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Capítulo 4° - Gelo


Stephanie Fearblood, vampira



— Claro, sim, sim. — sorriu, as pálpebras baixaram e a mão coçou a traseira da nuca. — Que sorte, queria mesmo um tanto mais de dinheiro. Meu grupo acabou de se dissolver...

Os olhos dele abriram num salto e encontraram as íris negras do mercador.

— Não foi uma briga, deus me livre, eles só tinham planos diferentes. Um grupo de verão se o rapaz me entende, feito no calor do momento e desfeito com seu esfriar.

O homem tinha duas orelhas lupinas em meio ao cabelo alvo e liso, trajava camisa pesada de mangas longas e cor azul, as calças de couro grossas eram seguidas de botas de cano alto, a face enrugada e coroada com dois olhos do tom de mel. Fedia a ligeiro nervosismo, suor e terra.

Não vai ser de muita ajuda. O odor de mana nele tinha o dobro da força do que em Antony, o que não chegava a metade do de Stephanie.

A vampira encarou o mercador. Vamos, o diga. Os lábios se separaram, ele vai ser um peso morto, não muito diferente de você, o olhar do licantropo a encontrou. De canto, deslizando-lhe sobre o rubro e a boca. Arrepio a foi do topo da cabeça à ponta do pé. Stephanie fitou o chão, palavras não ditas.

— Entendo, claro que sim. E não vamos realmente atrás deles, iremos pescar no lago indo por uma trilha recomendada pela atendente — o mercador, com um sorriso curto para o velho. Então a mão subiu e desceu, no ombro de Stephanie que o teve, junto ao outro, a se erguer com súbita tensão, resto do corpo também enrijeceu, os olhos piscaram duas vezes. Hã?! Sobre o contato físico repentino. — Esta criança comigo é bem forte, então contanto que lidem com um ou outro lobo que tenha explorado uma rota não habitual, é o suficiente — Antony, a palma deixou a vampira que relaxou e o fitou de soslaio. Não me toque de novo ou quebro sua mão. E criança...? Tenho dezesseis anos seu feioso idiota. Não verbalizou nada disso.

Partiram. Fora da vila as árvores erguiam-se grossas, com alturas de seis a vinte metros e por vezes tortuosos troncos. Folhas marcavam o solo e os galhos já esbanjavam algum verde e frutas. O cheiro era vegetal, terra, dejetos, animais e flores.

O lago pairava sob um crepúsculo púrpura e laranja. O ruidoso respirar do velho e de Antony, o fedor de suor azedo, pairavam a sua retaguarda. Fora uma viagem cheia de desníveis que teria levado duas horas. Mas o mercador e o mago demoravam-se nos caminhos irregulares, tiravam pausas para respirar após escalar encostas íngremes e pediram uma diminuição de ritmo quase de minuto em minuto. Os levou quatro horas naquele passo.

Patético, Stephanie os fitou por sobre o ombro antes de irromper por entre a vegetação. Eles estavam ruborizados e empapados pela transpiração. Respirou fundo, não eram os companheiros que imaginei quando fantasiei sair de casa, voltou as íris à terra aberta, escura e marcada por pentelhos de grama.

Empalideceu. As batidas do coração fizeram-se ouvir. Tum-tum-tutum-tum. O ar pairava num frio mais intenso do que em todo trajeto que o antecedia. O lago refletia os resquícios da manhã, a margem do outro lado um fino traço de terra com silhuetas de árvores ao fundo. A água molhava aquilo, aqueles vários aquilo.

O pisar dos licantropos soaram contra o solo negro e úmido. ''Ah...!'' mudo escapou pelas bocas. Um pássaro piou ao longe.

— Temos que voltar, agora! — o velho, virando a cabeça à Antony.

Não é nada realmente novo, pálpebras desceram sobre as íris. E não fedem como deveriam. Expirou devagar, punhos abriram. As varas de pesca e o balde que o velho comprara como gesto de boa vontade foram ao chão.

As trevas engrossavam entre as árvores.

Não há motivo para pânico... acho.

— Sim, vamos — a voz de Antony em um sussurro. — Step...

Cadáveres. Nus, pálidos e com pele desprendendo sobre carne alva. Próximos da água, cinco tinham pernas enterradas dentro do lago, dois a cabeça e tronco, o restante se encontrava distribuído na lama.

Estava para contestar a decisão de partir, sob o odor de medo e ansiedade dos sujeitos, mas o vento soprou de um ângulo ligeiramente diferente. As pálpebras da vampira subiram até o limite, a cintura e pés começaram a girá-la para trás, mão a correr até o cabo da espada, lama pondo a bota a deslizar... tarde.

Um vulto caiu sobre o velho, garras afundaram em ombros com dois sons. De rasgar e quebrar. Um grito alto voou garganta do idoso à fora, a fera mordeu da lateral do seu pescoço ao meio do peito em um instante. Um absurdo frio percorria a espinha da vampira, então outro lobo deixou a mata, a garota puxou o mercador para trás de si com uma mão e no momento seguinte a fera aterrissava no local onde o licantropo estivera, a garra raspando-lhe o braço, enquanto a garota desembainhava a espada com o punho livre e mantinha o rubro fixo na besta. Um momento mais cedo e teria arrancado o membro do mercador, soube com suor aumentando vigorosamente seu escape pelos poros e a onomatopeia de dor de Antony terminando de o deixar os lábios. Empurrou o licantropo para trás, ele cambaleou e a criatura, um vulto azulado com garras afiadas, avançou contra ele, saltando a direita da vampira e dando um impulso que o levaria a... aço foi fincado na lateral do seu pescoço, o atravessando, e removido.

Sangue azul e um breve ganido pintaram o ar.

A besta caiu na lama, a arma foi balançada para tirar parte do líquido da vida lupina de si e erguida na direção da fera que pairava a quatro passos dali, sobre o velho. Antony continuou a ir para trás até chegar ao limiar de lama e lago, a boca pendendo aberta, íris indo até o desfigurado idoso sob as patas da criatura e com terror tingindo-lhe a corrente sanguínea.

O olhar da besta deslizou da vampira rumo ao licantropo sob boina e de volta a ela. A mandíbula, empapada de sangue e carne, abriu. Os dentes afiados como navalhas, a vida rubra do senhor refletia o laranja do crepúsculo. As pernas do animal dobraram sobre o cadáver. Um arrepio agudo tomou a garota, as mãos apertaram mais firmemente o cabo da espada e a respiração foi segurada. O lobo avançou. Uma besta com um metro e setenta, robusta e dotada de garras com metade do tamanho da arma da vampira, pulando na direção de um garota com um metro e cinquenta e oito, sua silhueta eclipsando a dela, as íris amareladas encarando o vermelho da jovem enquanto gotas da vida do velho desciam. Stephanie agachou enquanto erguia a espada verticalmente, o metal perfurou a besta com trinta centímetros de si, antes de ser puxada para fora e seguir sua empunhadora no sair de baixo de onde o lobo, décimo de segundo depois, caiu. A lâmina saiu enrolada em tripas ainda ligadas à criatura. Cortou a ligação ao puxá-la com força.

A vampira respirava em um ritmo elevado.

A frente, em meio a troncos e gramas altas, brilhantes pares de esferas amarelas ascenderam.

Stephanie Fearblood tremeu por meio momento, então pôs ambas as mãos no cabo da arma. Uma gota de suor frio a foi de têmpora a queixo, mesclando-se a todas as outras e aos espirros de sangue azul que haviam a tocado. Os rosnados rasgaram o ar, patas quebraram galhos e esmagaram grama. Cinco, seis... dez... mais, contou com longos dedos de frio dedilhando um soneto pela espinha. Um grupo inteiro que eu fui incapaz de notar. As pernas da garota pareciam feitas de água e os braços tão rígidos que não sabia se conseguiria movê-los.

O odor de Antony estava para o fundo, sobre a borda do lago, treze passos atrás. Não deixe que o número de pessoas que assistiu morrer aumente. Respirou fundo. Salve ao menos uma pessoa e talvez isso faça valer a pena algumas das que morreram porque não parou para ajudá-las. Expirou pela boca. Se mova. Pulou para trás, liberou uma das mãos e, usando energia mágica, formou a palavra ''fire'' nela. As chamas ascenderam, os lobos puseram uivos a soar, as primeiras faces caninas deixaram o manto escuro da floresta com presas à mostra.

Lançou fogo numa linha horizontal entre si e eles.

Materializou a armadura, recuou, pisar afundando e deslizando. Olhos nas figuras além das labaredas e fumaça. Os céus escureciam lentamente e a atmosfera apagava rumo a um tom cinzento e mórbido. Um crack fez uma sensação gélida subir-lhe da sola do pé até a ponta da nuca. Íris desceu para baixo, pisara em um dos cadáveres. Sinto muito. Continuou a andar, parou a três braços de Antony. Mantenha a calma. Cerrou a mão mais firmemente no cabo do gládio para parar outra onda de tremor.

Primeiro, assegure Antony. Colocou energia mágica a descer de núcleo até pé e dali à solo. Earth, moldou em formato circular na terra. A primeira das bestas pulou por cima e outra por entre as chamas. Stephanie ergueu três paredes de lama, enrijecendo-as o quanto dava a frente e as laterais do mercador, cada uma com três metros de altura. Puxava ar duas vezes mais intensamente ao término disso. Lançou um fitar a carcaça do idoso, Evarildo, o mago licantropo que os acompanhara. Avisar os parentes, prestar condolências, sofrer por aquela morte... Não pudera salvar o velho depois de todas as fantasias sobre ser uma heroína. E não importava, porque o velho não importa... piscou com força, e quem importa? Seu pai? Você? Alguém?

Eu quero que importe.

Os lobos desceram à terra mole ao redor do lago, salivando e rosnando. Fediam a carne congelada. Eu quero que quando alguém precisar exista uma pessoa lá por ela. As íris eram de um amarelo brilhante, as garras de prata sujas de lama e o cheiro de sua raiva lentamente erguia-se para fora dos corpos.

Evarildo tinha contado sobre como seu filho, que tinha problemas para limpar a própria bunda na infância, conseguira conquistar uma elfa rica, antes da estrada até o lago ser difícil demais para que a percorresse e falasse ao mesmo tempo. O primeiro lobo da nova remessa cruzara o solo enlameado, esmagando a perna de um dos mortos pálidos, e saltou. Eu devia ter o salvo, eu devia ter estado lá por ele. A lâmina da vampira atravessou o olho da besta, enfiando-se até tocar o meio do cérebro. E estava, mas não o fiz. O monstro teve o crânio partido enquanto a espada era removida com um balanço para a esquerda, a portadora saindo do caminho do cadáver meio momento a seguir. Como na minha casa, apenas vi acontecer.

Eu não quero que seja indiferente.

Deu um passo à frente, o pé deslizou a fazendo chocar os dentes de cima com os de baixo. O segundo lote a alcançou. Cinco manchas lupinas. Praguejou e pressionou as solas das botas na lama com força.

Eu quero que importe o bastante para que o próprio mundo se mova.

Agachou-se sob o salto do primeiro, cortando do pescoço à barriga da besta, descendo a lâmina diagonalmente na direção da que vinha pela esquerda imediatamente, partindo-lhe a face no meio. Choque percorreu-a súbito a partir do braço direito. Um lobo fechara a mandíbula no aço ali, com uma onda de pânico a atingindo vira mais seis se aproximando pela dianteira. Merda! Pôs a mana a girar formando uma palavra escrita de modo circular, ''fire'', fogo acendeu-se numa explosão contra a couraça da criatura, que não soltou. Outras chegaram, o aperto começava a rachar o metal. A mais próxima, a dois metros dela, voava com a bocarra aberta em sua direção.

Merda!

Passou a espada para o punho esquerdo, com uma velocidade impulsionada por desespero, e enfiou a lâmina no pescoço da besta que a mordia, foi solta.

Duas outras caíram no instante seguinte sobre a vampira, a derrubando, dentes fechando-se em seus trapézios, garras tentando trespassar a placa de peito enquanto Stephanie se debatia e... chutou o estômago da besta à esquerda, liberando o braço o suficiente para que enfiasse o aço na lateral de sua garganta, a empurrasse a carcaça morta com a bota para trás e alcançasse o olho da ainda viva com a lâmina, os próprios arderam sob os respingos de vida azul, a jogou para o lado, ergueu o tronco da lama, arfando ruidosa e freneticamente. Três outros vultos azuis a atiraram de volta ao lamaçal. Um agonizante arrepio a atravessou, areia molhada entrou pelas brechas do visor e o gosto da terra a tocou a boca, tossiu violentamente, engasgou, tossiu mais, não conseguia respirar, era pressionada para baixo, uma mandíbula fechou-se com sua cabeça no meio, o capacete gemeu enquanto lentamente começava a ceder, braços e pernas falhavam em se livrar das bestas lupinas sobre si, outras partes da armadura cediam espaço a presas, a lama era demasiada gélida... quando alcançou o único pedaço de si que não estava em pânico e o deixou criar uma explosão de fogo sem preocupação com guardar energia.

A margem do rio brilhou intensamente, a terra ao redor da vampira secou e teve fragmentos a voaram para todos os lados. As criaturas foram arrastadas por volta de três metros de distância, das quais três ficaram imóveis, escurecidas e deitadas no chão.

A armadura de Semiramis parecia um forno, a pele da vampira ardia intensamente e sua transpiração escapara em grande parte na forma de fumaça pelas entradas de ar do traje.

Se desespere só mais uma vez e vai estar morta. O chão ficara firme, se levantou, as criaturas estavam observando-a com cuidado ao invés de avançar... não desperdice essa oportunidade para controlar a respiração, acalme-se e foque. Vapor escapava de sua espada.

Recomeçou, as pálpebras de Stephanie se ergueram ao limite, os músculos enrijeceram até metade da capacidade total e os lobos azulados atacaram.

Esquivou, cortou, deu um passo para o lado, apunhalou, pulou sobre um, chutou outro antes de aterrissar, nariz, orelhas e olhos trabalhando a cento e dez por cento da capacidade, socou um lobo e enterrou dez centímetros de metal no seu peitoral antes de jogar sua carcaça sobre dois à direita, atingiu o queixo de um recém chegado com o joelho, passou sob o salto de um e pisou rapidamente para o lado para escapar da formação de um cerco por quatro deles, movendo-se o mais eficiente possível, dançando à centimetros de ser derrubada, mordida ou arranhada.

Não saberia dizer por quanto tempo aquilo continuou.

A lâmina quebrara em algum ponto, talhos surgiram no metal e teve o sangue a tocar o ar noturno, fora derrubada algumas outras vezes, mas reagido a tempo de não ficar presa nisso. A mente pairava vazia e os membros pareciam ocos. A boca aberta, de onde escapava vida líquida e saliva, puxava o oxigênio. Pedaços de ossos, carne e órgãos lupinos manchavam a armadura. Frios. A vampira liquefazendo sob o metal teria agradecido se se atravesse a parar e pensar a respeito.

O último matou com um pisão no crânio após o empurrar ao solo com uma porrada da espada quebrada. Agora encarava e se mantinha acima das pilhas de corpos, quase invisíveis sob o negrume noturno. Largou a arma quebrada, tirou a armadura e soltou uma longa lufada de vento pela boca, cuspiu sangue e baba, o corpo estremeceu.

Que dia é hoje? Não fazia ideia. Dia, ano ou, olhou para seu próprio torso, onde e porquê estava. Tinha os pés acima de corpos azulados e destruídos em diferentes níveis. Podia reconhecer as vísceras, cérebros, corações e pulmões. Existiam árvores à frente, o vento raspava a superfície da água e a pele da vampira. Frio.

Encarou a lua.

Qual era mesmo o meu nome? Os joelhos tocaram o assoalho de pedaços.

— Acabou? — uma voz bonita, vinda da sua retaguarda.

Stephanie Fearblood. Órfã. Covarde.

Baixou as pálpebras e a bunda tocou o chão. O esquecimento fora apenas uma brisa repentina. Que droga.

O ar fedia. Gelo, sangue, folhas, suor, terra, Antony, carne queimada.

— Vamos voltar — Stephanie, voz arrastada e rouca, e os olhos abriram. A testa tensionou. Por um momento... os lábios tremeram, não. Não era uma besta selvagem. Encarou as mãos. Vermelhas e com bolhas. As fechou.

Vivera em um castelo amplo, correra atrás de Tamamo, a raposa familiar de seu pai, por corredores e pontes. Lera livros e quisera vivenciar boa parte deles. Havia sorrido nas vezes em que acordou e seu pai se encontrava dormindo na cadeira ao lado da cama.

E todo resto.

Esquecer foi bom. Lágrimas desceram por seu rosto. Lembrar doía em demasia.

Antony a ajudou a se erguer. Adentraram a floresta. A direção do vento mudara, disse ao mercador que não sentia o odor de outros lobos. O licantropo soltou um riso fraco e brincou com o fato de que ela provavelmente matou todos pelo tanto que tinham na margem. Antes de sumir entre as árvores fitara o corpo de Evarildo. Apenas o braço erguido entre um amontoado de lobos mortos. Voltou a face a frente. Ele não veria seu neto crescer. Não iria mais pescar com seu filho. Nem cozinhar com a nora. Tinha morrido sob a minha guarda. Stephanie mordeu o canto do lábio, provou do próprio sangue, amargo, e marchou.

Retornaram correndo em baixo ritmo. Teve que ajudar Antony a levantar algumas vezes após tropeços. E pararam uma vez quando o mercador se engasgou com saliva. O coração da vampira pareceu prestes a morrer do tanto que comprimiu durante os segundos em que os soluços duraram. Não queria ficar sozinha.

''Seria melhor ser uma besta. Sem dor. Sem tristeza. Sangue, carne e paz. Paz até ser morta. Seria uma morte pacífica não importa o quão brutal'' um poema do conjunto ''observando a guerra''.

O corpo de Stephanie pesava, das pálpebras à ponta dos dedos. Saíram da vegetação quando a lua pairava próxima ao horizonte, a um espirro do amanhecer.

Queria um sonho sem sonhos, um sono duro e silencioso com o puro negro trazido pelo fechar dos olhos. Não precisava ser longo, bastava poder apagar sua cabeça. Pediu ao Vermelho... ou a quem quer que pudesse fazê-lo

Pisaram na sede de distribuição das missões, Antony entregou um relatório a guilda. Como um gesto de boa vontade, as atendentes os permitiram passar o pouco que restava da noite no saguão e usar o banheiro. Cederam também um pouco de sangue e pão duro. A vampira se aconchegou num canto e fechou os olhos após ter se limpado e bebido. As luzes da guilda, duas pedras de mana pequenas e lisas brilhando em tom amarelado e duas tochas, permaneciam acesas, mas a aquela altura a maioria dos aventureiros viam-se em estalagens.

Ou qualquer lugar que não ali. Algumas horas ainda devem preceder o fim do silêncio.

— Como você está, garota? — Antony, que deitava-se um metro ao lado dela, de costas.

Triste, cansada e sem esperança. Abriu os olhos e encarou a retaguarda dele. Magra, franzina, sem nada de especial sob a camisa marrom de botões e mangas largas que fora emprestada a ele. Stephanie ganhara uma calça preta de tecido grosso e uma camisa rubra de couro com abotoadura. Quentes. Confortáveis. Um pouco folgadas.

— Com sono. Não incomode — ela murmurou.

Ele deu uma risada de leve.

— Entendo, você é mais forte do que parece. — ele ergueu uma mão, tremia. — Eu estou me cagando de medo, poderia vomitar minhas tripas pelo tanto de bem que estão me fazendo agora. Pensei que do mesmo simples jeito que ele morreu... — Antony engoliu em seco. Ainda fede a terror. — Amanhã vou descobrir mais sobre esses lobos, sobre aqueles corpos... e escrever uma carta para os parentes de Evarildo.

Eu não sou forte, não consigo me importar o bastante com Evarildo... não consigo chorar por ele. Fechou os olhos. Só por mim, pelo que perdi... talvez quando meu pai morreu, não foi por sua morte que chorei... só por mim e por ter ficado só. Pequenos fios de água a foram das íris à bochechas. Os deixou ali e virou de costas pro mercador. Eu não sou tão... egoísta, não é?

Não deixou de ver o velho quando adormeceu, ele estava pendurado nas presas do lobo pela cabeça. Sangue o escorria da testa aos ombros, os olhos rumavam de um lado ao outro, a boca soltava gemidos de agonia e a fera, a fera era Stephanie com suas presas sugando o líquido carmim diretamente do cérebro dele. Um sujeito parecido com Evarildo, só que mais jovem, e uma elfa com um ponto negro abaixo da íris, e segurando um bebê, encaravam a cena. Bocas abertas, choro manchando as faces e com sobrancelhas tendo as pontas centrais erguidas. Os punhos deles pairavam fechados e trêmulos.

Acordou com um raio de sol tocando o chão a frente do rosto. Pôs-se sentada abruptamente, a respiração se tornando rapidamente agitada. O que estava fazendo mesmo, o que queria fazer? Uma brisa entrou e balançou-lhe os fios dourados. Fria. Por que viera a aquela vila? Fitou Antony por sobre o ombro. O mercador bocejou, estendeu os braços, esticou o tronco e tentou tocar a ponta dos pés três vezes e por dez segundos, depois se ergueu.

Eu não preciso dele. Eu não preciso daqui. Eu preciso... salvar o mundo, ir à cidade de Semiramis. Tirou mechas de cabelo da frente do rosto, esfregou baba e remela para fora da face.

Antony a encarou e apontou o balcão. Stephanie semicerrou os olhos, quê? O mercador suspirou e foi até as atendentes. Ah.

— Os lobos azuis, o que se sabe sobre eles? - Antony, para a moça na recepção. Ela tinha orelhas felinas no topo da cabeça e íris de gato. As pálpebras pairavam semi levantadas, o lábio reto e com as pontas ligeiramente voltadas para baixo. Os olhos da funcionária da guilda fechavam-se e assim demoravam alguns segundos antes de abrir devagar. O sangue dela era bombeado lentamente e marcado por resquícios de álcool. Bebidas até tarde ontem, Stephanie supôs.

A atendente tinha ambos os braços dobrados e apoiados na bancada. O colete fechado e marcado pelas protuberâncias do peitos. Mesmo tamanho que... olhou para os próprios, testa tencionou um pouco, não, um tanto maiores.

— São feras demoníacas territoriais que acabaram se instalando na floresta próxima daqui... - a licantropa atendente bocejou. - Têm pelagem azul e são violentaaaaasss... - o queixo acertou a madeira e ela ergueu-se num salto e encarou da esquerda a direita, a cauda longa subiu balançando no ritmo oposto. Suas colegas riram e o mercador apenas observou em silêncio. - Ah, sim, é... continuando - recompôs-se largando a mesa e dobrando os braços atrás das costas. - No geral a consideramos igual a qualquer outro demônio não sapiente. Recomendamos que tomem cuidado e só... nyaaammm.. as busquem em grupo. Apesar de elas serem categorizadas como rank sete, dificilmente andam sós e isso por si já aumenta bastante seu nível de ameaça.... nyaamm... ééééé.... Ah! Já foram feitos relatos de alcateias enormes com número estimado em vinte membros!

Ele balançou a cabeça de cima para baixo lenta e curtamente.

— Entendo, e quanto a desaparecidos? Deve ter relatórios sobre eles.

A moça olhou para uma das outras mulheres que serviam de atendentes que, então, ergueu-se e tomou o lugar dela. Essa é feia, com verruga sobre o lábio e composição larga. Falava alto e firme. Mantinha postura ereta e um sorriso na face tomada por uma curta pelagem marrom. Tinha pequenas orelhas de cervo a despontar de sua cabeça.

Licantropos costumavam ser só um monte de lobos humanoides, mas então escravidão e estupros deram luz a um monte de variações. Gatos, raposas, cervos e tantos outros.

— Até agora são vinte desaparecidos nativos da vila e dez aventureiros, provavelmente mortos por lobos. Alguns dos que retornaram da floresta dizem ter visto as feras carregando alguns cadáveres. Mas ninguém confirmou de quem ou pegou uma das missões de procura-se e voltou... - ela deu um olhar de relance a uma dupla de frente ao mural de missões. Duas elfas negras que haviam entrado há pouco no local. - Com notícias. Eram em maioria rank 7 e seis, mas mesmo assim nenhum deles ter voltado ainda é muito estranho, senhor. Tome cuidado.

A recepcionista moveu as íris rumo às elfas. Stephanie seguiu o fitar até elas. Magras, sob um couro negro rente a pele que cobria de tronco a pernas, alças com facas de arremesso pendiam pelo traje e um cinto com mochilas e uma espada cur...

— Stephanie Fearblood, venha conosco - as três atendentes, em uníssono. E na rua outras vozes disseram o mesmo, um arrepio a pôs completamente desperta e logo a se levantar. As atendentes pularam por cima do balcão, a porta da guilda se abriu e dois homens a atravessaram.

Eles fediam a carne congelada. 

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