Um poema irreversível
Gostaria de escrever um poema em que as palavras se eternizassem
De modo infindável
Perpetuado na memória da tua retina e na fragilidade dos teus tímpanos lacrados
Como teu coração
Igualmente fechado
Para minhas inaudíveis
Juras de amor
Daqueles poemas penetram
De forma audaciosa e sagaz
Mesmo nas mentes mais blindadas ao lirismo da poesia pura e desprovida de sentidos óbvios
A poesia não é óbvia
Obviamente ela é esse labirinto de sentidos e sentimentos ocultos
No prelúdio das rimas contraditórias
Dos sentimentos rimados
Da inconstância dos amores
Eternizo momentos
Crio verdades minhas
Irrefutáveis
Quereria eu
Na insignificancia de minha breve existência
Eternizar a minha poesia
Essa poesia irreversível
Que depois, de consumada entrega, torna-se tatuagem
Feitas de caneta e papel
E de fragmentos
Do meu eu poético!
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