Capítulo 10: Segredos Gravados
Aaron entrou no escritório de Mark com passos firmes. Com calça jeans, jaqueta de couro, e um óculos de sol cobrindo os olhos, sua expressão corporal era uma mistura de determinação e impaciência. Ele havia recebido inúmeras mensagens e ligações de seu agente nas últimas horas, todas insistindo para que conversassem pessoalmente. Ao avistar Mark atrás da mesa, com os óculos de grau na ponta do nariz e uma expressão que mesclava alívio e exasperação, Aaron suspirou e fechou a porta atrás de si.
— Finalmente! — Mark exclamou, tirando os óculos e colocando-os na mesa. — Achei que você fosse me ignorar para sempre.
— Você disse que era urgente, então aqui estou, — Aaron respondeu, jogando-se em uma das poltronas em frente à mesa.
Mark não perdeu tempo, inclinando-se para frente.
— Então, é verdade? A mensagem que você me enviou sobre desistir da aposentadoria?
Aaron assentiu, mantendo a voz baixa e controlada.
— É verdade.
Mark ergueu as mãos para o alto e soltou um suspiro de alívio, mas logo franziu a testa.
— E sobre abandonar o filme com a Alyssa? Você também desistiu dessa ideia?
— Não, disso eu não desisti. — Aaron respondeu com firmeza, cruzando os braços.
Mark arqueou as sobrancelhas, intrigado.
— Então você ainda está fora do projeto?
— Exatamente. — Deu de ombros.
Houve uma pausa, enquanto Mark o analisava, tentando decifrar o que se passava pela cabeça de Aaron.
— Isso tem algo a ver com a Sarah? — Ele perguntou, o tom mais curioso do que acusatório.
Aaron descruzou os braços e os apoiou nos braços da poltrona, tentando parecer despreocupado. Ele sabia que Mark tinha um faro bom e não queria que ele captasse nada vindo dele.
— Não tem nada a ver com a minha vida pessoal, é uma decisão profissional, Mark. Simplesmente não quero mais trabalhar com ela.
Mas a verdade era mais complicada do que ele estava disposto a compartilhar. Desde a última discussão com Alyssa, as palavras que ele havia dito pesavam como pedras em sua mente. Ele lembrava do olhar magoado no rosto dela, de como suas palavras a tinham ferido, mesmo que ela tentasse disfarçar com raiva.
Aaron sentia um aperto no peito ao se lembrar de sua explosão. Ele sabia que tinha cruzado limites que não devia lá na hora, e agora, sabendo de toda a verdade por trás, ele percebia o quão longe havia ido e isso o incomodava profundamente. Queria continuar odiando Alyssa McKay, e não... o que quer que fosse isso que sentia quando pensava nela.
Por um momento, pensou em se abrir com o seu agente, falar do beijo, do que Sarah fez, do divórcio, das brigas, mas logo afastou o pensamento. Não estava pronto para que Mark ou qualquer outra pessoa visse aquela vulnerabilidade nele ainda.
— Certo, se é o que você quer, — Mark disse, claramente ainda desconfiado, mas sem insistir. — Só espero que você tenha clareza do impacto que isso pode ter na sua carreira. — Aaron assentiu, mas antes que pudesse responder, Mark continuou. — Pois eu tive uma reunião com os representantes do estúdio ontem, e, bem... eles estão dispostos a levar isso para o tribunal se você realmente abandonar o projeto.
Aaron franziu a testa, tirando os óculos dos olhos e o colocando no colarinho da camisa.
— Processar? Por quanto?
Mark soltou um suspiro pesado, como se estivesse tentando preparar o amigo para a bomba.
— Cinquenta milhões.
Aaron arregalou os olhos, descrente.
— Cinquenta milhões? Isso é um absurdo! A multa não era três milhões?
— A multa era essa antes das gravações avançarem. — Mark rebateu, pegando um bloco de notas na mesa aonde havia anotado tudo. — Mas não é tão absurdo assim quando você percebe que metade do filme já foi gravado, pense nos custos. Eles vão precisar te reescalar e regravar todas as suas cenas porque, você sabe, você é o protagonista. Isso significa pagar horas extras para toda a equipe técnica e elenco. Além disso, eles terão que refazer campanhas de divulgação, adiar contratos de distribuição com os cinemas... Cara, isso é uma bola de neve gigantesca.
Aaron esfregou o rosto com as mãos, sentindo o peso da situação se multiplicar. Ele não estava disposto a enfrentar Alyssa tão cedo, mas a ideia de enfrentar uma batalha legal com um estúdio bilionário parecia ainda pior.
— Merda... — murmurou, sentindo o nó na garganta apertar.
— Eu sei que você está passando por muita coisa, Aaron, mas isso aqui é sério, — Mark disse, inclinando-se sobre a mesa, o tom agora mais calmo. — Você realmente quer arriscar tudo por causa disso?
Aaron ficou em silêncio por um longo momento, os pensamentos girando em sua mente. Ele não queria continuar no projeto, mas sabia que o custo de desistir seria devastador. Tinha um processo de divórcio para enfrentar, um novo lar para encontrar, perder cinquenta milhões da noite para o dia certamente não o ajudariam.
Finalmente, ele soltou um suspiro pesado e assentiu lentamente.
— Tá bom, eu continuo no filme.
Mark relaxou visivelmente, se encostando em sua poltrona e soltando um suspiro de alívio.
— Ótimo. Já marquei uma reunião com os executivos do estúdio para daqui a uma hora. Eles querem ouvir da sua boca que você não vai sair do projeto. Precisam que você acalme os ânimos e reforce a relação profissional com eles.
Aaron bufou, irritado.
— Você marcou uma reunião sem nem saber se eu ia aparecer aqui hoje?
Mark deu de ombros com um sorriso inocente.
— Eu não sabia, mas rezei muito. Tipo, muito mesmo. Mais do que qualquer pastor ou padre faria numa semana inteira.
Aaron soltou o ar pelo nariz, balançando a cabeça.
— Você é impossível, Mark.
— Só estou fazendo o meu trabalho, cara, — Mark respondeu, com um tom orgulho. — Além disso, a fé move montanhas, ou no nosso caso, as colinas de Hollywood.
Aaron abriu um sorriso, mesmo que contra sua vontade.
— Tá bom, Pastor Mark, vamos lá antes que eu mude de ideia.
— Esse é o espírito! — Mark exclamou em tom de pregação, levantando-se e pegando o casaco nas costas da sua cadeira. — Ainda vou te levar na minha igreja um domingo desses.
Aaron apenas sorriu, sentindo que talvez uma mudança de cenário fosse o que ele precisava. Não entrava em uma igreja desde a adolescência, um hábito abandonado mais por conveniência do que por convicção. Sarah era ateia, e ele acabou adotando a mesma postura, não por descrença, mas para evitar mais um ponto de atrito entre eles. Curiosamente, essa indiferença acabou sendo uma vantagem em sua carreira, já que, em um lugar como Hollywood, ter fé muitas vezes era visto como algo mais controverso do que várias outras transgressões.
Os dois saíram do escritório de Mark e se dirigiram ao estúdio, a tensão de Aaron agora misturada com um toque de humor. Ele sabia que ainda tinha muito a enfrentar, mas, pelo menos, não enfrentaria tudo sozinho.
E enquanto Aaron lidava com as complicações legais das suas próprias decisões, Alyssa enfrentava um dilema profissional e pessoal de proporções igualmente esmagadoras. A manhã havia começado com um telefonema urgente de Vanessa insistindo que ela fosse ao estúdio imediatamente para uma reunião com os superiores.
— Algo sério está acontecendo, Alyssa. Eles querem falar com a gente. É urgente. — Vanessa disse, sua voz carregada de preocupação.
Vanessa era uma mulher de presença marcante, com cabelos loiros sempre impecavelmente arrumados e um senso de moda que refletia sua atitude profissional e decidida, seus olhos, de um azul intenso, que transmitiam uma determinação implacável e uma inteligência afiada que a tornavam uma das agentes mais respeitadas e temidas do ramo. Ela vestia um elegante tailleur cinza, que realçava sua postura firme e a confiança que exalava em cada movimento. Vanessa Moretti era conhecida por sua capacidade de gerenciar crises e por sempre ter um plano, não importa o quão complicado fosse a situação.
Alyssa tentou acalmar os nervos enquanto seguia a agente pelos corredores do estúdio. As palavras "algo sério" ecoavam em sua mente, aumentando sua ansiedade. As duas foram conduzidas a uma sala de conferências onde os executivos do estúdio já as esperavam. O ambiente era tenso e escuro, graças às paredes cinzas, os rostos sérios dos presentes indicando que o assunto em pauta era delicado.
— Obrigada por virem tão rapidamente, — começou o chefe do estúdio, John Kerrigan, sem perder tempo com formalidades. Ele era um homem branco de meia idade, cabelos levemente grisalhos e olhos quase cinzas. — Temos um sério problema em mãos.
Ele apertou um botão em seu laptop e, em um instante, a tela de projeção na parede revelou o que parecia ser uma gravação da câmera de segurança. Alyssa prendeu a respiração ao ver a si mesma e Aaron aos beijos no corredor em frente aos banheiros daquele bar. A imagem era clara e inegável.
— Compramos essa gravação para garantir que não caísse em mãos erradas, — continuou John, seus olhos fixos nas duas mulheres. — Mas estamos preocupados que algo possa vazar e isso possa causar um escândalo que mancharia a reputação do filme e, claro, a sua imagem, Alyssa. Aaron é casado, a esposa está internada, é uma situação... feia.
Alyssa sentiu o sangue drenar de seu rosto.
— Eu... eu não sabia que havia câmeras lá, — murmurou, sentindo-se exposta e vulnerável.
Vanessa, mesmo tendo sido completamente pega de surpresa, percebeu a reação da sua cliente, e amiga, e segurou a mão dela em um gesto de apoio.
— O que vocês sugerem que façamos? — Ela perguntou, tentando manter a calma. — Se nos trouxe até aqui, devem ter uma solução.
John suspirou, olhando para os outros executivos ali presente antes de voltar sua atenção para Alyssa.
— Para garantir que isso não se torne um problema maior, estamos sugerindo que você entre em um relacionamento de PR¹ com um dos seus colegas de elenco. Isso desviaria a atenção de todo esse drama envolvendo Aaron.
Alyssa franziu a testa, a ideia obviamente a desagradando.
— Um relacionamento de PR? Não estou certa se isso é algo que quero ou que seja necessário.
Vanessa, mais uma vez entendendo a energia vinda de Alyssa, interveio.
— Alyssa, isso pode ser vital para garantir que nada suje a sua imagem ou a do filme agora que Sarah está no hospital. Pense nisso como uma estratégia temporária. Pode ser benéfico para todos nós.
Diana, uma mulher ruiva, e a chefe de produção do estúdio, assentiu.
— Já temos até alguém em mente. Achamos que Kyle Ryker seria uma boa escolha. Ele tem uma boa imagem pública e, além disso, a química de vocês nas telas parece ser boa.
Alyssa ficou ainda mais hesitante. Kyle era seu colega de elenco, um ator talentoso e simpático, mas a ideia de fingir um relacionamento não apenas com ele, como com qualquer um, era desconfortável. Ela olhou para Vanessa, buscando algum tipo de orientação.
Vanessa apertou suavemente a sua mão e aproximou o rosto do seu para falar.
— Eu sei que parece estranho, Aly. Mas estamos falando de salvar sua carreira e garantir que o filme seja um sucesso. Pense nisso como um papel que você precisa desempenhar fora das câmeras.
Alyssa suspirou, sentindo a pressão aumentar.
— E se algo der errado? E se as pessoas descobrirem que é tudo falso?
John sorriu, tentando tranquilizá-la.
— Temos uma equipe de PR experiente que vai garantir que tudo seja perfeitamente executado. Você, Kyle, seus agentes, assim como todos presentes nessa sala irão assinar um NDA² com multa milionária caso a verdade vaze. Podem até suspeitar, como sempre fazem, mas ninguém vai descobrir.
Alyssa permaneceu em silêncio por um momento, sentindo o peso do que estava sendo pedido a ela. Um relacionamento falso. Algo que parecia tão simples na teoria, mas que, na prática, significaria abrir mão de sua autenticidade, vender uma imagem fabricada ao público e mentir para si mesma. Não parecia certo.
Ela olhou para Vanessa e John, que esperavam ansiosos pela sua resposta. Por mais que Alyssa quisesse recusar, sabia que sua posição era delicada. Já havia causado problemas demais com Aaron e qualquer nova controvérsia poderia não apenas prejudicar sua reputação, mas comprometer todo o filme. Era o preço que tinha que pagar por anos de escolhas difíceis e circunstâncias que pareciam estar sempre fora de seu controle.
Isso não é sobre mim, pensou ela, tentando se convencer. É sobre o trabalho, a equipe, e todos que dependem deste filme.
Finalmente, Alyssa assentiu devagar, sua expressão endurecendo com a decisão tomada.
— Tudo bem. Se isso é o que precisa ser feito, eu vou fazer.
Vanessa sorriu, aliviada.
— Você está fazendo a coisa certa, Aly. Vai dar tudo certo, você vai ver.
Com a decisão tomada, Alyssa assinou o acordo de confidencialidade e se preparou mentalmente para o que estava por vir. Embora ainda se sentisse desconfortável, ela sabia que era um sacrifício necessário. A partir daquele momento, ela teria que encarar Kyle não apenas como um colega de elenco, mas como um parceiro de fachada para salvar sua reputação e a do filme.
Enquanto deixava a sala de reuniões, Alyssa não pôde deixar de sentir um aperto no coração, sabendo que estava entrando em um jogo perigoso, mas necessário. Estava perdida entre tantos sentimentos quando sentiu Vanessa segurar levemente o seu braço.
— Espera um pouco, Aly. Quero conversar sobre como vamos lidar com a mídia nas próximas semanas. — Vanessa lançou um olhar rápido para John, que acenou em compreensão.
— Ainda tenho alguns minutos.
Alyssa suspirou, tentando esconder a exaustão que começava a se instalar.
— Eu preciso mesmo estar presente?
Encarou a agente como se pedisse por socorro, e Vanessa entendeu o silencioso pedido.
— Não, vai na frente. Me espera no carro.
Alyssa sorriu fraco e continuou andando sozinha, seus saltos ecoando pelo piso frio do corredor do estúdio. Quando virou a esquina, no entanto, parou subitamente. Aaron estava vindo em sua direção, os olhos dele encontrando os dela imediatamente. O ar pareceu pesar entre eles, como se o tempo tivesse parado.
Por um momento, nenhum dos dois disse nada ou se mexeu, ambos tensos. Mark, que acompanhava Aaron, também parou de andar e alternou o olhar entre os dois sem entender muito bem o que estava acontecendo, mas também sem ousar dizer nada. Aaron parecia lutar para encontrar as palavras certas, mas Alyssa foi a primeira a agir. Endireitou os ombros, ergueu o queixo e deu o primeiro passo à frente, passando por ele sem dizer nada, os olhos fixos no caminho.
— Alyssa, — a voz de Aaron soou firme enquanto ele a chamava.
Mas ela não parou. Continuou andando. Recusando-se a olhar para trás. Era como se o chamado dele não tivesse existido.
Aaron ficou parado onde estava, observando-a se afastar. E apesar do rastro delicioso de flores que o perfume dela deixou ao passar, foi a sua indiferença que o atingiu como um soco no estômago. Sentiu-se afetado de uma forma que não sabia explicar, como se aquele simples gesto de ignorá-lo fosse mais doloroso do que qualquer discussão que já tivessem tido.
Ele passou a mão pela boca e queixo, um suspiro frustrado escapando de seus lábios enquanto a imagem de Alyssa se perdia no elevador no fim do corredor. Mesmo que não quisesse admitir, aquilo o incomodava mais do que deveria.
— Que porra está acontecendo entre vocês dois? — A voz de Mark o trouxe de volta a realidade e ele olhou para o lado. — É o que eu estou pensando?
— Eu não consigo ler mentes. — Aaron disse apenas, voltando a andar em seguida.
Após alguns segundos de pura confusão, o agente decidiu deixar isso de lado e apressar o passo para alcançar Aaron, que já tinha virado a esquina do corredor.
— Você ainda vai me deixar louco. — Ele murmurou para Aaron enquanto abria a porta de uma das salas de conferências do estúdio.
O ator nada disse em resposta, apenas adotou sua postura confiante e inabalável, e entrou na sala com um sorriso no rosto, pronto para fazer sua melhor contenção de danos.
Os executivos do estúdio estavam sentados ao redor da imponente mesa de reunião, seus olhares avaliativos recaindo sobre Aaron assim que ele entrou. John Kerrigan, CEO do estúdio, foi o primeiro a falar, com um tom que misturava frustração e alívio.
— Fitzgerald, você tem ideia da bagunça que quase causou?
Aaron levantou as mãos em um gesto apaziguador, mantendo o sorriso.
— Eu sei, John. E quero começar pedindo desculpas a todos vocês. Foi um momento complicado para mim, e admito que reagi de forma precipitada... — Ele parou de falar ao notar a presença da agente de Alyssa McKay ali com eles.
Lendo a sala de forma impecável, Vanessa se levantou e esticou a mão para um breve cumprimento com John antes de dizer.
— Acho que terminamos por aqui, eu acerto todo o resto com a sua equipe, obrigada e até mais, John.
— Até mais, Moretti.
Todos observaram em silencio enquanto a loira saia da sala, e quando a porta bateu, uma voz feminina ecoou pelo cômodo.
— Precipitada é pouco! — disse Diana, a chefe de produção. — Estamos falando de milhões em perdas e atrasos que poderiam comprometer o sucesso do filme!
Aaron desviou o olhar da porta para Diana, mas sua atenção logo vacilou. A presença de Vanessa, assim como a de Alyssa, perturbava seu foco de maneira sutil, mas poderosa. Seus pensamentos se embaralharam, refletindo sobre o que poderia ter trazido as duas ali e qual teria sido o teor da conversa que compartilharam momentos antes. Sentia-se como alguém tentando juntar peças de um quebra-cabeça sem a imagem completa para guiá-lo.
— E é por isso que estou aqui agora. — Ele voltou a si, adotando uma expressão de sincera compreensão. — Quero garantir a vocês que estou comprometido com o projeto e farei o possível para garantir que tudo corra como planejado daqui para frente.
— Precisamos mais do que promessas, Aaron, — retrucou Diana, com um leve ar de desdém. — Precisamos de garantias de que você não vai mudar de ideia de novo.
Aaron inclinou-se levemente sobre a mesa, os olhos fixos na ruiva.
— Vocês têm minha palavra. Eu não vou abandonar este filme. Sei o quanto todos têm se dedicado a ele, e sei da minha responsabilidade como o ator principal. Vocês me contrataram porque acreditaram em mim, e eu não vou desapontá-los.
Houve um momento de silêncio na sala, quebrado por John, que soltou um suspiro pesado.
— Tudo bem, Aaron. Vamos aceitar isso como sua palavra final. Mas qualquer outro desvio de rota e nós não hesitaremos em agir.
— Entendido, — Aaron respondeu, levando dois dedos a sua testa para fazer uma pequena e informal continência.
— E quanto à sua relação com Alyssa? — Diana perguntou, o tom agora mais cauteloso. — Podemos contar com um ambiente profissional entre vocês?
Aaron hesitou por uma fração de segundo antes de responder, abaixando a mão e ajeitando a postura firme.
— Absolutamente. Sou um profissional, e Alyssa também é. Nosso foco é entregar o melhor filme possível, nada além disso. — Os chefes do estúdio trocaram olhares breves, algo que Aaron não deixou passar despercebido. — O que foi? Não acreditam nisso?
John respirou fundo, trocando mais um olhar com Diana antes de apertar um botão à sua frente. A tela grande na parede se iluminou, revelando a gravação de segurança que mostrava Aaron e Alyssa aos beijos no corredor daquele bar.
Mark, sentado ao lado de Aaron, arfou alto ao ver a cena. Aaron, por sua vez, ficou paralisado, o rosto assumindo uma expressão de puro choque. Ele sentiu o peso de todos os olhares na sala recaindo sobre ele, mas não conseguiu dizer nada por alguns instantes. Foi por isso que Alyssa e Vanessa estiveram aqui? Elas também haviam visto isso?
— Essa gravação... — começou John, sua voz cautelosa. — Não é difícil imaginar o tipo de repercussão que isso poderia causar se vazasse, ainda mais agora, considerando a situação da sua esposa.
A menção a Sarah trouxe Aaron de volta à realidade, mas sua mente ainda girava em torno do que havia acabado de ver. Ele esfregou os olhos, exalando um suspiro pesado.
— Não vai vazar. — Sua voz saiu mais firme do que ele esperava.
John apoiou os cotovelos na mesa de vidro, os olhos fixos em Aaron.
— Espero que não, pois isso só tornaria a sua situação mais delicada. A imagem de marido cuidador vende, a imagem de um traidor não. Temos um problema em nossas mãos.
Aaron, ainda aéreo, com a cena do beijo nítida em sua mente, falou quase sem pensar:
— Não será um problema por muito tempo, pois eu pretendo me divorciar.
A sala inteira pareceu congelar novamente. Mark girou a cabeça para encarar Aaron, os olhos arregalados.
— Você o quê?
John, claramente insatisfeito, se inclinou ainda mais para frente, sua expressão ficando completamente séria.
— Você está louco, Aaron? Um divórcio agora seria um desastre midiático, tanto para a sua imagem quanto para a do filme.
Aaron finalmente ergueu os olhos para John, seu tom firme, mas ainda carregado de tensão.
— Escuta aqui, John, eu vou fazer o filme. Estou comprometido com isso. Mas nem você nem ninguém têm o direito de dizer como devo lidar com a minha vida pessoal.
— Jesus Cristo... — Murmurou, apertando o nariz entre os dedos, claramente frustrado. — Pelo menos mantenha isso em segredo até o filme ser lançado, ok? Isso é tudo o que peço.
Aaron pensou por um momento antes de assentir.
— Tudo bem. Eu sigo com o divórcio em segredo, mas isso é tudo. Minha decisão já está tomada.
John finalmente recostou-se na cadeira, soltando um suspiro resignado.
— Certo... Mas entenda, Aaron, qualquer passo em falso daqui em diante, e as consequências não serão leves.
Aaron não respondeu, apenas assentiu novamente, e John olhou para Aaron com uma expressão cautelosa enquanto a reunião chegava ao fim. Ele estava prestes a se levantar quando Aaron o interrompeu.
— Antes de encerrar, quero pedir que você me envie esse vídeo.
O CEO franziu a testa, claramente confuso com o pedido.
— Enviar? Para quê? Aaron, você sabe o risco de vazamento...
— Não vai vazar, John. — Aaron falou firme. — Eu quero o vídeo.
— Fitzgerald, isso é uma bomba esperando para explodir. Se cair nas mãos erradas...
— Eu já disse que isso não vai acontecer! — Ele o encarou com um olhar determinado. — Eu preciso desse vídeo. Não vou justificar mais nada.
John hesitou, trocando um olhar com Diana e os outros dois executivos presentes ali, que estavam igualmente apreensivos. Após alguns segundos de reflexão, ele suspirou pesadamente.
— Tudo bem, eu envio. Mas, pelo amor de Deus, Aaron, cuide disso como se fosse a sua vida.
Aaron assentiu novamente, sentindo o seu corpo, antes tenso, relaxar.
— Pode deixar.
Com isso, a reunião foi oficialmente encerrada. Mark e Aaron saíram da sala juntos, o primeiro claramente tentando digerir tudo o que acabara de acontecer.
Caminhando no corredor, Mark não conseguiu mais segurar a curiosidade.
— Tá, eu preciso perguntar... Por que você quer aquele vídeo? E o que foi tudo aquilo sobre divórcio? Por que não me contou nada disso?
Aaron manteve o olhar fixo à frente, ignorando o tom questionador.
— Não é da sua conta, Mark.
O mais velho riu exageradamente, apertando o passo para acompanhá-lo.
— Não é da minha conta? Aaron, eu sou seu agente! E aquilo foi um beijo e tanto. Com a Alyssa McKay, por Deus! Sabe quantas dores de cabeça eu já tive de tanto ouvir você falar mal dessa mulher? Por que não me disse que era tudo fingimento?
Aaron parou abruptamente, virando-se para ele.
— Porque não era fingimento. Não é. Não há nada entre Alyssa e eu.
— Mas você quer que haja?
Aaron lançou um olhar mortal para o agente, que rapidamente ergueu as mãos em um gesto de rendição, mesmo que ainda intrigado.
— Certo, cara. Não está mais aqui quem falou. — Ele abaixou as mãos, balançando a cabeça em negativa. — Mas isso está cheirando a problemas de longe, Aaron, e você sabe disso.
— Eu não tenho tempo pra isso agora, Mark. — Aaron desconversou, ajustando o relógio em seu pulso enquanto recomeçava a andar. — Estou atrasado para uma reunião com um advogado.
Mark suspirou, mas desistiu de pressionar.
— Claro, claro. Mas só pra constar, você está me deixando louco com essa história.
Aaron balançou a cabeça, deixando seu corpo relaxar mais a cada passo de distancia que abria entre eles.
— Você já disse isso.
Ele entrou no elevador no fim do corredor, deixando escapar um suspiro pesado enquanto as portas se fechavam diante dele. Seus pensamentos giravam como um redemoinho incontrolável, presos entre a intensidade daquele beijo capturado no vídeo, a frieza impenetrável de Alyssa McKay, e a reunião iminente que o aguardava. Cada camada desses pensamentos pesava como chumbo, mas a imagem dela passando por ele no corredor mais cedo, sem sequer lhe dirigir uma palavra, o deixava louco.
Enquanto o elevador descia lentamente, Aaron fixou o olhar no reflexo frio e impessoal das paredes metálicas, tentando encontrar alguma clareza em meio ao caos interno. Por ora, tudo o que podia fazer era seguir adiante, mesmo sem saber ao certo aonde isso o levaria.
XO-XO
Relacionamento de PR¹: é um relacionamento falso entre duas celebridades, geralmente com o objetivo de gerar publicidade.
NDA²: acordo de não divulgação.
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