Capítulo 10° - A presença da filha de Jaime Fearblood é aguardada
Stephanie Fearblood, vampira
A carruagem balançava, os cortes e inchaços ardiam. Cuspiu outra porção de sangue pela janela. A pasta C7 emprestada pelo guarda de Semiramis passada no talho do estômago, no braço direito inerte ao lado do tronco e dividida com os tios.
— Vou matá-los... - Sam murmurou, estava deitada no banco à frente. Pálida, as roupas encharcadas de sangue foram removidas e um lençol a cobria, a cara estava submersa em hematomas. O punho esquerdo de Stephanie cerrou e as presas dilataram. Eu vou matá-los por isso.
Ea, o nome da mulher que chamavam de Mommy.
— Eu tinha uma proposta bastante amigável - ela havia dito. - Mas não vejo meus meninos entre vocês. Foi uma escolha infeliz se livrar deles.
Ea tinha olhos amarelados com linhas vermelhas formando círculos sobre círculos até as bordas.
— Alguma desculpa para isso? - Mommy, vestida com uma camisa de botões florida e aberta, sem nada por baixo e um short branco cobrindo dos quadris ao joelho. - Andem, estou me esforçando para mostrar certa boa vontade aos assassinos de minhas crianças.
Ela tinha um curto sorriso na face, o timbre tranquilo, o tronco pendendo a frente e a bochecha apoiada sob um punho.
— Eles atacaram primeiro! Tanto a mim e a Step no momento que nos viram - Antony, que havia dado um passo a frente. - Mommy, você n...
Ele parou no instante que Ea levantou um dedo da mão desocupada.
— Não tente me fazer de idiota de novo, entendido? Eu sei bastante mais do que poderia sobre o ocorrido - as íris amareladas foram as rubras de Stephanie. - Me ofereça e pouparei vocês.
Minhas pálpebras semicerraram, ''do quê ela está falando?'' pensei.
— Para mim chega - Sam, avançando, punho fechando no cabo da foice, removendo-a das costas e pondo reta na direção da mulher. - Se retirem e posso esquecer isso aqui.
Os guardas de Semiramis saíram quando ameaçados, o grupo da Mommy consistia de trinta e três contando com a própria. O fedor deles estava mascarado por alguma substância, não fui capaz de mensurar a quantidade de mana.
— Calem-na.
Terra a engoliu os pés, símbolos de maldição de enfraquecimento surgiram sobre Samantha e um punho a acertou mandíbula, lançando-a contra o chão. Stephanie levara os dedos ao cabo da arma, pés no processo de a impulsionar a frente, quando a mão de Will a segurou firme no ombro.
— Eles prepararam com antecedência, provavelmente têm maldições prontas para enfraquecer todos nós.
Stephanie fitou os sujeitos os flanqueando. Sete tinham mangas compridas, os círculos mágicos geralmente ficam preparados nas mãos ou braços e poderiam ser deixados por algum tempo escrito em pedra ou metal e, se o mago fosse excepcional, até em fogo, água, madeira ou outras pessoas na espera de serem ativados, uma exceção sendo itens forjados de modo a comportar magia indefinidamente, embora seja um processo com taxas baixas de sucesso e que diminuem a depender do encantamento ou número deles. O primeiro soa mais provável por usar menos energia, mas ainda é uma quantidade alta e para ficarem segurando até chegarmos... é até loucura mesmo considerando o tempo de cerca de quinze a vinte minutos para as maldições ficarem prontas, o que justificaria confeccionar de antemão... não, eles poderiam ter nos percebido a uma distância e preparado as magias no meio tempo.
Sem poder farejá-los era impossível confirmar a quantidade e quais deles as tinham prontas.
— Muito bem, serei um tanto mais direta. Me ofereça o livro que vem carregando desde sua fuga, Stephanie Fearblood - Ea. - Claro que também reaverei as mercadorias que levaram dos meus meninos.
A mochila com o livro estava na carruagem, no assento do condutor. Precisava dele para provar que a profecia era real, para convencer Semiramis a se mobilizar e então salvarem o continente.
— Traz um livro? - Will sussurrara.
Os músculos da vampira mais nova tensionaram. Sam se arrastava de volta a ficar de pé, trinta e três criminosos a cercavam e traziam maldições prontas a enfraquecê-la até a impotência. Contar? Não? Antony a fitou, suor descia-o bochecha e o canto da boca tremeu por um momento. Fedia a medo.
O rosto de Stephanie pendeu para baixo. E os resgatados na carruagem, iria entregá-los também? Para serem forçados a qualquer coisa? Mortos, estuprados, torturados, humilhados... só para você sair dessa? Desistir da chance de acreditarem na profecia ao mostrar o livro, só para que uma covarde como você sobreviva e volte a viver sob a proteção de algum parente?
Mordeu o canto da boca, o gosto amargo do próprio sangue tocou a língua. A face voltou a frente.
— Não - falou, desembainhou a arma, o olho encarou Will de soslaio e depois Antony. - Corram. Levem a carruagem.
O confronto começou imediatamente. Atacar a líder deles era a ação mais provável, mais sensata, eu definitivamente faria isso se me apresentassem uma situação onde o comandante inimigo está a quatro passos da minha posição, um espaço que posso cortar com um único impulso. Então ataquei o licantropo usando mangas compridas à esquerda e canto oposto a Mommy. Sete centímetros de lâmina penetraram entre a quinta e sextas costelas do sujeito com superfície coberta por curta pelagem marrom. Ele piscou, fitou as íris rubras da vampira e cuspiu sangue. Por um momento eu quase parei para chorar e implorar perdão. Stephanie removeu a espada, girou e cortou o braço da mulher ao lado dele. Superficial. ''Não hesite'', pensei na hora, ''não tenha receio de os matar''. Um gemido escapou da criminosa, os demais viravam para a vampira. Tinham girado na direção da líder no instante que notaram que eu iria atacar, afinal Mommy era o alvo óbvio. Will agarrara Samantha, a energia mágica descendo ao solo e erguendo paredes entre ambos e os criminosos nas laterais.
Meu movimento inicial nos permitiu lutar.
— Não matem a garota,quanto aos demais me agradaria que não matassem - Ea. - Mas machuquem bastante.
Tentativas de chegar a carruagem foram impedidas, o perímetro foi fechado no entorno dos vampiros, trocas de golpe ocorreram, raios e bolas de fogo foram lançadas, maldições acertaram, os criminosos assumiram a liderança ofensiva e a batalha se estendeu até que, após ambos os tios estarem fora de combate, Stephanie com uma lança atravessada no lado esquerdo do abdômen, caiu.
Depois... encostada a parede de uma casa, uma tala sendo enrolada na altura do umbigo e pasta passada no braço marcado por um longo talho do ombro ao punho. O trio de guardas de Semiramis fez os primeiros socorros.
— Desculpa - o líder deles disse.
Chamaram uma carruagem e ajudaram-os a se colocar lá. Antony não havia sido ferido.
— Desculpa - o líder dos guardas, olhar voltado a baixo e esquerda.
Então estavam ali, no interior do veículo e agora, balançando, engolindo gemidos, zonzos e apagando por hora ou minutos. O mercador levava um cantil de sangue à boca dos três em intervalos de uma hora.
Doí. Fechou os olhos, a brisa fresca da noite entrava pela janela, os odores eram captados fracamente pelo nariz inchado. Mestiços com sangues doce e amargo mesclados em diferentes intensidades, odores de cães, excrementos, pães, carnes, remédios, flores, terra, frutas. Stephanie fungou. O dia se pusera e voltara a nascer há tempos quando um largo campo marcado por gramíneas surgiu além de um bar. Mais adiante um solitário casarão com vanguarda marcada por estátuas e retaguarda por um bosque.
A estrada, a partir do ponto flanqueado por bares, deixava de ser pavimentada com pedras lisas. A carruagem bambeou mais até parar diante a mansão. Will e Antony desceram primeiro, então auxiliaram as outras duas ao mesmo. O veículo se foi com uma trilha de poeira subindo nos seus calcanhares.
— Sobrinha, não avisei antes, mas... - Sam, olhos fixos na porta dupla de carvalho negro abrindo e estando apoiada em William. - Conhecer o resto da sua família não será legal.
Duas crianças saíram do edifício. A imagem espelhada uma da outra. O da esquerda sob camisa de botões e shorts, a da direita trajando um vestido vermelho claro. Eles andaram rapidamente lado a lado, balançar de braço e pernas sincronizados, até atingir o fim da fileira de estátuas.
— Tios - disseram em uníssono, então avançaram a Samantha e cada qual pôs um dos membros superiores de sam sobre os ombros. - O que houve?
Os dois pares de íris rubras encontraram Stephanie.
— É ela a filha do traidor? - perguntaram.
Traidor? Os punhos da vampira cerraram, os músculos enrijeceram e dor veio a seguir mandando-a tronco a inclinar a frente, olhos fecharem e dentes chocarem-se com um gemido preso logo atrás. A mão de Antony encontrou-lhe as costas, firme, e a outra o ombro, leve.
— Sua prima - Will.
Foram guiados residência a dentro.
O salão central tinha trinta e três passos para esquerda, direita, frente e trás, um lance de degraus ficava adiante seis metros do meio do cômodo e dois corredores do andar de cima eram visíveis pela abertura no meio do teto. Um grupo de três se pessoas se aproximou. Vestiam um vestido negro sob um avental branco com babados.
— Meu deus! - a maior, com rosto enrugado, cabelos negros rígidos e finos, levanda as palmas a frente da boca. - Mestre William, mestra Samantha!
As duas outras se apressaram a apoiar Will.
— Levem-nos a enfermaria! - a velha, e as íris escuras pararam sobre Stephanie. - Você é a... a filha do mestre Jaime?
A vampira assentiu, tronco inclinado a Antony, a palma dele nas costas e outra no ombro.
— A sua expressão é igualzinha a dele na sua idade! Mas é inegável que seja a cara da sua mãe... - a senhora, o coração de Stephanie errou uma passada, o nariz cessou o puxar de ar, ela conheceu meu pai e minha... aquela mulher que abandonou a mim e meu pai. A velha virou rumo a esquerda e gesticulou para que a acompanhassem. - Venha, vamos tratar dessas feridas.
A seguiram até a porta dupla na lateral do salão. Dois vampiros adultos pairavam no corredor visível do andar superior. A íris de Stephanie foi na direção de seus odores. Um era alto e esguio, a outra baixa e com cabelo loiro cortado rente a nuca. Fediam pesado a energia mágica, o odor fresco quase queimava. Estão conscientemente a fazendo expandir para fora do núcleo...
O cômodo à esquerda tinha piso de rocha, quatro estátuas humanoides de pedra marcadas por lascas e rachaduras a dois metros das laterais e armas penduradas em ganchos na parede do fundo. Partes de armaduras de couro pendiam pelo chão e o cheiro de sangue pairava tênue. Seguiram reto por onde entraram até uma porta alva, o menino vampiro a abriu e o grupo a atravessou. O aposento se estendia por trinta e três passos a direita, sete a frente e seis camas, separadas por cortinas de tecido, com cabeceiras encostadas a parede pairavam ali.
Samantha foi colocada sobre a que ficava no canto oposto a porta, Will e Stephanie nas seguintes. Antony sentou numa cadeira ao lado da vampira mais nova.
— Pelo Vermelho! - a velha após remover o lençol de sobre Samantha.
— Ha, tá tão ruim assim? - Sam.
— A tia vai morrer? - os gêmeos. A tia riu, tossiu e gemeu.
— Fique quieta, menina! Por deus! Uma vez na vida fica quieta! - a velha dando passos rápidos até um armário alto no meio da parede onde ficava a entrada ao cômodo.
— No dia que Samantha ficar quieta eu vou ter achado uma consorte definitiva - Will, a voz rouca, e Samantha gargalhou, tossiu e gemeu.
A velha soltou outra reclamação. Stephanie fitou o teto, era verde, o quarto fedia ao doce floral de sombras noturnas e o frescor de hortelã. Fechou os olhos. O colchão era macio, uma brisa tênue entrava por um buraco de ventilação na extremidade próxima a porta. Os dois dentes que perdera se regenarariam, os cortes fechariam e nenhum pedaço irrecuperável de si fora perdido. Se eu fosse uma humana, ou elfa ou licantropa, estaria morta... no mínimo fadada a um monte de cicatrizes. Se fosse uma oni teria menos feridas, meus músculos seriam maiores e mais fortes e mais resistentes. Umidade se acumulou nos olhos, ardência passeou pelo nariz e os lábios tremeram. Aquelas pessoas que vinham na carruagem vão ser vendidas como escravos e meus tios, que vieram me salvar, que me salvaram e me deram esperança de um lar, foram machucados... muito. Engoliu em seco, virou o rosto para esquerda. A culpa é minha, se eu só... o quê? Deixasse aquela gente para ser escravizada sem resistir? Fungou. Seria melhor se a quimera houvesse me matado, se meus tios nunca tivessem tido que me salvar.
— Vai ficar tudo bem agora - Antony. - Você foi muito corajosa e forte, me salvou várias vezes, obrigado. Espalherei histórias sobre seu heroísmo.
Stephanie enxugou as lágrimas do rosto, fungou, calor espalhava-se no peito. Agradável, mesmo que só por causa de três frases qualquer... é bom.
— O livro - estava entre o braço e as costelas do licantropo. - Você sabe por quê está assim? Mommy disse que... foi...
Devorado. ''Agora é só uma casca, que triste'' a mulher falara e jogara-o sobre o corpo estatelado em poça de sangue da vampira.
— Não que isso importe! - o licantropo e riu. - Quer que eu te conte a história do Michael Maiês?
Stephanie assentiu e o mercador começou. Will se intrometeu meia dúzia de vezes, ele havia estado presente nos acontecidos do festival dos monstros de cinco anos atrás quando Michael Maiês sugou o sangue de treze pessoas e matou sete guardas. A tarde passou sob passagem de pastas nas feridas, sonecas e pedaços sobre o ocorrido.
— A mestra Elisabeth pediu para avisar que a presença da filha de Jaime Fearblood é aguardada ao jantar - uma das empregadas, cabelos encaracolados e loiros, pele escura e íris azuis. É linda... e... Stephanie fitou a carne que inchava grandemente a região peitoral do traje da serviçal. Que enormes.
— A menina tá convalescente, diga que não vai dar não - Sam.
— Mestra Samantha! - a velha. - Sabe que não devemos contrariar os desejos da mestra Elisabeth! Pelo Vermelho, menina!
— Você sabe que a velhota só vai ficar enchendo o saco da menina - Sam. - Diga que se quiser, ela que venha até aqui.
Continuaram a discutir. Stephanie encarava a empregada que fez o anúncio. Ela é rechonchuda, com orelhas élficas e tem um metro e setenta de altura... mais ou menos.
— O jantar será servido ao termino do pôr do sol - a empregada élfica. - Mestra Elisabeth pediu para lembrar que ''o mínimo que a criança daquele...'' - a íris azul virou para esquerda e baixo. - ''moleque deve é prestar o papel de uma hóspede decente''. Sinto pelas palavras rudes que reproduzi sobre o senhor seu pai - disse, olhos idos a Stephanie. - Irei me retirar agora.
Quando a porta foi fechada a velha fitou a vampira mais nova.
— Acha que consegue, jovem? - perguntou. - Não será nada de mais e...
''Hum'' Samantha soltou e a empregada sênior a fitou com semblante tenso por um instante.
— E a mestra Elisabeth é sua avó - tornando a encarar Stephanie.
Não... sim... quero vê-la... não quero vê-la. Mordeu o canto da boca. Eu não... essa pessoa não parece gostar do meu pai... ou de mim. Fechou os olhos e respirou fundo. Ergueu as pálpebras, os olhos rubros encontraram os negros da empregada.
— Irei.
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