🦋▫️VANESSA ▫️🦋

Vovô guiou a lancha de volta ao píer onde puder ver as três mulheres, Madelaine não tinha uma cara muito boa, sorria um pouco forçado parecendo distraída e com um semblante triste, caminhamos até as mulheres e pude perceber que minha mãe e vovó conversavam animadas olhando em minha direção, o sol já estava se pondo e a vista do grande píer era linda.

— Filha você tem que provar seu vestido, sua avó realmente fez com todo o amor porque está incrível.

— Podemos fazer isso depois? Quero levar Madelaine pra ver o pôr do sol no fim do píer.- Minha mãe apenas sorriu amorosa e assentiu, eu sabia que algo estava acontecendo com Madelaine e precisava de espaço para conversar.

A ruiva me olhou sem entender qual era minha intenção, apenas segurei sua mão a puxando dali. Madelaine caminhava ao meu lado com o olhar fixo em seus pés, seus cabelos estavam desgrenhados pelo vento que vinha de varias direções.

— O que foi Madelaine? A sua cara não está nada boa.

A ruiva imediatamente parou de andar e virou seu corpo em direção ao apoio de madeira do píer, acompanhei seu movimento parando ao seu lado, seus olhos passaram pelo mar parando nos meus, sua expressão triste continuava presente.

— Eu não posso fazer isso Vanessa, você tem noção que eu aceitei usar um vestido de noiva que está a gerações na sua família?.- Madelaine agora tinha seu corpo virado para o meu.— Eles são pessoas maravilhosas, tem um amor fora do normal por você, eu não posso fazer você estragar isso, se descobrirem vão me odiar, odiar você..

— Madelaine..

— Vovó me disse que estava emocionada e que seu sonho estaria sendo realizado ao ver sua única neta se casar..

— Madelaine..

— Vanessa desculpa ter te oferecido a promoção e ter dito que publicaria seu livro, aposto que quem entrar no meu lugar fará isso, mas não da..

— Madelaine cala a boca.- Levei minhas duas mãos em seu rosto segurando o mesmo, estávamos próximas demais, mas a sua euforia estava me deixando maluca, se eu pensasse muito também iria correr para longe dali.— Me escuta.

A ruiva respirou fundo e fechou os olhos enquanto eu ainda mantinha minhas mãos em seu rosto. Por um instante meus olhos desceram para seus lábios e eu pude admira-los, logo o rápido beijo de um tempo atrás me veio à cabeça. Seus olhos se abriram e me dei conta que estávamos a tempo demais na mesma posição, deixei que minhas mãos caíssem e vi a mulher me fitar.

— Eu sei o quanto isso é difícil, e os amo mais do que tudo e é péssimo mentir, eu sei, mas não estamos fazendo isso atoa.- Por puro impulso levei uma mão até a dela que estava apoiada na madeira do píer e acariciei.— Apesar de tudo eu não quero te ver sendo deportada, até gosto de você como chefe e agora ainda mais como pessoa, não estou mais fazendo isso pelo nosso acordo, mas pela pessoa que conheci aqui nesses poucos dias.

Minhas palavras parecem ter atingido a mulher de algum jeito, Madelaine já não tinha mais a expressão triste, agora me olhava com um pequeno sorriso.

— Eu sei o quando sou péssima com todas as pessoas da editora Vanessa, mas eu vi meu pai ser assim comigo tantos anos, ele se tornou forte e eu também, mas eu tenho coração, eu tenho uma história e sei me preocupar com as pessoas.

— Sério? Eu sempre apostei com meus amigos que você tinha uma pedra aí no lugar de coração.- Uma risada saiu naturalmente dos lábios da ruiva, que agora voltou a caminhar ao meu lado.

— Vocês realmente faziam isso além de me chamar de víbora?.- Madelaine tinha um sorriso divertido nos lábios.

— Na verdade falávamos que era falta de sexo senhora víbora.- Senti um tapa de leve acertar meu ombro e não pude deixar de rir com as minhas confissões.

— Eu vou ter que fazer uma limpa naquela editora quando chegar, agora vamos voltar, está ficando frio.

🍒▫️MADELAINE▫️🍒

Me revirei na cama ao sentir a claridade da janela bater em meu rosto, murmurei alguns palavrões para quem quer que seja que deixou as cortinas abertas, com muito custo levantei meu corpo sentando sobre a cama, Vanessa já não estava em seu lado da cama o que me fez questionar o horário já que para mim ainda parecia madrugada, observei o relógio na parede e me assustei ao ver que já era quase onze da manhã, levantei indo em direção ao banheiro, fiz minhas higienes matinais e tomei um banho demorado. Optei por um vestido leve pouco rodado e meus cabelos soltos, desci até a sala encontrando apenas com o vovô vendo algo na grande televisão.

— Bom dia querida, como se sente?.- Sorrio simpático.

— Bom dia vovô, ótima e você?.- Sentei ao lado do mesmo.

— O mesmo, deve estar se perguntando onde está sua noiva não é?.- Apenas assenti com um sorriso.— Ela foi provar o vestido com Norma e a avó, você não poderia ver então fiquei encarregado de te fazer companhia.

Era nítido o amor do avô por Vanessa, ele ao contrário de John admirava o fato dela se dar tão bem com livros, com as palavras. Engatamos uma conversa onde o mais velho me contava sobre a infância de Vanessa, dizia que desde pequena ela já escrevia poemas e o avô era o primeiro a ler, contou sobre como apoiou e incentivou Vanessa a assumir sua sexualidade para a família, como a ajudou com Shay e muitas outras coisas, eles realmente eram bem unidos.

Uma mulher entrou na sala nos avisando que o almoço já estava na mesa, ficamos por tanto tempo conversando que acabamos nos perdendo no tempo. Eu sentia muita falta disso, de ter uma família, de ter amor, Vanessa tinha tudo isso e o peso de talvez estar estragando vinha sempre sobre mim. Ela é sem duvidas uma das pessoas mais amorosas que já conheci, sua admiração por todos aqui é evidente, fazê-la perder isso seria horrível. Almocei com o mais velho ainda entre muitas conversar, eu poderia afirmar que ele já sabia mais da minha vida do que minha própria família, ele se mostrava interessado e orgulhoso pelo fato de como levantei sozinha uma editora de nome.

— Venha comigo, vamos caminhar enquanto compartilhamos sabedorias.- Vovô entrelaçou um de seus braços no meu e fomos caminhando pela frente da cama.

— Eu admiro muito a união de vocês vovô, são uma família linda.

— Eu sempre apoiei a minha neta no que ela quis, diferente do teimoso do John.- Paramos de andar e o mais velho me fitou.— Como no caso de vocês duas, sei que Vanessa está fazendo a coisa certa, no começo eu não consegui perceber, mas agora sei exatamente decifrar o olhar de uma para a outra, vocês se olham através da alma.

— Você acha mesmo isso?.- Meus olhos estavam mais abertos do que o normal, eu o olhava realmente confusa.

— Sim menina Madelaine, digo que vocês ainda tem muito amor para descobrir.- Suas palavras fixaram em minha cabeça, como ele poderia estar enxergando isso tudo?.— Oh, olha quem chegou.

Me dispersei dos pensamentos ao ouvir o mais velho, logo fomos caminhando em direção a Vanessa e as mulheres, elas sorriam alegres provavelmente com a conversam que mantinham. Vanessa se aproximou enquanto vovô ia de encontro com as outras duas mulheres, apenas acenei para as mesmas.

— Oi, como foi o almoço com essa companhia ilustre?.- Ela sorriu enquanto caminhávamos para o Jardim.

— Foi ótima, eu poderia facilmente publicar um livro com todas as frases sábias dele.- Vanessa me fitou séria ao mesmo tempo em que parou de andar.

— Sério que para ele seria tão fácil assim? Madelaine eu sou a sua noiva droga.- Vanessa soltou uma gargalhada e eu imediatamente a acompanhei.— Dizer isso em voz alta é meio estranho até de brincadeira.

— Pra quem me odiava a uma semana atrás, até que você está sendo uma boa noiva Vanessa, e eu tenho que concordar.

Rimos mais um pouco até ver John se aproximar, o homem não tinha uma cara boa, o que fez Vanessa bufar irritada antes mesmo dele se pronunciar.

— Preciso falar com vocês duas, venham comigo até a casa dos fundos.- Seu tom de voz foi firme, o homem fez um sinal com a mãos para que o seguíssemos.— E Vanessa, sua mãe não pode saber disso.- Apenas assentimos e o seguimos.