Virada
Assim que nós dois entramos na cozinha, começamos a rir que nem dois idiotas. Era engraçado ver que éramos tão bons atores para fazer todos nos olharem com os olhos arregalados e ansiosos para a continuação da briga. Eles devem estar decepcionados agora por não saberem como vai ser o desfecho da grande discussão.
Assim que nós dois paramos de rir, nós nos entreolhamos e sorrimos.
— Oi Uckermann.
— Oi Saviñón... – nós abrimos ainda mais o sorriso e logo em seguida ele me deu um selinho – Você está perfeita.
— Obrigada, mas nem pense que eu não reparei que todas estavam olhando para você lá dentro.
— Eu sei que sou irresistível! – eu sorri e lhe dei outro selinho.
— Você é tão convencido, Uckermann! – eu ri e o puxei pela calça.
— Olha quem fala, Saviñón! – nós fomos nos beijar quando alguém anunciou que faltavam 10 minutos para o ano novo, e bem, eu não quero começar 2015 em uma cozinha, não é?
— Nós vamos ficar aqui? – eu olhei para os lados e senti um cheiro de peixe no ar.
— Não, claro que não! Vem...
E lá estava eu, novamente sendo puxada por ele. Nós estávamos na escada de funcionários – ou escada de incêndio - subindo mil degraus e, adivinhem só, eu estou de salto! Nem quero imaginar de como meus pés vão entrar em 2015, obrigada.
— Chegamos!
Bem, nós estávamos no último andar do prédio, onde deveria ser a cobertura, mas na verdade naquele andar não tinha nada e era ao ar livre, ou seja, estávamos cara a cara com o céu...
— Ah, nós vamos ver os fogos de perto! – como se eu ligasse para os fogos.
— E agora estamos longes de todos! – nós nos entreolhamos e enquanto eu sorria, eu me lembrei.
— Droga!
— O que foi, Dul?
— Não me ache boba, por favor... Mas é que todo ano eu escrevo em uma folha o que eu espero do ano que vai chegar e esse ano eu simplesmente esqueci, e adivinhe só, eu não tenho nem folha, nem caneta, ou seja...
— Eu tenho um lenço, pode servir como papel...
— E eu tenho um lápis de olho que pode servir como caneta... – BINGO!
— Aqui... – ele me entregou o lenço enquanto eu sorria animada.
— Você é, un, nunca assoou o nariz aqui, né?
— Não, Dul! – ele riu – Só levo esse lenço por charme e para situações como essa, porque sabe, é sempre que uma ruiva me pede um lenço para escrever os pedidos! – eu o encarei seriamente de brincadeira enquanto pegava meu lápis de olho na bolsa.
— Depois iremos ter uma conversa séria sobre essas outras ruivas, Uckermann! – ele riu e me deu um selinho.
— Faltam 4 minutos.
— Mudando de assunto, não é? Se cuida, Uckermannzinho! – eu pisquei para ele e comecei a escrever.
Pedidos, metas e desejos de 2015:
1) Paz Mundial.
2) Emagrecer 3 quilos.
3) Pegar um bronzeado.
4) Parar comer carboidratos.
5) Parar de beber coca, minha bunda agradece.
6) Não matar a Paula.
7) Ir na academia pelo menos 4 dias por semana.
8) Ensinar para a Luna que meus sapatos não são brinquedo.
9) Ser feliz.
10) Alguma coisa boa relacionada ao Chris.
Tipo, o item 10 ficou confuso, mas eu não queria colocar algo como 'namorar o Chris' ou sei lá o que, porque ainda não tem um mês que nós nos conhecemos e... Ah, sei lá, ele continua sendo um Uckermann.
— Pronto! – eu dobrei o lenço e coloquei na bolsa.
— Eu quero ver! – ele fez biquinho enquanto eu apertava as bochechas dele e ria.
— No baby, sorry! – eu sussurrei e lhe dei um selinho, até que começamos a escutar a contagem regressiva vinda do andar de baixo.
— Dez...
— Nove...
— Oito...
— Sete... - ele continuou a contagem que ouvíamos.
— Seis... - eu completei.
— Cinco... - ele sorriu pra mim.
— Quatro... - eu sorri de volta.
— Três... - ele olhou fundo nos meus olhos.
— AAAH, quer saber? Que se dane! – eu o puxei pela camisa e nós nos beijamos enquanto os fogos de artifício explodiam sobre as nossas cabeças e pessoas gritavam no andar de baixo.
— Feliz 2015, María! – ele falou entre o beijo e eu sorri.
— Não se preocupe, 2015 vai ser o melhor! – nós sorrimos e voltamos a nos beijar.
Quando os fogos finalmente pararam e todos nos andares abaixo se acalmaram, eu e o Christopher nos separamos e ele me encarou, sorrindo daquele jeito, e eu não sei porque, mas acho que ele vai dar alguma idéia totalmente louca agora.
— Dul...
— Oi?
— Que tal fugirmos? – não disse?
— Que? – se bem que essa ideia é um pouco louca demais.
— É! Vamos sair pela escada de incêndio que tem aqui fora, depois pegamos um táxi e vamos para a minha casa!
— Chris, primeiro que vão perceber que nós sumimos! – é claro – E segundo que está acontecendo uma das melhores festas do ano passado no andar debaixo!
— É, você tem razão... – ele olhou para baixo, todo decepcionado e...
Ah, quer saber? Pouca gente viu o Christopher lá e a Annie e a Mai me encobrem, qualquer coisa eles vão estar tão bêbados que nem vão se lembrar de quem viram ou não... Ou seja, eu fui em direção a escada e comecei a descer.
Pergunta: Qual foi a primeira coisa que você fiz em 2015?
Resposta: Fugi de uma festa pela escada de incêndio com um Uckermann!
É, a vida é realmente imprevisí
— Dulce? – eu olhei para cima e lá estava ele, me encarando.
— Oi?
— O que você está fazendo?
— Fugindo de uma festa pela escada de incêndio com você, não é óbvio? – eu falei divertida e logo ele estava ao meu lado, descendo os degraus que não acabavam.
E claro, tudo estava indo tudo bem, mas como eu tenho muita sorte, o salto do meu sapato ficou preso em um buraco entre os degraus e eu só escutei um creck.
— Puta que...
— O que foi, Dul? – eu abaixei, peguei meu salto e mostrei para ele.
— Meu salto quebrou! – ele riu e eu bufei frustrada.
— Desce que a gente resolve! – ele que sonhe que eu vou pisar no chão descalça novamente. Ainda mais porque o chão está congelando graças à neve.
Mas bem, estamos falando do Christopher. É claro que ele dá um jeito.
E ele deu. Agora estou de cavalinho nele, andando pelas ruas vazias de NY. Nós ficamos conversando e rindo no caminho todo até acharmos um táxi que estivesse 'de plantão'... Depois de alguns minutos estávamos na frente da mansão dele que estava coberta de neve.
Assim que entramos ele me deu um agasalho e uma pantufa e ele mesmo trocou de roupa, colocando um moletom e uma calça jeans. Agora sim, estamos bem mais confortáveis. Sem contar que ele ligou à lareira e a TV, e para me mimar mais ainda, foi na cozinha pegar champagne ou chocolate quente... Vai saber.
— Aqui está Dul... – ele me estendeu uma caneca com chocolate quente e um prato com bolachas doces.
— Obrigada Chris... – ele sentou-se ao meu lado no sofá e nos cobriu com uma coberta.
Ficamos daquele jeito por um bom tempo, abraçadinhos, comendo e comentando sobre qualquer coisa. Já eram quatro e meia da manhã quando ele resolveu que nós dois iríamos dormir na sala, aquecidos pela lareira. Se bem que no quarto dele tem lareira, que eu me lembre, mas não vou comentar sobre isso...
Logo dois colchões estavam jogados no chão da sala e nós estávamos novamente abraçados, assistindo Breakfast at Tiffany's na Max... Como qualquer mulher adoradora da Tiffany's, é claro que eu já vi esse filme só algumas mil vezes, o básico.
Acho que toda mulher deveria ser elegante como a Holly... Sem contar que ela tem um excelente gosto para roupas. Se não fosse por ela, até hoje o vestido tubinho preto não teria sido descoberto e poderia até ser considerado brega...
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