Capítulo quatro
Estava escrito também que eu tinha que ir encontrar o time às quatro da tarde, mas não fui em direção ao campo, e sim ao quarto de Ben. Aquela não era a minha letra, apesar de alguém ter tentado muito chegar perto dela. Sorte a minha que eu reconheceria aquele R em qualquer lugar.
Bati na porta dele com tanta força, que me sentiria culpada se não estivesse tão confusa.
— Estamos sendo bombardeados por algum inimigo?! — Ele abriu a porta com tudo.
O quarto estava escuro, e ele apertava os olhos contra a luminosidade do corredor. Eu o tinha acordado, aparentemente, mas não me importei ao entrar e perguntar com o mesmo mau humor:
— Você por algum aca . . . — Me virei para ele e então que percebi que estava sem camisa e segurava sua coberta em volta da cintura. — Não quer vestir uma roupa não? — sugeri, achando uma boa ideia lhe dar as costas e analisar as cortinas.
Não era como se eu nunca tivesse visto o Ben sem camisa. Nós tínhamos uma piscina interna maravilhosa no castelo, e nós dois a aproveitávamos sempre que podíamos, ainda que não fosse frequentemente. Mas eu não o tinha visto desde que ele tinha ido treinar. Sabia que grande parte desse treinamento era físico, já até tinha percebido que ele estava mais largo, mais forte, mas era bem diferente ver essa mudança sem nenhum tecido a escondendo.
Bem diferente.
— Não, quero saber o q ue pode ter acontecido para você vir esmurrar minha porta!
Apesar de sua resposta, ouvi quando abriu o armário e tive que levar minha mão à boca para não falar o que estava pensando e nem me virar. Sem querer.
— Elisa?
— Eu sou uma garota de família, Ben. Não posso continuar a conversar com um cara sem rou . . . — nem consegui terminar a frase sem rir. Estava até sem ar. Aquele negócio de time de beisebol me incomodava ainda mais do que eu pensava.
— Eu não estou mais sem roupa — ele disse, e pude ouvir em sua voz que não estava mais tão incomodado também. — O que diabos pode ter acontecido?
Ele vestia calça jeans e o que parecia ser a mesma camiseta branca amassada e já quase transparente de sempre. Se sentou na cama para calçar os tênis e começou a juntar suas coisas para a aula de Escultura enquanto eu expliquei todo o drama de ter estado sonhando com meu momento de liberdade e o baque de descobrir logo a letra dele com meu nome na lista do time.
— Ah — ele soltou quando eu o acusei. — Não achei que você fosse perceber.
— Acho que eu teria percebido, provavelmente quando levasse uma bolada na cara e me mandassem correr para a primeira base — respondi, me sentando na cama de André, o outro guarda que dividia quarto com ele.
— Não achei que fosse perceber que tinha sido eu. Fiz o seu E igualzinho.
— Pena que meu nome tem outras. . . — Parei para contar as letras, mas acabei desistindo. Balancei a cabeça para os números saírem dela. — Não importa! Eu teria percebido que eu não tinha escrito, né? Você é louco de me inscrever? Eu não consigo nem jogar graveto para o Magnus buscar sem quase deslocar o braço!
— Ninguém disse que você precisava ser a arremessadora. E não fui eu que decidi te inscrever. Tive que seguir ordens para manter minha cabeça.
— O que sua cabeça tem a ver?
— Tem a ver com seu pai a separando do resto do meu corpo se eu não fizer o que ele mandar. Ele me mandou te inscrever. Foi realmente bem simples, tenho ordens piores.
Arregalei meus olhos, parando para me perguntar por um segundo se gostaria de descobrir quais ordens piores eram essas.
— Hãn. . . — Tentei voltar a focar no que importava. — Eu não tenho lá tanto contato assim com meus pais, mas até eles sabem que eu não nasci para nada físico.
— Mas você ama beisebol! Pelo amor de deus, é a única pessoa que eu conheço que consegue assistir um jogo de quinze entradas sem desistir e ir dormir!
— Era a semifinal! E eu sou parforcense, está no meu sangue!
— Exato. Usa esse sangue para ir lá jogar.
— Jogar é bem diferente de assistir. Por que eles querem tanto assim que eu jogue? Só pela distância do meu quarto até a Casa das Artes, já estou fazendo mais do que exercício suficiente. Mais do que já fiz na vida inteira, aliás.
Ben deu de ombros, se levantando e pegando a mochila.
— Tudo que eu sei é que tem alguma coisa a ver com a competição do Rei George I que vão fazer. E agora eu tenho que ir.
—Posso te acompanhar, né? — pedi.
Ele levantou as sobrancelhas, parando no caminho até a porta para virar para mim com uma cara de incrédulo.
— Você quer andar comigo até a Casa das Artes? — Ele parecia surpreso, e seu tom mudou quando completou. — Mas é tão longe! Será que você aguenta mais isso de exercício em um único dia?
— Há, há — falei, me levantando e o seguindo ao sair dali. — Você cumpriu a ordem de meu pai, agora eu posso ir até a diretora e falar que foi um engano? Beisebol é tão . . . movimentado.
— Movimentado? — ele repetiu, quando saíamos da escadaria do andar dos funcionários.
— É, tem que pensar rápido demais. Você tem noção de quanto tempo um rebatedor tem para decidir a altura e força que vai colocar no taco? Para reagir ao arremesso? Trezentos milissegundos. Eu pareço ser do tipo de pessoa que consegue tomar uma decisão tão rápido assim?
— Você é literalmente a única pessoa que conheço que consegue tomar decisões tão rápido — falou ao desviar de um aluno que acabou esbarrando em mim.
— Só com a minha filosofia de que é melhor tomar a errada — respondi, esfregando meu ombro agora dolorido — do que ficar enrolando!
— E você também é a única que sabe quanto tempo um rebatedor tem para reagir. Só está me convencendo de que fiz a coisa certa.
Nós estávamos saindo já no pátio, e eu ainda não tinha nem chegado perto de expressar o quanto aquilo me incomodava.
— É só que é estranho! — falei depois de algum tempo em silêncio. — Mesmo se eu quisesse jogar, meus pais me forçando a participar sem nem me perguntar é estranho! Eles passando por você pelas minhas costas é ainda pior! — Parei na frente da Casa das Artes, e ele parou junto.
— É bem mais estranho para mim, acredite — Ben disse, ajustando a mochila no ombro. Seus olhos encontraram os meus, e ele franziu as sobrancelhas. — Mas eu tenho um trabalho agora, que envolve você. Tenho que conseguir separar minhas obrigações da nossa . . . — Pareceu buscar em mim a melhor palavra, me deixando apreensiva para o que diria — . . . amizade. Tem que ter uma adaptação. Ou pelo menos é o que a minha mãe falou.
— Ela tá bem, por falar nisso?
Ele assentiu.
— Disse que está orgulhosa de você — respondeu, levantando uma sobrancelha só, me desafiando a decepcioná-la agora.
Quando revirei os olhos, ele sorriu.
— Alguém tem que estar, né? — falei, depois respirei fundo, rendida. — Tá, eu participo do time. Mas não prometo jogar bem. Já vai se conformando que eu vou ser a rainha do banco de reservas.
— Ou a princesa, pelo menos — ele disse, antes de me dar um beijo na bochecha e entrar no prédio para a aula.
*
Quando cheguei ao campo de beisebol depois de me trocar, tinha dois grupos separados. Um era de garotos, sentados perto da arquibancada e na sombra. As garotas às quais me juntei estavam a uma distância maior, em campo aberto. Me sentei atrás delas e vi quando a treinadora me percebeu, mas ela só olhou na minha direção. Nem parou o que estava fazendo.
— E isso é todo dia — ela dizia, jogando uma bolinha na luva da sua mão direita. — Pelo menos uma hora de exercício físico. Vocês têm que responder o formulário — com um aceno de sua cabeça, a garota atrás dela começou a distribuir folhas para nós — para eu saber exatamente como treiná-las. Me ajude a ajudá-las.
Minha vontade era de revirar os olhos pela frase feita, mas a menina na minha frente se virou para me entregar uma folha. Ela sorriu, simpática, e eu a reconheci. Era Isabella Clarke. Sua mãe morava em Vilareal, era Duquesa de Leme e tinha ido a um jantar no castelo no final de janeiro. Ela tinha ido junto e usou um vestido azul turquesa maravilhoso que eu queria para mim. Nunca imaginaria encontrá-la sentada na grama de um campo de beisebol pouco mais de uma semana depois.
Isabella se virou para a frente de novo, puxando a trança por cima do ombro enquanto lia o papel. Eu sabia que não devia estar encarando, mas era difícil evitar. Eu a seguia no Instagram também, sabia que ela dançava balé e postava vídeos seus, mostrando que ser gorda não a impedia de ficar nas pontas dos pés. Aparentemente, era um dos preconceitos desse mundo. Mais uma razão para eu odiar balé. Não que as aulas que minha mãe me fez ter ao reforçar que me faltava elegância não tivessem sido suficientes.
Do lado de Isabella, estava Vanessa Ramos, que Chloe tinha me mostrado na festa. Além dela, podia ver outras garotas que Elena tinha me feito decorar para reconhecer. Como Melissa Lima, filha da irmã do Duque de Ístria. A única coisa que eu me lembrava dela, além de que seu cabelo loiro não era verdadeiro, era que seu irmão era lindo e ela era amiga de Yasmim Nigela, filha do Conde de Miragem.
Os nomes, conexões e títulos pareciam se misturar na minha cabeça quando eu tentava me lembrar de todos. Era irônico e decepcionante pensar que logo eu, logo a princesa e terceira na linha de sucessão do trono, me sentia tão confusa ao tentar reconhecer as famílias e pessoas importantes do meu país.
— Elisa Pari-se-aú? — Ouvi a treinadora perguntar, e levantei minha mão. — É assim que fala?
— Não — levantei a cabeça para olhar para ela. — Mas tanto faz.
— Perfeito — ela comentou, e chamou pela próxima garota.
Abaixei meus olhos de novo para o formulário. Eu tinha que completar com meu nome – falso, é claro – e também com minhas preferências. Preferia correr todo dia de manhã, dançar, fazer ginástica, malhar ou contratar meu próprio personal trainer? Preferia jogar como catcher ou no campo? Tinha algum problema de saúde? Quando podia marcar a consulta para ver como eu estava fisicamente? Queria treinar para ser uma arremessadora? Estava ciente de que poderia me machucar sério durante os jogos? Precisava assinar logo abaixo dessa pergunta, dizendo que estava e que não iria responsabilizar a escola por qualquer osso quebrado ou coisa parecida.
Até esse formulário me parece movimentado demais, pensei e queria poder comentar com Ben.
Nós tínhamos até segunda para entregar o formulário, então o resto do treinamento de hoje foi mais para ver se a gente aguentava correr pelo campo, quem parecia ter um braço bom e quem era canhota. Não para todas as três coisas, pelo menos para mim. Mal aguentei ir de uma base a outra, era destra e meu lançamento foi patético. Magnus sabia bem quão patético. Em compensação, me surpreendi quando consegui pegar facilmente quando outras garotas jogaram a bola e vi a treinadora anotando algo em sua prancheta.
— Hoje foi mais leve. — Achei maldoso da parte dela falar isso quando, às sete da noite, eu estava ajoelhada no campo, tentando recuperar meu fôlego. — Mas não vai ser sempre assim. Nos vemos semana que vem. Comam bem, bebam bastante água e se mantenham ativas. Bom final de semana, meninas.
Ela, que não tinha corrido pelo campo, ainda estava de pé e entrou para o vestiário antes que qualquer uma de nós tivesse energia para segui-la.
— Isso foi um erro — ouvi Melissa resmungar ao se jogar deitada do meu lado e tive que rir.
O erro nem foi meu, pensei. Mas foi.
— Vocês querem ir comer alguma coisa na cidade? — Vanessa perguntou. Ela e Isabella eram as únicas de pé, se alongando como se fosse tudo parte do processo.
— Eu quero nunca mais ter que me levantar — falou Sofia. Se não me engano, ela era filha do Ministro da Educação e, pelo que tinha comentado, tinha estudado a vida inteira na Suíça. Estava bem claro pelo sotaque que vinha no seu português, puxado em algumas palavras como se ela fosse francesa.
— Assino embaixo — comentei.
— Vamos lá — Vanessa veio até mim e pegou em meu braço logo que eu começava a fazer corpo mole para me deitar. Tudo doía, mas a palma da minha mão era a pior parte. Apesar da luva que tinha usado, ela parecia arder. — Um banho e uma janta, e vocês vão estar como novas.
— Se eu me afogar no banho, a culpa é sua — murmurei.
Ela e as outras garotas ainda à nossa volta riram, me surpreendendo. Antes de chegar naquele campo, não sabia se conseguiria me abrir e me soltar. Mas agora estava cansada demais para pensar em como me comportar.
— Eu te salvo — Isabella prometeu, me dando um tapinha nas costas. Então eu as segui para dentro do vestiário.
Afinal, nós acabamos ficando na escola. Quando já tínhamos tomado banho e começamos o caminho de volta do campo para o prédio principal com cabelos molhados, o cheiro do jantar estava bom demais para resistir. Às vezes era só por causa da fome, ou pelo fato de que não teríamos que sair atrás de um restaurante. Ou então era pelo cheiro de carne grelhada, arroz novinho e mandioca frita. Não tinha nem competição.
— Foi isso que a treinadora quis dizer com comer bem, né? — perguntei de brincadeira depois de pegar a minha bandeja e ir me sentar do lado de Vanessa sem nem pensar no que estava fazendo. Tinha pegado todas as mandiocas que consegui fazer caber no meu prato.
— Certeza — ela garantiu.
Nunca comi tão bem em minha vida, ou tanto. Menos de uma hora depois, quando todo mundo estava indo para seus quartos, em vez de ir também, me vi indo para o pátio.
Fazia uma semana que eu estava ali. Uma semana do outro lado do país, na ilha do Sul, sem poder ir correndo pelos túneis em direção aos meus aposentos quando quisesse. Me sentia bem mais deslocada do que estava, mais distante até. Sozinha, no pátio escuro da escola, minha sensação era de que estava do outro lado do mundo. Se me perguntassem naquele instante se eu era a princesa escondida, não conseguiria dizer que sim. Não conseguiria saber. Estava tudo tão diferente, meu mundo agora tão novo.
Andei pelos caminhos de pedras entre as árvores, minhas mãos dentro do meu novo moletom. Tinha Artistas de Belforte escrito na frente em vinho, e era um pouco vergonhoso o quanto eu me sentia orgulhosa de fazer parte de um time. Fechei o zíper até em cima, me encolhendo dentro dele. Ainda não tinha decifrado o clima daquela cidade. No sol, era bem quente, mas os prédios de pedra eram gelados. De noite, era como se todos os ventos da Antártida viessem na nossa direção, nos esfriando. Só tinha chovido uma vez até então, tão rápido, que nem sei se foi real. Ainda não tinha decifrado muita coisa daquela escola.
Estudar ali era uma espécie de sonho para mim, de estar no mundo, não em uma viagem, mas vivendo ativamente em um lugar comum. Fazer parte daquela escola era mais do que só um jeito de garantir que eu teria uma carreira e um futuro independente do meu título, era fazer parte da minha família. Meu avô estudara ali quando era garoto, depois meu pai quando já se tornara uma escola preparatória. Quase foi algo que me escapou também, mas agora era meu.
Conforme me aproximei do prédio da Casa das Artes e passei a mão pela pedra vermelha dele, me perguntei se devia me sentir diferente. Devia estar mais feliz? Mais realizada? Como uma garota em um filme que conseguiu tudo que quer? Por que ainda parecia que meu sonho não tinha se realizado, que ainda tinha batalhas para cravar e coisas para conquistar? Por que ainda me sentia tão desconectada e sozinha?
Minha outra mão no bolso sentiu algo metálico que devia ter caído da carteira que eu carregava, e o tirei para ver que era a pequena chave da nossa caixa de correio. Não tinha usado ainda, mas resolvi tentar. Não era como se esperasse alguma coisa, não tinha comprado nada para ser enviado, mas queria ver como era.
Entrei de volta no prédio principal e fui para as caixas, que ficavam logo ao lado da secretaria. Segui os números até o 281. A portinha era maior do que eu esperava e, quando a abri, pilhas de cartas caíram sobre meu colo. Na minha surpresa, não consegui segurar quase nenhuma, só uma caixinha e um cartão postal. Olhei dentro para ver se tinha mais alguma correspondência e depois fechei a porta, meus olhos indo para o montinho de papel aos meus pés.
Estupidamente, meu coração acelerou, animado. Achei que tinham descoberto quem eu era, que aquilo eram cartas de fãs.
Não eram, claro que não. Algumas eram propagandas, uma era de um cartão de crédito e até tinha algumas de familiares. Da Chloe. Me sentei no chão e comecei a separar um por um, sabendo que não devia ter esperanças de que alguém teria me mandado alguma coisa – quer dizer, quem me mandaria? Ben e eu tínhamos trocado cartas enquanto ele estava no acampamento da Guarda Dourada, mas nunca pelo correio. Nem eu, uma herdeira do trono, poderia descobrir sua localização. E Portia, com quem eu já tinha trocado algumas cartas, morava agora sob o mesmo teto.
Desisti ao ver o nome de Chloe várias vezes seguidas. Já tinha começado a me sentir ainda pior pela esperança inútil que tinha me deixado ter quando descobri três correspondências para mim.
Uma era o cartão postal, uma foto linda da praia grande de Proa, rodeada de árvores e montanhas e casinhas brancas e coloridas. Atrás, algumas frases na letra corrida de tia Lena:
Minha visita foi curta e a trabalho, mas deu tempo de sentir sua falta. Me mande notícias!
Levei o cartão ao peito, querendo o abraçar, querendo abraçar tia Lena. Precisava mandar para ela um de Belforte, que é tão diferente de Vilareal e Proa, que é quase como um novo país.
Coloquei o cartão postal no bolso e peguei a próxima carta para mim. Era um cartão de transporte pelos trens e ônibus da ilha do Sul que eu tinha decidido fazer quando estávamos na estação de Cícera, em Vitória. Exatamente agora, não sabia como poderia usar esse cartão, mas achei legal ver meu nome escrito nele.
Se precisava de uma prova de que estava mesmo vivendo no mundo real, ele serviria. Guardei na carteira.
A última coisa endereçada a mim foi minha favorita. Era a pequena caixinha que eu não tinha deixado cair no chão. Era de papelão e tinha sofrido com a viagem até ali, com selos, fitas e até um amassado no canto. Além disso, me deu trabalho para abrir. Cheguei a usar a chave da nossa caixa postal para rasgar o plástico. Dentro, tinha uma carta curta e um colar.
Meus olhos foram do meu nome para a assinatura de minha irmã – e do meu irmão logo ao lado, rabiscada na letra dele.
Querida Elisa,
Queríamos estar aí com você, poder te mostrar os truques para burlar as regras da escola, como aproveitar esse ano em Belforte e os melhores lugares onde comer na cidade (Alex tá insistindo para eu falar que tem um carrinho perto da universidade dos melhores tacos do universo e outro na mesma rua com um yakisoba perfeito). Não podemos, ainda. Por enquanto, nesses primeiros meses, esperamos que você se perca e se encontre em suas aulas, com novos amigos e experiências, e que nunca se esqueça de onde vem.
Este colar é para te lembrar.
Amamos você e estamos muito orgulhosos.
Da sua irmã – e do seu irmão!
Peguei o colar na minha mão, virando o pingente para ver que era uma coroa, simples, mas brilhante e bonita. Eu o encarei por tanto tempo, que minha visão ficou turva e tive que secar meus olhos no ombro do moletom. Logo que fechei o colar em volta do meu pescoço, peguei o pingente com a mão e o apertei até que ele marcasse minha pele.
Já não me sentia tão sozinha assim.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro