Prefácio
Quando a fumaça se dissipa e o caos finda, a morte mais uma vez mostra suas garras.
Ela observa tudo lá de cima, de seu trono.
O ser humano acha que a morte é cruel, impiedosa, implacável. Porém esse é apenas seu trabalho, ela é simplesmente subjugada, temida, mal compreendida. Ela não tem culpa do fardo que carrega.
A esperança, essa sim é cruel. A humanidade tem a mania de cultivá-la, apenas para se decepcionarem quando finalmente percebem que seu destino será sempre o mesmo.
A morte chega para todos.
Um menino de cinco ou seis anos agoniza na areia a beira mar, sua mãe tenta o confortar impotente.
A morte olha em seu relógio. Está chegando. Todos têm sua hora marcada no relógio da morte.
É revoltante não? Uma criança apenas, mal começou sua vida e já se encontra com o fim. Ela mal teve tempo de plantar sua sementinha da esperança.
A morte desce do seu trono, ela é conhecida por sua pontualidade, não pode atrasar só porquê se trata de uma criança. A morte não escolhe suas vítimas.
O menino sabe o que o espera, mesmo assim se mostra forte, corajoso. Sua mãe também sabe o que o espera, mesmo assim conserva por minúsculo que seja um grãozinho de esperança.
A morte detesta ter que fazer isso, mas ela sabe: a esperança é falha, e no final, ela sempre morre.
336 ANOS DEPOIS
É chegada a hora. O dia tão aguardado. A esperança nasce outra vez.
Um dia como outro qualquer, nada de especial, apenas o silêncio. Mas lá no fundo todos sabem.
A morte é a única que consegue ver, afinal, de sua posição privilegiada nada lhe escapa. Ela olha em seu relógio e ri consigo mesma.
"Humanos tolos. Não sabem que a esperança é só mais uma forma de ilusão?"
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