Capítulo 2° - Terrivelmente silencioso
Stephanie Fearblood, vampira
''Eu quero gritar até meus pulmões murcharem e caírem como folhas secas no outono. Quero que alguém me abrace e quero chorar, agachada no chão e agarrando minhas canelas, até o inverno findar. Quero que o verão chegue sob profecias de final feliz e que na primavera os vaticínios se cumpram'', um poema, Stephanie não recordava de quem, a veio a mente sob o som de passadas contra pedra lisa.
''E que, nas carcaças mortas do que odiei, a dor se perca para nunca voltar''.
Eram três, dividiam um cavalo, dois saltaram do animal e o que nele permaneceu fincou a ponta do estandarte no solo. Possuíam íris azuladas e orelhas longas. O mais alto, que andou até a estrada de pedra e rumo a carruagem, vestia cota de malha alva e um cinto carregando espada embainhada. O outro, de pé, e ao lado do montado, tinha pesada barba amarela e trajava armadura de couro tingido de branco sobre roupas azuis. Fediam a suor, mato e o doce sangue élfico.
E que, nas carcaças mortas do que odiei, a dor se perca para nunca voltar. O alcançou, o alto na estrada, os olhos azuis a encontraram e semicerraram milímetro a milímetro. As mãos dele sobre os quadris, um sorriso curto no semblante, um braço de distância de Stephanie, quando o aço dela mordeu bainha a fora. Ele recuou, a ponta aguçada da arma dando-lhe o mais tênue dos beijos na garganta e indo num arco acima seguido de um fio de sangue.
Os pés de Stephanie firmaram-se no chão, o braço que levara a lâmina acima pronto para descer, e dessa vez fazer o ar inundado com o fedor da vida desse monstro.
Quase podia voltar a ver os relances daquele dia, não olhei diretamente, só de soslaio, não tinha parado de correr ou chorar para ter uma boa vista da coisa. O ar pairava tingido pela sinfonia de gritos e lamentos. Fedia. Medo, mijo, transpiração, fumaça e fezes. Vira uma lança atravessar dois, um homem e uma criança, e sair com a ponta rubra enrolada em tripas e cérebro. Casas explodiam sob o efeito de raios e fogo, pedaços da muralha despencavam céu abaixo numa balbúrdia ensurdecedora.
Uma flecha raspou a dianteira do elmo com um ruído breve e agudo. E Stephanie parou, na estrada de Roma e agora. Gotas de suor frio a desceram a partir da têmpora. Os outros dois elfos estavam a seis passos de distância sobre a grama, o montado carregava um arco e tinha sua próxima flecha pronta, a carruagem de Antony rangia quarenta passos atrás e vindo até ali. No espaço longo sob os céus com escassas nuvens, um silêncio sepulcral de vento, rodas e cascos encontrando pedra.
— É uma vampira, não é? - o elfo alto, fitando-a, pondo espada bainha a fora. Então riso, cabeça pendeu para trás e cima por meio momento. A mão esquerda fez um gesto de ''não interfiram'' para os companheiros e depois limpou o fio rubro na garganta. - Claro que é, desculpe minha pergunta boba. Que outro motivo teria para me atacar? Venha.
O odor da energia mágica condensou ao redor do corpo élfico. Fios do amarelado cabelo dele agitaram-se tenuamente. Regular, sobre a forma como o cheiro fluia pelo sujeito. Mana, a energia mágica, é uma força controlada pela mente. Manter o fluxo dela uniforme, quando emoções a fazem expandir ou retrair, significa ser capaz de ampliar a força e defesa específica e rapidamente onde é mais necessário. ''Precisão vence poder bruto quatro de cinco vezes'' seu pai costumava dizer. A minha, agora... corre para o ar em uma esfera espinhosa, comprime de volta ao centro do peito e volta a agitar-se do lado de fora.
O elfo era trinta centímetros mais alto, ao menos trinta quilos mais pesado. Postura levemente agachada, olhos fixos nela e o sorriso imovel. ''Terminaria o serviço, mandaria mais um vampiro ao túmulo'' seu corpo parecia dizer, um longo arrepio com a ideia foi gélido cabeça à ponta do pé de Stephanie. Respirou. Forçou a aura a ficar quieta e rente a pele. Como o mar, plano e liso...
Ondas, indo de cima a baixo. Observada pelos companheiros do elfo, pelo mercador descendo da carruagem e abrindo a boca, diante de alguém que entrara em sua cidade, matara seu povo, a fizera fugir chorando, findara para sempre sua casa, a pusera a correr em uma floresta repleta de lobos...
E matara seu pai. Sim, no meio de um sem fim de cadáveres, aos pedaços, com um rombo ou a cabeça separada do corpo, Jaime Fearblood estava... água subiu aos olhos, presas dilataram e mancharam os lábios de sangue.
Então secou, coração, lágrimas, dor... morreu qualquer coisa que tinha dentro de si.
Mate-o, em tom frio, enrijecendo-lhe os punhos, colocando a mana a tremeluzir em violentos espinhos. Tinha a lâmina da arma riscada e os pés firmes nos tijolos. Rasgue-o do ombro à virilha. Suor gélido tocava-lhe a pele, o semblante era um retrato de tigre fitando a caça. Um coelho saiu de uma pequena gruta no solo e correu para a floresta. Uma veia marcava a têmpora esquerda da vampira.
Acerte-o até que vire uma massa disforme de carne.
Uma águia desceu e agarrou o animal na metade do percurso aos pinheiros. Ele guinchou, alto e agudo. Stephanie avançou. Espada subiu, o elfo recuou um passo, lâmina da vampira passou a meio centímetro do nariz longo dele, e uma estocada veio em resposta. Da posição ao lado da coxa do homem até o elmo de Stephanie.
Vira centenas de borrões quando fugia do exército de Sangue Branco. Silhuetas turvadas por umidade que cortavam e explodiam pessoas.
O metal envolvendo a cabeça da vampira ressoou sob a pancada e foi para trás. O ouvido zumbiu como se um sino de igreja houvesse sido tocado a sua direita. Então ela agachou e recuou, escapando do descer em arco da arma élfica que retornava da estocada.
Mulheres e crianças pediram misericórdia e tiveram a cabeça partida ao meio.
Passo a frente e movimento horizontal de sua arma. A lâmina dele regressara rápido, espadas encontraram-se no caminho as costelas élficas, empurraram uma a outra, braços e pernas tencionaram, gladio e gladio mais fino fincados imóveis na tentativa de avanço. Separaram, olhar rubro de Stephanie e cobalto do elfo grudados um no outro, o aço tornou a chocar-se.
Arranque fora esse coração dele, um genocida certamente não tem uso para um.
Deslizar da lâmina por lateral de lâmina, encontrar de fio contra fio, de ponta a parte chata, raspar do metal em cota de malha a raspar em armadura. Suor, mais e mais. Expirar e inspirar, mais e mais alto. Movimentando-se, correndo do piso da estrada a grama e areia marrom laterais. Faíscas dançavam ar acima, por momentos mana feita densa a ponto da visibilidade. Azul.
Isso não é bom...
Cortou um pedaço do cabelo em rabo de cavalo dele. Umidade punha a brilhar a face do soldado.
Ele está mantendo o ritmo.
A espada élfica riscou-lhe a manopla esquerda quase a tirando do cabo da sua arma.
Pisou para direita e frente, o aço inimigo passando perto do seu pescoço, e a mão lançou a própria arma em uma estocada na direção do rosto élfico. Traço de sangue tocou o nariz do soldado, superficial e a resposta, um giro com balanço de espada, tirando-o de potencial tornar mais fundo da ferida e enviando a lâmina a traseira da nuca de Stephanie. Impacto ruidoso. O mundo apagou por meio momento e logo... dois passos adiante sob o impulso, tronco dobrado para frente e braços balançando as laterais, rosto sob elmo atingiu chão e apoiou corpo que girou no ar numa cambalhota. Costas acertaram grama. Saliva voou, tossidos escaparam.
Cof, cof. Nariz sugou ar, barriga enrijeceu, bíceps fizeram força contra chão, a giraram e... bota élfica. Pesada e rígida, contra seu capacete de metal, lançando-a para trás com um golpe violento. A retaguarda aplanou um montinho de terra ao despencar, Stephanie gemeu e tossiu e teve o fedor adocicado de um girassol à esquerda do ombro a entrar pela narina com esquisito vigor.
— Não parece uma ameaça para mim — ofegante. — Que grande vantagem tem esses vampiros além de serem bons em cheirar? - o elfo, andando com a espada balançando ao lado da perna, fitar semicerrado e fixo na vampira, os lábios torcidos em um sorriso. - Deixar eles continuarem com sua venda de minérios, manufatura de vestimentas e enxadas, como iriam ser um problema? Vendendo roupas com pulgas? Pás enferrujadas? Pedras pintadas de amarelo? Atacá-los foi uma ideia idiota, isso para não dizer de um racismo grotesco. E forçar idiotas como eu a participar foi de uma babaquisse...
— Cala boca, Egeu, se você morrer, aí sim é o fim da sua loja - o elfo de armadura de couro branca, ao lado da estrada, o da barba cheia, camisa de mangas longas, em pé à direita do montando num garanhão alvo. - Foca nisso aí, a garota tem fácil o dobro da sua quantidade de mana! E digo mais! Depois que fez meu cavalo morrer juro que não me importo em deixar seu cadáver pros corvos!
O elfo, resmungando uma ofensa leve contra seu companheiro, pôs-se a um passo da garota, ergueu espada e, com os olhos esbugalhados para longe do quase fechar por conta dessa visão, ela rolou para o lado, aço élfico abrindo um rombo onde estivera e sendo erguido de novo, Stephanie atirou-se para esquerda, braços a empurraram o tronco acima, a lâmina inimiga passando a milímetro de sua dianteira, saltou para trás velozmente, pondo-se de pé com a força dos pés e canelas, seguida pelo movimento horizontal da arma do elfo que a arranhou a placa de peito soltando faíscas. Colocou a espada entre si e o inimigo, o peitoral contraindo e expandido sob o respirar. Ele girou a espada e assobiou. Elfo deu um curtíssimo passo à frente e direita, a vampira o fez adiante e esquerda. Stephanie atacou com um corte em meia lua, o inimigo recuou apenas o suficiente para escapar daquilo e avançou na direção dela lançando um contragolpe que foi aparado pela parte chata da espada. A mão da garota foi arremessada para o flanco pelo impacto, dedos folgaram o segurar no cabo e a arma deslizou por meio momento antes do aperto retornar e... joelho. Rápido, acertando sua costela protegida por metal, mandando-a mais para o meio da trilha de pedra e trás.
Antony gritava algo. ''Parem, vamos conversar, ela está comigo, ei!'' e coisas do gênero aos quais a vampira não deu mais um segundo de atenção. Por meio instante, tinha pensado em ouvir, mas estava cambaleando para esquerda, íris buscando de soslaio o inimigo e braço reunindo tensão para atacar. Impacto. Na área do elmo sobre a testa, a visão turvou, mandando-a numa cambalhota sobre o chão, de novo. Barriga atingiu os tijolos. Doí... doí. O gosto da baba mesclava com o do próprio sangue. Levante, fungou, levante, engoliu um gemido choroso, por favor. Os braços, trêmulos, empurraram a pedra da estrada. Antony corria para ali, a boca movendo-se e os punhos abanando sobre o ar.
Então será capturada, será uma obediente peçazinha no jogo dessas pessoas... desses assassinos?
Piscou e piscou, punho fechando sobre o solo e entorno de espada. Pernas deitadas na pedra. Começou a deslizá-las acima. Os homens e as rochas e a grama e as árvores e o dia ganhavam de volta traços definidos, devagar. As palavras trocadas entre os sujeitos à frente tomavam o espaço do zunido nos ouvidos. O elfo alto parou para escutar o mercador... levante.
Stephanie ficou sobre os joelhos. A frente uma trilha de pedra, tocada por manhã e dividindo dois tapetes de grama e terra. A esquerda a floresta, a direita longos campos abertos. Os ventos eram de um frio tênue.
Use o nível dois ou morra... olhava os dois homens, os odores de carne, o sangue doce de elfo, um tanto de amargo vindo do licantropo mestiço e dos animais. Os de terra, mato, fezes, um girassol, suor, miríade de perfumes na carruagem, maçãs, pães e carne seca e queijo duro e...
Baixou as pálpebras, forçou a respiração a ir devagar.
Está tudo no controle, no guiar gentil, mas firme.
Colocou a energia mágica como um invólucro de superfície lisa. O primeiro passo, sem pressa. Passava uma sensação de frescor agradável. Sem dor ou passado ou futuro. Foque na energia. Você sabe que podia ter vencido. A mente estivera em matar, matar... rasgar. Tivesse tido o bom senso de esfriar a cabeça, o teria feito. Soltou o ar pela boca. Fogo em cima e corte na barriga. Gelo na espada dele quando se aproximava... ou terra subindo no entorno dos pés. Ergueu as pálpebras. O nariz do elfo pairava despido do corte que fizera nele, assim como o na garganta, o de roupas largas o curou? Certamente parecia um mago. E a fitava enquanto Antony soltava palavras. O próprio tinha se curado? Não importa, não muda muita coisa.
Segundo passo. Pôs as partículas de mana a penetrar os espaços entre as fibras musculares, expandindo e tensionando-as, sob a ameaça dolorosa, enviada por agudos gritos nervos a cérebro, de estourar. Um e seis e treze segundos. Relaxou um pouco e contornou com mana externamente. Ótimo. Apoiou a primeira bota no solo. Agora vença. O nível dois se tratava de expandir limites físicos. O um era nascer, o três era entender por completo e ampliar o alcance dos seis sentidos.
Pôs-se de pé abaixo de céus e acima de terra, a esquerda de floresta e direita de campo aberto. Balançou a espada sul a norte e leste a oeste. Girou o ombro que a segurava, deu três curtos pulos na ponta das botas. Egeu empurrou Antony que caiu de bunda nos tijolos da estrada, o elfo caminhou rumo à vampira.
Dois anos, o tempo para Stephanie entender como realizar o processo do nível dois e então mais um e meio até ser capaz de fazê-lo sem sofrer com hematomas.
A vampira pôs passos rumo ao homem. Os ventos pairavam frescos, o sol a pouco espaço percorrido de anunciar o meio dia e as botas de aço faziam ruído ao encontrar pedra. Os olhos do elfo semiceraram.
Níveis eram conhecimento que os nobres reservavam a si e aos guerreiros mais promissores que acolhiam a seu serviço. Os governantes das cinco grandes cidades faziam o mesmo e repassavam apenas aos seus militares de alta patente.
O nariz e testa do elfo tensionaram. Ele via com aqueles olhos azulados o fluxo de energia mágica da vampira, era regular agora e parte dele estava fundido à carne. Egeu não era nem um nobre nem de alta patente. É um plebeu e um soldado de baixa importância por mais talentoso que possa ser. Era o que as vestes, estar em um grupo de busca por sobreviventes(supôs por conta de estar em pequeno número e terem saído da floresta, provavelmente haviam outros trios como o dele espalhados dali ao sul) e a expressão diante dela no momento a faziam crer.
Aço élfico subiu. Tinham chegado a dois braços do homem um do outro, a lâmina veio num borrão réptil de estar ao lado da coxa do sujeito à face da vampira. Stephanie pendeu a cabeça para esquerda, espada élfica raspou-lhe lateral do elmo, faíscas subiram sob o som agudo do arranhar metálico, pé da vampira pisou adiante e a arma dela foi girada horizontalmente. Barulho de carne e cota de malha atravessadas por aço, então piscar e esbugalhar de olhos azuis. Acabou. Uma nota de requiem soou como um soluço e cuspir de sangue.
É... pesado. O elfo caindo, a espada molhada de vida deixando a anca de Egeu, as mãos dele perdendo a força, o gladio despencando e ressoando contra a pedra. O soldado rumou ao solo quietamente, olhar cobalto perdido nela. Mas também é nada...
Um homem... Egeu que tinha uma loja com a qual se preocupava, que fez o companheiro perder o cavalo e que não acreditava que os vampiros eram uma ameaça. E está morto... e isso não... onde estão os choros? As chuvas, as tempestades revoltadas? Os pássaros com piados melancólicos?
Uma pessoa, Egeu, acabou de morrer! Eu o matei. Por que é tão quieto? Você sabe. Os lábios agitaram um tenso subir e descer. Ele não importa, ninguém importa, nem você. Vidas vem e vão o tempo todo. A distância foi comida por um impulso, a sua arma balançou da esquerda a direita e... atravessou cota de malha, couro, carne e osso do quadril e estômago élfico. Deixando-o a um fiapo de fibra de estar ao meio. Matando-o. E quanta importância você diria que isso teve? Você ou ele, que diferença fez quem saiu vivo?
Os companheiros do elfo soltaram palavras. As patas do cavalo pisaram para cá e para lá. Não, ainda não era o bastante. Nem o caos sonoro na Cruz do Primeiro para aqueles lá mortos. E não há tempo para refletir ou um ''porque'', ele era seu inimigo, um monstro genocida e fazia parte do exército que matou seu pai... fechou os olhos por meio segundo. Era silencioso em demasia.
Uma indiferença de partir o coração.
Se pôs em movimento. Armadura melada de vida vermelha e inebriante. Ele pairava à esquerda da área calçada, o elfo sob traje de mangas longas e barba farta. A fragrância da energia mágica do sujeito descendo, entrando pelos poros do solo e estendendo-se como raízes. Um metro, dois metros, três e quatro. O menor, montado em garanhão, colocava a besta equina para recuar enquanto preparava o arco. Alvo osso, corda fina e quase invisível.
O mercador ainda falava... alguma bobagem sobre a insanidade daquilo.
Flecha voou, um amontoado de terra subiu sob as botas dela. E a vampira deixara a posição, que foi erguida por energia mágica e atingida por ponta de aço atada em um cabo. O projétil partiu a rocha levantada por magia, pousando na estrada de tijolos. De novo, mais uma e essa vez, o mirar, lançar e errar ao tê-la mudando de local. No campo coberto por grama, na areia marrom e nos tijolos de uma claridade quase alva.
Os rostos élficos pairavam tensos, suor frio os deslizando da têmpora ao queixo e medo começando marcar o odor de suas correntes sanguíneas, as íris cobaltas correndo para manter a vampira à vista, tentando lançá-la acima com uma súbita erupção de terra, acertar uma flecha e... a criatura que se alimenta de sangue estava com a viseira prateada de seu elmo a frente do rosto marcado por barba. Pomo de adão do homem subiu e desceu, os olhos esbugalharam. Uma flecha veio, uma esperança diagonal até a têmpora esquerda da vampira. Foi agarrada, partida e deixada cair. O mago começou a mover a terra e... fim. Um silêncio absurdo, um breu infindável, uma falta de contato físico inimaginável...
Ou talvez um barqueiro o levando ao submundo, um paraíso pálido cheio de prazeres, quem sabe o ressurgir como um bebê rosado em algum lugar...
Ei, como é aí? Vampira para a cabeça que arrancou, dedos enterrados na lateral do crânio élfico. Um e dois e três jatos de sangue foram pescoço dele acima, desceram em um chover rubro sobre ela. Abaixou, uma flecha passou assobiando pelo topo do elmo. Fedendo a eletricidade. os olhos de Stephanie abriram ao limite, isso é... pés saltaram na direção contrária, três e cinco e sete passadas... booom! A flecha explodiu, quente, barulhenta, mais e mais à direita. Olhou. A carruagem. O mercador gritou. Os animais que puxavam o veículo morreram antes de poder imitá-lo. Estilhaços de madeira e ferro voaram, chamas subiram e fumaça tomou a dianteira logo depois.
Fitou Antony por meio momento, das lágrimas no rosto ao derramar boca a fora de gemidos chorosos e pragas. Então girou, cabeça decepada do mago erguida a altura da própria, o arqueiro sobre cavalo estava na metade do caminho entre floresta e estrada. Outra flecha sendo preparada.
Arremessou. O projétil recém morto cruzou o ar como um raio. Um piscar do último soldado élfico e o crânio já havia passado rente ao rosto da montaria, já havia melado-o com espinar de sangue e o desprender de lascas de pele e carne. Devagar, o arqueiro teve a boca a abrir. Pouco, média e largamente. Olhos esbugalharam e umedeceram. Um grito, mas sem som. O traje alvo, as luvas de couro alvas, os cabelos amarelados cortados curtos, o fedor de tristeza percorreu as centenas de passadas sobre grama e terra que o separavam do nariz de Stephanie.
A cabeça lançada pela vampira explodiu contra uma árvore e esta partiu, caindo na grama. Sangue, carne e fragmentos de ossos mancharam pinheiros próximos, um esquilo soltou uma exclamação aguda e pulou para árvores mais a fundo na floresta.
O cavalo piscou, cheirou e relinchou, suas patas dianteiras indo de um lado ao outro agitadamente. Seu montador fechou a boca, puxou as correias, dois e quatro segundos antes de o ter quieto.
Você errou e o alvo era bem grande se considerarmos o animal.
Rubro e azul de íris encontraram o fitar um do outro.
Ei, está parada, se mova...
Os pés da vampira continuaram presos ao chão. As pálpebras do elfo pressionaram os olhos e tristeza úmida desceu-o indo da bochecha até o queixo, de lá para o solo.
Ei.
As duas fileiras de dentes do sujeito ficaram à mostra, pressionando uma a outra, sendo cobertas e descobertas por lábios trêmulos.
Não, não me diga que...
O rosto do arqueiro pendeu pra baixo e soluços o escaparam. Ele era pequeno, franzino e não tinha barba ou sinais de barba.
Ele matou seu pai... no mínimo fazia parte do grupo que o matou.
O elfo gritou. ''Monstro'', choro, gemido, ''monstro'', choro e soluço.
Stephanie Fearblood o assistiu dar meia volta com o cavalo e sumir por entre as árvores.
Treze... quatorze anos?
Virou a face ao chão. Estava quente, o sol atingindo-lhe a armadura coberta de vida, Antony ainda chorava e a carruagem queimava.
Quem se importa? Vinte, trinta, quarenta anos... vai ser morta do mesmo modo quando ele trouxer reforços.
Deu as costas à floresta.
— Por que?! Aquele merda...! - foi encontrar Antony ajoelhado ao lado dos restos da carruagem e dos animais que a puxavam. Boina na mão esquerda, a orelha de bode voltou-se para a lateral sob o aproximar da vampira. - Devia ter o matado...!
Silêncio e observar. Tocada por calor de resquícios de chamas, nariz enrugando sob o odor da fumaça e o estômago roncando abaixo do cheiro de sangue. Então a bolsa, o livro, a profecia que levaria aos governantes da cidade Semiramis. Estava no veículo. O coração acelerou as batidas, pálpebras subiram ao limite e os pés a levaram a frente. A esqueci completamente. Agachou perto de um emaranhado de tábuas, ao lado pedaços parcialmente queimados de carne. Cavou, nada por baixo, foi mais para a direita, tirou uma tábua de madeira enegrecida dali e encontrou um vislumbre de couro marrom, removeu os entulhos empilhados em cima rapidamente. Ergueu para fora dali a mochila. O material da superfície estava puído. Mas inteira... como...? Livro mágico. Abriu a bolsa, o revirou, ele estava intacto. Apertou a mochila contra a placa de peito. Suspirou. Olhou para trás de soslaio, agora e quanto a ele?
Não podia dizer que escutara tudo que o mercador disse, mas intervira por ela diante dos elfos. E deixou o livro na carruagem ao invés de tentar negociar sua recompensa. Se ao menos houvesse o mencionado, os outros dois teriam ido checar no veículo, o que significa mais confiavelmente que não tentou o vender. E? Deixá-lo com seu corpo franzino e bens perdidos a dias da cidade mais próxima? Alguém que aparentemente a ajudou genuinamente e planejava continuar a fazê-lo? Ele viraria uma carcaça, por fome ou lobos ou outra fera qualquer, e seria devorada pelo primeiro carnívoro a passar, silenciosa e indiferentemente. Por que não importa, o estômago da vampira pareceu ficar oco e tomado por frio, assim como você, como Egeu, o mago e as pessoas na sua cidade. Virou-se, Antony estava com ambos os joelhos tocando o chão e o encarar rumo à pedra. Stephanie pôs um passo a frente e mais um. O observando de cima, abriu a boca, fechou, os punhos cerraram. O que diria? Qual era o plano?
Fumaça tocava o ar e ligeiras chamas dançavam nos restos da carruagem. O odor do sangue élfico punha saliva na boca dela, o olhar a descer sobre os corpos ainda quentes dos soldados de Sangue Branco. Desceu as pálpebras com força, não beberei, voltou a atenção ao mercador.
Livros, lera tantos. Centenas com situações parecidas a aquela e ainda assim... cerrou os punhos. Cada minuto que passa mais perto o pirralho elfo está de trazer reforços, mordeu o lábio, um passo a levando mais perto dele, a um semi-estender de braço de tocá-lo. Sessenta quilômetros por hora, a velocidade de um cavalo bom. A Cruz do Primeiro estava fora de vista. A área de ponta a ponta da Floresta dos Uivos leva seis dias para ser cruzada a pé(numa corrida veloz e ininterrupta), estava a um da extremidade norte... tinha dois dias e meio antes do elfo voltar com companhia do sul? Poderia haver outros grupos mais próximos fazendo buscas, o exército pode estar marchando de volta ao norte... te daria um dia, sendo otimista como um elfo que parou pra conversar enquanto um vampiro se recompunha. Encarou o cabelo ralo do mercador.
— Não há tempo para ficar parado. De pé - pôs a voz austera, embora tenha saído meio apressada no regurgito de palavras similares às que o general Magnus de ''A História da Guerra Separatista'' usara pouco antes da tomada do palácio de Dédalo. Ele morreu em batalha não muito depois, recordou com um gosto amargo na boca.
Antony riu, uma risada breve e seca.
— Que criança forte, não é...!? - o tom tomou um contorno tenso e alto, as íris escuras voltaram-se a Fearblood. Sobrancelhas apertando olhos úmidos, dedos enterrando-se nas coxas. - Qual o seu problema?! Matou dois homens...! Para nada já que deixou alguém sair para avisar sobre você, droga! Podíamos ter resolvido aquilo com uma conversa e algumas moedas! Não aprendeu nada sobre pensar nessas escolas da nobreza, merda?! Acha que todo mundo pode se dar ao luxo de perder carruagens cheias de mercadoria?! Vai se...!
Os punhos dele foram ao ar, cabeça pendeu rumo a pedra lisa da estrada. Respirar, fundo, lento e pesado. Sol tornando o couro da nuca visível em meio aos escassos fios amarronzados. O fedor de medo e raiva e tristeza pairavam mesclados ao sangue dele.
É culpa sua. A boca de Stephanie bambeou, rosto virou à esquerda. Uma idiota que age por impulso. Ele, o Egeu que morrera seguido de um estranho silêncio, tinha começado a ouvir o mercador. Mas você precisava o confrontar, continuar sua briga. Fungou. Eram elfos do exército de Sangue Branco, invadiram e mataram pessoas. Vingança, é isso? Acaba de condenar o sujeito que tratou suas feridas e de permitir a um inimigo escapar, sendo que isso trará mais elfos ao seu rastro para... trazer os mortos de volta? Reconstruir sua cidade? Orgulhar seu papai? Os assassinados continuavam em suas valas. A cidade era certamente tão ruína quanto uma hora atrás. Seu pai dizia que razão alguma torna o homicídio louvável.
Lágrimas serpentearam por suas bochechas. Quentes. O vento a atravessou, subitamente a encarnação do inverno, pondo-a um tremor. A boca abriu-se, mas o quê diria? Que o mercador não devia culpá-la pelas suas perdas? Que não podia erguer a voz a pessoa que o prejudicou? O olhar da vampira voltou para os espaços entre as pedras que pavimentam a estrada, os pés moveram-se. Um passo, dois e três. Para trás. Me odeia. Quem poderia tirar dele a razão por fazê-lo? A cintura começou a girar para a esquerda, a perna direita tirava o calcanhar do chão, não levaria muito tempo para perdê-lo de vista se corresse.
O silêncio foi posto de lado antes de começar a se afastar.
— Desculpe - o mercador, com punhos fechados e os fios tenues na cabeça balançando sob o vento. - Acabei sendo um idiota, aqueles augorentos eram amigos de longa data... Eu a acompanho. Tem uma vila a leste, dois dias, mais ou menos, daqui. Vamos pegar mantimentos lá e descer.
Stephanie Fearblood o seguiu.
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