Monografia/carta para um futuro muito, mas muito distante e hipotético, no qual eu (Giovanna) me apaixonaria perdidamente em amarga ilusão.

Querida Giovanna,
PARA DE SER ILUDIDA.
Essa frase em maiúsculas não foi uma grosseria desnecessária, mas um alerta do seu bom senso. O amor é uma invenção dos poetas, músicos, hippies e pessoas viajadas da área de Humanidades em geral as quais acreditam nessa bobagem de sentimentos. Ele não tem dimensões tão exacerbadas, e na verdade pode ser inteiramente explicado pela ciência.

Espero nunca ter de ler isso — a não ser para detalhar e aprofundar os dados aqui contidos —, mas, em todo caso, isso ficará na prateleira de filmes melosinhos da Bruna (sua irmã, se você estiver alienada em demasia por estrogênio e feromônios para lembrar disso).

Pois bem, vamos aos fatos.
O "amor" é um fenômeno neurobiológico baseado em atividades cerebrais, que incluem principalmente os hormônios (da origem grega "incitar").

A química amorosa ocorre em três estágios principais:

1º estágio: Sensação e desejo incitados pela circulação do hormônios sexuais (testosterona para os iludidos e estrogênio para as iludidas).

(aqui vai a estrutura de tais hormônios, caso um dia você entenda química)

2º estágio: É a pior fase. Quando a paixão toma todos os seus pensamentos, o seu cérebro faz com que você só pense no seu objeto de desejo, incitado por uma série de fatores. Mais hormônios e neurotransmissores são liberados, alterando o comportamento e gerando desorganização no cérebro, tendo como consequência o ar de "pateta" estabanado.

Entre eles, o cheiro da pessoa amada, pelo reconhecimento dos hormônios olfativos transmitidos para o cérebro; nesse momento, sensações e memórias se fundem e o hipocampo registra a imagem do culpado por sua ilusão.

Não se deixa iludir, Giovanna hipotética. A pessoa que busca uma trouxiane própria excreta pelo cheiro substâncias químicas que permitem a comunicação e atração com outro ser da mesma espécie, os feromônios.

Também há a noradrenalina — culpa por fazer o seu coração bater mais rápido e avermelhar suas bochechas — e o neurotransmissor dopamina (falsa sensação agradável de prazer ao olhar para o amado, mesmo em uma foto, como o primeiro momento de utilização de uma droga). Além disso, há a serotonina, o hormônio que gera a obsessão. É cientificamente comprovado que essas substâncias tem efeito no corpo semelhante ao de anfetaminas.

Depois de todo bombardeamento emocional, temos que considerar o toque, recebido por 1,5 milhão de receptores, transmitido para milhares de terminações nervosas; este desencadeia uma corrente elétrica que viaja pela medula espinhal e chega ao cérebro, liberando a endorfina.

Graças aos céus, esses sentimentos não duram para sempre.

No 3º estágio, o amor "esfria" pela queda na liberação da endorfina e outros hormônios. Ou o casamento acontece como uma tentativa desesperada de salvá-lo, ou ocorre a separação iminente das partes.

Uma conclusão, querida Eu do Futuro Hipotético. Não se apaixone, que é mera perda de tempo e ganho de rugas de preocupações desnecessárias.