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Twenty - Two

Quando a noite caiu, todos foram dormir. Ariel se despediu de Pedro e Edmundo e foi rumo a tenda que dividiria com Susana e Lúcia.

Estava quase lá quando Edmundo a alcançou.

-O que foi, Ed? Aconteceu algo?- pergunta ela confusa.

-Eu só... Obrigado.- ele diz e suspira. -Por tudo o que fez por mim.

-Sei que teria feito o mesmo por mim.- diz ela e sorri. -E, é pra essas coisas que servem os amigos. E bem, vocês quatro são os únicos que eu tenho.

-Sério, Cris.- diz ele com um sorrisinho e ela o olha feio antes de sorrir. -Sei que não gosta, mas não ligo. Acho Cristal um nome bonito. E, bem, o que você fez hoje, tenho certeza que nenhuma outra pessoa faria. Você é uma boa pessoa, Ariel. Não deixe que as palavras da feiticeira mudem alguma coisa.

-Que se dane aquela mulher!- ela diz e Edmundo riu. O silêncio voltou e os dois se olharam, sem saber ao certo o que falar. -Bom, boa noite, Ed.

-Boa noite, Cris.- ele diz e a abraça. Ariel retribui o abraço, o apertando com carinho. -Te vejo amanhã.

Ao se virar para entrar, viu Susana e Lúcia na entrada, sorrindo.

-Nem comecem.- disse Ariel entrando e se deitando sobre as almofadas.

-Vai dizer que não gosta nem um pouquinho de nada do Ed? - diz Lúcia. Ariel a olha.

-Lógico que gosto! Assim como gosto de vocês. São meus amigos.- diz Ariel.

-Duvido! Se ofereceu para morrer no lugar dele, Ariel! Ninguém faria isso atoa.- diz Susana.

-Não seria atoa.- diz Ariel revirando os olhos. -Querem saber? Vou dar uma volta! Não vou perder tempo tentando explicar algo que vocês não vão entender.

E saiu, ainda ouvindo as risadas de Susana e Lúcia atrás dela.

Todos os seres ja estavam em suas tendas, provavelmente já adormecidos. Ariel ia retornar a sua tenda para fazer o mesmo quando viu Aslam, andando tristemente. Ela foi até ele quando estava prestes a entrar na floresta.

-Aslam...- chama ela e ele a olha. -Aslam, o que foi? Está tão triste.

-Ah minha criança...- diz o Leão abaixando a cabeça. Ariel pode ver uma pequena lágrima brilhando em seus olhos, antes de escorrer pelo seu pelo e pingar na grama. Aquilo partiu seu coração, e ela foi até ele, se aproximando e o abraçando fortemente. Aslam ficou ainda mais triste.

-Aslam, me conte, o que houve?-pergunta ela assim que se separa do Leão, que ainda estava cabisbaixo.

-O acordo que fiz com a feticeira... Você conhece a Magia Profunda não conhece, princesa? Sei que estudou tudo sobre Nárnia quando esteve aqui. Sabe mais de Nárnia do que muitos Nárnianos, tenho certeza disso.

-Sim, me lembro de algumas coisas, pequenos detalhes. Por que Aslam? Isso já não está resolvido? Edmundo não vai viver? Não está tudo bem, agora?

-Não tudo, minha criança. Eu te contaria cada detalhe, mas não sei se é uma boa ideia.- diz o Leão com um suspiro. -Não posso arriscar que você tente me impedir de fazer o que deve ser feito.

-Por favor, Aslam, me deixe ajudar. Te ver assim parte meu coração.- ela pede com lágrimas em seus olhos e o Leão da um suspiro triste, triste, de partir o coração de qualquer um.

-Parte o meu também, princesa. -diz ele se aproximando mais dela para ninguém mais pudesse ouvir suas palavras. Nunca se sabe quem esta de ouvido, e, bem, as árvores... -Se eu te contar, tem que me prometer que ira continuar aqui. Que não vai me seguir ou tentar impedir o que vai acontecer! Você deve permanecer aqui. Firme e forte.

-Tudo bem, Aslam, eu prometo! Te dou minha palavra. Agora, por favor, conte-me.

Aslam deu um longo suspiro e abaixou a cabeça. Ariel ficou mais uma vez com vontade de abraca-lo, mas decidiu não o fazer; tinha medo de ofende-lo de alguma forma.

-Para salvar Edmundo, me ofereci em seu lugar.- diz o Leão e Ariel sente seu coração despedacar. Isso significava que Aslam seria assassinado na mesa de Pedra, friamente, pela feiticeira. Os olhos dela se encheram de lágrimas, e ela podia sentir uma pontada no peito, uma angustia.

-Não...- disse ela num sussurro, lagrimas em sua bochecha. -Aslam, já sei qual é seu plano. - disse ao se lembrar dos dizeres na Mesa de Pedra. - Mas e se não der certo? E se você de fato... Você sabe. Morrer. - disse a ultima parte baixinho, para que somente o Leão escutasse.

-Por isso estou tão triste, minha criança, mas não posso deixar que ela vença. Não posso deixar que Edmundo ou você morram. Precisamos de vocês cinco. A salvo e vivos. Você deve lutar na batalha ao lado do Rei Pedro. Prometa-me que ficara ao lado dele, como deve ser feito. - diz o Leão.

-Até o fim, Aslam.- ela diz. -Eu prometo que lutarei ate o fim por Nárnia.

-Acredito em você, minha princesa. Agora, venha, me de um abraço. Talvez seja nosso último, e quero me lembrar de algo reconfortante quando a hora chegar. - disse o Leão e o coração dela partiu ainda mais, ficando em cacos.- Preciso continuar meu caminho e você precisa ir para a cama. Amanhã tudo ficará bem.

Ariel abraçou forte o Leão, deixando lagrimas escorrerem de seus olhos. Pode sentir que Aslam também chorava, e aquilo partiu ainda mais seu coração, que já estava tão quebrado, tão dolorido. Ele era Aslam! Verdadeiro Rei de Nárnia! E agora a Feiticeira iria fazer tudo o que mais desejava: o assassinar friamente na Mesa De Pedra. E se Aslam não voltasse? Se morresse para sempre? Se os dizeres da Mesa de Pedra não significassem aquilo mesmo? Ninguém nunca tinha tentado descobrir se era verdade, afinal! Ariel tinha medo; não podiam perder Aslam. Ela se negava a aceitar isso, mas precisava ser forte, não só por ela, Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, mas por Aslam e por todos os Nárnianos. Tinha uma promessa a cumprir.

-Espero que fique tudo bem, Aslam.

-Eu também, pequenina. Eu também.

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