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A neve esmagada sob os cascos dos cavalos e as rodas das carroças cobria a estrada que se estendia em direção à aldeia, mas não mais imaculada. Estava manchada de marrom e preto, marcas indesejadas do tráfego incessante, como se a natureza fosse emendada pela força dos humanos. Elain e Nestha, com seus passos apressados, estalavam a língua e torciam os rostos, desviando-se das partes mais imundas da estrada, como se a sujeira pudesse infectá-las. Feyre, contudo, caminhava ao meu lado, as botas tingidas de lama, imperturbável. Ela era jovem, muito jovem quando a fortuna nos virou as costas, e nunca teve tempo de se acostumar a ela. Ao menos, era a única que não reclamava diretamente para mim, a única que não me olhava com os olhos carregados de reprovação, como se a culpa da nossa miséria fosse minha.
Mas Nestha e Elain... bem, tanto Feyre quanto eu sabíamos por que ambas se aproximaram, suas olhares ansiosos caindo sobre as peles dobradas na minha sacola antes de rapidamente tomarem as capas para a partida. Não me dei ao trabalho de falar com elas, na verdade, a indiferença me consumia. Sempre fui quieta, minha mente imersa em planos constantes, calculando o que faria no dia seguinte, como alimentar as meninas, quanto tempo levaria até que fosse necessário partir para mais uma caça. Minhas palavras, quando saíam, eram sempre poucas, precisas. O suficiente para colocar Nestha em seu lugar, para silenciar os sonhos impossíveis de Elain, que sempre me deixavam com a cabeça latejando, e para dar instruções esparsas nas raras ocasiões em que Feyre demonstrava curiosidade pela arte da caça.
Minha mente ainda estava imersa naquelas lembranças, os ecos de dor pulsando por meu corpo a cada movimento, concentrando-se na minha perna e quadril, que ainda estavam longe de se curar por completo. A lembrança da imprudência de Feyre me assombrava, e eu sabia que, se ela tivesse se oferecido para ajudar, eu teria recusado veementemente. No entanto, a ideia de treiná-la não me parecia tão descartável, desde que um dia ela fosse capaz de ser útil sem ser um estorvo. Era difícil decifrar o que realmente a motivava. No breve tempo que passara conosco, minha mente refletia sobre a possibilidade de ela simplesmente querer encontrar um propósito, ou talvez fosse apenas o tédio que a levava a tentar se mostrar útil. Mas a verdade inegável era que, se não tivesse furtado sorrateiramente a flecha de freixo, o lobo teria sucumbido de forma mais rápida e menos dolorosa, e eu também não teria sentido os dentes de uma besta feérica em minha carne. Era um fato simples: tudo teria sido diferente.
Naquela manhã, decidi não quebrar o silêncio entre nós. Nenhuma delas tentou. Eu percebia o olhar semi culpado de Feyre, enquanto Nestha já estava acordada ao amanhecer, cortando lenha com a habitual diligência. Era claro o que ambas esperavam: Feyre, talvez, esperava que eu a chamasse para uma conversa; e Nestha, sabia que eu venderia as peles no mercado e voltaria com algum dinheiro no bolso.
Suspirei e soprei um fio de cabelo que insistia em cair sobre meu rosto. Olhei para Feyre, minha irmã caçula, com suas mãos enfurnadas nos bolsos do casaco surrado. O vento cortante da manhã fazia a neve estalar sob nossos pés, criando um ritmo mecânico enquanto caminhávamos.
— Sabe que foi imprudente? — murmurei — Imprudente, tola, burra, e mais adjetivos que, se eu fosse contar todos, você ficaria entediada.
Feyre se dignou a encolher os ombros, como se começasse a perceber verdadeiramente o que eu estava tentando dizer, como se finalmente entendesse.
— Eu sei — disse ela, comprimindo os lábios, um suspiro escapando por entre eles.
— Mas... — dei uma pausa, olhando para ela. A sombra de um sorriso preencheu meu rosto quando vi seus olhos assustados. — Foi corajosa. — Meu ombro tocou o seu, sentindo a leveza do toque como um alicerce, algo firme no momento certo. — Quer aprender a caçar? — perguntei, em um tom baixo, quase um sussurro, minha voz direcionada apenas a ela.
Feyre não parou de andar, mas seus olhos se fixaram nos meus, com um brilho de culpa que ela não conseguia esconder. Assentiu, mordendo o lábio inferior, e eu sabia que ela estava esperando por algo mais.
Não sou mulher de muitas palavras, e ela sabia disso tão bem quanto eu.
— Certo — murmurei, e ela soltou uma respiração que parecia um suspiro de alívio. Mas antes que ela pudesse se confortar totalmente, acrescentei: — Mas se algo assim acontecer de novo, não hesitarei em dar a você um ferimento semelhante ao que carrego agora.
E assim, o silêncio voltou a dominar. Continuamos nossa caminhada pela estrada deserta, onde a neve cobria os campos, e a aldeia à nossa frente, com suas casas de pedra simples e desoladas, parecia ainda mais melancólica sob o peso do inverno. Aquele lugar, antes familiar, agora parecia uma memória desbotada, marcada pela pobreza e pela perda.
Era dia de mercado, e isso significava que a pequena praça central da aldeia estaria repleta de mercadores, todos enfrentando a manhã gelada em busca de compradores. A alguns passos dali, o cheiro de comida quente se espalhava pelo ar, misturado a uma profusão de temperos que incitavam o fundo da minha memória, trazendo à tona lembranças de tempos passados, de uma vida que parecia agora tão distante. Elain soltou um grunhido baixo atrás de mim, o som de quem sentia o peso da saudade de algo que nunca mais teríamos. Os temperos, o sal, o açúcar - mercadorias raras, inalcançáveis para a maioria dos moradores da aldeia, agora apenas uma lembrança distante da riqueza que outrora conhecíamos.
Se eu me saísse bem naquele mercado, talvez pudesse voltar para casa com algo mais do que só dinheiro. Algo que pudesse saciar pelo menos um desejo delas, algo simples, mas que desse um pouco de alívio à nossa miséria. Olhei para trás, prestes a sugerir que fôssemos até a barraca de pães, mas, ao virarmos a esquina, quase tropeçamos umas nas outras, parando ao mesmo tempo, sem saber o que fazer a seguir.
— Que a Luz Imortal brilhe sobre vocês, irmãs — disse a jovem de túnica pálida, parando diretamente em nosso caminho. Nestha e Elain estalaram a língua em uníssono, claramente incomodadas.
Revirei os olhos, a raiva queimando dentro de mim enquanto um grunhido odioso se formava na garganta. Perfeito, exatamente o que eu precisava naquele momento. Os Filhos dos Abençoados na aldeia, justamente em dia de mercado, atrapalhando tudo com suas pregações e tentando agitar o povo. Os anciões costumavam permitir que eles ficassem ali por algumas horas, mas a presença dos fanáticos que ainda adoravam os Grão-Feéricos sempre causava um desconforto generalizado. E me causava, também. O que eles não entendiam era que, há muito tempo, os Grão-Feéricos não eram deuses. Eram nossos senhores supremos, e nada de bom havia vindo de sua autoridade cruel.
A jovem, com a face tão pálida quanto a lua, estendeu as mãos, quase como uma oferenda, enquanto um bracelete de sinos de prata tilintava suavemente em seu pulso.
— Têm um momento para ouvir a Palavra dos Abençoados? — sua voz soava como se estivesse tentando convencer a si mesma de que seus sermões ainda tinham algum valor.
— Não — retruquei com desprezo, exatamente no mesmo momento que Nestha. Ignoramos as mãos estendidas da jovem, e eu dei um leve empurrão em Elain, indicando que ela seguisse em frente. — Não temos.
Os cabelos escuros e soltos da jovem brilhavam à luz suave da manhã, e seu rosto, imaculado e sereno, reluzia enquanto ela abria um sorriso radiante. Ao seu redor, cinco outros acólitos, rapazes e moças, com os cabelos longos e desordenados, a seguiam, observando o mercado com olhos ávidos, à procura de qualquer alma despreparada para suas palavras vazias.
— Só levará um minuto — disse a seguidora, posicionando-se à frente de Nestha com um olhar suplicante. Era quase impressionante, a forma como Nestha se erguia, esticando os ombros, seu olhar se tornando mais altivo, o nariz empinado de desdém.
— Vá cuspir suas baboseiras fanáticas para algum tolo. Não vai encontrar ninguém para converter aqui — a voz de Nestha foi cortante, como uma lâmina, sua repulsa evidente. A jovem parecia pouco disposta a dar sequer uma migalha de atenção, e a cena era quase tão familiar quanto irritante.
A garota recuou ligeiramente, seus ombros caindo, enquanto uma sombra passageira obscurecia seus olhos castanhos. Por um breve instante, ela parecia considerar a desistência, mas o fervor por trás de sua expressão era um lembrete de que tais almas não se dobravam facilmente. Talvez o desdém de Nestha não fosse o melhor caminho para lidar com eles; fanáticos agitados tendiam a se tornar um transtorno ainda maior.
Observei em silêncio, a mente já ponderando opções. Se continuassem a nos incomodar, eu faria algo para espantá-los. Não precisava ser elegante. Bastava ameaçá-los como um cavalo selvagem, com passos firmes e olhos cheios de determinação, ou rosnar como uma loba, uma selvagem - como Nestha dizia - deixando claro que nosso tempo e paciência não estavam à venda.
— Está vendo isto? — sibilou Nestha, avançando. Sua mão se ergueu, indicando o colar de ferro que pendia ao redor do pescoço. A seguidora deu um passo atrás, sua confiança oscilando. — É isto que deveria estar usando — continuou, a voz cortante como uma lâmina afiada. — Não sinos de prata para atrair aqueles monstros feéricos.
A jovem acólita arfou, uma indignação flamejante substituindo a hesitação em seus olhos.
— Como ousa usar essa afronta vil contra nossos amigos imortais...
— Vá pregar em outra aldeia — disparou Nestha, cortando a frase da seguidora com um tom tão afiado que parecia ecoar no ar frio.
Enquanto as palavras de Nestha ainda pairavam no ar, duas mulheres robustas, esposas de fazendeiros, se aproximaram. Caminhavam de braços dados em direção ao mercado, as saias grossas de lã roçando a neve endurecida. Assim que seus olhares recaíram sobre os acólitos, o desagrado tomou conta de seus rostos, contorcendo-os em caretas de puro desprezo.
— Prostituta amante de feéricos — grunhiu uma delas, os olhos estreitados na direção da jovem de sinos de prata.
O grupo de acólitos silenciou. A outra mulher, de colar trançado de ferro, ergueu o queixo com um ar de superioridade, o olhar fixo na seguidora hesitante. Seus lábios se curvaram em um sorriso quase animalesco, e por um instante, o gelo no ar pareceu ganhar peso.
— Vocês, idiotas, não entendem o que aqueles monstros fizeram conosco durante tantos séculos? — vociferou uma das mulheres, com a voz carregada de fúria e amargura. — O que ainda fazem, por diversão, quando têm a chance de sair impunes? Vocês merecem o fim que encontrarão nas mãos dos feéricos. Tolos e prostitutas, todos vocês.
As palavras caíram como pedras, duras e pesadas, esmagando qualquer resquício de bravata que os acólitos pudessem ter. A jovem, de olhos arregalados, abriu a boca como se fosse protestar, mas não conseguiu formar palavra alguma. Nestha, de forma quase imperceptível, inclinou a cabeça em aprovação às mulheres, que seguiam seu caminho com passos decididos, a saia grossa balançando contra os tornozelos. Uma quietude desconfortável recaiu sobre o grupo.
Eu, então, me voltei para a jovem acólita que ainda permanecia diante de nós, imóvel como uma cervo encurralado. Até mesmo Elain, sempre a mais gentil de todas, franzia a testa em uma expressão incomum de desprezo, os lábios suavemente curvados em uma linha rígida.
— Melhor seguir o exemplo delas — murmurei. — Antes que decida que você merece aprender com sua própria tolice.
A jovem acólita respirou fundo, forçando a compostura, e deixou que um sorriso sereno desenhasse novamente seu rosto. Sua voz emergiu calma, como se tentasse invocar alguma revelação divina:
— Eu também vivia nessa ignorância — começou ela, suas palavras envoltas em fervor —, até ouvir a Palavra dos Abençoados. Cresci em uma aldeia tão desolada e sombria quanto esta. Mas, há menos de um mês, uma amiga de minha prima foi enviada à fronteira, como oferenda a Prythian. Ela não retornou, pois agora vive entre riquezas e conforto, como noiva de um Grão-Feérico. Vocês também poderiam ter essa sorte... se ao menos parassem um momento para ouvir...
O olhar de Nestha endureceu, uma sobrancelha arqueando. Ela inclinou-se levemente para a frente, como uma predadora que fareja a fragilidade em sua presa, e ciciou com um deboche afiado:
— Ela provavelmente foi devorada. Por isso não voltou.
O sorriso da jovem vacilou por um breve instante, como se um vento gélido tivesse apagado a chama de sua convicção. Mas logo, com uma determinação teimosa, ela tentou abrir a boca novamente, os olhos brilhando como se quisesse conjurar palavras capazes de dissipar a zombaria.
Eu não tinha muito a pensar sobre aqueles tolos. As histórias sobre os feéricos circulavam com frequência, mas nunca as li com interesse; preferia ouvir os relatos dos guerreiros e caçadores que, em tempos passados, me ensinaram com mãos firmes e vozes carregadas de experiência. Sabia bem o suficiente para discernir que a criatura que me atacara não era um lobo comum. Claro que sabia.
A jovem, contudo, parecia cega à realidade. Seu rosto sereno e convicto, o sorriso iluminado por uma fé obstinada, sequer vacilava enquanto ela replicava, como se recitasse uma oração ensaiada:
— Nossos mestres benevolentes jamais nos feririam de tal forma. Prythian é uma terra de paz e fartura. Caso os abençoassem com sua atenção, vocês ficariam felizes por viver entre eles.
Nestha deixou escapar um som baixo, algo entre um riso seco e um grunhido de desprezo. Meus dedos se apertaram ao redor das alças da sacola cheia de peles, o peso nos ombros parecendo mais suportável do que a estupidez dessas palavras. Os Grão-Feéricos, benevolentes? O que aquela tola sabia sobre monstros que rasgavam carne e quebravam ossos? Sobre o tipo de olhar que não distinguia uma humana de um cordeiro pronto para o abate?
Mas, ao invés de rebater, limitei-me a fitá-la com o silêncio. Que ela continuasse a pregar suas palavras vazias. Não havia lógica ou argumento que pudesse penetrar a muralha de sua devoção cega.
Nestha revirou os olhos, exalando impaciência, enquanto Elain lançava olhares nervosos entre nós e o mercado adiante. Os aldeões começavam a notar a cena, alguns parando seus afazeres para observar. Percebi que era minha vez de intervir antes que aquilo se tornasse mais do que um incômodo passageiro. Nestha abriu a boca novamente, pronta para mais uma de suas respostas cortantes, mas me movi antes que pudesse falar. Coloquei-me entre ela e a jovem acólita, deixando meu olhar vagar pelas vestes azul-pálidas que a cobriam, tão limpas e imaculadas que pareciam não conhecer o peso da miséria ou o toque da realidade. As joias de prata no pulso tilintavam suavemente, uma afronta brilhante em contraste com as roupas gastas de quem vivia na aldeia. Não havia um traço de sujeira ou marca em sua pele perfeita.
— Saia da minha frente — murmurei, a voz baixa e perigosa. Um aviso. — Antes que eu arranque sua pele e ofereça sua carne cozida às bestas feéricas que você tanto adora.
A jovem não se abalou. Ao contrário, seus lábios se curvaram em um sorriso beatífico, como se minha ameaça fosse uma espécie de bênção.
— Uma causa digna — respondeu ela, com uma serenidade que apenas inflamava meu desgosto.
Sem hesitar, toquei o braço de Feyre, sinalizando para que empurrasse Nestha e Elain para seguirem adiante. Antes de virar-me para acompanhá-las, lancei uma última palavra por cima do ombro.
— Causa digna... digno será o momento em que seu orgulho despencar e você perceber a tola que é.
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Ainda sentia o peso dos olhares dos acólitos em minhas costas enquanto nos dirigíamos à movimentada praça do mercado. Mas me recusei a olhar para trás. Sabia que, como todo grupo de fanáticos, logo seguiriam para outra aldeia, outro lugar em busca de ouvidos mais dispostos. Apenas precisava garantir que, ao fim do dia, tomaria um caminho mais longo para evitar cruzar com eles novamente.
Quando nos afastamos o suficiente, arrisquei um olhar por cima do ombro para minhas irmãs. Elain caminhava em silêncio, o rosto ainda congelado em espanto, como se tentasse processar o que tinha acontecido. Nestha, por outro lado, estava tempestuosa; sua postura rígida, os olhos sombrios e os lábios contraídos em uma linha fina denunciavam o quanto estava aborrecida. E Feyre... Feyre estava impassível. O olhar atento dela me encontrou por um breve momento antes de retornar ao caminho à frente, como se já estivesse pensando nos próximos passos.
Suspirei internamente. Era sempre assim. Cada uma reagia de maneira diferente às coisas, mas, no fundo, eu sabia que qualquer impacto emocional seria rapidamente deixado para trás.
— Encontro vocês aqui em uma hora — falei, firme, sem dar chance de resposta, antes de me virar e desaparecer na multidão da praça lotada.
O mercado estava fervilhando, mas o barulho e o movimento eram pouco mais que um pano de fundo enquanto eu avaliava minhas opções.
De um lado, o sapateiro, com sua postura encurvada e dedos nodosos, fingindo ajustar algo em um par de botas velhas enquanto seus olhos calculavam o valor de tudo ao seu redor. Ele era uma aposta segura, mas miserável; sempre barganhando até o último centavo, como se cada moeda fosse um pedaço de sua própria alma.
Ao lado dele estava o alfaiate, mais polido e meticuloso, vindo de uma aldeia próxima. Seus olhos percorriam cada costura da sacola que eu carregava, cada fio de tecido que vestia. Ele tinha uma língua tão afiada quanto sua tesoura e uma habilidade irritante de encontrar qualquer imperfeição para justificar uma oferta menor.
E então havia a mulher.
Sentada como um gigante adormecido na beira da fonte, ela era tão deslocada quanto uma espada em um baile. Grande como uma montanha, com cicatrizes que contavam histórias de batalhas, e armas que pareciam prontas para começar outra. Não havia mercadorias à mostra, nenhuma estrutura que sugerisse um comerciante tradicional. Apenas ela, observando, aguardando. Uma mercenária.
A decisão era óbvia, mas nenhum caminho era fácil.
Suspirei, sentindo os olhos dos compradores habituais sobre mim, pesando, julgando, e finalmente me movi em direção à fonte. Se seria um daqueles dias, que ao menos tivesse algo interessante para contar ao final.
Aproximei-me da mercenária, cujos cabelos escuros, grossos e cortados rente ao queixo, emolduravam um rosto bronzeado, marcado como se fosse esculpido em granito. Seus olhos, de um negro profundo, estreitaram-se levemente ao notarem minha aproximação, mas havia algo neles que me deteve. Não eram apenas negros - eram poços de sombra entrecortados por tons de castanho, que cintilavam sutilmente à luz, como brasas em meio às cinzas.
Ainda assim, não vacilei. Mantive minha postura ereta, o queixo erguido e os olhos dourados fixos. Ela me avaliava, disso eu tinha certeza, embora não como uma ameaça. As armas que trazia, afiadas e brilhantes, falavam de sua experiência em lidar com perigos muito maiores. Mesmo assim, deixei que meu interesse transparecesse por um instante - um brilho involuntário que talvez tenha denunciado minha admiração pelas lâminas mortais que pendiam em sua cintura.
— Não troco mercadorias por meus serviços, - disse ela, sua voz grave carregada de um sotaque desconhecido, exótico. — Só aceito dinheiro.
Seus modos eram diretos, como se já estivesse cansada de lidar com tolos. Por um instante, senti a ponta de um sorriso tocar meus lábios, mas o contive.
Alguns aldeões que passavam lançaram olhares furtivos, tentando fingir desinteresse na conversa, mas suas orelhas quase se inclinavam em nossa direção. Eu os ignorei, mantendo minha atenção fixa na mulher à minha frente, e então declarei:
— Não busco serviços quando sou perfeitamente capaz de realizá-los sozinha.
Um sorriso enviesado curvou os lábios da mercenária, como se minha resposta tivesse despertado nela diversão e incredulidade. Para ela, eu não era mais que uma jovem magricela, com fome e marcada pelas intempéries da vida na aldeia.
— Tenho uma pele de lobo e outra de corça para vender, — continuei, sem desviar o olhar. — Achei que pudesse estar interessada em comprá-las.
A mulher arqueou uma sobrancelha, um brilho de ceticismo cintilando em seus olhos escuros.
— Você as roubou?
— Não, — respondi, torcendo a boca com desgosto ao mero pensamento. — Fui eu quem as caçou.
Ela inclinou a cabeça ligeiramente, os olhos avaliando-me de cima a baixo mais uma vez, como se buscasse alguma evidência que sustentasse minhas palavras.
— Como. — A palavra saiu firme, sem entonação de pergunta.
Relatei o que tinha feito, narrando como abati a corça e o lobo, omitindo qualquer menção à ajuda de Feyre. Minha voz foi firme e breve, e a mercenária ouviu em silêncio, seus olhos nunca deixando os meus. Quando terminei, ela apontou com um gesto para a sacola em minhas mãos.
— Deixe-me ver, — disse ela, estendendo a mão com a certeza de quem já tratara com aquelas peles inúmeras vezes. Pegou as duas, dobradas com cuidado, e as examinou com uma atenção meticulosa. — Você não mentiu quanto ao tamanho do lobo, — murmurou a mulher, passando os dedos pelas fibras das peles. — Mas não parece um feérico.
Ela parecia detectar até mesmo os menores detalhes, suas mãos experientes vasculhando cada centímetro. Quando terminou, levantou os olhos para mim e deu o preço.
Eu piscava, quase não acreditando no valor que ela ofereceu. Muito alto, inesperado. O que quer que ela soubesse ou tivesse em mente, não estava preocupada em esconder seu interesse. Encarei-a em silêncio, e foi quando percebi que seus olhos haviam se desviado para algo atrás de mim.
— Presumo que aquelas três meninas observando do outro lado da praça sejam da sua família, — ela comentou. — Não têm a mesma aparência, mas todas elas têm esse olhar faminto.
Fiquei imóvel por um instante, sem me virar, sabendo bem o que ela observava. As três meninas estavam tentando, com todo cuidado, escutar sem serem vistas.
— Não preciso de sua piedade, — respondi, a firmeza no tom, mesmo que uma leve tensão brotasse em mim.
— Não, — disse a mulher com um leve sorriso, sem uma gota de compaixão. — Mas você precisa de meu dinheiro, e os outros mercadores estavam mais preocupados com os fanáticos de olhos arregalados. — Ela indicou com um gesto curto os Filhos dos Abençoados, cujos sinos de prata tilintavam insistentemente, perturbando a paz da praça. Eles pareciam saltar pelo caminho de todos, interrompendo o mercado com sua presença irritante. A mercenária sorriu suavemente quando me voltei para ela. — Depende de você, menina.
— Por quê? — Perguntei, desconcertada com o rumo da conversa. A mulher deu de ombros, com um gesto quase indiferente, mas de um tipo que só quem viveu muito entende.
— Um dia, alguém fez o mesmo por mim e pelos meus, numa época em que eu mais precisei. Achei que fosse a hora de pagar o que devo.
Eu a observei por um longo momento, ponderando suas palavras, o que podia estar por trás delas.
— Talvez eu possa oferecer algo mais, para que seja mais justo.
Ela olhou para mim, ainda mais avaliadora.
— Viajo com pouco e não tenho necessidade de carregar muitas coisas. Estas, no entanto... — A mulher deu tapinhas nas peles, suas mãos firmes sobre elas. — Me poupam o trabalho de matar os animais eu mesma.
Assenti, sentindo minhas bochechas esquentarem ligeiramente com a sensação de um acordo iminente. Quando a mulher puxou a bolsa de moedas de dentro do casaco grosso, o tilintar que ecoou indicava o peso da riqueza que ela carregava. Estava cheia, pesada, com uma quantidade considerável de prata, talvez até ouro, se o som fosse alguma pista.
Mercenários, como aquela mulher, eram bem remunerados neste território. O reino era pequeno, pobre demais para manter um exército permanente capaz de vigiar a muralha contra Prythian. Os aldeões, por sua vez, podiam contar apenas com a fragilidade do Tratado, forjado há quinhentos anos, para garantir alguma proteção. Contudo, a classe alta não se sujeitava a esse risco. Eles contratavam espadachins como aquela mercenária para patrulhar as fronteiras, criando uma ilusão de segurança, uma fachada de controle, exatamente como as marcas gravadas em nosso portal.
Todos sabiam, em algum lugar profundo de suas almas, que não havia realmente nada que pudessem fazer contra os feéricos. Era um segredo compartilhado, sussurrado entre as gerações, independentemente da classe ou patente. Desde o momento em que nasciam, todos ouviam os avisos - cantados nos berços de madeira, ou nas rimas entoadas nos pátios das escolas. O mesmo lembrete, incansável e insidioso, ecoava através do tempo: não importa o quanto você tente, os feéricos sempre terão a última palavra.
Certa vez, ouvi uma história assustadora sobre um dos Grão-Feéricos, um ser cujo poder era tal que poderia transformar nossos ossos em pó a cem metros de distância. Um monstro, com a capacidade de submeter até mesmo os Grão-Senhores com uma única palavra. Não que minhas irmãs ou eu tivéssemos presenciado tal criatura, mas, quando mais jovem, enquanto ainda aprendia a arte de fazer minhas próprias flechas, alguém me disse que existia algo ainda mais aterrador. Eu sempre acreditei que não poderia haver nada mais horrível do que ser controlada por um feérico, mas aquela pessoa falou de demônios-bebedouros de sangue, criaturas rápidas e assassinas, com um controle mental tão poderoso quanto o dom de subjugar Grão-Senhores. A simples ideia dessa força fez meu corpo estremecer, como se um pressentimento gelado tomasse conta de mim.
Havia duas barracas no mercado que alimentavam os medos que todos carregavam, oferecendo amuletos, bugigangas e encantamentos, pedaços de ferro e promessas de proteção. Eu podia pagar por eles, e, se por um acaso funcionassem, teríamos apenas alguns minutos para nos preparar. Correr seria inútil; lutar também. Mas Nestha e Elain insistiam. Elas não podiam deixar de se agarrar a qualquer esperança, por mais frágil que fosse, então, atormentaram Feyre até que ela cedesse e usasse. Um dia, Elain me sugeriu que comprasse algo, mas eu recusei, com um olhar firme. Se o ferro fosse realmente uma defesa contra eles, o lobo teria caído muito antes. Nunca fui do tipo que desperdiçava dinheiro com futilidades, nem acreditava em soluções rápidas para ameaças que exigiam mais do que simples amuletos.
A mercenária transferiu as moedas para a minha mão e eu as enfiei no bolso. O peso das moedas era como o de uma pedra de moinho, denso e inegável. Não havia como as meninas não perceberem o que eu carregava. Sem dúvida, Nestha já estaria traçando planos em sua mente, imaginando de que maneira poderia me convencer a dar-lhe uma parte daquele ouro.
— Obrigada — murmurei para a mercenária, tentando, sem sucesso, esconder a amargura que escorria pela minha voz, ao sentir as meninas se aproximando, como abutres à espreita de uma carcaça caída. A mercenária acariciou a pele de lobo com as mãos calejadas, o olhar distante.
— Um conselho, de caçadora para caçadora — disse ela, a voz grave.
Levantei os olhos, interessada, mas mantendo a postura erguida.
— Não entre muito no bosque. Eu nem chegaria perto de onde você esteve ontem. Um lobo deste tamanho seria o menor dos seus problemas. Mais e mais, ouço histórias daquelas coisas atravessando o muro.
Uma sensação de desconforto passou por mim, mas mantive a expressão firme.
— Nem sempre tenho uma escolha — respondi, a voz baixa. Se fosse verdade, se essas histórias de horrores além da muralha fossem mais que boatos, eu tentaria encontrar uma maneira de tirar as meninas desse território miserável e úmido. Rumaria para o sul, para longe da muralha invisível que dividia nossos mundos, antes que algo ou alguém decidisse cruzá-la.
Houve um tempo, há muito tempo, e durante milênios antes disso, em que os humanos eram escravos dos senhores Grão-Feéricos. Um tempo em que, com sangue e suor, erguemos para eles gloriosas civilizações, e construímos templos para seus deuses selvagens, imortais e impiedosos. Houve um tempo em que nos rebelamos, em todas as terras e territórios, lutando contra a opressão, contra a magia que nos esmagava.
A Guerra foi sangrenta, tão brutal e destrutiva, que o céu parecia sangrar e a terra tremer sob os nossos pés. Os gritos de batalhas e os ecos das mortes reverberaram por todo o mundo. E, no fim, quando já não havia mais forças para lutar, seis rainhas mortais ofereceram um Tratado, um sacrifício, para que o massacre cessasse dos dois lados. Para que a muralha fosse erguida, dividindo nossos destinos. O Norte de nosso mundo foi concedido aos Grão-Feéricos e aos feéricos, que levaram consigo sua magia e seus horrores. O Sul ficou para nós, mortais covardes, eternamente forçados a tirar nosso sustento da terra, amedrontados, mas ainda vivos.
— Ninguém sabe o que os Grão-Feéricos estão planejando — disse a mercenária, a voz tão fria quanto a pedra que marcava seus traços. — Não sabemos se os Grão-Senhores estão soltando as rédeas de suas feras, ou se esses ataques têm algum objetivo específico.
Ela fez uma pausa, como se ponderasse o peso das palavras antes de continuar.
— Trabalhei como guarda para um velho nobre que alegava ter visto uma piora nos últimos cinquenta anos. Ele pegou um navio para o sul há duas semanas e me disse, antes de partir, que eu deveria sair se fosse esperta. Antes de zarpar, o velho admitiu que soubera de um dos amigos que, na calada da noite, um bando de martax atravessou o muro e destroçou metade de sua aldeia.
— Martax? — Perguntei, a curiosidade tomando conta de mim. Sempre soubera que os feéricos eram diversos, mais variados do que qualquer espécie de criatura, mas esse nome era novo.
Os olhos da mercenária brilharam, como se ela visse uma lembrança sombria à medida que falava.
— O corpo é grande como o de um urso, a cabeça se assemelha à de um leão, e têm três fileiras de dentes mais afiados que os de um tubarão. São malignos... mais cruéis que qualquer coisa que você possa imaginar. Eles deixaram os aldeões em pedaços, literalmente, o nobre me contou.
Meu estômago se revirou, e uma onda de pavor percorreu minha espinha. Só de imaginar ter que enfrentar um desses monstros sozinha, o medo apertava meu peito. Atrás de mim, minhas irmãs pareciam tão frágeis, como porcelana fina, com a pele pálida e delicada, quase etérea, como se um simples toque pudesse quebrá-las. Contra algo como os martax, elas não teriam a mínima chance. Aquelas criaturas monstruosas as aniquilariam em um piscar de olhos. E quanto aos Filhos dos Abençoados... eram tolos, fanáticos, incapazes de entender o verdadeiro perigo que os rodeava.
— Então, não sabemos o que todos esses ataques significam — continuou a mercenária, sem vacilar. — A não ser mais contratos para mim, e vocês se mantendo bem longe da muralha. Principalmente se os Grão-Feéricos começarem a aparecer, ou pior, um dos Grão-Senhores. Eles fariam os martax parecerem cães.
Avaliei suas mãos cobertas de cicatrizes, ressecadas pelo frio.
— Já encarou outro tipo de feérico?
Os olhos da mulher se fecharam.
— Não quer saber, menina, a não ser que queira vomitar seu café da manhã.
— Acredite, enfrentei monstros piores, não na aparência e sim em seus atos.
Ela puxou a manga do pesado casaco, revelando um antebraço bronzeado e musculoso, salpicado de cicatrizes distorcidas. O arco que formavam era tão semelhante a...
— Não tinha a força bruta ou o tamanho de um martax — disse, com uma calma que não escondia a dor da lembrança. — Mas sua mordida era cheia de veneno. Fiquei dois meses apagada; quatro até ter forças para andar de novo. — Ela puxou a perna da calça, e o que vi me fez engolir em seco. Contra sua pele bronzeada, as veias estavam pretas, formando uma teia, como geada. — O curandeiro disse que nada poderia ser feito, que tenho sorte de ainda caminhar. O veneno ainda está em mim. Talvez me mate um dia, talvez me deixe aleijada. Mas pelo menos, partirei sabendo que matei a coisa primeiro.
O murmúrio da praça se desfez, como se o ar ao redor tivesse parado. Nenhum olhava, mas todos sentiam. Respirei fundo, o peso daquelas palavras ainda pesando no meu peito. Já ouvira o bastante por um dia.
— Obrigada pelos avisos — disse com a voz firme, mais pela cortesia do que por um verdadeiro agradecimento.
A mulher desviou o olhar para trás, e um sorriso tocou seus lábios.
— Boa sorte. — Antes que pudesse se afastar, uma mão esguia se fechou em seu antebraço. Mas antes que o toque de Nestha pudesse me puxar, afastei-o bruscamente, sem sequer olhar para ela. E, sem hesitar, comecei a andar, deixando para trás o peso das palavras e o eco da ameaça iminente.
— São perigosos — sussurrou Nestha, os dedos apertando com força conforme ela continuava a me seguir para longe da mercenária. — Não chegue perto deles de novo.
Eu a encarei por um momento, depois olhei para Elain, cujo rosto estava pálido e contraído, e por fim, para Feyre, que tinha a mesma expressão de Elain.
— Tem alguma coisa que eu precise saber? — perguntei baixo. Não conseguia me lembrar da última vez em que Nestha tentara me avisar sobre alguma coisa; Elain era a única com quem ela se importava, e talvez um pouco com Feyre.
— São trogloditas e levarão qualquer moeda que conseguirem, mesmo que seja à força.
Olhei de volta para a mercenária, que ainda estava examinando as peles novas, e senti um fio de inquietação percorrer meu corpo.
— Ela roubou você?
— Não ela — murmurou Elain, os olhos ainda distantes. — Um outro que passou. Só tínhamos algumas moedas, e ele se irritou, mas...
— Por que não o denunciou... ou me contou?
— O que você poderia ter feito? — indagou Nestha, com escárnio. — Desafiaria o homem para uma briga com seu arco e flecha? E quem neste esgoto de aldeia sequer ligaria se nós denunciássemos alguma coisa?
— Você sabe que eu teria feito algo, porra. — Nestha me olhou com reprovação, seus olhos estreitos, mas logo continuei, a frustração transbordando. — E quanto a Tomas Mandray?
— Não há como você fazer algo agora. — Ela desviou os olhos, evitando meu olhar.
— Vamos para casa. — A palavra saiu como uma ordem.
Minha humanidade ainda existia, mas ela era diferente agora. Anos haviam se passado desde o que ocorrera com Vittório, e eu tinha mudado. A menina vulnerável que uma vez olhava para o mundo com esperança havia se tornado uma sombra de si mesma, forjada pela dor e pelo peso do que sobrevivera. E agora, com uma fúria silenciosa, mataria quem ousasse machucar as pessoas que amava.
Sejam eles tolos magricelas, mercenários, feéricos, Grão-Senhores ou monstros. O mundo era feito de luta, e eu os destruiria, um por um, sem hesitar. O sangue que manchava minhas mãos já não me assustava mais. Eu era a tempestade que se aproximava, a força indomável que se erguia contra a escuridão. O medo não tinha mais espaço dentro de mim.
Meu nome é Elle - e eu não terei medo.
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Mais tarde, depois de um jantar simples com carne de cervo, estávamos todos reunidos ao redor da lareira, desfrutando de um momento tranquilo antes de dormir. Eu observava minhas irmãs, sussurrando e rindo juntas, e uma parte de mim desejava me aproximar e ouvir mais, mas outra parte estava grata por apenas poder observá-las, por ouvir seus risos. Elas me irritavam na maior parte do tempo, mas uma outra parte de mim, a parte que eu não queria admitir, sentia algo mais. Elas - até mesmo Nestha - tinham um poder sobre mim que eu não sabia como lidar.
Elas haviam gastado até o último centavo do dinheiro que lhes dei, e eu nem procurei saber como, embora soubesse que Elain havia comprado um novo cinzel para os trabalhos em madeira de Vittório. O manto e as botas pelos quais haviam choramingado na noite anterior eram caros demais. Feyre, por sua vez, havia adquirido duas latas pequenas de tinta. Eu não as repreendi. Não quando, em um gesto inesperado, Nestha saíra novamente para cortar lenha, sem que eu tivesse pedido.
Felizmente, elas evitaram mais confrontos com os Filhos dos Abençoados. Vittório dormia em sua cadeira, a bengala repousada sobre o joelho retorcido. O ambiente parecia tão tranquilo quanto poderia ser, e eu sabia que este seria o melhor momento para tocar no assunto de Tomas Mandray com Nestha. Eu me virei para ela, pronta para iniciar a conversa, mas, antes que pudesse dizer uma palavra, um rugido ensurdecedor irrompeu, e a neve invadiu a sala, com uma silhueta imensa e grunhidos ameaçadores surgindo à porta.
Levantando-me rapidamente, bati a perna com força, mas não fiz questão de esconder a dor. Não quando aquela criatura estava diante de nós, com seus olhos brilhando em fúria, e seus dentes e garras, afiadas como lâminas, ameaçando nos dilacerar.
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Gostaria de convidá-los a ler minha história original que estou publicando aos poucos aqui na plataforma wattpad, significaria muito para mim que a obra O Amuleto de Neva pudesse receber o mesmo amor das minhas outras fanfics. Obrigada !
𝗰ontınuα...
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