Reconciliação
"Dulce, a Espanha te deixou ainda mais bonita". "Dulce, como sua pele continua tão perfeita sendo que aguentou o sol da Espanha um mês?". "Dulce, querida, fiquei sabendo que você arrasou lá na Espanha!".
Eu estava adorando aqueles assuntos voltados a mim. Christopher estava conversando com um grupo de homens e identifiquei Mick Jagger, dos Rolling Stones e Gary Lightbody, do Snow Patrol naquele círculo. Sorri para ele que retribuiu o sorriso, me mandando um beijo.
Resolvi dar uma volta e procurar Christian, que encontrei conversando com Kate Hudson, em uma mesa do grande gramado verde. Assim que ela se despediu, pois Ryder, seu filho, queria ir ver os cavalos, me aproximei e tampei os olhos dele, vendo um sorriso se formando em seus lábios.
— Diva, ouvi dizer que o sol espanhol lhe fez muito bem, então tire as mãos dos meus olhos para eu poder checar por conta própria! – ri, vendo-o levantar da cadeira e me abraçar.
— E então? O sol me fez bem mesmo ou é só fofoca? – dei uma voltinha e vi como ele sorria radiante. Ter um amigo gay é o que há!
— Mais diva do que isso, impossível! – ele ainda sorria e me abraçava várias vezes seguidas – Me senti tão solitário esse mês sem você no meu salão!
— Vou fazer visitas extras esse mês só para recompensar as vezes que não fui, ok? Mas duvido que tenha se sentido só, com uma clientela como Sarah Jessica Parker e Grew Stefani.
— Quem são elas perto de você, D? Ralé.
— Acho digno! – ri, sentando em sua mesa.
— Cadê o seu homem?
— Conversando. Acho que faz meses que ele não conversa com ninguém que não seja relacionado comigo. Vou lhe dar liberdade hoje... Mas só hoje! – ele riu e eu pedi uma bebida para um garçom que passara por ali.
— Que possessiva, meu Deus! Mas está certa, tem que cuidar do que é seu! Já está sabendo do desfile?
— Não. Ainda estou desligada de tudo. Volto ao mundo real somente amanhã... Que desfile?
— Valentino, meu bem! Desfile vermelho, na mansão dele em Palm Beach. Fui convocado para fazer os cabelos dos modelos principais e você com certeza será chamada também.
— É, estou definitivamente em casa! – sorri – Um brinde a NY?
— Um brinde a NY! – brindamos e demos um gole.
— Um brinde ao Valentino!
— Um brinde ao Valentino! – brindamos novamente e demos outro gole.
— Um brinde a mim e um brinde a você!
— Um brinde a mim e um brinde a você! – brindamos outra vez, demos mais um gole e assim foi. Brindamos até a bebida acabar e Maite aparecer eufórica atrás de nós.
— ALERTA A, ALERTA A! – ela chegou dizendo.
— Quê?
— Alerta Annie, querida! – Christian explicou e eu gelei na cadeira, olhando discretamente para o lado, procurando-a com o canto dos olhos.
— Ela e o Max estão conversando com Christopher... – Maite disse aquilo na maior naturalidade do mundo, como se fosse a coisa mais normal uma das suas melhores amigas, com qual você está brigada há dois meses, ir conversar com o seu namorado e...
— Dulce, invente uma desculpa rápido ou encare seus problemas. – Christian me despertou dos meus pensamentos.
— Como?
— Anahí está vindo para cá... – ele explicou.
— AI MEU DEUS, VICTORIA! – gritei ao ver Victoria Beckham a poucos metros de distância. Ela olhou para mim, sorriu e acenou, mandando eu encontrá-la – Não conseguirei resolver meus problemas agora. Com licença que irei bater um papo com a ex-Spice. Beijos, beijos! – levantei correndo e vi Anahí se aproximando.
Durante toda a conversa que tive com Victoria, fiquei olhando para a mesa onde Anahí, Maite, Max, Christian e Christopher se encontravam. E adivinha... A minha vontade de me juntar a eles não era nem um pouco grande. Imagina!
Ah, Dulce, deixe de ser criança! O que Anahí pode fazer? Te matar?
Max me cumprimentou com um sorriso e todos os outros ficaram quietos, sentindo como o clima ficara tenso. Christopher pegou em minha mão, tentando demonstrar que estava ali, e abri um pequeno sorriso enquanto fitava os aperitivos em cima da mesa, sem graça. Max levantou para conversar com uns amigos e depois disso o clima somente piorou.
— Quatro meses e meio, hein? – Christopher tentou quebrar aquele silêncio constrangedor.
— Passa rápido... Daqui a pouco já estaremos com uma bonequinha entre nós. – Maite respondeu passando a mão na barriga.
— Será a coisinha mais fashion do mundo. – Christian comentou sorrindo.
— Será... – Mai concordou. Silêncio outra vez.
Comecei a brincar com o garfo, empurrando um pedaço de queijo para os lados. Todos os outros pareciam ansiosos e isso estava me deixando nervosa. Não seria eu que tomaria a iniciativa para conversar com Anahí, mas queria tanto que ela viesse falar comigo.
— Acho que... Que está na hora do Pólo. – Guido falou.
— Mas já? – Christopher olhou o relógio de pulso e ergueu uma sobrancelha.
— Temos que conferir os cavalos antes... – Guido explicou fazendo uma carranca para Christopher.
— Ah, sim, é verdade... – os dois se levantaram e recebi um beijo na testa – Tente resolver as coisas, amor. Você sem a Anahí não é você por inteira, lembre-se disso... – sussurrou em meu ouvido antes de me dar um selinho e se afastar ao lado de Guido.
— Faz anos que o Guido não anda de cavalo... Não sei o porquê ele quis jogar! – ela cruzou os braços e bufou.
— Para te impressionar, amiga! – Christian tentou explicar – Se o meu homem se exibisse dessa maneira para me deixar de quatro, meu Jesus! – ele se abanou.
— Como assim, meu homem? – me debrucei sobre a mesa para poder encará-lo de uma maneira melhor e vi um sorriso malicioso brotando nos lábios dele.
— Isso mesmo, queridas... Meu homem!
— Não acredito, Christian! – Maite foi a primeira a responder.
— E só agora você nos conta isso... – eu continuei.
— Queremos detalhes! – Anahí falou em seguida.
Não resistimos com tamanha idiotice e rimos os quatro abertamente... Como antes.
— Conta melhor do seu bofe! – Mai pediu.
— Sim! Detalhes com detalhes! Mas não precisa ter tantos detalhes assim! – falei rindo.
— Como vocês se conheceram? – Anahí perguntou.
— Onde se conheceram? – foi a vez de Mai perguntar.
— Quando se conheceram? – eu continuei o interrogatório.
— Qual é o nome dele? – Mai prosseguiu com as perguntas.
— Idade? – Annie questionou.
— CPF e RG? – falei por fim e nós três rimos novamente. Christian balançou a cabeça, talvez arrependido de ter nos contado.
— Se chama BJ... O conheci há três semanas. Um amigo nos apresentou. Ele também é cabeleireiro, mas não trabalha com famosos. Acabou de mudar para cá e, acreditem, ele é um doce.
— Ah, você está falling in Love? – Mai perguntou.
— Vocês não sabem o quanto.
— OWN! – falamos todas juntas e demos sorrisos apaixonados.
— Já estava na hora, Chris! – falei feliz por ele.
— Pensávamos que você iria ficar para titio! – Annie riu.
— QUE? – ele abriu a boca, inconformado – Vocês achavam que eu, Christian Chávez, iria ficar para titio? Queridinhas, vocês estão muito enganadas! Morro sem luxo, mas morro acompanhado!
— Deixe de ser bobo! Ficamos tão felizes por você! – sorri.
— Sim! Quando iremos conhecê-lo? – Maite questionou.
— Tem que ser essa semana ainda! Estou quase tendo um filho de ansiedade! – Annie completou.
— A única pessoa que vai ter um filho aqui sou eu, Anahí... – nós rimos outra vez – Falando em gravidez, preciso andar um pouco. Minha filha não gosta de ficar muito tempo sentada...
— Vou com você. Temos que decidir com quantos anos a Sophia vai tingir o cabelo pela primeira vez... – quando percebi a situação em que os dois haviam me deixado, percebi também que era tarde demais para fugir ou puxar assunto com a Victoria.
Droga! Pensa rápido, Dulce.
O grande problema ali era: Nós duas éramos muito orgulhosas.
Anahí, desde que eu a conhecia, não dava o braço a torcer e ia até o fim com o que achava certo. Pedia desculpas somente com coisas bobas, mas em grandes brigas assim? Bem, nunca voltava atrás... Não que nós tenhamos brigado muito durante todos os anos de amizade, mas tivemos algumas discussões aqui, umas intrigas ali... Talvez por sermos tão parecidas em vários aspectos.
Na última grande briga que tivemos, sem ser essa, a tola a pedir desculpas fui eu, sendo que a culpa era toda dela. Meu coração é mole quando se trata dos melhores amigos (e do namorado, claro!), por isso tive que engolir todo o orgulho e pedir perdão por algo que eu não havia feito! Perturbou o meu orgulho, mas pelo menos nos entendemos.
Porém, como pensei antes, não seria eu dessa vez a erguer a bandeira branca. Já estava muito machucada com todo aquele drama e gostaria pelo menos de um "perdão, não fiz por mal!". Se ela falasse até uma desculpa mal falada eu aceitaria, para acabar de uma vez por todas com aquela barreira que havia entre nós... Mas como eu disse, eu não esperava um pedido qualquer dela. Ela era irreversível e com toda certeza do mundo ela preferiria manter a pose a...
— Me perdoa, Dulce, pelo amor de Deus!
Não demorou um segundo para pesadas gotas de água escaparem de meus olhos. Notei como o olhar dela estava triste e totalmente cinza e aquilo foi o suficiente para baixar todas as minhas defesas. Levantei da cadeira e a abracei, sabendo que ela se encontrava totalmente surpresa com aquela reação.
Bem, até eu estava.
Senti as lágrimas dela descendo pelo meu ombro e escutei aquele choro delicado, como de um bebê, perto de meu ouvido. Abracei-a ainda mais forte, concordando com a cabeça o óbvio.
— Precisei tanto de você esses meses! Você não sabe o quanto me fez falta! – confessei sem soltá-la, percebendo que ela mergulhara ainda mais no choro.
— Me... Me desculpe! – ela começou a soluçar – Eu não queria... Ter... Ter falado tudo... Tudo aquilo para você! Estava... Nervosa... Dulce... Me perdoa! Você sabe que... Que sou uma... Tola!
— Sim... Você é! – ri entre várias lágrimas e escutei um sorriso dela – Mas você faz parte da minha vida e não sei como viver sem você!
— Senti... Senti tanto a sua falta... Quando...
— Annie, respira! – quando citei o apelido dela outra vez, nós duas afundamos mais uma vez em soluços e muxoxos, rindo daquela situação boba.
— Senti muito a sua falta quando você foi viajar! Queria tanto ter ido ao aeroporto, mas fiquei com vergonha...
— Deveria ter ido! Se tivesse, teria trazido mais presentes para você de lá...
— Você... Você pensou em mim... Enquanto estava lá? – os olhos dela pareciam duas estrelas azuis que brilhavam de forma maravilhosa.
— Não tinha como não pensar, Gio! – ela suspirou em seguida, pedindo várias vezes desculpa com a voz incrivelmente envergonhada – Não aguentava mais ficar sem falar com você!
— E eu com você!
— Aconteceu tanta coisa!
— Maite e Christopher me informaram tudo ou você acha o que? Que Anahí Giovanna ia ficar esperando um jornal para saber das fofocas? Meu bem, você está muito enganada! – ri, dando um beijo em sua bochecha.
— Aqueles dois estão de complô!
— Aqueles dois nada! Aqueles quatro! Sophia e Christian também estavam na jogada! – Maite apareceu e sentou na cadeira de antes, sorrindo – Estou de quatro meses e a barriga já está pesando! Imagina quand...
Maite não parava de falar, e falar, e falar, e falar... Anahí e eu nos entreolhávamos sorrindo e confirmávamos com a cabeça, não querendo contradizer uma grávida... Ainda mais que a grávida ali era a Maite e todo mundo sabe que não se brinca com Maite... Principalmente agora que ela carrega uma vida dentro de seu ventre e que as pernas e a coluna estavam começando a sentir os efeitos. Deus que nos acuda e salve nossos ouvidos, porque eles vão escutar...
— E sabe, se vocês não se resolvesse logo quem iria brigar aqui sou eu! Uma ficava: "Ai Mai, como a Anahí está?" e a outra "A Dulce está bem, Mai?"... Blá, blá, blá... O que seriam de vocês sem mim?
— Nada, Mai! Não seriamos nada! – levantei e sentei delicadamente em seu colo, com todo o cuidado para não pressionar a barriga.
— Somos suas maiores fãs, mamãe! – ela levantou também e abraçou Maite pelo pescoço, lhe dando um beijo estalado na bochecha.
— Te amamos muito e você sempre será a mãezona do grupo! – sorri.
— Isso não é justo! Anahí é a mais velha! Porque sou eu a mãezona?
— Porque a Annie é a nossa eterna criança que acredita em fadas.
— I DO BELIEVE! – ela gritou toda animada e colocou as mãos nas próprias bochechas, as apertando e ficando com cara de peixinho.
— Reparei que sou a mais madura do trio mesmo.
— AI, QUE ISSO? Trio? Como assim? Que absurdo! E o que acontece comigo? Fico abandonado para as traças?
— Abandonado você não fica, pois tem o seu homem! – nós quatro rimos e puxei Christian pelo queixo, lhe dando um beijo no nariz.
— Você sempre vai ser o nosso homem!
— Deixe Christopher escutar e ver isso!
— Larga de ser fofoqueira! – Annie sorriu e deu um beijo em Christian também.
— A Maite é puxa tanto o saco do Christopher, vocês não tem noção.
— Eu sou o dono de vocês! Beijos, beijos, autógrafos na saída!
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