Graham a observava enquanto Brunna abraçava Jasper e lhe dava de mamar, Erik estava na porta sem dizer uma palavra e ela olhava de volta. Faziam vários minutos de silêncio quando ele puxou o ar para falar.

– Você foi embora no aniversário do Alec.

– Eu não sabia.

– Não sabia?

– Nunca me disseram, sinto muito.

– Não deve se desculpar comigo. Ele se sentiu o culpado.

– Culpado? Por que? – Bella sentiu seu coração apertar cada vez mais, não suportava a ideia de ter magoado ele.

– Fala sério, a mãe biológica dele morreu no dia que ele nasceu, por mais que tentássemos esconder até ele crescer todos no clã ainda comentavam quando a data chegava. E você foi embora na mesma data enquanto se lembrava, muitos até estavam felizes pela sua presença. E ele é só uma criança, achou que era culpa dele.

– Mas não é. Eu simplesmente não sabia.

– Então volte comigo, tem que se desculpar com ele. – Bella então desviou o olhar para o chão e se calou, Graham franziu a testa – Se casou com meu irmão e assumiu Alec, devia...

– Foram negócios, tenho certeza que meu tio não vai tirar as terras dos McLauchlan só porque não estou mais lá.

– Está grávida.

– Por favor Graham, depois que tudo acabar conversamos sobre isso – Ela se levantou indo na direção da porta.

– Caillen a ama. Ele está sofrendo por sua causa! – Ela saiu mesmo assim e ele suspirou – Pelo jeito eu estava errado.

– Ela é teimosa como um animal – Erik disse.

– Assim como Caillen.

– Não duvide que ela ama ele, ela vai voltar.

– Como sabe? – Graham olhou para o primo.

– Ela me disse isso. – Ele disse olhando nos olhos do guerreiro – Espere que ela voltará.

Graham acenou em agradecimento, também saiu do quarto deixando Erik com Brunna.

– Soube que queria se casar com ela – Ela disse enquanto fazia carinho em seu filho.

– Não vou mentir, sim eu quis...

– Não quer mais? – Ela olhou para ele.

– Não era para ser. – Ele se sentou ao lado de Brunna olhando para Jasper – Ele é lindo, tem os seus lábios.

– Mas ele é todo você – Brunna sorriu.

Erik olhou bem para ela, a abraçou fechando os olhos. Brunna encostou nele e eles apenas ouviram as chupadas do pequeno sugando o leite dela.

– ... Pode algum dia me amar? – Brunna disse com um suspiro.

– Eu irei tentar minha rainha. Minha única rainha – Ele fez carinho no cabelo dela – Eu prometo.

Na manhã seguinte o mensageiro real chegou, as tropas se prepararam para tomar todo o palácio. Bella estava a frente com o pequeno Jasper, iria proteger aquela criança como se estivesse protegendo seu próprio bebê se fosse preciso. Apenas esperavam o momento certo, assim que o infiltrado no interior do palácio desse a bandeirada de que o concelho já estava em reunião com a rainha, eles tomariam tudo, cada um que tentasse opor seria morto.

O concelho estava reunido, apenas rei Willian não estava presente. Tinham que discutir os problemas causados pela família da rainha, esses problemas poderiam refletir em todos os reinos.

– Não tem mais um herdeiro, rainha Freya. E a senhorita não parece nada bem aos meus olhos – o rei do norte disse.

– O que tem a dizer? Todos três de seus irmãos e seus pais cometeram terríveis atos e terminaram com muito azar – o rei do sudeste disse.

– Eu... – Ela não conseguia nem prestar atenção nas palavras dele.

Freya estava péssima, podia sentir Simon a observando, ele estava sentado em meio os reis mas ela não iria contar. Ela olhou para o chão e assim que levantou o olhar, lá estava bem perto de seu rosto, Cherry em prantos muito brava fazendo com ela se afastasse para trás, suas mãos voltaram a tremer quando Simon sumiu de onde estava perto dos reis.

– Eu disse, eu te disse. Mas você não foi capaz de me prometer nem cumprir o que já tinha prometido. – Cherry a acusou.

Freya arregalou os olhos e apertou seu vestido, não iria dizer nada, nada. Os reis tentavam chamar a atenção dela mas ela apenas observava seus fantasmas. Simon apareceu de novo, segurou o pescoço de Cherry e começou o apertar, a imagem de Cherry adulta sumiu e Cherry pequena apareceu tentando se soltar. A garotinha vestindo roupas coloridas bateu as pernas, seu pequeno rostinho foi ficando roxo e Simon olhou para ela com um sorriso.

– Só eu e você...

As portas do salão foram abertas e um dos guardas entrou correndo.

– Majestade, estão tomando o palácio! – Um guarda alertou.

Vários soldados entraram e uma espada atravessou o homem, os reis se levantaram e Freya continuou no mesmo lugar enquanto encarava paralisada seus fantasmas sem dizer uma única palavra. Vários soldados apareceram por cada porta do salão, apontaram suas armas de cada extremidade.
Então ela entrou, Bella cobria o pequeno Jasper, caminhou até próximos de onde os reis estavam.

– Sinto muito pelo incômodo

- Bella Wanzeller, faz pouco tempo que sua ordem de exilio foi desfeita.

– Não sou mais uma exilada a muito tempo e entenderá o porquê, majestade – Ela tirou a manta que cobria o pequeno Jasper – Lhes apresento o herdeiro de Vakker Abrahamsen, Jasper Abrahamsen filho do rei Erik e da rainha Brunna.

– Onde estão as provas de que essa criança é mesmo filho do-

– Eu posso confirmar que de fato é meu filho, Rei Eduardo – Erik entrou acompanhado dos soldados do próprio castelo.

– Como podem ver, sua majestade, o rei Erik está vivo, e é o único na linhagem do trono além de ter um herdeiro. Foi tudo um golpe da família Smith e da rainha para tentar roubar o trono e restituir a antiga nação.

Não foram necessárias tantas explicações, ninguém poderia negar nada e nem mesmo tentaram realizar tal ato. Os reis do concelho estavam mais que satisfeitos com tudo aquilo.

– Por favor acompanhem, suas majestades até seus quartos – Erik deu as ordens para a reunião ser finalizada.

Brunna veio correndo assim que todos saíram e pegou seu filho de volta nos braços.

– Erik... – Bella tocou em seu ombro – E ela? Não parece nada... Nada bem. Está assim a bastante tempo.

Erik olhou para Freya, estava no mesmo lugar desde que tinham chegado, ele ia dar o primeiro passo para próximo a ela quando as duas servas correram e se curvaram diante dele.

– Majestade, imploramos... Não mate a rainha Freya. Desde que recebeu a notícia da morte dos dois irmãos e da rainha Cherry ela está assim. Não está mais em si.

Ele olhou para Brunna, ela estava franzindo a testa e encarando para mulher que tanto tinha lhe feito mau.

– Acho que não precisamos ir tão longe. Ela não foi com você...

– O que quer dizer, Brunna?

– Estou dizendo que ela não te matou. Isso só foi possível por causa disso. – Ela olhou para ele – Uma vida pela outra.

Erik aprovou, não conseguia imaginar a si mesmo dando aquela ordem de matar aquela que um dia foi sua esposa. Ele caminhou até ela mas então Freya arregalou os olhos mais ainda depois de piscar, começou a andar para a traz, balançando a cabeça como se visse algo e então olhou para ele, ela correu e o abraçou deixando Erik surpreso.

– Me ajude. Me ajude. Ele levou ela, ele levou ela, não deixe ele se aproximar de mim, não deixe, não deixe – Ela começou a repetir aquilo em prantos.

O rei não sabia o que fazer, ele olhou para Bella e ela suspirou.

– Vou mandar buscarem Henry, também tem a promessa que eu e o rei Willian fizemos a ele. – Ela saiu andando sendo seguida por Brunna. Todos entenderam e se retiraram ficando apenas as duas criadas e ambos.

– O que aconteceu com ela?

– Foi aos poucos mas piorou, a primeira vez foi na noite que ela se queimou com a água fervendo do chá e se cortou com os cacos.

– Onde?

Ele olhou para ela e então viu no braço direto, a queimadura próxima ao cotovelo e a cicatriz do corte. As mãos dela estavam frias e Freya tremia. Ele olhou para o rosto dela quando parou de tremer ficando mole, Erik sentou ela no chão se abaixando junto e a observou, Freya olhou para ele e como se esquecesse de tudo estranhou.

– Príncipe Erik... Por acaso viu minha irmã? A procuro faz tempo.

– Não queríamos contar para ninguém – Uma das servas chorava – Ela também... Tem tido episódios de esquecimento depois de muito estresse.

– Me diga – Ele olhou para as duas mulheres – qual ordem que tudo acontecesse?

– Bem... Primeiro ela fica nervosa, depois se assusta e grita dizendo que o falecido rei Simon está aqui. Mandava todos saírem e se trancava, ela ficava a noite toda nesse salão. Ontem foi a primeira vez que ela perdeu a memória achando que estava visitando a rainha Ágda, e agora... – A criada não conseguia dizer.

– Tudo bem, podem ir, nada de ruim vai acontecer com ela.

As portas se abriram de novo, Bella tinha voltado com Henry. Ele correu até eles e se abaixou perto de Freya.

– Freya. Sou eu... – Ele olhou para o rei – Ela resistiu? Fez alguma coisa demais? Por favor tem que deixar que eu a leve daqui.

– A rainha Freya não sairá desse palácio! – Erik se levantou após dar a ordem, no fim de tudo não tinha sido ele a fazer a promessa de deixaria que ela fosse.