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Capítulo 01

Sul do Brasil, algum tempo depois.

A brisa de outono batia nas folhas dos plátanos que enfeitavam a vila de Felicidade, cobrindo o chão como se um tapete marrom com rajadas avermelhadas tivesse sido estendido para saudar a chegada dos forasteiros. A casa com paredes de madeira de Peter Zimmer, o médico contrato por Matteo Bertoluzzi, ficava logo na entrada de Felicidade. O cavalo relinchava, cansado por ter troteado da estância até ali sem descanso. Juan deu a volta na casa à procura de um balde com água para poder matar a sede do animal enquanto Matilde se empenhava em reunir instrumentos e frascos de remédios para serem levados até o irmão. Juan se deteve para olhá-la por entre as cortinas de uma janela, admirando os cabelos loiros que cascateavam pelas costas, enrolando-se nas pontas como anéis melindrosos. A alemã deslizava entre prateleiras, esticando-se para alcançar frascos, tão linda que ele poderia ficar ali para sempre, apenas olhando-a.

Matilde Zimmer era seu nome, irmã mais nova do médico que lutava para salvar a vida do Coronel Junqueira, o pai que o renegava como filho, aquele que havia assassinado o amante da esposa e que também era pai de Peter e Matilde. Aquele passado os separava e os unia ao mesmo tempo, mais separava do que unia, precisava admitir; e mesmo assim o formigamento que ele costumava sentir quando ela se aproximava ou sorria se multiplicou ao senti-la contra o peito durante a cavalgada até ali.

O argentino chegou em Santa Rita apenas para cumprir a promessa da mãe em encontrar o pai e oferecer-se como seu braço direito, mas acabou encontrando três irmãs que passaram a ser sua única família. Se não fosse por Lucila, Bibiana e Aurora teria deixado o velho e partido em busca de outras oportunidades. Não pretendia mendigar reconhecimento de um homem que não conseguia valorizar as filhas, que não conseguia lembrar das promessas que fizera para uma jovem castelhana que envelhecera acreditando no amor que sentia por ele.

O tempo era implacável para cobrar suas dívidas, pensou Juan, ainda com os olhos presos na silhueta de Matilde: Junqueira estava entre a vida e a morte, prostrado numa cama, à mercê daquele que não tinha motivos para mantê-lo vivo, mas que era o único capaz de salvá-lo. Talvez ele se salvasse e vivesse pelo tempo necessário para tentar consertar os estragos que havia feito na vida das filhas, talvez morresse e ardesse no fogo do inferno. Fosse qual fosse o destino do poderoso coronel, Juan não conseguia olhar para ele como um pai, tal e qual a mãe queria e isso o fazia se sentir culpado.

— Juan. – Matilde o chamou depois de abrir a janela para colocar a cabeça para fora. — Acho que peguei tudo que meu irmão precisa para tratar teu pai. – Juan não considerava aquele homem seu pai, mas não explicou isso para a alemã. — Você poderia entrar para pegar a maleta – pediu ela com os olhos enrugados, tentando se proteger do brilho do sol.

Juan deu a volta na casa e entrou pela porta da frente.

— Onde está a maleta, senhorita? – perguntou ele.

— Deixei-a no consultório, em cima da mesa de Peter – explicou ela. — Só preciso de mais alguns minutos para separar algumas roupas para mim – avisou.

— Não temos muito espaço na cela – tentou avisá-la.

— Prometo não exagerar, apenas dois vestidos para poder trocar de roupa.

— Pretende ficar em Santa Rita? – Juan a acompanhou com o canto dos olhos, quase tonto por vê-la se deslocar com tanta energia de um lado para o outro da casa.

— Sim! Sou a única capaz de cuidar de um homem que acabou de sofreu um ataque apoplético. É sabido que não sou uma enfermeira, mas papai e Peter me ensinaram – deu de ombros.

— Bem – Juan coçou a cabeça, confuso com a ideia de vê-la todos os dias. — Dolores está mais acostumada com o coronel... Lucila e Bibiana podem aprender rapidamente como cuidar de um moribundo.

— Claro que não podem. – Matilde parou de se mover dentro de casa e levou as mãos na cintura. — Bibiana e Lucila vão se ocupar do casamento. Quanto a Dolores não a conheço para dizer se é capaz.

— Casamento?

— Sim, sim! É claro que meu irmão pedirá sua irmã em casamento e seremos praticamente cunhados, precisamente tios de um bebê lindo que vai nascer – lembrou-o da gravidez de Lucila e seu humor azedou de repente.

— Mesmo assim... – Juan levou a mão ao queixo. — A senhorita pretende cuidar do assassino de seu pai?

— Sim, seu pai matou o meu – afirmou ela com os olhos que expressavam uma tranquilidade invejável. — Mas eu não o conheci para poder me apegar e sentir sua morte como meu irmão. Otto Zimmer sempre foi uma lembrança distante e tenho Hansel Zuncher como pai, foi ele quem me amou como filha. Não posso odiar uma lembrança que não me pertence, não é? – Matilde ergueu a cabeça e encontrou os olhos negros daquele que mexia com seu coração. Havia algo no irmão bastardo de Lucila que a hipnotizava. — Além disso, papai nos ensinou que não se nega ajuda a um moribundo. Acredite, Juan – tocou no braço dele, — Peter irá salvar seu pai e eu farei o possível para que seus dias sejam mais amenos.

— A senhorita tem um bom coração – afirmou Juan. — Nem eu consigo olhar para o coronel dessa forma.

— Cada um tem sua carga de erros para suportar. Nada posso fazer se meu pai amou uma mulher casada e perdeu a vida por isso. Nossas vidas poderiam ter sido diferentes ou não, pois papai contou que Otto não amava minha mãe como ela merecia. Aparentemente amou de verdade a mãe de Aurora. Os que vieram antes de nós cometeram erros e nenhum de nós está isento de não os repetir. Somos tão humanos quanto eles, afinal. E não somos Deus para julgá-los, ao menos é o que penso.

— A senhorita acabou de falar como minha mãe – sorriu ao lembrar da mãe.

— Um dia vou querer que me conte sobre ela – comentou Matilde. — Estou pronta, Juan!

Matilde aguardou Juan sair de casa para passar o trinco na porta e guardar a chave em sua pequena valise de viagem. Ele já havia guardado a maleta médica no alforje e amarrou a valise na cela do cavalo, para em seguida pegá-la pela cintura, afundando os dedos e sentindo arrepios varreram seu corpo quando seu perfume único e inconfundível invadiu suas narinas. Ela cheirava ao frescor de um pomar com árvores cítricas que absorviam a luz solar e despertavam o desabrochar das flores. Conforme ela se mexia podia identificar notas de limão, bergamota, alecrim, cedro e até sândalo numa explosão de aromas que a tornavam quase mística.

— Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta – disse ela assim que notou Juan acomodado atrás dela na cela.

— Pode perguntar – deu permissão, ainda embriagado com o cheiro dela, os anéis loiros fazendo cócegas em seu rosto. Era como carregar um anjo na garupa e acreditar que poderia passar ileso de ser punido por isso.

— Por que o senhor não gosta de mim? – perguntou ela, sem rodeios, deixando-o sem saber o que responder.

— Não é que não goste da senhorita...

— Então, por que tem me evitado desde que cheguei em Felicidade? Sempre tem algo a fazer e mal se aproxima quando estamos no mesmo lugar.

— Eu a respeito muito – afirmou ele. — A senhorita é uma dama e eu apenas um peão.

— Isso não é motivo – reclamou ela, dobrando a cabeça para encará-lo. — O senhor sequer quis provar o bolo que preparei para o senhor outro dia – queixou-se, mordendo os lábios de uma maneira que acabou excitando-o. — Cheguei a pensar que algo em mim não o agrade, talvez minha voz seja muito aguda, ou não me ache bonita.

— A senhorita é muito bonita e sua voz não é aguda – garantiu ele, arqueando os lábios em um sorriso que não deveria acontecer. Não poderia dar esperanças à alemã e ele sabia que ela o olhava com segundas intenções. Uma mulher não se esforçava tanto para ser notada se não nutrisse algum tipo de interesse. — Sou ninguém perto da senhorita – explicou. — É melhor assim.

— Fico feliz que me ache bonita, já é alguma coisa – sorriu em resposta, não fazendo caso da parte que eram pessoas de mundos diferentes. — O senhor vai se convencer que posso ser uma companhia agradável, Juan. Duvido que resistirá ao meu strudel de maçã – virou-se e acomodou-se melhor nos braços fortes dele, afinal, não desperdiçaria a oportunidade de ficar ao lado do homem que permeava seus sonhos nas últimas semanas.

Juan não falou mais, apenas a segurou firme contra o peito para que não caísse, sabendo que seria uma tortura se concentrar em outra coisa que não fosse o corpo de Matilde colado ao seu. Por mais que cavalgassem em uma marcha rápida, a distância que teriam que percorrer até chegar a Santa Rita não era pequena e lhe custaria a sanidade se manter emocionalmente distante dela, já que o corpo havia perdido a batalha desde o momento que a levantou na cela e sentiu a maciez feminina se ajustar às suas mãos com perfeição.

E aparentemente Matilde Zimmer não estava disposta a lhe facilitar a vida.


*Strudel: Doce da culinária alemã, feito com massa e recheio, que lembra um pastel assado. 


***

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