Capítulo 12° - Ele riu
Jormungand Ouroboros, oni
Invencível e inabalada por dores passadas. E aqui estou, diante da prova viva da mentira em ambas essas verdades. Fechou os olhos. Meias verdades, a bem da verdade. Respirou fundo. Eu o odeio. Ergueu as pálpebras, íris encontraram o rosto bronzeado de um homem na casa dos trinta, com rabiscos de barba no maxilar e olheiras densas. Eu o amo.
Eu me pergunto se não me sentiria melhor se só o devorasse. Sem fantasiar sobre como poderia ter sido, sobre tomá-lo para mim ou na cara que faria se eu matasse sua esposa e filha.
— Você só me dá problema... - ele, então bufou, cabeça e tronco pendendo a baixo, mãos sobre as coxas. As íris castanhas subiram a oni. - Por que?
Porque ele mandou matar meu elfo e assim foi feito. Porque eu gostava de Jason. Porque eu pensei... O sorriso dela diminuiu um tanto. Que tinha acabado, que achei alguém para preencher seu lugar e parar de me ver pensando em você ou em Laís ou em Patrício ou em Yamata.
— Eu mato pessoas, é uma atividade prazerosa - o demônio, dando de ombros. - Preciso que me diga onde ele está.
Silêncio. Castanho encarando púrpura.
— E como eu saberia?
Ela riu.
— Vamos, está falando comigo - a oni. - Quando foi a última vez que pôde me enganar? Preciso mesmo dizer como você saberia?
Ele sorriu e encostou-se na poltrona.
— Hora, hora, por quê não faz isso? É, por quê não faz, hum? Claro, supondo que não tenha falado da boca para fora.
Oh, eu quero beijá-lo.
— Sua falta de fé é perturbadora - a oni, sorrindo um tanto mais. - Muito bem, tenha em mente a posição do orelhudo.
— Sim, a posição - Jurandir.
— Ele é um enviado de Sangue Branco, um tenente com a autoridade da cidade élfica atrás de si e o mínimo de inteligência para saber que pouco lhe será negado após a demonstração de força que o exército de seu povo demonstrou.
— Sim, faz sentido, Semiramis não nutre boas expectativas em caso de conflito - o licantropo.
— Sua missão era achar esse saco de piolhos - apontou para a vampira. - Descobrir se ela tinha o livro dos reis ou se sabe onde está e então recuperá-lo caso a resposta for afirmativa para uma das duas opções. Obviamente Semiramis irá apoiá-lo quanto a esse objetivo.
— Sim, certamente - o homem.
— Então aí está o porquê ir até o governo pedir por suporte. Sabendo que uma força superior o caça, uma pessoa razoavelmente esperta se cerca de todas as armas possíveis no intuito de ter sua chance de sobreviver. E caso a força inimiga esteja com seu objetivo oficial, por quê hesitar em pedir o apoio de Semiramis para lidar com ela?
— Sim, é uma conclusão razoável - Jurandir.
— Então, me diga, onde ele está? - esticada sobre a mesa, barriga para baixo e pairando acima de documentos e um pote de tinta, antebraços apoiados na borda da mesa. - Ou tem algo que esqueci de levar em conta?
— Sim, teve - o sorriso do licantropo se alargou. - Eu não sou o único governante de Semiramis.
Ela piscou duas vezes.
— Acha que sou idiota? - a oni.
— Prefiro me abster de uma resposta - ele.
— Você era o mais próximo, até estava no último lugar em que se teve notícias suas... - o tom do demônio endureceu. - Está testando minha paciência, Jurandir? Deveria saber bem que esse é um daqueles momentos em que isto é pouco aconselhável.
Ele riu.
— Então vai me matar? - o licantropo.
Poderia. Ambos sabemos. Até a pirralha ali sabe. Respirou fundo.E por quê não?
— Sua filha daria uma ótima órfã e cedo ou tarde Ícaro será morto de todo modo. Soa atrativo para o senhor?
— Não, de jeito nenhum - ele, timbre tranquilo. - Peço que não faça isso, seria tremendamente inconveniente. E claro, ainda tenho que manter-me firme no ''não sei onde o embaixador de uma potência militar está, então desista, não comece uma guerra por favor''.
Se divorcie. Venha comigo e seja meu como nos velhos tempos. Faça isso e... fechou os olhos. Sou uma idiota se ainda me envolvo nesse tipo de fantasia.
— Estarei no quarto a esquerda com a pirralha aqui - a oni, as pálpebras subiram. - Faça o que tem que fazer.
O licantropo fitou a vampira, os lábios tencionaram e o encarar desviou a esquerda e baixo.
— Dessa vez torcerei por você - Jurandir, íris idas ao demônio.
— Oh, tentando ficar no meu lado bom?
Ele riu.
— Eu fiquei esperto com o passar do tempo.
Partiram, vampira e oni.
— Se quiser se divertir, minha porta está sempre aberta - o demônio, sobre o batente e fitando o licantropo por cima do ombro.
— Sou casado, não irei - ele, a oni cruzou e encostou a porta.
Elas seguiram ao cômodo do lado. Destrancado. O canto da boca da pequena mulher subiu. Mais esperto, sim, certamente, se previu que eu acabaria indo a este aposento. Pisou do batente ao quarto. Amplo. Tinha uma janela na ponta contrária a entrada e uma mesa era flanqueada por sofás na vanguarda dela, havia uma prateleira na parede esquerda e duas camas de casais na direita.
Um jarro de flores enfeitava a mobília diante a abertura de ventilação. Violetas e jasmins. A brisa espalhava o odor pelo aposento.
— Pode dormir se quiser - a oni, e andou à prateleira. - Presumo que tenhamos umas três horas, sendo otimista. Provavelmente menos, Ícaro deve ter imaginado que eu viria para cá, talvez tenha até tido alguém nos seguindo. De qualquer modo, pouca diferença me fará sua interferência, durma se estiver cansada.
A garota andou até a janela. O demônio puxou um caderno. Capa preta, folha A6 e uma ligeira camada de poeira sobre. Num bloco alvo ao centro encontrava-se o título ''O caso de Jaime Moriarte''. Quanto tempo... a jovem que tomava para si a alcunha do nêmesis de Xerloque, ela havia formentado uma série de traições na cadeia de comando da cidade da Cruz do Primeiro e estava para ter influência, no poderio bélico da metrópole, maior que o de Jaime Fearblood. A oni sorriu. Uma pena um dos corruptos ter falado demais enquanto eu o fodia. Acabou atiçando minha curiosidade, o que me levou a seguir a trilha da mulher usando roupas e trejeitos masculinos no beco atrás de uma escola de matemática.
Ela beijava bem e era divertida.
— Saco de piolhos, me conte como foram seus últimos dias. Sua história deve ser mais fascinante que essa - balançou o livro na direção da garota.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro