Capítulo 10
Depois de séculos finalmente capítulo novo!🙌
Eu sei gente demorei muito, sorry, 😥 mas explico melhor no fim do capítulo.
Boa leitura espero que gostem!
👑👑👑👑👑👑👑👑
Tum.
Um barulho alto me acorda.
Levanto da cama sobressaltada e percebo que estou no meu quarto na minha casa, ao olhar para baixo vejo que estou usando minha roupa preferida para dormir.
Ansiedade me domina e eu corro para a sala procurando meus pais. O cômodo está vazio, apenas a mesa e as cadeiras na pequena sala da casa simples.
Entro na cozinha. Silêncio. Os outros cômodos a mesma coisa.
Está escuro, talvez esteja de noite, mesmo assim consigo enxergar tudo.
Ouço algo vindo do quarto de meus pais, o único que não entrei.
A gravidade parece maior e é preciso uma força descomunal para dar um simples passo. O corredor de poucos metros aparenta estar medindo quilômetros. Depois de algum tempo finalmente chego ao quarto.
Frio, é a primeira coisa que sinto. Um frio estranho, meus braços arrepiam mas não sinto necessidade de vestir outra roupa.
Olho para a cama. Meus pais dormem tranquilamente, pacíficos.
Começo a fazer o caminho de volta mas paro. Há algo errado. E ao me aproximar percebo do que se trata: sua respiração. Não consigo ouvir o som da sua respiração, nem ver o movimento de sobe e desce.
Corro e estendo minha mão tocando o braço da minha mãe. Gelado. Repito o mesmo com meu pai. Gelado.
Meu coração para.
- Mãe!?
- Pai!?
Começo a sacudi-los freneticamente. Seus corpos parecem colados a cama, mas de repente eles se movem e o que vejo a seguir faz meu sangue congelar.
Suas faces antes conhecidas agora estavam cadavéricas, horrendas, vermes saiam de buracos onde ficavam os olhos.
Grito.
Acordo sobressaltada, uma camada de suor se forma em minha testa e minha garganta dói.
Isso já está se tornando comum, tive pesadelos todas as noites das duas semanas que estou aqui.
Doutor Lucas disse que é emocional, a minha fuga, o esconderijo e a saudade dos meus pais, estão bagunçando com a minha mente. Já eu desconfio que seja efeito colateral dos testes que ele faz em mim.
Até agora nenhum de seus testes me machucou ou fez crescer outro membro em mim, mas as vezes me sinto tonta, com ânsia de vômito e durmo mais do que deveria.
Levanto da cama e pego minha mochila saindo do quarto de Lyon. O vilarejo não tem muitas casas, eu disse que não me importava em dividir o quarto com alguém, mas ele insistiu em me ceder o seu e se mudou para o quarto de Fith.
Saio na porta e o sol do fim da manhã banha minha pele.
Sigo em direção ao riacho para o meu banho.
Passo em frente a um grupo de pessoas conversando que se calam imediatamente ao me ver. Imaginei que depois dessas semanas eles tivessem se acostumado comigo, mas eles ainda me tratam como estranha.
Me dirijo à casa de Zaya, ela e sua irmã tem sido minhas amigas desde que cheguei aqui. Emme ainda é um pouco tímida comigo, mas a outra parece que me conhece há tempos. As crianças do vilarejo são mais curiosas, sempre conversando, me perguntando coisas, enquanto os adultos se mantém afastados, receosos.
- Bom dia. - digo à mãe das meninas quando chego à casa.
A casa não é grande, aliás nenhuma é, apenas a casa/escritório de Gaia que é um pouco maior do que as demais. Da porta consigo ver um pequeno cômodo que parece ser uma sala e no fundo uma porta com uma cortina escondendo o que eu imagino ser um quarto.
As meninas disseram que seu pai é infiltrado no governo, por isso passa maior parte do tempo em Lago, não imagino como cabem quatro pessoas nessa pequena casa.
- Bom dia. - ela responde evitando meu olhar.
- As meninas estão? - pergunto. Essa é nossa conversa habitual de todas as manhãs, sempre venho aqui para chamar uma das meninas para vigiar meu banho. Cira nunca conversa muito, apenas entra na casa e chama as duas.
- Elas não estão. - Cira diz. - Elas saíram com Gaia para colher legumes. - O vilarejo tem uma pequena plantação usada para a alimentação dos moradores, fica distante, por isso há um revezamento: cada dia um grupo de pessoas diferente cuida da plantação.
- Ah, tudo bem. - começo a me afastar, vou precisar tomar banho sozinha.
- Posso... posso ajudar? - Cira pergunta.
- Não tudo bem, obrigada. - digo e caminho em direção ao riacho.
Estou quase chegando ás árvores quando alguém me chama.
- Tandara!
Ao me virar deparo-me com Yva correndo para me alcançar.
- Você vai pro riacho? - pergunta lutando para recuperar o fôlego.
Apenas aceno.
Não sei qual sua opinião sobre mim, Yva nunca se aproximou, apenas me observava de longe, aliás como a maioria das pessoas aqui.
- Posso ir com você? - ela pede.
- Claro.
Seguimos então pela trilha em um silêncio constrangedor.
- Olha só, eu sei que não somos próximas, na verdade nunca nos falamos antes mas eu preciso te perguntar uma coisa. - ela fala ao chegarmos. - Você e o Lyon, vocês... - ela não termina a frase mas eu entendo perfeitamente.
- Você quer saber se eu e o Lyon temos algo? - deduzo e ela afirma com a cabeça. - Não, nós mal nos conhecemos. - digo, o que é verdade, desde que cheguei aqui conversamos algumas vezes mas ele ainda é um estranho para mim.
Ela parece aliviada com minha afirmação.
- E vocês, tem algo? - faço a pergunta que está em minha cabeça desde a minha primeira noite aqui.
Ela pensa por um segundo, depois resolve falar.
- O Lyon foi a primeira pessoa que conheci quando cheguei aqui, ele sempre teve esse jeito bom, gosta de ajudar os outros. - ela parece refletir, voltar ao passado. - Ele foi o primeiro a me acolher e uma coisa levou a outra, nos tornamos bem próximos e... bom, depois ele precisou ir para Lago e nos afastamos. - ela parece triste.
- Eu vi o jeito que ele olha pra você.
Seus olhos brilham, Yva parece curiosa.
- Como ele me olha? - ela se aproxima e me encara.
- Como se tivesse saudade.
Um pequeno sorriso se forma no canto de sua boca.
- Bom eu preciso... - aponto para o riacho.
- Ah, claro eu, você quer que eu... - ela faz menção de se virar e eu aceno com a cabeça que sim.
Assim que ela se vira eu tiro minha roupa e entro na água de temperatura amena.
- Você canta muito bem. - elogio tentando quebrar o silêncio.
- Obrigada, amo cantar.
Olho para suas costas, ela parece tensa.
- Aprendeu com alguém? - indago.
Ela suspira.
- Minha mãe, ela cantava tão bem... - Yva fala.
- Cantava? - pergunto. Sei que devo estar pressionando muito mas desde o dia que a conheci me sinto curiosa sobre ela.
- Sim, ela morreu quando eu tinha 10 anos. - ela desabafa.
- Sinto muito.
- Tudo bem, já faz muito tempo.
Lembro-me do sonho que tive essa noite, sinto tanta falta dos meus pais, a cada segundo a saudade aumenta um pouco mais.
- E os seus pais como eles são? - ela pergunta como se lesse meus pensamentos.
Termino o banho e visto minha roupa rapidamente.
- Eles são ótimos, os melhores pais e que alguém poderia ter. - pego minha mochila e me aproximo de Yva.
- Você deve sentir muita falta deles. - ela me olha com olhos curiosos quando estou ao seu lado.
Apenas aceno. Falar dos meus pais me deixa sensível.
- Foi difícil para mim quando cheguei aqui, eu era muito próxima do meu pai, mas com o tempo você se acostuma. - ela dá um pequeno sorriso, o que me faz pensar que talvez ela não tenha se acostumado tanto assim.
- Espero que sim. Bom eu preciso ir, Doutor Lucas está me esperando. - digo apontando para o caminho que leva ao vilarejo.
- Ah claro, eu vou ficar aqui, gosto de observar a água.
- Tudo bem então, até mais. - começo meu caminho de volta.
- Até mais! - ela se despede.
Confesso que imaginava Yva uma pessoa diferente, o fato dela nunca ter se aproximado de mim antes me fez imaginar que algo em mim a incomodava, aliás incomoda a maioria dos habitantes do vilarejo: meu cabelo. Mas ela se mostrou totalmente receptiva e legal, talvez até possamos ser amigas.
O que me faz lembrar de Kara, minha única amiga em Lago, como ela estaria? Será que sente minha falta?
O caminho até a clareira é curto e antes que eu imagine já estou de volta e me dirigindo ao laboratório de Doutor Lucas.
É uma construção pequena distante das demais e que exala um cheiro engraçado. Ele disse que o cheiro é proveniente dos produtos químicos existentes lá dentro.
Um barulho alto vem de dentro do laboratório e eu corro para lá.
- Doutor Lucas!? - chamo ao abrir a cortina e encontra-lo caido no chão.
Ele tenta levantar mas parece um pouco atordoado e falha, eu me apresso em ajuda-lo e com um pouco de esforço consigo coloca-lo de pé, sua baixa estatura e pouco peso ajudam.
- Você está bem?
- Claro, claro, eu estava testando um novo composto. — ele responde se apoiando na mesa.
- E não deu certo? - contenho uma risada.
- Não. - ele olha para a bagunça de líquidos derramados no chão.
Sua expressão é tão desoladora que me sinto mal por ter achado graça.
- Mas e você? - ele pergunta. - Como está? Algum efeito colateral?
- Não, tudo bem. - respondo.
- Parece cansada. - ele me estuda atentamente.
- Apenas mais um sonho ruim.
Ele suspira.
- Você sabe que se eu pudesse te ajudar...
- Eu sei Doutor Lucas, obrigada. - sorrio. Doutor Lucas é um ótimo homem, um pouquinho atrapalhado, mas um excelente cientista.
- Vamos começar então? - ele aponta para a mesa e eu me deito na mesma tomando minha posição.
Ele remexe nas prateleiras atrás dele e aparece com um recipiente transparente com um líquido azul brilhante.
- Bonito não?
- É lindo. - estendo minha mão mas ele tira o frasco do meu alcance antes que eu possa tocá-lo.
- Cuidado, isso é um ácido. Uma gota e você já era.
Estremeço.
- Mas é tão bonito.
Doutor Lucas ri.
- A ciência tem dessas coisas. O que é belo também pode ser perigoso.
Ele remexe novamente nas prateleiras e volta com uma seringa e outro recipiente com um conteúdo transparente.
- Mas hoje vamos fazer alguns testes.
O observo enquanto ele introduz a seringa em minha pele.
— Você vai usar algum ácido em mim? — pergunto.
— Mas é claro que... — ele se interrompe pensativo e eu me arrependo de ter perguntado.
— Realmente está pensando em usar ácido em mim? — me sobressalto.
— Não... — ele percebe minha aflição. — Não em você, no seu sangue. Mas vamos deixar isso para depois.
Ele retira a seringa com uma pequena quantidade do meu sangue, ele tira em pequenas quantidades para não me deixar fraca ou então intercala aplicando em mim substâncias que ele insiste em não me revelar o nome, Gaia garante que o Doutor é confiável, e apesar de eu ter desconfiado nos primeiros dias agora estou mais tranqüila.
Doutor Lucas deposita meu sangue em um recipiente e acrescenta um líquido incolor, a mistura ganha uma cor azulada e ele parece intrigado.
Nesse momento Gaia adentra o laboratório intempestivamente.
— Doutor Lucas espero que tenha novidades. — ela exige.
Levanto da mesa e a encaro, Gaia sempre acompanhou as pesquisas mas se mostrava paciente, algo deve ter acontecido.
— Eu estou perto de algo. — ele olha novamente para o recipiente com o líquido azul. — Preciso de um pouco mais de tempo.
— Não temos mais tempo. — ambos a encaramos apreensivos.
Ela não espera que perguntamos e fala:
— Um dos informantes de Lago acabou de chegar. O presidente fará um anúncio esta sexta.
Não entendemos, o presidente faz anúncios constantemente, nada surpreendente nisso, mas Gaia não terminou.
— Ele anunciará sua aposentadoria e sua substituição por seu filho.
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Ai gente demorei muito, eu sei, eu sei, mas esse capítulo foi muito difícil de escrever, não pelo assunto em si, mas por não ter ideia nenhuma pra escreve-lo. Estou com um bloqueio horrível 😩 faz tempo que não consigo escrever nada. Realmente sinto muito.
Por esse motivo as postagens vão ficar mais espaçadas, não quero escrever qualquer coisa pra poder postar mais rápido. Espero que esse bloqueio passe logo! 🤞🏼
Bom, mas não tem só notícia ruim 😊 como vocês devem ter percebido pelo selo lindo na capa, nós ganhamos o prêmio de ficção científica do concurso Nova Era em terceiro lugar! 🎊🎉🎆 tô tão feliiiz 🙌
Também fui entrevistada pelo blog Rascunhos Araújo da linda e super simpática thais__araujo
Lá eu conto um pouquinho sobre o livro e projetos futuros. Dêem um passadinha lá! Vou deixar o link na minha bio.
Muito obrigada gente pela paciência e por não ter me abandonado 😊 me desculpem mais uma vez e espero que tenham gostado do capítulo.
Não esqueçam a estrelinha ⬇
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