𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 II
『 ᶜᵒᶰᵗᵉ́ᵐ 1692 ᵖᵃˡᵃᵛʳᵃˢ 』
𓆩*𓆪
𝐴 𝑃𝑟𝑖𝑛𝑐𝑒𝑠𝑎 𝐸𝑥𝑡𝑟𝑎
𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 II
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Correndo pelas ruas estranhas e não conhecidas, Aranell tentou se distanciar o máximo possível do castelo. Apensar das pernas não aguentarem mais serem forçadas a continuar, ela não iria parar até se sentir devidamente segura. Não entendi nada o que se passava ao redor, a cidade era que nunca viu. Não importava, só queria liberdade.
Estava livre agora.
Correu por mais quinze minutos até o ar lhe faltar e suas pernas falharem. Colocando as mãozinhas sobre o peito, tentou se acalmar. Puxou o ar com calma e o soltou lentamente, de novo e de novo. Até sua respiração voltar ao normal, ela consegui olhar ao redor e analisar onde estava.
Em uma praça bem movimentada, onde continha uma fonte e muitos comércios. Era a primeira vez, naquele mundo, que via tantas pessoas. Madames de vestidos luxuosos, homens com trajes elegantes e até mesmo crianças com roupas engraçadas. Vendedores, comerciantes e donos de negócios. Vários rostos diferentes, várias classes diferentes. Viu até um grupo de crianças com roupas mais simples correndo pela praça.
Caminhou, explorando e admirando aquele cenário de época que se via em apenas filmes e novelas antigas. O sol estava já visível e esquentava sua pele pálida e sem vida. O céu estava limpo e brilhante, como se comemorasse a fuga bem sucedida da menina.
Sorriu, livre.
— Oh, Deuses. — a voz de uma mulher ressoou perto e Aranell olhou curiosa. — Esses imundos estão por toda parte.
— Certamente. A cidade precisa de uma limpeza, afinal, estamos na capital real. O rei está bem ali, como podem deixar algo assim a mostra? — outra mulher concordou e acrescentou sua opinião.
Aranell fechou o sorriso imediatamente. Elas estavam se referindo ao grupo de crianças plebeias que brincavam perto da fonte. Crianças pequenas e que certamente vivenciaria muito aquele tipo de situação. E se sentiriam mal por tão terem nascido em uma família rica e poderosa. Ela nasceu, mas não foi recebida com uma colher de ouro ou felicidades.
Os olhares preconceituosos de quem tem dinheiro é o mesmo em qualquer mundo. Mesmo sabendo que as crianças não tinham culpa onde nasciam, os adultos despejam injustiças independente da classe social.
Olhando para as crianças, Aranell resolveu se aproximar. Com cautela, ela caminhou até o jovem que se encontravam sentado em um banco entorno da fonte. Parecia o mais velho das crianças e tinha um olha fixo nos mais novos.
— Olá. — com um sorriso doce, a menina falou pela primeira vez com uma criança, além de si mesma.
— Oi. — o menino, tímido, respondeu o comprimento da morena.
O jovem tinha um rosto muito bonito e a pele bronzeada. Os cabelos loiros eram um pouco grandes e ondulado, caindo por seus olhos cor de chocolate. Ele tinha em mãos um pedação fino de carvão e uma folha amassada de papel. Parecia treinar sua escrita, já que as letras saiam grandes e desordenadas.
— Cê sabe donde é o tempu? — Aranell resolveu manter a fala infantil por enquanto.
O menino a encarou por alguns segundos, analisando Aranell. Era certo que ela parecia muito uma empregada de algum nobre, mas o rosto fundo, a boca seca e olhos opacos dizia que passava muita fome. Ele notou isso.
— Ah, seguindo a segunda avenida ali até o final. — ele apontou para uma rua bastante movimentada.
A pequena olhou para onde o menino apontava e sorriu, estava perto do seu destino.
— Bigadu. — curvou-se levemente em agradecimento, se despediu com um acenos e seguiu seu caminho sendo observada pelo jovem.
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Encontrar o Templo não foi difícil, mas ela tinha ainda que se produzir novamente. Tinha que parecer uma criança abandonada, coisa que era, mas no momento estava bem arrumada para aparentar tal coisa.
Em um beco perto do templo, ela rasgou algumas partes do uniforme de empregada. Soltou os cabelos e os bagunçou. Tateou o chão em busca de terra e poeira, passando em suas vestes, cabelos e rosto. Jogou a cestinha fora e a plaquinha de bronze enterrou por ali no chão. Estava pronta, era isso.
Saindo do beco, ela andou calmamente em direção ao lugar onde pediria abrigo.
O Templo da Deusa do Sol era grande, majestoso e brilhante. A entrada passava-se de um caminho de arcos de pedras brancas, cheio de plantas e flores. Havia muitas pessoas transitando pelos corredores que davam acesso às salas de orações e outras coisas. Pessoas com batinas brancas faziam parte do cenário, esses eram os sacerdotes do templo.
Aranell caminhou por um momento, só analisando os sacerdotes. Escolhendo quem ela iria abordar. Os cabelos brilhantes de um sacerdote em questão lhe chamou a atenção. Ele era elegante, sério e parecia muito um nobre. A batina dele tinha toques em azul e detalhes bonitos, talvez seja uma pessoa de alto escalão dentro do templo.
Os cabelos eram longos, loiros pálidos e brilhantes. Os olhos azuis celestes ficavam bem sérios atrás do óculos redondo e grande. Era ele o escolhido, tinha que ser. Aranell sentiu uma pontada no peito de ansiedade, era a primeira vez que via uma pessoa tão bonita na sua vida.
Respirou fundo e começou a andar em direção ao homem brilhante. Porém seu objetivo foi interrompido por um empurrão, em um momento, seu corpinho foi direto ao chão com muita força. Aranell bateu o nariz não chão de mármore branco, o deixando-o com uma tonalidade carmesim.
Seus olhos focaram-se atônitos para os pingos de sangue que escorriam de seu nariz até o chão.
— Pela Deusa, que horror é esse? — uma mulher escondeu metade do seu rosto com um leque rosa.
— Quem permitiu a entrada dessa coisa? — um homem se aproximou. Rechonchudo com um bigode grande e uma cara feia.
— São esses tipos de vermes que sujam a imagem do Templo da Capital. Tem que ter seguranças nas entradas, sua majestade, a rainha vem aqui para orar. — a mulher de roupa chamativa e cabelos cor de palha, exclamava alto para que todos ouvissem.
— Já pensaram que a rainha pode vim a dar de cara com um desses seres hediondos? — o homem aproximou-se da menina e sem escrúpulos nenhum, pisou fortemente em sua mãozinha que apoiava o corpo.
— Ah! — o grunhido de dor foi grande, provavelmente um dedo ou dois foi quebrado em instantes. As lágrimas brotaram rapidamente, descendo quente por suas bochechas. Erguendo seus olhos em uma imensa raiva, Aranell olhou furiosamente para o nobre que zombava dela.
Seus olhos tremeram com a raiva, tornando-se um verde sinistros com tonalidade brilhante. Era como olhar para os olhos de uma fera enfurecida. Era assustador encara-la fixamente, tanto que o homem franziu o cenho e recuou sem retirar o pé.
— Não me olhe assim, sua rata! — ergueu o braço com a palma da mão aberta, pronto para acerta-a no rosto com tudo. Porém, sua mão parou no ar.
— O que está fazendo, sr. Martins? — o sacerdote de antes segurou o pulso do homem com firmeza.
— Dando uma lição nesse troço! — em bufadas, o sr. Martins tentou se soltar. Porém não conseguiu.
— Por quer?
O homem franziu mais o cenho, com indignação por ser questionado.
— Somos todos filhos da Deusa, por quer esta jovem não pode frequentar o mesmo lugar que o senhor? — o sacerdote loiro mantinha o semblante limpo. — Aqui somos todos iguais perante os olhos da Deusa.
— Não pago minhas contribuições anuais para estar no mesmo lugar que um plebeu. O rei faz contribuições para que todos os templos se manterem limpos dessas pragas. A rainha frequenta esse templo, como sumo-sacerdote, é sua obrigação manter o templo em perfeita ordem.
— Sr. Martins, parece que o senhor se esqueceu que o Templo da Deusa do Sol não tem vinculo nenhum com a família real deste reino. — o tom sério foi grave, corrigindo os ideais distorcidos do homem. — Se a rainha frequenta este templo é por quer ela é uma fiel aos ensinamentos da Deusa. O senhor poderia seguir o mesmo caminho, não acha?
O sumo-sacerdote puxou o homem com força, o forçando-o sair de perto da menina, deixando-a livre.
— O que acha de ler novamente nossos pergaminhos? Poderá aprender muito com os ensinamentos primordiais da Deusa do Sol. — dando um leve sorriso, o homem loiro encarou o outro com desdém.
— Isso não vai ficar assim! — bufando pelos ouvidos, o sr. Martins deu meia volta e saiu batendo o pé. A mulher que estava ao seu lado resmungou algo e se foi também, logo só tinha Aranell e o sumo-sacerdote ali.
Ela puxou a mão machucada do chão e observou atentamente cada detalhe. O dedo médio e o anular estavam quebrados, já que doíam muito e não conseguia fechá-los.
— Você está bem? — ele abaixou-se até analisa-la calmamente. Retirou um lenço do bolso e limpou o sangue que escorria pelo nariz da menina. O toque calmo e gentil do loiro fez os olhos de Aranell encher de lágrima e um choro insuportável transbordar. Ela não chorou quando sua mãe morreu ou quando a enterrava sozinha atrás da torre. Não chorou quando ficava sozinha na torre ou quando seu estomago doía de fome. Mas ali, com um simples gesto, ela começou a chorar incontrolada mente como uma criança desamparada. — Tudo bem. Tudo bem!
Tentando acalma-la, o sumo-sacerdote a pegou no colo e a abraçou. Acalentando-a com suavemente e afável. O abraço quente e confortável do homem era tudo que ela precisava, algo onde poderia desabar finalmente. Agarrou as vestes brancas e enfiou rosto no peito dele, chorando, colocando sua dor para fora. Era tudo que precisava.
Ele se levantou e caminhou com ela em seus braços para dentro do templo, passando por alguns corredores e sendo observando por olhos curiosos. Adentrou em uma sala e logo foi reverenciado por um sacerdote de veste totalmente branca. O cômodo parecia ser uma enfermaria, continha várias camas e objetos que remetia um consultório. Ele sentou-se em uma cama e acariciou os cabelos castanhos da menina.
— Qual o seu nome, pequena?
Os olhos dela tremeram com a pergunta. Não poderia se apresentar como Aranell, já não era mais ela. Escolheria outro nome e seguiria uma vida diferente, feliz.
— Neliell.
De Amanda Soares, uma jovem comum, para Aranell. De Aranell Lira Nalakardian, uma princesa abandonada, para Neliell.
Seria de agora em diante, Neliell.
CAPÍTULO NÃO BETADO
O que acharam meus amore?
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