Capítulo 7.5° - Sobrinha
Stephanie Fearblood, vampira
Os olhos de Stephanie esbugalharam, a boca pendeu entreaberta e o nariz cessou o puxar de ar. O cheiro de sangue, doce e forte. A carcaça sem cabeça, e meio do torso, caindo com um baque surdo e expelindo rubro. O som do quebrar de ossos, esmigalhar de carne e engolir de líquido.
Silêncio de todo resto, a criatura reptiliana mastigou por quatro segundos. Então retornou subitamente para a vegetação e caos subiu. Cavalos e homens berraram e aço foi posto a beijar a luz do crepúsculo vespertino.
— Peguem o desgraçado! - uma voz masculina seguida de urros.
— Esperem, idiotas! - o humano.
Os passos dos criminosos soaram velozmente contra terra, dois cavalos fugiram na direção contrária, o licantropo gordo, Juventino, ficou boquiaberto e então rumou na direção da carruagem correndo e despencou.
Uma mão desceu sobre o ombro da vampira que piscou e enrijeceu e fitou para o lado.
— Corre! - Antony gritou e dispararam para longe da floresta.
Sete, trinta e três e sessenta e seis passos dados, então, do lado e retaguarda da carruagem, pararam. Os criminosos chegavam à borda da vegetação. Antony foi até Juventino e o humano falava com os alazões agitados que puxavam o veículo.
O som foi algo como um ovo caindo no chão. ''Crack''. Sob as patas da criatura, antes que o primeiro criminoso parasse de ir rumo à floresta. As árvores estavam dobradas as laterais, formando um caminho oval de onde a besta pulou.
Um leão. Cinco metros de altura, membros musculosos e uma cauda que era uma literal e enorme cobra. Abaixo de uma das patas, cascos, são cascos, estava o homem da maça com tronco esmagado e escorrido para fora das roupas em polpa. O que estava na ponta ergueu as mãos e círculos mágicos surgiram à frente delas e a cauda serpente o atravessou em um um instante pondo uma explosão rubra no ar.
Os olhos dourados da criatura encontraram os de Stephanie, a sete dezenas de metros dela. A vampira engoliu em seco, o líquido estomacal agitou-se e suor frio desceu pele.
A espada acertou e fez um corte na coxa da fera que rugiu e abocanhou uma mercenária. Outros três avançaram, um quarto atrás colocou terra a subir as pernas da criatura e tinha um círculo mágico com a palavra ''fire'' pronto antes de ser acertado pela cobra e despencar despido de cabeça e parte do torso.
Antony ajudou o licantropo gordo a subir na carruagem e o humano foi acima logo a seguir.
— Vamos - o mercador.
Stephanie o olhou por dois segundos. Você é idiota? A quimera, um monstro de rank um, fora registrada como ao menos três vezes mais rápido que um cavalo.
Os mercenários restantes parafrasearam horror e deram as costas a fera. Acabou, o corpo de Stephanie foi percorrido por um inverno, olhos voltando à cena. As patas da quimera desceram sobre um e a cobra fez outro estourar ao atravessá-lo e a cabeça de leão abocanhou e fez sumir metade do último.
Lutar. Quase riu um riso nervoso e mórbido de quem enlouqueceu e estava prestes a pular na caverna de um dragão. Estava cansada, a panturrilha esquerda, o braço direito, o lado esquerdo do abdômen e a cabeça doíam em diferentes intensidades e a energia mágica estava por volta da metade. A genética de vampiro iria a permitir estar em perfeito estado em um ou dois dias se bebesse pelo menos um litro e meio de sangue.
E aquela coisa acabou de comer e tem vários pedaços com os quais se ocupar caso não esteja cheia.
Respirou fundo e subiu na carruagem. Nem mesmo um hesitar ou uma ligeira raiva pelas pessoas massacradas? O veículo começou a se mover. O humano fedia a suor e todos ali, exceto quatro daqueles na estrutura atada ao banco do condutor e dotada de três pares de rodas, a medo. Que grande heroína, tão indiferente quanto uma rocha. A boca de Stephanie tensionou e as mãos apertaram as coxas.
A carruagem havia terminado de girar na direção contrária a floresta, quando o som distante de cascos contra solo soou. A vampira tencionou e o odor de pavor se intensificou no ar.
Merda.
— Mais rápido, homem! - Juventino.
Merda.
— Eles não vão mais que isso! - o humano.
Merda.
— Stephanie - Antony. - Vá, fuja sozinha e talvez tenha uma chance.
Merda, por que disse isso, seu idiota?! Lágrimas a subiram aos olhos, dentes afundaram na borda esquerda dos lábios e sangue deslizou boca à queixo.
— Droga! Droga! - o humano, forçando os animais mais e mais. O cheiro da quimera, pesado de sangue e energia mágica, menos e menos distante.
Stephanie respirou fundo e de novo, fechou os olhos, ativou o nível dois e o seguinte, o terceiro que representava o aperfeiçoamento da percepção sensorial. Tirou a mochila das costas e a jogou sobre Antony.
— Quê... - o mercador, a vampira ergueu as pálpebras e pulou para fora da carruagem, armadura cobrindo-a o corpo pedaço a pedaço. - Ei!
Você pode fazer isso. Puxou a lâmina para fora da bainha. Enfie a espada sob a jugular da serpente e avance para atravessar a íris do leão. Encarou a fera, treze passos dela e se aproximando. Porra... essa coisa é enorme pra caralho.
A cobra deu um bote. Stephanie enxergou, como se uma sequência de pinturas passadas em sequência, e o pé subiu para levá-la ao lado. E impacto. Espada, posta entre si e a besta, atingida pelo canto da boca reptiliana, teve a metade superior a explodir em três pedaços e a vampira lançada rolando duas vezes para o lado sob o impacto. Pulou do chão e fincou-se de pé.
Consegue ver, se adiante mais e poderá desviar e... a espada quebrou. Fitou de soslaio a meia lâmina atada ao cabo. Sua energia mágica está há minutos de fatalmente baixa depois dos níveis, não pode arriscar magia elemental. Frio envolveu órgãos e afundou-se em ossos. A brisa pareceu cortar gélida através do aço. Se acalme. Enrijeceu mais o corpo e o relaxou um tanto enquanto soltava ar pela boca. Tem seus punhos, pode tentar matar aquela montanha de músculos repletos de mana com socos. Quase riu, uma risada mórbida de quem enlouqueceu e estava prestes a ir até a borda do Paraíso Gelado.
Então a quimera avançou a ela que dançou para o lado e acertou a mandíbula da besta com o punho sob manopla de aço. A boca leonina foi mandada três centímetros para o lado. É inútil e você sabe. Criaturas de rank um costumam ter um controle de mana tão bom quanto um amador, mas tem tanta energia mágica que isso pouco importa.
Elas têm o corpo sempre reforçado com quantidades enormes de mana.
E algo com tantos músculos como essa coisa... mesmo a espada que tinha não cortaria muito fundo.
Corra, você tem a atenção da quimera, ela ignorará Antony e você poderá despistá-la na floresta.
A besta girou para ela, Stephanie girou, para a esquerda e de novo e estava para terminar de fazer mais uma vez e se pôr de costas ao monstro e na direção da floresta, quando as íris encontraram a serpente. A língua estava para fora, branca e... a ponta tinha a forma de um coelho com olhos rubros. Um arrepio subiu a espinha da garota.
Dê as costas e essa coisa te mata no mesmo momento.
A cabeça leonina investiu, a vampira pisou para trás, os dentes da criatura fecharam-se a milímetro do elmo, e o réptil veio. Ergueu o pé para se mover, rotacionou o quadril e, merda, ergueu os braços. A presa do réptil raspou o metal das manoplas, rasgando a carne através do aço e lançando-a para trás, cinco metros. As costas acertaram o chão e as pernas impulsionaram a vampira numa cambalhota que a pôs de pé. Levantou os... não respondem, os braços não se movem. Olhou para os antebraços rasgados e empapados de sangue onde o metal da armadura rompeu.
Subestimou a velocidade da cobra, idiota.
A besta pôs-se de frente a ela.
E agora vai morrer.
Gotas de água começaram a cair sobre a pele da quimera. A fera a fitava com grandes íris douradas, a cauda serpente sibilava e os cascos subiam e desciam lentamente. A distância reduzia devagar, o tempo de vida da vampira seguia o compasso.
Ao longe a carruagem começava a sumir de vista e um par de pessoas recém chegadas pairava a trinta e três passos da quimera. Os mercenários que haviam ido bater terreno? Uma estava caída de costas no chão, o outro possuía mão erguida e círculos mágicos flutuando ao redor de si. Stephanie tinha noventa e nove por cento do foco na quimera e numa circunferência de sete metros a partir dela. Não consigo ver direito quem são e quem se importa?
As pernas da quimera agacharam ligeiramente. É agora. A vampira forçou os músculos e cerrou os dentes. Qual deve ser meu último esforço antes do inevitável fim? As canelas da besta começaram a esticar, os cascos a deixar o solo. Morda-o. Respirou uma última vez e abaixou a postura. Não seria engraçado se suas presas afundassem naquela carne e você o matasse sugando o sangue?
Luz incandescente e trovão. O mundo sumiu em uma tela branca e ruidosa. Morri?
Explosão e calor e impacto. Foi atirada para longe, os ouvidos assaltados por zumbido e o nariz pelo odor de eletricidade e fumaça.
Então trevas e silêncio.
— ⚔ — ⚔
— Quê? Pensei que ele houvesse matado todos - o mercador.
— Nah, meu irmão só inventou isso porque teve uma discussão com nossos pais - uma voz feminina. - Minha mãe disse que ele era do tipo que corta relações com todo o grupo por causa de um.
— Então Jaime Fearblood não lutou para tomar o controle da Cruz do Primeiro dos pais?! - o licantropo gordo. Os olhos de Stephanie abriram,o nariz puxou ar mais vigorasamente e as mãos pressionaram o solo.
— Hum? Claro que sim, tio Edward e alguns outros até foram mortos - a mulher. Cinco odores próximos, dois eram vampiros. - Foi antes de eu nascer, mas os mais velhos continuam rancorosos quanto a isso.
— Nossa - Antony.
Stephanie ergueu o tronco e fitou. Estava a um braço do espaço vago no círculo formado por pessoas em torno de uma fogueira. Íris foram a ela.
— Como está se sentindo, sobrinha? - a mulher.
— Que bom que acordou - o mercador, antes que ela pensasse no ''sobrinha''.
— Durma mais um tanto - o outro vampiro.
Eram loiros, com íris rubras. A maioria dos vampiros são.
Stephanie bocejou e forçou as pálpebras erguidas, pesavam e quase fechavam diante a claridade das chamas. Apertou o pano entre os dedos. A floresta pairava duzentos pés a oeste, quase engolida pela noite. Braços. Tirou o pano carmesim sobre si e os fitou. Uma cicatriz longa e pálida marcava a parte superior de ambos os antebraços. Mas se movem e não doem.
— Passei pasta A7 e te dei um tanto de sangue - o vampiro, timbre gélido e olhos fixos nela. - Durma mais duas horas.
— Quê? Ela já dormiu metade de um dia, estou de saco cheio desse lugar - a mulher vampira, gesticulando para a vegetação. Jovem, na casa dos vinte, com cabelos loiros presos em uma trança que seguia para dentro da camisa. - Se levanta, sobrinha, bora.
— Descanse - o homem.
Os dois fitaram-se, os rostos tensionando e punhos fechando.
— O que você acha? - o mercador para Stephanie. - Continuar ou não?
Não há motivo para parar. Pôs-se de pé e limpou a baba no canto da boca. E talvez nem tempo.
— Viu, esquisito, ha! - apontando para a vampira mais nova.
— Esqui...!? - a boca do homem pendeu aberta por dois segundos, vermelhidão o tomando o rosto. - Já disse para não me chamar disso... sua selvagem!
— Quer brigar, porra?!
— Vamos indo? - o mercador, o gordo e o humano se levantaram junto a ele.
Stephanie bocejou e começou a andar quando Antony o fez.
— ⚔ —
O vampiro se chamava William Fearblood, irmão do meio de Jaime Fearblood. Tinha um rosto sério, olhos frios, porte alto e esguio sob um macacão de couro escuro com detalhes em ouro e rubro.
— Tio Will é o bastante - comentara, austero, para Stephanie.
A vampira era Samantha Fearblood, irmã mais nova de Jaime Fearblood.
— Pode me chamar de Sam, sobrinha.
Vestia uma camisa branca sob um peitoral de aço vermelho, as calças eram longas e grossas, com placas de metal negras na região das coxas e canelas, e terminavam em botas pretas. Sua expressão transitava entre feroz sorriso amistoso e carrancas duras.
— Quer que eu arrume seu cabelo? - Will.
— Qual seu estilo de luta, sobrinha? - Sam.
— Quer comprar roupas novas quando chegarmos na cidade? - Will.
— Como meu irmão era? - Sam.
— Quer um pouco de sangue?
— Vamos fazer uma luta treino.
— Posso preparar um banho se quiser.
Que irritantes. Stephanie deu acenos de cabeça as de sim e não e respondeu com um punhado curto e quase murmurado de palavras as demais. Antony contou a eles quando perguntaram sobre os últimos dias desde que a achou na borda da Floresta dos Uivos.
Os tios de Stephanie tinham sido contatados pela ''Mommy'' e oferecidos a compra de informação sobre a filha de Jaime Fearblood. Pagaram por ela e vieram. No meio do caminho os cavalos estavam lentos demais para alcançar o final da floresta na hora que deveriam, então Sam carregou Will e correu. A quimera foi explodida, após ser encharcada e eletrecotuda com magia, por uma sequência de fogo e raio pelo vampiro.
Meu pai nunca falou dos parentes algo que não serem bastardos que colocavam em risco a paz ao encobrir vendedores de sangue de pessoas e o tráfico delas. E quando foi questionado mais, disse que estavam todos mortos. Stephanie não queria conhecer criminosos, mortos ou vivos.
Mas aqui estão. Fitou-os discutindo sobre o que fazer primeiro ao chegarem em Semiramis. Salvaram minha vida e não parecem particularmente vis.
São família, não vão te abandonar por ser estranha. Encarou Antony de soslaio, ele trocava palavras com Juventino e o humano. Ou por ter acabado de ajudar a ''criança perdida''.
— Posso te chamar de Step? - Will.
— Não quer saber o que sua tia faz para viver? - Sam.
Eles continuaram fazendo perguntas e Stephanie começou a se imaginar fugindo deles assim que chegassem à terra dos licantropos.
— ⚔ — ⚔
Três dias até avistarem a muralha de edifícios de médio e baixo porte. No primeiro dia haviam encontrado os cavalos dos tios de Stephanie e no segundo...
— Entendo, esses são os registros dessa galera na carroça, hum? - Sam, com o papel na mão e de frente ao humano e os licantropos. - Certo, terei certeza de arranjar alguém para devolver essas pessoas aos lares.
— Espera, o qu... - a lâmina cortou a cabeça de Juventino ao meio antes que terminasse de falar.
A boca do humano pendeu aberta, olhos esbugalhados e ombros erguidos. E a foice recuou do assassinato do licantropo gordo partindo-o o pescoço ao meio.
As mão de Antony subiam e fechavam, o tronco recuava e os calcanhares deixavam o solo. O braço de Samantha Fearblood, com o cabo de aço negro da arma entre os dedos, terminou o retorno do último golpe e avançava para o seguinte.
Stephanie devorou a passadas a distância entre si e a tia, no tempo que ela levou para finalizar os dois primeiros homicídios. A mão subiu sobre o cotovelo de Sam, parando o segundo movimento. Os olhos carmesins encontraram-se. A face da vampira mais velha era fria e manchada pelo rubro da vida de Juventino e do humano.
— Saia da frente, sobrinha, primeiro e único aviso.
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