Ao amanhecer, Ariel se levantou e se arrumou. Já estava pronta quando bateram na porta de seu quarto. Era Pedro.

Ao abrir, Ariel se deparou com o amigo um pouco pra baixo, mas ao mesmo tempo, feliz.

-Aconteceu algo, Pedro?- ela pergunta e ele suspira.

-Sim. Mas não vem ao caso agora. Vim aqui por que Aslam deseja falar com você e me pediu pra te procurar.- diz o menino. -Ele está te esperando lá fora para conversarem.

-Tudo bem. Vou indo lá. Está tudo bem?- ela pergunta colocando a mão no ombro do amigo. Pedro da um sorriso.

-Vai ficar, Ari. Vai ficar.- e assim Pedro saiu em direção ao seu quarto.

Ariel se durigiu a parte de fora do castelo, onde encontrou o Leão a esperando, como imaginou. Ela se aproximou de Aslam, e ele fez sinal para que ela andasse ao seu lado, e assim Ariel o fez.

-Pedro me disse que desejava falar comigo antes de irmos embora.- diz Ariel e o Leão assente.

-Sim, minha pequena princesa. - diz o Leão calmamente. Aslam não tinha nenhuma presa para dizer o que queria. -Ainda me lembro como se fosse ontem quando veio a Nárnia pela primeira vez. Era tão pequena e tão corajosa. Você, pequena Ariel, fez grandes feitos por Nárnia e vai ser sempre lembrada por todos por conta disso. - Aslam olha para Ariel com um olhar que fez o coração dela se encher de amor. -Mas temo que sua hora aqui chegou ao fim.- diz o Leão e Ariel sente uma dor no peito. Se isso significasse o que ela estava pensando, então nunca mais veria Nárnia. -Sim, princesa. Está foi sua última grande batalha em Nárnia.

-Então... Nunca mais voltarei aqui? Nunca mais o verei, Aslam?- ela diz com a voz embargada, mas o Leão da uma leve risada.

-Nunca é muito tempo, Ariel. E eu sempre estarei com você, a olhando. Esteja você no meu mundo ou no seu. - diz o Leão e Ariel o observa, em silêncio. Estava triste demais para dizer alguma coisa. -Princesa, não fique chateada. Isto não é um adeus.

-Vou sentir muito a sua falta, meu rei.- diz Ariel e abraça Aslam com força. O abraça pela última vez.

-Lembre-se: enquanto Nárnia ainda existir no seu coração e em suas memórias, eu estarei ao seu lado.- diz o Leão. Ele olha para o relógio no topo da torre e depois volta a olhar para Ariel. -Temo que a sua hora chegou, princesa Ariel. Vamos. Vamos nos encontrar com os outros e te mandar para casa.

-Nárnia pertence aos Narnianos, assim como pertence aos homens. - começou Caspian com seu discurso para o povo. -Todos os telmarinos que quiserem ficar e viver em paz serão bem-vindos. Mas aos que desejarem, Aslam os enviara ao lar de nossos pais.

-Há muitas gerações nós de Telmar.- diz um dos homens.

-Não estamos nos referindo a Telmar.- diz Aslam. -Seus ancestrais eram marinheiros errantes. Piratas que aportaram em uma ilha. E acharam uma caverna, uma rara fenda que os trouxe pra cá. O mesmo mundo de nossos reis, rainhas e princesa. É para essa ilha que posso devolve-los. É um bom lugar para aqueles que desejam recomeçar.

Os telmarinos começam com o burburinho, se decidindo se aquilo era uma boa opção ou não e se Aslam mentia ou não. Mas, um dos homens ali que havia presenciado a batalha, se pronuncia.

-Eu vou. - ele diz. -Vou aceitar a oferta.

O homem se aproxima de Caspian e Aslam, e ao chegar la, a mulher de Miraz com seu filho também diz que ira partir junto de um senhor. Todos eles se aproximam de Aslam, e ao chegarem perto dele, o rei os observou antes de dizer:
  
-Por terem aceitado primeiro, seu futuro naquele mundo será bom. - e então soprou sobre eles suavemente. A árvore atrás de Aslam começou a se mover, deixando todos os telmarinos surpresos. Um buraco se formou no meio dos dois grandes troncos da árvore. Era uma fenda para o outro mundo.

                   Os três telmarinos caminharam até a grande árvore e atravessaram sobre o buraco, deixando para sempre Narnia. Os telmarinos ficaram confuso e, ao mesmo tempo, com medo.

-Como sabemos que ele não está nos levando para nossa morte? - gritou um telmarinos do meio da multidão agitada.

-Alteza. - disse RipChip. -Se meu exemplo pode servir para alguma coisa... Passarei com onze ratos agora mesmo.

                Aslam olhou para Ariel, Pedro e Susana e estes se entre olharam. Sabiam o que o olhar do rei queria dizer. Era hora de dizer adeus. Pedro deu um passo à frente.

-Nós vamos. - disse o menino.

-Nós vamos? - pergunta Edmundo um pouco decepcionado. Ariel sabia que, assim como ela, Edmundo desejava passar o resto de sua vida em Nárnia.

-Vamos. Nosso tempo acabou - disse Pedro olhando para Edmundo e depois para Lúcia. Pedro de virou e andou em direção a Caspian, estendendo sua espada para o novo rei. -Afinal não somos mais necessários aqui.

              Caspian olhou para Pedro e sua espada estendida, e a segurou, olhando nos olhos do antigo rei.

-Eu cuidarei dela até sua volta. - disse o menino.

-O problema é esse.- disse Susana e todos se viraram para ela. -Nós não voltaremos.

-Não? - disse Lúcia tristemente.

-Vocês dois sim. - disse Pedro para ela e Edmundo. -Pelo menos eu acho que ele quis dizer vocês dois.

-Ariel? - perguntou Lúcia e a garota negou com a cabeça.

-Essa foi minha última batalha em Nárnia, Lú.- disse Ariel.

-Mas por quê? - perguntou Lúcia para Aslam. -Eles fizeram algo errado?

-Muito pelo contrário, minha cara. - disse o Leão. -Mas tudo tem seu tempo. Seu irmão e sua irmã aprenderam tudo o que podiam neste mundo. Agora é hora de viverem por conta própria.

                Ariel esperou que o leão dissesse algo sobre ela, mas ele não disse. Somente a olhou, e depois voltou a olhar para Lúcia, que estava extremamente chateada.

-Está tudo bem, Lú.- disse Pedro indo até a irmã mais nova. -Não foi assim que eu pensei que seria... Mas tudo bem. Um dia você também vai ver. Venha. - é segurando na mão de Lúcia, a levou até os demais para se despedirem.

                Ariel caminhou até Caspian e deu um forte abraço no amigo. O último abraço. Caspian retribuiu é assim que se separaram, a olhou tristemente.

-Cuide bem de Nárnia pra mim, está bem? - ela diz para o amigo e ele sorri.

-Pode deixar, princesa.
 
          Ariel foi até Aslam e parou a frente dele, fazendo uma reverência. Aslam a olhou nos olhos antes de fazer sua reverência a ela.

-Obrigada por tudo, Aslam. - disse ela e o leão ri.

-Pequena Ariel, eu não fiz nada demais. Foi você o tempo todo. - diz o rei. Ariel dá um último sorriso para Aslam antes de se Juntar a Pedro, Lúcia e Edmundo à espera de Susana para atravessarem a fenda e voltarem para casa.

                  Susana conversava com Caspian, e Ariel pode perceber o quanto aquela despedida doía. Susana se virou para ir embora, e começou a caminhar em direção aos irmãos. Sério que ela não vai nem dar um beijo nele? Pensou Ariel. Mas, quando Susana estava quase perto deles, se virou e foi até Caspian, selando seus lábios em um beijo e depois o abraçando. Ariel sorriu.

-Tenho certeza de que vou entender quando crescer. - disse Lúcia.

-Eu já cresci, e não pense que quero entender. - disse Edmundo e Ariel o encarou, o que o fez sorrir.

-Mas que mentiroso! - disse Pedro sorrindo -Todos nós sabemos que você e a Ariel ficam se beijando pelos cantos.

-Podemos ir pra casa? - disse a garota vermelha de vergonha.

              Assim que Susana se separa de Caspian, caminha até eles. Ariel dá uma última olhada para cada canto de Nárnia: as montanhas, as árvores, os animais, os narnianos, os telmarinos, Trumpkin, RipChip, Caspian e, principalmente, Aslam. Queria guardar para sempre essa memória e ter para sempre todos eles em seu coração.

              Com o peito doendo, olhou uma última vez para todos e seguiu Edmundo para dentro da fenda. Logo já não estavam mais em Nárnia, mas sim na estação, esperando pelo trem. Chegava ao fim de sua última aventura em Nárnia.
 
                   Ficaram os cinco em silêncio, cada um com sua própria dor por deixarem Nárnia mais uma vez. Ariel sentia como se tivesse um buraco no peito, e tinha muita vontade de chorar. Sabia que sentiria muita falta de lá, sua verdadeira casa. Mas foi aí que sentiu a mão de Edmundo apertar a dela para a dar apoio, e levantou o olhar para encontrar com o dele, que sorriu. Ariel sorriu para ele, se sentindo um pouco melhor.

                  O trem se aproximou e parou, pessoas saíram e logo em seguida outras entraram. Mas o cinco ficaram parados, olhando para o nada e com o coração em outro lugar.

-Você não vem, Phyllis? - diz uma voz fazendo eles despertarem e se entre olharem. Era o menino que havia falado com Susana quando ela e Ariel viam revistas do lado de fora da estação. E assim, os cinco pegaram suas malas no chão e entraram dentro do trem.

-Vocês acham que há um modo de voltarmos? - pergunta Edmundo enquanto vasculhava sua bolsa. Todos o olharam. -Deixei minha lanterna nova em Nárnia.

                 Os cinco se olham e riem. No fundo, Ariel sabia que, mesmo que nunca mais voltasse, tudo ficaria bem. Ela ficaria bem. Afinal, Nárnia havia dado a ela o melhor presente que ela já ganhará na vida. Melhores amigos. Uma nova família.

Fim