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Fifteen

             A tempestade caia tão forte que deixava Ariel assustada; toda aquela água vindo do céu e a agitação do mar eram o suficiente para deixá-la extremamente apreensiva. E para piorar ainda mais, completava quatorze dias que não encontravam terra firme, e isso era capaz de enlouquecer até o mais são dos homens.

         Dentro do gabinete do capitão, Ariel, Edmundo, Caspian e Drinian conversavam para tomar as melhores medidas diante de tal situação.

-Então, estamos presos aqui.- disse o Capitão apontando para o mapa sobre a mesa. -Com meia ração, comida e água para duas semanas, no máximo.

          Caspian, sentado no sofá, escutava tudo atentamente. Nem sempre tomar decisões era fácil, e Ariel conseguia compreender bem o dilema que o amigo estava passando no momento. Ela havia passado por isso durante dezoito anos, e ela era somente a princesa, não tomava as grandes decisões como Pedro e Edmundo.

-Esta é sua última chance de retornarmos, Majestade. Não há garantias que iremos avistar a Estrela Azul tão cedo. Não nesta tempestade. É uma agulha no palheiro este lugar chamado Ramandu. Podemos passar por ele e cair pela beirada do mundo.

-Ou ser devorados por uma serpente marinha.- disse Edmundo num tom zombateiro. Drinian o olhou feio e Ariel segurou seu sorriso. Edmundo tinha uma incrível habilidade de dizer algo errado na hora errada.

-Só estou dizendo que os homens estão nervosos.- disse Drinian e olhou Caspian.

-Você quer que nós abandonemos a busca. Quer que nós retornemos. - constatou Ariel e Drinian a olhou. -Como poderiamos fazer isso sabendo que Nária será tomada pelo mal se não o detivermos?

-Princesa, não tem nenhuma certeza quanto a isso.- disse Drinian. -Esse mal que tanto falam pode nem se espalhar por Nárnia! E não há certezas que vocês vieram para para-ló.

-Ele já se espalhou por Nárnia, Drinian. Eu vim pra cá por causa disso. Eu tenho certeza.-disse ela.

-O que quero dizer é, esses mares são estranhos para navegação. Nunca vi nada parecido. - e olhou para Caspian, esperando uma resposta. Caspian olhou Drinian, já sem paciência.

-Então, capitão, talvez o senhor queira explicar ao Sr Rince que vamos abandonar a busca pela família dele.- disse Caspian com um olhar duro, que fez o Capitão recuar.

-Vou voltar ao trabalho.- e se virou, pegando sua capa de chuva pronto para sair. Mas, antes que o fizesse, virou e olhou nos olhos de seus reis. -Só vou lhes dar um aviso. O mar prega peças terríveis na mente da tripulação. Bem terríveis.

          E saiu, fechando a porta logo atrás de si. Os três presentes na sala se entre olharam.

-Não podemos simplesmente desistir, Caspian.- disse Ariel o olhando.

-Eu sei disso, Ari. Mas não está sendo nada fácil, e se não acharmos terra logo, morreremos de fome!- disse ele e suspirou, voltando a se sentar no sofá.

-As palavras de Aslam pra mim mudaram minha perspectiva, Caspian. Essa não é uma batalha que venceremos com força, mas sim com a inteligência. Temos que proteger nossa mente, por que se o mal a dominar, perdemos.

-Vê? Isso é muito pior que uma batalha corpo a corpo!- resmunga Edmundo e se joga ao lado de Caspian. Ariel para em frente aos dois.

-Só pensam nisso? Força física não se compara nada a força mental, Ed!- disse Ariel. -Temos que resistir, não cair na tentação. Não vai ser nada fácil, talvez seja a maior batalha que já enfrentamos, mas temos que vence-lá. Sinto que essa é minha última vez aqui, e eu não me darei por satisfeita se voltar pra casa derrotada!

          Edmundo e Caspian se olharam e deram breves sorrisos.

-Ok, princesa. Seguiremos suas ordens, não se exalte!- disse Edmundo e Ariel o deu um soco no braço. -Ai, bruta! - resmungou ele massageando o lugar com a mão. -Já tomou um soco dela, Caspian? Dói demais! Ela não sabe brincar!

-Nunca tomei e agradeço por isso.- disse Caspian rindo de Edmundo.

-Senti falta desses momentos. Os minutinhos de paz antes de tudo ir por água abaixo.- disse Ariel sorrindo enquanto encostava suas costas na mesa e se apoiava nela.

            Os dois sorriram e nada precisava ser mais dito; o olhar que trocavam já dizia mais que mil palavras.

-Ariel... - a voz a chamava cantando e suavemente, vindo das profundezas. Ariel não sabia ao certo de onde e de que direção vinha, mas escutava e a voz a assombrava. -Apareça, apareça, onde quer que esteja.

             Ela pisou, seu corpo indo para trás. Olhou para seus pés e viu a neve. A branca e gelada neve. Estava em Nárnia? Onde estaria?

-Ah, Ariel. Você acha mesmo que se livrou de mim? Como pode ser tão tola!- disse a voz, cada vez mais grave. Uma gargalhada ecoou pelos ouvidos de Ariel, e ela os tampou com força, tentando impedir que o som horrível entrasse dentro dela.

-Não tenho medo de você, Jadis!- ela gritou, tomada por uma imensa coragem.

-Não é a mim que você deve temer neste momento...

            Um pequeno redemoinho de vento apareceu na frente de Ariel, e ele girou, e girou, e a cada girada formava a figura de uma mulher alta e esbelta, com uma coroa na cabeça. Jadis. Os olhos de Jadis encontraram Ariel, e a raiva apareceu em seu olhar cruel.

-É a si mesma!- gritou Jadis e sua imagem flutuou rapidamente em direção a Ariel, atravessando seu corpo.

         Ela caiu na neve, com um suspiro de dor. O frio lhe percorrei todo o corpo e por alguns segundos Ariel sentiu um imenso horror e pavor, como se nunca mais fosse existir nenhum tipo de felicidade.

-Não pode esconder quem você é.- sussurrou uma voz em seu ouvido, e Ariel sabia, mesmo de costas, que a pessoa sorria. E ela conhecia muito bem a voz. Era Ashley.

            Ashley deu uma gargalhada, uma gargalhada alta que logo foi se transformando como a da feiticeira. Ariel estava estática, horrorizada, parada na neve olhando para Ashley e seus olhos negros crueis. E então, Ashley pega um punhal e o lança na direção de Ariel.

            Ariel acorda com um pulo, respirando pesadamente. Colocou a mão no peito; não havia nenhum ferimento, ela estava bem.

-Pesadelos?- disse a voz de Ashley. Ariel se virou e viu que a garota estava com uma cara péssima; seus olhos estavam vermelhos, o que indicava que Ashley havia chorado.

-Sim. E você?- diz Ariel.

-Também.- murmurou.

-Algo está mexendo com nossas mentes.-disse a voz de Lúcia e Ariel se virou; Lúcia também estava acordada. -Eu acabei de falar com Ed. Ele, Caspian e Kyle também tiveram sonhos ruins.

-Eu vou lá falar com o Ed.-disse Ariel e se levantou.

-Vai dormir com ele, não é, medrosa?- diz Lúcia com um sorriso sapeca no rosto de Ariel riu.

-Ah, depois desse sonho ruim, com certeza.

-Sempre tenta mentir pra mim e sempre falha miseravelmente. - disse ela e Ariel riu antes de deixar as meninas nos aposentos e seguir rumo ao lugar onde eles dormiam.

            Ao entrar lá, ela logo achou Edmundo. Ele estava deitado na rede, plhamdo para o teto, acordado e apreensivo.

-Também teve sonhos ruins, então.- disse Ariel baixinho e Edmundo a olhou.

-Com a Feiticeira Branca. E você?- disse ele a olhando.

-Mesma coisa.- disse Ariel e suspirou.

-Vem aqui.- disse Edmundo e a puxou para cima da rede.

-Tem certeza que não vamos cair?-disse Ariel rindo.

-Tenho bastante certeza disso. E se cairmos, eu te seguro.- disse ele e ela sorriu.

          Ariel se ajeitou mais na rede com Edmundo, e deitou sua cabeça no peito dele. Ali, pelo menos, se sentiria mais segura para dormir. E se os pesadelos viessem, sabia que logo iriam embora. Afinal, não poderia estar mais a salvo do que dentro dos braços de Edmundo.
          

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