Casa Comigo?
O meu mundo parou literalmente quando escutei aquelas palavras saindo da boca dele. Quis me beliscar por um segundo para ver se era um sonho ou se era realmente verdade o que se passava ali... E era verdade! Minha boca se entreabriu involuntariamente e a única coisa em que eu conseguia pensar naquele momento era o quanto ele estava maravilhoso, ali, sorrindo para mim de um jeito sem graça e como o meu coração disparava quando os olhos dele se encontravam com os meus.
— Espere, não fiz isso da maneira correta... – ele se levantou no barco outra vez, me despertando do choque, mas sem me fazer mover do lugar... Então ele se ajoelhou em minha frente, com a cabeça baixa e procurando algo em seus bolsos, enquanto eu permanecia como uma estátua, o mirando sem conseguir respirar... E quando ele tirou uma pequena caixa vermelha aveludada do bolso, me fazendo reconhecer o semblante da Tiffany's, senti grossas lágrimas ameaçando descer pelos meus olhos, e elas não tardaram a vir.
— Dulce María, estou aqui ajoelhado diante da mulher que amo, oferecendo o meu amor e carinho eterno, disposto a dedicar todos os meus segundos e minutos para fazê-la feliz, encantado com a possibilidade de escutar um "sim", para então ser o homem mais apaixonado que um dia existiu... Estou aqui, querendo amá-la, respeitá-la e adorá-la até o último dia do meu viver. Estou aqui, pedindo para você, à mulher que amo, se casar comigo, e estou aqui, querendo saber se você aceita ser a minha esposa... – ele terminou de dizer, abrindo a caixinha sem tirar os olhos dos meus. Não olhei para o anel, pois o que eu tinha diante de mim era bem mais precioso do que qualquer jóia rara. Eu tinha a minha vida para ali, diante dos meus olhos, me pedindo em casamento. Eu tinha tudo, principalmente a resposta para aquela pergunta.
— Sim! – murmurei, balançado a cabeça e fazendo mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto – Sim! Sim! Aceito! – comecei a sorrir e antes que ele pudesse se levantar, me joguei nos braços dele, o abraçando e beijando-o nos lábios – Sim! Eu quero ser sua esposa! – encostei nossas testas e rocei nossos narizes, vendo como ele sorria bobo igualmente a mim e mirava os meus olhos encharcados, enquanto procurava a minha mão esquerda para colocar o anel – Eu o quero ao meu lado para sempre, Christopher.
— E eu a quero ao meu lado para sempre e mais um pouco, Dulce. Eu amo você.
— E eu amo você.
Eu não conseguia acreditar que estava com uma aliança em meu dedo. Era algo que minha mente não conseguia processar, além do mais, era ainda mais difícil acreditar que a aliança era de verdade! Claro que era de se esperar algum tipo de perfeição vindo da Tiffany's, mas um anel de ouro recheado de diamantes de muitos quilates ia além do imaginável!
— Eu não podia pedir a sua mão sem o consentimento do seu pai e a benção da sua mãe. Por mais que tenha sido corrido, consegui a autorização para pedi-la em casamento essa manhã... – ele falou entre o meu cabelo, apertando a minha mão que eu não parava de olhar a horas.
— Se eles não tivessem permitido, você não teria me pedido em casamento?
— Teria – ele riu – Mas não sei se o seu pai me deixaria vivo até o dia do casamento... – ri com ele e lhe abracei, descansando a cabeça em seu ombro e tomando um pouco do vinho que meu pai havia pedido para comemorar.
Estávamos em um pequeno Bistrot Benoit, que tinha sido escolhido pela minha mãe para almoçarmos, e enquanto petiscávamos o prato de charcuterie (leia-se, prato de frios), minha mãe começou a questionar sobre tudo enquanto meu pai revirava os olhos, mas sorria feliz em seu canto.
— Para quando vocês estão pensando em marcar a data da cerimônia?
— Mamãe, não sabemos ainda! Nem tivemos tempo para conversar a respeito!
— Amor, eu estava pensando em marcar para o inicio de fevereiro, porque foi quando começamos a namorar...
— Mas faltam seis meses para isso! Está muito longe! Que tal em outubro?
— Calma, mulher! Quem vai casar são eles, não você!
— Mamãe, temos que ir com calma! Estou me ajeitando no novo trabalho e na nova casa ainda! Sem contar que Christopher está cada vez mais concorrido na gravadora e ele ainda organiza a boate... E também tem outra coisa... – apertei a mão de Christopher, indicando que aquela seria uma ótima hora para contarmos sobre Lucy.
— Você está grávida! – minha mãe ficou tão contente com a própria conclusão que me assustou e acho que o impacto em Christopher foi o mesmo.
— Não, mãe, eu não estou grávida!
— Ah – ela bufou frustrada – Ainda.
— Mas é... Algo relacionado. – eu continuei.
— Nós vamos adotar uma menina – Christopher largou a bomba.
— Lucy – eu completei.
— Ela tem seis anos – ele continuou.
— E é uma graça! – falei boba e esperando a reação deles.
— Linda! – Christopher finalizou em um suspiro.
As bocas dos meus pais estavam literalmente caídas e tive a certeza de que eles previam qualquer coisa... Menos uma adoção. Christopher estava impaciente e estava me deixando nervosa a cada vez que um dos seus pés batia em minha perna debaixo da mesa.
— Isso é... Realmente... Uma surpresa – meu pai tomou a frente.
— É realmente... Mesmo... Uma surpresa – mamãe também resolver se expressar.
— Vocês não vão falar mais nada? Assim vocês nos matam de aflição! Esperamos uma bronca ou um parabéns... Qualquer coisa!
— Querida, eu estou feliz por vocês – mamãe começou – Mas só queria saber o porquê dessa decisão... Vocês devem saber que cuidar de uma criança é sempre uma grande responsabilidade, ainda mais quando é adotado um pouco mais tarde...
— Sabemos disso, dona Blanca, e já conversamos muito sobre tudo e chegamos a conclusão de queremos mesmo adotar. Estamos dispostos a cuidar dessa criança como nossa filha.
— Vocês não conseguiriam entender o quão importante é para isso para nós – tentei explicar – Não é um capricho, muito menos caridade... É algo que temos certeza e que nos esforçaremos o quanto for necessário para sermos bons pais.
— Temos mais que o necessário e não mudaremos a nossa idéia sobre o assunto... – Christopher disse sério.
— Se vocês já decidiram, então lhes dou a benção para que a minha nova neta seja muito feliz – mamãe sorriu ternamente.
— E, para ser sincero, não sei se estou mais surpreso pela adoção ou por ver o quanto minha filha mudou para decidir adotar uma criança... Christopher, não sei o que você fez, meu rapaz, mas fico feliz de entregar a mão de minha filha a um homem decente como você.
— Papai! – corei e afundei meu rosto nas palmas de minhas mãos.
— Dulce mudou muito o meu ponto de vista também, Fernando, e acho que acabamos nos tornando o equilíbrio um do outro. Não consigo lembrar muito bem como eu era feliz antes de conhecê-la, porque às vezes parece que a minha felicidade se resume somente a ela... Sei que pode parecer palavras que qualquer genro diz para os sogros para agradá-los, mas...
— Dulce está feliz como nunca foi, meu querido, e você não precisa nos dizer o quanto a ama porque isso é óbvio através do seu olhar – mamãe o olhava sorrindo.
— Mas só vou lhe dizer uma coisa, coitado de você se fizer a minha filha chorar! – papai falou sério e eu segurei um sorriso quando vi a expressão de Christopher ficando tensa. Meu pai estava brincando e era crueldade o que ele estava fazendo com ele, mas fiquei quieta – Sou capaz de matá-lo com minhas próprias mãos por causa de uma lágrima derramada, está me entendendo?
— Sim, senhor.
— Papai, pare com isso! – sorri e escutei a gargalhada dele invadindo o local, acompanhada da risada da minha mãe – Ele está brincando, meu amor, não se preocupe.
— Não estou não, mariquita.
— Papai! – censurei-o e voltei a rir, mudando o assunto para aliviar a tensão que Christopher sentia.
O resto do dia veio com um turbilhão de agitações.
Anahí quase pariu um filho quando soube do casamento e quase entrou em depressão quando soube que seria a última a se casar, mas assim que disse que ela seria a dama de honra, ela voltou a pular igual a um bezerro pela sala, cantarolando o amor sentido por mim. A relação dela e de Alfonso pelo que eu tinha visto parecia estar voltando a ficar séria, pois ele havia a acompanhado até a minha casa e eu percebi que ele estava feliz por mim... Eu acho. Poncho não sabe demonstrar muito bem suas emoções e isso eu reparei faz anos. Nunca sei quando ele está feliz ou está triste, mas pelo menos sei quando ele está com sono. Levei minha mãe ao hospital para visitar Maite e de brinde lhe contei sobre o noivado. Mai também quase pariu um filho (Anahí ficaria feliz se ela o tivesse feito, pois ai teria um afilhado ao qual se gabar!) e ela acabou levando uma bronca do médico quando tentou levantar da cama para me abraçar. Sophia estava linda dormindo ao lado dela e assim que percebeu a agitação da mãe, levantou os bracinhos incomodada com os movimentos e eu censurei Maite, mandando-a parar de incomodar a minha afilhada. Christian foi realmente o pior. Quase desmaiou assim que eu pronunciei a palavra "casamento" e perguntou se a vaga para dama de honra estava disponível... Eu disse que não, que Anahí ocupara o lugar, mas que ele poderia ser meu padrinho. O avião dos meus pais sairia de madrugada e eles aprontavam tudo em casa, enquanto Carolina e Rafaela assistiam desenhos na TV. Christopher estava trabalhando, mas me ligou para contar que já havia avisado os próprios pais e aos seus amigos sobre o casamento e que os seus amigos já estavam ansiosos para realizar uma despedida de solteiro para o "amigo mais quadrado" que eles tinham. Além de que naquele mesmo dia eu fui ao orfanato levar os últimos papéis que faltavam para iniciar o processo de adoção, deixando assim a minha vida mais agitada do que o normal.
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