seu rosto sério.

— Sim, eu mantenho. Esse vídeo mostra um beijo em um momento de embriaguez. Nada mais.

— Então, está admitindo que beijou a senhorita McKay? — Richard avançou.

— Sim, eu nunca neguei, — respondeu Aaron com firmeza. — Mas isso não significa que tivemos um caso. Foi um erro, um deslize, e nada mais aconteceu entre nós.

Richard sorriu, andando pela sala como se já tivesse vencido.

— Um deslize? Senhor Fitzgerald, o senhor é um homem casado. Como espera que o tribunal acredite que isso não teve impacto no estado emocional de sua esposa?

— Protesto! — Thomas se levantou, sua voz carregada de autoridade. — Meritíssimo, o advogado está fazendo suposições infundadas e desviando o foco do caso em questão. Quem meu cliente beija ou deixa de beijar não tem relevância direta para a guarda de Jack Fitzgerald.

O juiz considerou por um momento antes de acenar com a cabeça.

— Protesto aceito. Senhor Malone, mantenha-se no escopo do caso.

Richard fechou a boca por um momento, mas sua expressão deixou claro que ele não tinha intenção de abandonar o assunto tão facilmente. Ele deu um passo em direção ao centro da sala, voltando seu olhar para Aaron.

— Certamente, meritíssimo. Mas se me permite, estou apenas estabelecendo o padrão de comportamento do senhor Fitzgerald, que é relevante para avaliar sua capacidade parental.

Thomas estava prestes a protestar novamente, mas o juiz ergueu a mão.

— Está registrado. Agora prossiga com algo pertinente.

Richard suspirou, claramente frustrado, mas sabia que não podia ir além sem arriscar irritar o juiz. Ele deu um último olhar para Aaron, que permanecia firme, antes de mudar de direção.

— Senhor Fitzgerald, você falou que se soubesse desses supostos atos de violência que sua esposa supostamente estava cometendo, teria feito algo a respeito, certo?

— Certo.

— Mas tais coisas aconteciam na sua própria casa... por que não ficou sabendo?

— Como eu disse, eu tenho uma rotina complicada por causa do meu trabalho.

— Então... seu trabalho é mais importante do que o seu filho supostamente sofrendo abusos da própria mãe em casa?

Antes que Aaron pudesse responder, Thomas levantou-se imediatamente, a revolta evidente em sua voz.

— Protesto, meritíssimo! A pergunta é argumentativa e não tem fundamento.

O juiz assentiu.

— Protesto aceito para argumentativo. Senhor Malone, reformule ou faça outra pergunta.

Malone suspirou, encerrando o questionamento com uma expressão de frustração.

—Sem mais perguntas, meritíssimo.

Aaron retornou ao seu lugar, sentindo-se exausto, mas aliviado por ter terminado seu depoimento. Thomas, agora de pé novamente, ajustou sua gravata, pronto para fazer seu próximo movimento.

— Gostaria de chamar a nossa próxima testemunha, uma figura chave para entender o caráter da senhora Fitzgerald, — anunciou ele, sua voz cortando o ar carregado da sala.

Todos os olhares se voltaram para a entrada quando uma mulher de cerca de cinquenta anos entrou. Sua postura era firme, e seu olhar decidido refletia uma força interior que não passava despercebida. O silêncio na sala foi quebrado apenas pelo som de seus passos enquanto ela se dirigia ao banco das testemunhas.

Ao ver a mulher, Sarah ficou visivelmente nervosa e sinalizou para o seu advogado. Malone se levantou de imediato, sua voz carregada de urgência.

— Protesto, meritíssimo. Esta testemunha não foi previamente identificada e sua relevância para o caso é questionável.

O juiz olhou para Thomas, que mantinha uma expressão confiante.

— Senhor Harris, explique a relevância desta testemunha.

— Meritíssimo, só conseguimos contato com a testemunha ontem e a colocamos em um avião para cá o mais rápido que conseguimos. Ela é uma testemunha chave para provar que Sarah Fitzgerald não deve ter essa guarda de Jack cedida para ela, — argumentou Thomas. — Ela pode oferecer informações cruciais sobre o passado da senhora Fitzgerald, que são diretamente relevantes para o caso.

O juiz considerou por um momento antes de falar.

— Protesto negado. A testemunha pode depor.

A mulher subiu ao banco das testemunhas e foi juramentada. Thomas se aproximou, sua voz calma e encorajadora.

— Por favor, diga seu nome e sua relação com a senhora Fitzgerald.

A mulher olhou diretamente para o juiz e em seguida para Thomas.

— Meu nome é Evelyn Carter. Conheço Sarah Fitzgerald de muitos anos, — começou ela, sua voz cheia de uma convicção que fez a sala se calar ainda mais.

Sarah ficou pálida, suas mãos tremendo levemente. Ela parecia presa entre o desejo de interromper e a necessidade de manter a compostura.

— Evelyn, pode nos contar mais sobre a senhora Fitzgerald, especialmente sobre sua vida antes de se mudar para Los Angeles? — Thomas pediu, dando um passo para trás para dar espaço à revelação que se aproximava.

— Para contar algo sobre Sarah, antes eu preciso contar sobre Meredith Collins, — disse Evelyn, cada palavra pesada de implicações.

— Meredith Collins? Poderia nos explicar melhor isso? — pediu Thomas.

— Meredith e eu trabalhávamos na mesma escola em uma cidade chamada Amery, no Wisconsin. Eu era a professora de inglês, e ela, a psicóloga infantil. Não nos considerávamos grandes amigas, mas tínhamos uma relação profissional e social muito boa, almoçávamos juntas quase que diariamente.

— Quando isso mudou?

— Quando o caso de Liam James estourou na cidade, — ela revelou com certo desgosto.

— Liam James? Quem é esse?

— O garoto de quinze anos com que Meredith mantinha relações... íntimas.

— Protesto, Meritíssimo, — o advogado de Sarah se levantou. —Gostaria de questionar a relevância disso para esse caso? O que essa tal de Meredith tem de a ver com a minha cliente e Jack Fitzgerald?

— Senhor Harris? — o juiz olhou para Thomas, também um pouco confuso.

— Prometo que estamos chegando lá, Meritíssimo, — ele garantiu.

— Protesto negado, — o juiz decidiu após um longo suspiro.

— Continue, Evelyn, — Thomas pediu.

— Bem, a mãe de Liam leu o diário do filho e descobriu tudo. O filho estava vendo a psicóloga há três anos, e durante o segundo ano, quando ele fez quatorze anos, o relacionamento sexual entre eles começou. Revoltada, ela sequer contatou a escola, apenas foi na polícia e fez a denúncia. Ao ser questionado, o garoto revelou tudo, dizendo-se apaixonado por Meredith. E ela, bem, foi presa no mesmo dia.

— Evelyn, — Thomas fez uma pausa, respirando profundamente, e continuou com uma voz firme. — Está vendo a Meredith Collins nesse exato momento?

— Sim, — respondeu ela, sua voz clara e resoluta.

— Poderia apontar para ela, por favor?

A sala explodiu em murmúrios quando Evelyn levantou o braço e apontou diretamente para Sarah, a revelação chocando a todos os presentes. Sarah, tentando manter a compostura, sentiu o sangue drenar de seu rosto, deixando-a visivelmente pálida.

Thomas deu um passo à frente, sua voz carregada de gravidade.

— Evelyn, pode nos contar o que aconteceu após Meredith Collins, agora conhecida como Sarah Fitzgerald, ser liberada da prisão?

Evelyn assentiu, lançando um olhar firme para Sarah antes de continuar.

— Após cumprir cinco anos de uma sentença de dez, ela foi liberada por bom comportamento. Mudou de nome e desapareceu de Wisconsin. Eu não tive notícias dela até ontem, quando um investigador particular bateu na minha porta. Fiquei extremamente chocada ao descobrir que ela era esposa de Aaron Fitzgerald. Sempre soube que a esposa dele era mais velha, mas nunca fiz a conexão. Acho que ela fez algumas cirurgias plásticas que a mudaram consideravelmente também, mas ainda sim, é ela. Trouxe uma foto nossa da época que trabalhávamos juntas, se precisar.

Evelyn entregou a foto ao segurança e ele entregou ao Juiz, que olhou para a foto claramente desgastada pelo tempo com atenção.

O advogado de Sarah levantou, a indignação evidente em seu rosto.

— Protesto, meritíssimo! Como a testemunha pode alegar algo tão... tão...

Antes que ele pudesse terminar, Thomas se antecipou, sua voz firme cortando a interrupção.

— Aqui está também uma cópia do arquivo policial de Meredith Collins contendo a foto dela, — disse ele, entregando uma pasta de documentos ao juiz. — E os resultados de uma perícia comparativa que foi realizada entre as digitais de Meredith Collins e de Sarah Fitzgerald. A análise deu 99,8% de correspondência, meritíssimo. As evidências são claras. Uma pessoa como Sarah, ou melhor, Meredith Collins, não deveria sequer chegar perto de criança alguma. Peço que a guarda total de Jack, um jovem menino de apenas quatorze anos, a mesma idade da criança que ela abusou, seja imediatamente entregue ao pai, Aaron Fitzgerald.

O juiz examinou os documentos, sua expressão grave enquanto lia cada página. A sala estava envolta em um silêncio tenso, cada pessoa presente prendendo a respiração. Sarah sequer conseguia erguer a cabeça, o choque ainda correndo em suas veias enquanto não só ela, como todos ali aguardavam a reação do juiz.

Enquanto isso, Aaron sentia como se o chão tivesse sido puxado debaixo de seus pés. Cada palavra que saía da boca de Evelyn parecia uma nova facada, golpeando-o com uma força implacável. Ele olhou para Sarah, que agora evitava seu olhar, os olhos fixos em algum ponto indefinido em seu colo. A sensação de traição e incredulidade o esmagou, criando uma dor insuportável em seu peito.

Os sons ao seu redor começaram a se transformar em ruídos distantes, abafados pelo tumulto interno que o consumia. Sua visão ficava turva, e ele piscava rapidamente, tentando clarear a mente e focar na realidade cruel que lhe era revelada. Cada detalhe, cada revelação, cada mentira acumulada ao longo dos anos se entrelaçavam, formando um nó apertado em sua garganta.

Lembrou-se de quando a viu pela primeira vez naquela livraria, em como pensou que ela era interessante. Depois novamente quando sua mãe a apresentou como amiga. Quando sua mãe precisou sair para atender um paciente urgentemente e Sarah ficou sozinha com ele em casa. Quando ela o beijou pela primeira vez. Quando os beijos se repetiram sempre que sua mãe não estava olhando. Quando ela começou a tocá-lo e a incentivar que ele a tocasse. Quando ela tirou sua virgindade.

Quando ela engravidou.

Ele pensava que a relação entre ele e Sarah tinha sido algo natural, algo que aconteceu durante o tempo em que passaram juntos. Mas pensar que ele não foi nada além de mais uma... vítima, o quebrava.

Incapaz de suportar a pressão, ele se levantou lentamente, cada movimento exigindo um esforço consciente para controlar a torrente de emoções que o invadia.

Sem dizer uma palavra, Aaron deixou a sala de audiências, ignorando os chamados de Thomas e os olhares curiosos e chocados ao seu redor. Sentia-se como um fantasma, flutuando pelos corredores do tribunal, movido pela pura necessidade de escapar. Encontrou o banheiro mais próximo e entrou apressadamente, suas mãos tremendo ao se abaixar na primeira privada que viu, e ali, vomitar tudo o que comeu no café da manhã.

Seu corpo doía. Tudo doía. Levantando-se, desgastado, ele foi até a pia e jogou água fria no rosto, esperando que o choque da temperatura ajudasse a clarear sua mente.

Quando finalmente levantou o olhar para o espelho, viu um homem que mal reconhecia. Seus olhos estavam vermelhos e cheios de dor, as linhas de preocupação mais profundas do que jamais foram.

Quem era Aaron Fitzgerald? Ele não se reconhecia.

Tentando processar a enormidade da situação, ele respirou fundo várias vezes, o som de sua respiração ecoando no banheiro vazio. Com cada respiração, ele sentia a realidade se despedaçar ao seu redor. A mulher com quem esteve casado por praticamente metade da sua vida, com quem construiu uma vida e uma família, era uma completa estranha, uma mentirosa que havia ocultado seu passado sombrio, uma ped.... Jesus, sequer conseguia dizer aquela palavra.

Aaron se agarrou à pia, sentindo a fria cerâmica sob suas mãos, enquanto tentava recuperar algum senso de controle. O peso da verdade era esmagador, uma pressão constante que parecia querer destruí-lo por dentro. Ele sabia que precisava ser forte, por Jack, por si e pelo garoto de quinze anos que um dia ele foi, mas naquele momento, a magnitude do engano de Sarah – ou melhor, Meredith – era quase insuportável. Ele ficou ali, encarando seu reflexo, buscando forças para enfrentar o que estava por vir, tentando encontrar um fio de esperança no meio do caos que se desenrolava em sua vida.

Sentiu uma mão em seu ombro, e quando olhou pelo espelho, viu Thomas atrás de si.

— Você está bem? — perguntou o advogado, preocupado com o seu cliente.

— Eu não... eu não sei, — gaguejou Aaron. — Por que não me contou antes, Thomas?

— Eu sinto muito por isso, Aaron, mas essa sua reação agora, sincera, crua... era o que precisávamos no momento. Foi baixo, eu sei, mas... — Aaron o interrompeu.

—Ok... Eu entendo, Thomas. Você entrou nisso para ganhar. — O advogado assentiu. — O que aconteceu lá dentro depois que eu saí?

— O juiz fez uma pausa de vinte minutos e, quando voltarmos, ele tomará uma decisão, — Thomas avisou, sua voz baixa e cheia de gravidade. — Você precisa estar preparado para qualquer resultado. Quer um café? Um chá?

Aaron o olhou com uma expressão apavorada, seu rosto refletindo o turbilhão de emoções que o consumiam.

— Acha que tem chances de ela ganhar?

Thomas apertou o ombro de Aaron, tentando transmitir conforto e segurança.

— Estou confiante que não. Mas, é importante estar preparado para qualquer coisa. Vou buscar um chá para você se acalmar. Lava o rosto novamente e me encontra lá fora, ok? Lembre-se de que está fazendo isso pelo Jack.

Aaron assentiu, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros. Ele pensou em seu filho e em como precisava ser forte por ele. Agora, mais do que nunca, ele precisava reunir todas as suas forças.

Momentos depois, no final da audiência, todos voltaram aos seus lugares. A tensão na sala era palpável. O juiz olhou para Aaron e depois para Sarah, sua expressão grave e impenetrável. O silêncio era absoluto, cada pessoa na sala prendendo a respiração enquanto esperava a decisão.

— Depois de revisar todas as evidências apresentadas e ouvir os testemunhos, — o juiz começou, sua voz ressoando na sala, — fica claro para este tribunal que a senhora Fitzgerald, anteriormente conhecida como Meredith Collins, ocultou informações críticas e apresentou um comportamento que coloca em dúvida sua capacidade de cuidar de uma criança.

Aaron sentiu um aperto no peito, o ar parecia pesado enquanto ele esperava as próximas palavras.

— O bem-estar da criança é a prioridade deste tribunal, — continuou o juiz. — E com base nas evidências, no testemunho da senhora Evelyn, e nos arquivos apresentados, eu ordeno que a guarda total de Jackson Fitzgerald seja concedida ao senhor Aaron Fitzgerald. — Um murmúrio de surpresa e alívio percorreu a sala. — Além disso, a senhora Sarah Fitzgerald estará proibida de ter qualquer contato sem supervisão legal com seu filho até segunda ordem. — Ele bateu o martelo.

Aaron sentiu uma onda de emoções, um misto de alívio, gratidão e uma tristeza profunda pelo que tinha descoberto sobre Sarah. Sarah, por outro lado, parecia a ponto de surtar. Seus olhos estavam arregalados, e ela murmurava algo para seu advogado, que tentava acalmá-la.

Thomas deu um leve sorriso de vitória e apertou novamente o ombro de Aaron.

— Parabéns, Aaron. Você conseguiu.

— Nós conseguimos. Graças a você, — ele abraçou o advogado, sem palavras, enquanto as emoções o dominavam.

O juiz bateu o martelo novamente com um som firme e decisivo.

— A sessão está encerrada. Senhor Fitzgerald, senhora Fitzgerald, por favor, se aproximem para assinar os documentos.

Aaron se aproximou da mesa do juiz, sentindo o peso emocional do dia em cada passo. Ele lançou um olhar para Sarah, que permanecia sentada. Ela parecia congelada no tempo, incapaz de aceitar a realidade que se desdobrava ao seu redor.

Aaron foi o primeiro a assinar os documentos e devolver a caneta ao juiz. Thomas estava ao lado de Aaron, uma presença sólida e tranquilizadora. Richard, por outro lado, tentava acalmar Sarah incessantemente, mas ela parecia estar além de qualquer consolo.

— Senhora, precisamos que você assine aqui, — o juiz indicou o local no documento quando Sarah finalmente se aproximou.

Sarah olhou para o papel com uma mistura de raiva e desespero.

— Eu não vou assinar essa merda! — ela exclamou, a voz tremendo de emoção.

— Sarah, por favor, mantenha a calma, — Richard disse, tentando manter a voz baixa e controlada. — É importante que você faça isso agora, podemos contestar depois...

— Eu não vou assinar! — Sarah repetiu, sua voz se elevando. — Isso é tudo uma mentira, uma armação! Aaron, meu amor, você sabe da verdade. Sabe que fomos destinados um ao outro. Somos almas gêmeas! Deus te enviou para mim! Você sabe, e você me ama, lembra? — O desespero em sua voz tornava-se mais evidente a cada palavra e passo dado na direção de Aaron.

Os seguranças se aproximaram, seus passos pesados ecoando na sala silenciosa. Aaron observava com um nó no estômago, vendo a mulher que ele pensava conhecer tão bem se desmoronar diante de seus olhos.

— Senhora, você precisa se acalmar, — um dos seguranças disse.

— Não! Eu não vou deixar que façam isso comigo! — Sarah gritou, tentando se desvencilhar das mãos que a seguravam. — Foi você, Richard! Foi culpa sua! Você me disse que iriamos ganhar! Você prometeu!

— Sarah, agora não é o momento, — Richard sussurrou desesperadamente, tentando manter a compostura enquanto a sala inteira os observava.

Aaron olhou para ela, sentindo uma tristeza profunda. Antes, a idade avançada dela nunca o incomodou, achava atraente o fato de ela ser mais madura. No entanto, agora, após tudo o que descobriu sobre ela e seu passado sombrio, era como se finalmente estivesse enxergando quem ela realmente era. E a visão não era bonita. Aaron retirou a aliança do dedo, sentindo o peso simbólico daquele gesto, e caminhou até Sarah, que ainda lutava contra os seguranças para se soltar.

Ele segurava a aliança em sua mão, o símbolo de uma união que agora estava completamente desfeita. Seus olhos encontraram os dela, e ele viu uma mistura de emoções conflitantes – raiva, tristeza, desespero. Era uma visão dolorosa, mas necessária. Ele sabia que precisava ser firme.

— Meredith, — ele disse, sua voz calma, mas cheia de resolução. — Pare de enrolar e assine os papéis. — Ele estendeu a aliança para ela, um gesto final de encerramento. — Os papéis do divórcio serão entregues ainda hoje, assine eles também. Acabou.

Sarah olhou para a aliança em sua mão, seus olhos se enchendo de lágrimas e uma raiva fervente.

— Eu te odeio, Aaron! — Ela gritou, sua voz tremendo com a intensidade de suas emoções. Ela tentou se lançar contra ele, mas os seguranças intervieram rapidamente, segurando-a firmemente. — Me soltem! — Ela lutava, a raiva transbordando enquanto tentava se libertar.

Sem olhar para trás, Aaron virou-se e saiu da sala de audiências. O som das portas se fechando atrás dele ecoou em seus ouvidos, um som que sinalizava o fim de um capítulo doloroso de sua vida. Cada passo pelo corredor era um movimento em direção à liberdade, à paz que ele tanto desejava.

Enquanto caminhava, ele sentiu o peso de anos de mentiras e manipulações começarem a se dissolver. Era como se uma carga imensa tivesse sido retirada de seus ombros. Ele pensou em Jack, seu querido filho, e soube que estava fazendo a escolha certa, não apenas para ele, mas para si mesmo. Aaron respirou fundo, sentindo a liberdade recém-descoberta e a esperança de um novo começo. O ar parecia mais leve, mais fácil de respirar. O ambiente parecia mais claro, mais iluminado, como se refletisse a nova perspectiva que ele tinha agora.

Sarah, ou melhor, Meredith, fazia parte de um passado que ele estava deixando para trás. A verdade tinha sido revelada, e com ela, veio a libertação. Aaron estava pronto para enfrentar o futuro e construir uma nova vida longe das sombras que sua ex-esposa tinha trazido.

Ao sair do prédio do tribunal, ele sentiu o sol tocar seu rosto, como se os raios dourados estivessem tecendo uma tapeçaria de esperança sobre sua pele. Ele fechou os olhos por um momento, absorvendo o calor e a promessa de um novo começo. O caminho à frente ainda era incerto, mas ele estava pronto para enfrentá-lo.

De volta ao hotel, Aaron entrou no quarto com passos pesados, mas determinados. Ele encontrou Jack no chão, brincando com Thor, o enorme cachorro imediatamente correu até ele, abanando o rabo em um frenesi de felicidade.

— Oi, pai. — Jack disse, levantando do chão com uma clara expressão de ansiedade no rosto. — Como foi?

— Oi, campeão, — Aaron respondeu, abaixando-se para acariciar Thor. — Como foi o seu dia?

— Foi legal. Fiz minha tarefa de casa, joguei videogame, e Thor e eu brincamos de esconde-esconde por um tempo, — Jack respondeu animadamente.

— Esconde-esconde? — Aaron olhou em volta pela suíte, procurando sinais de bagunça.

Jack riu.

— Eu arrumei tudo depois. — Aaron sorriu, apreciando a simplicidade das alegrias de seu filho. — Mas pai, você ainda não me respondeu, como foi lá?

Aaron assentiu, nervoso. Todas as suas entranhas pareciam revirar em sua barriga, a ansiedade gritando pela reação do seu filho.

— Sabe, Jack, estava pensando... acho que está na hora de começarmos a procurar por uma casa nova para chamarmos de nossa, o que acha?

Jack olhou para ele, surpreso.

— Você ganhou?

Aaron assentiu, sorrindo, mal conseguia conter sua própria emoção.

— Sim. Você está bem com isso?

Jack foi até o pai e o abraçou.

— É claro! Eu estava nervoso, pensava que o juiz iria me chamar para dizer com quem eu preferia ficar. Não sei se conseguiria escolher entre você e a mamãe.

— Eu sei, é difícil. — Aaron abraçou ainda mais o filho enquanto lutava contra suas lágrimas.

Teria que ter uma conversa sobre tudo o que descobriu sobre Sarah eventualmente, mas não precisava ser hoje ou agora.

—Mas eu estou feliz por ser você. — Jack concluiu, apartando o abraço com um sorriso. — E vou adorar procurar casas.

Aaron assentiu.

— Sim, acho que merecemos um lugar só nosso, onde possamos nos sentir mais em casa. O hotel é bom, mas não é o lugar ideal para vivermos a longo prazo, especialmente com Thor precisando de mais espaço.

— Não poderíamos ficar na nossa? — Jack perguntou, sem entender.

— Infelizmente, não, eu vou deixar a mansão para a sua mãe no divórcio, mas podemos procurar por outra mais bonita ou maior!

Jack pensou por um momento e sorriu ainda mais.

— Isso seria incrível, pai! Imagine um quintal bem grande pro Thor correr?

— Exatamente, — Aaron concordou, sentindo-se mais leve ao ver a animação de Jack. — E que tal também olharmos por apartamentos? Alguns são bem espaçosos e têm áreas legais para brincar, e até parques por perto.

Jack bateu palmas, claramente animado com a ideia.

— Irado! Vamos encontrar o lugar perfeito para nós três!

O entusiasmo de Jack era contagiante, e Aaron se sentiu rejuvenescido pela alegria do filho. Thor, percebendo a excitação, começou a latir feliz e a pular ao redor deles, fazendo os dois rirem.

Os três ficaram ali, rindo e brincando, aproveitando o momento de felicidade e esperança renovada. A conexão entre eles parecia mais forte do que nunca, e Aaron sentiu que finalmente estava no caminho certo para construir uma nova vida, longe das sombras do passado.

Enquanto isso, de volta à mansão, Sarah estava em um surto de raiva incontrolável. Ela gritava palavras cheias de ódio enquanto quebrava móveis e objetos ao seu redor. Os porta-retratos de Aaron sendo os seus maiores alvos.

— Maldito! Maldito! MALDITO! — Ela vociferava, arremessando um porta-retrato contra a parede. — Isso não vai ficar assim! Eu juro que vou fazer da sua vida um inferno, Aaron!

O advogado, Richard, tentava acalmá-la de um canto da sala, com medo de se aproximar mais, mas seus esforços eram em vão.

— Sarah, por favor, você precisa se acalmar. Isso não vai ajudar em nada.

— Calma?! — ela gritou, empurrando uma mesa de centro com toda a força no chão. — Você me disse que ganharíamos! Você me traiu, seu pedaço de merda!

Ela pegou mais um porta-retratos e arremessou na direção do advogado, que por pouco não foi atingido.

— É isso. Eu me demito! — Ele afirmou, exasperado.

— Você está é demitido!

Ela arremessou um vaso na direção dele, que saiu correndo da mansão para não ser atingido. A fúria de Sarah parecia ser incontrolável. Ela prometia vingança, sua voz cheia de uma ira que parecia inextinguível. E o que acontecia na mansão contrastava fortemente com a alegria e a esperança que Aaron, Jack e Thor estavam experimentando no hotel.

Enquanto Sarah se afundava cada vez mais em sua própria raiva e desespero, Aaron e seu filho estavam prontos para começar uma nova vida, deixando para trás as mentiras e todo aquele conturbado passado...

Mas por quanto tempo?


XOXO

Eu sei que esses últimos caps foram bem pesados e sem muito romance, mas foram necessários para desenvolvimento e conclusão de todo esse arco do Aaron. Agora que a verdade foi escancarada e todo esse lance de guarda foi decidido, podemos finalmente esquecer a Sarah e seguir em frente... por enquanto. HAHAHA.

P.S. Tem muita coisa boa vindo já no próximo capítulo!

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