Capítulo 18.5° - Em uma tarde de Ju
Jormungand Ouroboros, oni
O conhecera em uma tarde de Ju, o primeiro dia da semana, que seria de Odin alcunhado se ela ainda estivesse sobre a grama esbranquiçada, fitando o muro negro com borda superior de madeira e ouvindo as crianças, primos e primas e irmãs, brincando de futebol ao som da brisa fresca. Estaria com um caderno na mão, desenhando após esfregar para fora do rosto as lágrimas que desceram depois de Dagmar dizer que era pequena demais e se machucaria brincando com os outros. Teria feito metade do rosto do pai, um queixo levemente pontiagudo, bochechas redondas, um nariz de porte mediano e as mechas do cabelo cor de breu que o caiam até metade do pescoço.
Oh, isso... faz uma vida. As ruas aqui e agora eram iluminadas pela manhã. Uma figura pairava na janela da hospedaria com dois andares, a fitando com olhos rubro alaranjados.
— Ícaro está? — a oni.
A mulher virou-se e andou para dentro do cômodo. E o demônio estava de pé as costas dela antes que desse dois passos.
— Suponho que ele esteve.
As roupas no cesto ao pé da cama tinham o brasão de Sangue Branco. O fedor de porra e suor pairavam no ar.
— Onde no presente momento?
A licantropa com orelhas de raposa riu, virou a cabeça ao lado e encarou a oni de soslaio.
— Sério?
O demônio sorriu.
— É aconselhável responder enquanto estou usando de gentis palavras. Minha próxima abordagem será melancolicamente despida disso.
Camila andou até a cama, girou e sentou no colchão. Os dedos dela enrolaram-se no cabo de uma taça e a puxou rumo aos lábios. Bebeu.
— Eu não vou te contar nada que não possa descobrir por si mesma — a licantropa.
Ícaro esteve ali. Eles foderam... ou um deles com outro alguém. Ele ainda está aqui? A oni fez a energia mágica expandir para encobrir a área por um instante e depois a contraiu. Não há elfos nesse prédio. Roupas do exercito élfico, vestigios de sexo... o quarto ainda não foi limpo. O demônio fechou os olhos. Muito bem, o orelhudo saiu, se a pirralha disse que estava aqui, ao menos a partida ocorreu após a noite de ontem considerado o tempo de viagem dela.
Se partiu pela manhã e a vampira foi capturada a noite no mercado cultural...
Soltou o ar pela boca. O infeliz poderia ter ido a área um, talvez a área três ou a onze. Ou tenha sido mais cuidadoso e no momento se dirija para encontrar com os seus zumbis na vinte. As pálpebras do demônio subiram.
Se aproximou e agarrou a garganta de Camila no intervalo de um piscar. As íris púrpuras encontraram as alaranjadas.
— Eu tenho um sério mal jeito com pescoços, eles costumam ser bastante frágeis sob minhas mãos.
— Então não deveria segurá-los — a licantropa, o semblante relaxado. A oni riu curta e brevemente.
— De fato — inclinou-se para esquerda e frente, a boca pairou a centímetros da orelha de raposa. — Que tal nos fazer um favor e pôr para fora desses belos lábios o que eu quero saber?
— Ícaro esteve aqui.
— Admiro sua honestidade, mas tenho pouco amor pelo óbvio.
— Nós fodemos.
O aperto aumentou, os dedos afundaram na carne quente e macia do pescoço da mulher. O sangue era bombeado com vigor pelas veias. A licantropa engoliu em seco e o demônio a mordeu a orelha firme e com pouca força.
— Ele saiu — Camila, por entre dentes, abriu a boca para puxar ar, a mão da oni fechara um tanto além e as presas pressionaram-lhe a orelha com maior intensidade. — Foi encontrar a vampira.
— Onde? - o demônio em um sussurro que fedia a violetas e álcool.
— Àrea três — um grito, vindo da rua.
A oni soltou Camila que tossiu e teve as mãos a irem à garganta. A cabeça do demônio virou para o lado e de esguelha o olho encontrou a figura ruiva do outro lado da janela, no meio da via sete metros abaixo. Um arrepio a percorreu e a boca pairou ligeiramente aberta. Como ela... por quê...? Fechou. Está aqui e agora, motivo e método não tornarão isso menos factual.
''Mommy'' era seu apelido e, traduzindo da língua da magia, significava ''mamãe''.
Foi até a abertura de ventilação.
— Devo perguntar o motivo dessa súbita cooperatividade? — o demônio.
— Não — Mommy.
A oni sorriu um tanto mais largamente.
— Onde na àrea três?
— Frente de Note a Dama.
— Devo visitar seus funcionários depois ou irei de fato o encontrar lá?
— Tenho interesse no que o encontro de vocês trará — Mommy, os braços idos as laterais, e um tanto acima, com as mãos abertas e os olhos fechados. - Eu não tenho em mentir.
Que seja. A oni a encarou por mais treze segundos. Ela vestia um blazer escuro e aberto, que dava ao centro do tronco desnudo e quase aos mamilos, calças longas e sandálias. O semblante tinha um curto erguer da borda direita dos lábios e nenhuma marca de enrugar sob tensão, os cabelos ruivos pairavam soltos e caindo sobre os ombros.
— Muito bem, sou grata por sua assistência — o demônio e fitou Camila. — Nenhuma palavra em nome de seu amante?
A licantropa sorriu.
— Não o mate. Não vá atrás dele. Desista.
A oni riu curta e brevemente, então desapareceu janela a fora.
— ⚔ —
Jason era alto, bonito e sério. Nada demais. Seus sorrisos eram amplos e incontidos quando ria. Sem muita novidade em meio ao mar de gente. Ele ruborizava ao ser tocado ou quando ela inclinava-se de modo a dá-lo boa visão dos seios ou bunda. Tediosamente banal. Conhecia a história do continente e entregava uma opinião quando ela iniciava o assunto. Admito o charme da coisa.
Mas Jason não era especial, eu só gostava do balanço das pequenas qualidades e das várias partes patéticas de sua pessoa. Haviam sido apresentados no escritório principal da sede governamental de Semiramis por Enzo. Jason a havia fitado assim que entrou no cômodo e desviou o olhar quando ela encarou de volta. Como um cãozinho assustado, isso me despertou a vontade de o provocar. Ficou a cargo de guiá-lo, também a Ícaro, pela cidade oficialmente e secretamente de adquirir informações sobre as intenções de Sangue Branco. Descobriu que o período da guerra separatista dos elfos, que criou o termo ''elfo negro'', era o que mais interessara a Jason ler sobre, que fora um orfão adotado pelos ricos Aurélios por causa de seus olhos superiores, e tivera um tratamento indiferente, e cheio de ofensas sutis e evitamento dos irmãos postiços, após ser expulso da escola Merliniana devido ao acidente que culminara na morte de alguns colegas. Ele também mostrou-se cooperativo nas duas ocasiões que fiz com que parássemos para auxiliar uma criança de rua e pagou pela carne que dei a três vira latas caramelo. A risada dele quando o atirei no rio fez meu coração bater mais rápido, a forma como ele lutava contra meu abraço e logo desistia punha formigamento nas bordas do meu tronco, quando dizia que eu era a ''malícia encarnada'' eu apenas queria o despir e fazê-lo chamar por mim com a voz carregada de êxtase.
Fechou os olhos. Aquele virgem patético disse ''sua escrita é sensacional''. A brisa a batia fresca, fedia tênue do cheiro de violetas nela. Ergueu o rosto para cima, sorriu. A cabeça dele pendia abaixo quando sorria com todos os dentes à mostra. Os lábios bambearam. Suspirou e ergueu as pálpebras, estava no topo da torre central de Note a Dama. Ele disse que gostaria de pedir minha mão quando a situação atual fosse resolvida e eu zombei dele, falei que não poderia simplesmente se entregar a primeira mulher com quem ficou e que eu seria muito provavelmente sua ruína. Havia uma dúzia de nuvens curtas espalhadas sobre os céus, abaixo uma orfã digladiava-se com um elfo e pessoas assistiam. Ícaro acabara de chegar lá, dois ou três momentos após a oni. Talvez a vadia da Mommy tenha mesmo clarividência, que assustador. Gargalhou. Encarou a rua semicircular seiscentos e sessenta e seis metros abaixo. Eu o amava e não há quantidade de assassinatos de Ícaro que possam me fazer sentir algo próximo do que era tê-lo.
Riu.
Não que isso vá me impedir de pôr um a contagem.
Ícaro agarrara os ombros da vampira, os ventos punham os trajes e cabelos da oni a tremularem negros contra a manhã. Ela desceu em queda livre, frio a passeando o estômago e olhos fixos no aproximar da pedra amarronzada do solo. O pé encontrou a parede da torre de Note a Dama, a superfície rachou, o membro enterrou-se três centímetros nele, e então a impulsionou para frente e baixo.
Alcançou o chão. As pessoas nas bordas fitavam os quatro no centro, a vampira, dois elfos e Ícaro, sangue manchava o assoalho e o ar. Ele tinha olhos dourados, o sujeito que ordenara a morte de Jason, e sob ambos sombras escuras, veias o marcavam as extremidades do rosto e o traje era um sobretudo negro com bordas douradas e sem mangas.
O matou.
Imaginara-se abrindo-o a barriga, quebrando-o os dedos um a um, arrancando dentes, pondo-o a comer a própria genitália, drogando para que fosse incapaz de apagar sob a dor, enfiando ácido em sua cavidade anal, removendo a pele de seu rosto e esmigalhando seus ossos.
Mas a cabeça dele estava em sua mão, o corpo a três passos atrás e a vida jorrava-o pescoço a fora. O liquido quente a tocou, as pálpebras de Ícaro deixavam-no vislumbrar o rosto de sua algoz e um largo sorriso durou três instantes na boca dele antes de desmanchar sob a morte.
Esperava mais disso. Esmagou a cabeça entre os punhos, a polpa escorreu abaixo mesclada a fragmentos de ossos e cabelos.
Os olhos da turba a encaravam, metal foi desembainhado e ordens foram gritadas.
— Eu estou me sentindo particularmente mortal agora — fitou os dois elfos a frente dela. Um segurava machado, o outro uma espada cuja lâmina tinha duas marcas de divisão. — Bastante me agradaria juntar mais alguns cadáveres a esse réquiem para um falecido querido. Mas deixarei a decisão em suas mãos.
O espadachim engoliu em seco. Ele sabe, as pálpebras estão completamente erguidas e o corpo tenso. O elfo separou os lábios. Está ciente de que a morte paira à sua frente.
— Só queremos a vampira — ele, devagar e com uma gota de suor o descendo a têmpora.
— A criança cujo pai e povo mataram?
— ...sim — o elfo, olhar pendeu abaixo.
Vergonha? Quase riu.
— Sinto, mas ela irá comigo.
— Só precisamos do livro, se ela disser ond...
— Foi desmanchado até a irreconhecibilidade — o demônio, uma mentira vindo à mente. O sujeito piscou, a boca abriu e as sobrancelhas pressionaram os olhos. — Ícaro odiava vocês.
Silêncio, um, dois e três segundos.
— Está dizendo que...
— Ele havia encontrado a pirralha três dias atrás na mansão solitária da área dez, parentes de Jaime Fearblood viviam no local e tinham acolhido a garota. Ícaro matou a maioria e matou Jason após me convencer a guiá-lo até lá. Então eu resgatei a pirralha, embora o livro já houvesse sido derretido a essa altura.
O elfo não disse uma palavra. Ela virou rumo a vampira e andou. Um, dois e três passos. O som de bolhas estourando soou e de novo.
O corpo sem cabeça ergueu o tronco usando os braços, o sangue sobre o traje, no buraco da garganta e caído no solo, borbulhava.
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