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- A Incontestável Crença Alial -

O dia anterior foi corrido e estressante. Derion havia acordado cedo e passou horas estudando para o exame que todos os alunos tiveram que prestar na matéria de Classe de Criaturas. Para muitos essa era considerada uma matéria difícil, mas para ele, nada que algumas horas de leitura não desse conta. 

Mesmo ciente que já possuía certo domínio em tal matéria, Derion fazia questão de gastar horas de seu dia agarrado em livros e pergaminhos. Em sua mente, não havia assunto no mundo que não poderia ser explorado mais e mais. E isso de certo modo era verdade, tendo em vista que a cada dia gasto em seus livros ele apresentava informações novas sobre tal assunto. 

O exame aplicado na noite anterior foi exaustivo e ele, assim como seu melhor amigo Morren, voltaram para seus dormitórios arrastando as mãos pelo chão. Ambos deitaram em seus beliches e adormeceram com uma rapidez nunca vista antes. Pelo menos, não que eles se lembrassem.

— Derion! Ei! Derion! — Morren esforçava-se para acordar o rapaz adormecido. Dava leves empurrões no ombro do colega que dormia de bruços. Vendo que este não expressava intenções de se levantar, o rapaz decidiu deixar a gentileza de lado. 

Morren aplicou tanta força no tapa que deu que o barulho espalhou-se pelo dormitório. Derion imediatamente ergueu-se do travesseiro e fechou seu punho em direção ao rapaz para atacá-lo. 

— Ei! Ei! Sou só eu! — O jovem ergueu as mãos para se defender e deu passos para trás pelo susto que levou. 

Após ver que se tratava apenas de seu amigo, o sonolento Derion suspirou e recuperou os sentidos. 

— Por que me bateu? Não poderia ter me acordado de uma forma mais educada? Ou menos agressiva. 

— Eu fui educado, seu imbecil. Mas você estava com um sono tão pesado que eu nunca vi antes. 

Derion espreguiçou-se e bocejou. Olhou para a janela no canto do quarto e viu que um fino raio de luz entrava pela fresta da madeira. 

— Já faz muitas horas que o dia amanheceu? 

— O dia já está quase chegando na metade.

— O que?! Mas hoje nós teremos aula com o Mestre Redilon. 

— Sim, e vai começar daqui a alguns minutos. 

— Você já se arrumou?! 

— Agora que percebeu? 

— Ahhh, era para você ter me acordado mais cedo! — Derion levantou-se do colchão e começou a descer os degraus do beliche. — Eu passei no teste de ontem, fui um dos escolhidos. Você sabe que eu tenho que passar uma boa impressão a partir de agora.

— Ninguém aqui liga para isso, Derion, só você. 

— Mas é claro que ligam. Eu preciso manter uma postura séria se quiser ganhar a feição dos mestres. 

Derion tirou seu pijama branco e começou a revirar as gavetas de uma cômoda na parede, o móvel mantinha as vestimentas dos quatro estudantes pertencentes àquele quarto. O rapaz pegou seu uniforme e começou a vestí-lo de forma célere. 

— Você não ganharia a feição dos mestres nem se você enchesse a bunda deles de ouro — disse Morren. — Nenhum deles gosta da gente. 

— São mestres andors, eles não gostam de nenhum estudante mesmo. 

— Não, Derion. Eles não gostam de nós dois mesmo. 

— Ah, fique quieto. 

Havia uma porta no interior esquerdo do quarto, este era um minúsculo banheiro disponível para as necessidades dos quatro colegas. O local possuía uma privada de madeira, assim como uma pia e um espelho. Talvez Derion fosse o mais vaidoso dentre seus colegas, vendo que todas as manhãs ele se preocupava exageradamente em acabar com a expressão sonolenta em seu rosto e ajeitar suas roupas de forma que nenhuma mancha ou sujeira fosse percebida. 

O uniforme destinado aos estudantes eram todos idênticos entre si. Uma camisa branca justa com mangas cumpridas que se estendiam até os braceletes de couro castanho. As calças marrons eram seguradas por um grande cinto e botas elevavam-se até abaixo dos joelhos. A peça de roupa superior possuía partes mais rígidas nos ombros e peito a fim de garantir uma certa proteção física. 

— Se você enrolar demais para mijar vai acabar ficando mais atrasado. 

— Já estou pronto. Onde está meus livros? 

— Você os deixou na sala ontem, esqueceu? 

— Droga, não era para mim ter deixado eles lá. Vai que alguém tenta roubá-los. 

— Quem vai querer roubar um livro, Derion? Você deve pensar que todos nesse templo é viciado em livros igual você. 

— Não sou viciado em livros. 

— Sei. 

Após dar uma última ajustada em seu uniforme, Derion enfim viu-se pronto para ir. Sendo assim, Morren apanhou seus óculos e os dois amigos adiantaram-se em deixar o dormitório para iniciarem sua caminhada pelo extenso corredor. Quando a alvorada chegava, o horário permitido aos estudantes para dormir enfim se encerrava. Dessa forma, aquele extenso corredor era tomado pelos jovens que deixavam seus dormitórios para começar mais um dia de aula no glorioso Templo de Nerendor. 

O corredor possuía uma longa extensão pois toda aquela ala era destinada unicamente aos dormitórios dos alunos. Ao todo, havia cem quartos com capacidade para quatro estudantes. Dessa forma, o número total de jovens que estudavam em Nerendor eram exatos quatrocentos indivíduos. Os quartos eram todos iguais, com dois beliches e uma cômoda de quatro gavetas para guardar as poucas roupas que os jovens possuíam. Na verdade, suas roupas limitavam-se apenas aos uniformes que deveriam ser usados em suas aparições pelo templo e o pijama usado na hora de dormir. 

O corredor estava cheio esse horário. Rapazes saíam de seus quartos e caminhavam na direção de suas respectivas salas. Todos eram homens entre quinze a trinta anos. Este detalhe dava-se ao fato de não existirem andors do gênero feminino em Aradus. Detalhe que por vezes tomava a curiosidade de Derion, mas quem era ele para questionar as leis naturais? 

Após chegarem no fim do extenso corredor, Derion e Morren depararam-se com o principal salão do templo lotado. O local exibia uma arquitetura detalhada. Havia altas colunas brancas em paralelo e estas eram alinhados em linha reta. Cada vão entre as colunas exibia uma alta porta negra que dava acesso às salas de aula. Alguns metros acima, o teto abobadado variava entre tons de marrom e dourado com cuidadosos símbolos grifados por toda sua extensão. O piso era liso de tal forma que os passos dos alunos misturavam-se com a algazarra de suas vozes e a multidão aglomerava-se por todos os cantos do salão.

Quando os dois amigos chegaram na sala destinada à eles, ambos atravessaram as altas portas em meio a mais jovens que adentravam o local. A sala de aula era um retângulo com carteiras individuais alinhadas em quatro fileiras. No lado esquerdo, o vidro branco das janelas agregavam na iluminação diurna do local. Na altura de um degrau acima do chão, estava a área destinada ao mestre andor assim como sua mesa repleta de livros e papéis.

Quando os dois amigos foram ocupar seus lugares nas terceiras carteiras da segunda e terceira fileira, o restante dos estudantes entraram na sala e finalmente o Mestre Redilon surgiu dando fim ao tempo de espera. O barulho das duas altas portas sendo fechadas ecoou pela sala. 

— Eu já tinha certeza que não daria tempo — Derion comentou. 

— Pelo visto você não é o único que dorme demais. 

O Mestre Redilon aparentava estar mais lento essa manhã. Seus passos eram dados calmamente enquanto ele andava para sua mesa. O andor de pele negra apresentava uma estatura alta e magra, o pouco cabelo em sua cabeça por vezes fora motivo de deboche entre os alunos. 

Os mestres andors exerciam o papel de professores em Nerendor. Seus principais deveres eram transmitir o conhecimento histórico de Aradus e os preceitos da Sagrada Crença Alial. Todos os estudantes que frequentavam Nerendor eram jovens e adolescentes pois o tempo que costumava ser tomado para adquirir um nível de conhecimento satisfatório era longínquo. Assim, rapazes de todas as classes sociais dos reinos de Asmabel e Vordia vinham para o templo em busca de aprendizado e poder pois além de transmitir o conhecimento sagrado e histórico, os mestres eram encarregados de ensiná-los a desenvolverem suas habilidades mágicas pertencentes à raça dos andors. Todo esse processo costumava levar anos de dedicatória até um estudante conseguir realizar todos os testes e exames que provarão sua capacidade mágica e intelectual. 

— Ei, Derion — Morren e seu amigo viraram-se para trás após ouvirem o chamado. — Soube que você também passou no teste de criaturas ontem. 

— Han... passei, sim. 

Esta havia sido a primeira vez que o estudante Joron iniciara uma conversa com o simples Derion. Não foi surpresa que o magro rapaz trocou olhares de incredulidade com Morren. 

— Que bom — Joron continuou. — Eu não imaginava que você fosse tão inteligente assim. 

— Cara, ele é o aluno mais viciado em livros nessa sala. Talvez do templo inteiro — disse Morren. 

— Também não é assim. Eu apenas me esforço mais que a maioria. 

— Que isso, você tá certo em se esforçar assim. Isso vai servir para eu ficar mais esperto sobre você. 

Derion e Morren trocaram olhares de incompreensão. 

— O que quer dizer?

— Ué, vocês não sabem? Eu também passei no teste ontem. 

— Você passou? — Morren não se preocupou em disfarçar sua surpresa. 

— Pois é. Agora nós dois fazemos parte dos quatro que vão disputar o grande prêmio. O cargo que todos os alunos e mestres gostariam de pertencer. Isso não é fantástico?!

Por um momento, Joron olhou para Derion sentado a sua frente e o direcionou um sorriso misterioso. Por sua vez, o magro rapaz pareceu esquecer que estava em um ambiente repleto de pessoas ao redor pois sua visão de receio estava hipnotizada nos olhos negros de Joron. 

— Peguem seus livros. 

A arrastada voz do Mestre Redilon quebrou o silêncio e a tensão que pairava entre os dois. Morren cutucou seu amigo com o cotovelo para que ele se virasse para frente. 

— Pare de dar atenção no que esse cara fala — Morren sussurrou. — Ele quer colocar medo em você. 

— Eu não estou com medo. Mas eu não tinha pensado nisso que ele falou. Na verdade eu não pensei em nada sobre tudo isso. 

— O que tem para pensar? Você passou e agora vai disputar o cargo que todo mundo aqui gostaria de ter. Já está decidido. Não há no que pensar. 

Ambos abaixaram-se e pegaram o livro que estava guardado num espaço embaixo da carteira. 

— Você falando assim não me ajudou em nada, sabia?

— Hoje nós entraremos em um período do tempo mais complexo na matéria de História dos Reinos — iniciou o Mestre Redilon virando-se para os alunos. — E isso exigirá um foco maior da parte de vocês. 

— Ele sempre diz isso — Morren sussurrou. 

— Como já foi explicado no início de nossas aulas, a matéria de História é dividida entre os três principais períodos da Terra de Aradus. Nós já abordamos o primeiro período intitulado pelos livros como Tempo da Criação, todos os mestres andors consideram esse período o mais simples a ser estudado porque...

— Porque ele só aborda como o nosso continente foi criado! — adiantou-se o aplicado Enestor. 

— Isso. Esse período só abrande os acontecimentos que moldaram nosso continente geograficamente. Respondeu muito bem, Enestor. 

O rapaz na carteira da frente não conteu o sorriso de satisfação. 

— Exibido — Morren sussurrou. 

— Será que ele também passou no exame ontem? 

— Não sei. Se você quiser posso perguntar ele depois. 

— Com o fim do Tempo da Criação, entramos no segundo período de nossa história, o Tempo da Ascensão. Nele veremos a formação de sociedades mais desenvolvidas e a proliferação da Sagrada Crença Alial. Abram seus livros no capítulo vinte. 

Todos os alunos imediatamente começaram a folhear seus livros de capa verde onde pararam em uma página com um grande título. 

— Como podem ver no início do capítulo, o Tempo da Ascensão inicia-se após o fim da longa Guerra das Raças. Alguém pode me dizer o motivo desse período receber esse título? 

Os estudantes permaneceram em silêncio olhando para o professor inexpressivo. 

— Se chama Tempo da Ascensão porque o período se trata das construções das grandes cidades, do desenvolvimento das sociedades e da proliferação da Crença Alial. 

— Exato. Vejo que você já leu o seu livro, Derion. 

— Na verdade não, Mestre Redilon. Foi o senhor quem disse isso tudo agora há pouco no início da aula. 

O professor parou seus passos por um momento.

— Sim. Tinha me esquecido. Pois bem, dando continuidade ao conteúdo, após o fim da Guerra das Raças os sobreviventes de cada povo separaram-se mais uma vez. Os vordianos estabeleceram-se definitivamente na região sul do continente e por lá deram início a contrução de sua cidade. Esta viria a ser a grandiosa Cidade de Vordia que mantém sua base e seu topo intacto até os dias de hoje. Provavelmente é a contrução mais antiga a se manter de pé atualmente. 

— É, mas eu li em algum lugar que Vordia já levou umas pancadas por aí...

Alguns alunos riram do comentário de Dalber, um rapaz asmabeliano. Os alunos vordianos presentes na sala lançaram-lhe olhares de desprezo. 

— Se você se refere aos eventos de O Primeiro Cavaleiro, Dalber, saiba que isso só ocorre no final do período da Ascensão. Portanto, não iremos abordar esse assunto hoje. — O mestre direcionou um olhar de reprimenda para o rapaz asmabeliano que imediatamente parou seus baixos risos. — Se continuarmos analisando esta página no livro, veremos que todos os vordianos do sexo masculino morreram na guerra, e isso quase levou o povo à extinção. No entanto, a mulher do último líder teve um filho homem antes de seu companheiro morrer na guerra. Assim, entre todas as mulheres, o menino foi o responsável por dar continuidade a raça dos vordianos. Ele ficou conhecido como Brondel, o Amado. 

— A casa desse cara deve ter sido o maior prostíbulo que já existiu. 

O comentário de Joron arrancou leves risos de seus amigos. 

— Na época, o sábio Grimbor acompanhado da majestosa ejion Vardelis, foram para Vordia pois eles assumiram a missão de guiar as mulheres na construção de sua cidade. Como podem ver, desde os primórdios a Cidade de Vordia foi destinada a ser a mais grandiosa e formidável entre todas as demais. 

— Mas havia a necessidade de que as mulheres fossem ensinadas pelos Ejions? Quer dizer, elas não poderiam aprender as técnicas de construção sozinhas ao longo do tempo? 

A pergunta de Derion chamou a atenção não somente dos alunos vordianos mas dos asmabelianos também. O Mestre Redilon mostrou-se surpreso com a ousadia do rapaz. 

— Mulheres não possuem o mesmo intelecto que os homens em determinadas áreas, Derion, a construção é uma delas. Independente da raça, homens e mulheres tem suas limitações e seus papéis estabelecidos. Essa é uma das leis primordiais da Sagrada Crença Alial. Além do mais, se os sábios Ejions poderiam ensiná-las, por que haveriam de deixá-las levar décadas para aprender? 

O rapaz calou-se após a fala do mestre. De certa forma, a explicação lhe dada não foi o suficiente para aquietar seus questionamentos. 

— Mas e a Cidade de Asmabel? — perguntou um aluno asmabeliano no interior da sala. 

— Eu ia falar sobre isso agora. Poucos asmabelianos restaram após o fim da guerra, a maioria eram mulheres, idosos e crianças. Assim, os antigos ejions Fendor e Elorel os guiaram para a margem do Rio Florin no norte da região central de Aradus. Lá eles escolheram um sábio homem para ser seu governante e assim iniciaram a construção da fabulosa Cidade de Asmabel. Os Ejions os ensinaram avançadas técnicas de agricultura e criação animal fazendo assim com que aquela área prosperasse rapidamente. Devido a coloração rosada do céu nas manhãs e nas tardes daquela região, a capital ficou conhecida como Cidade Rosada. 

— Meu pai me disse uma vez que os asmabelianos usam roupas de várias cores por causa do céu colorido da região. Imaginem, os homens usando cuecas iguais arco-íris. 

Mais uma vez, o comentário de Joron arrancou risos e deboches de seus colegas. O mestre não preocupou-se em repreendê-lo. 

— Babaca — Morren sussurrou olhando de soslaio para trás. 

Por um breve momento, o Mestre Redilon esperou que alguém lhe perguntasse sobre o surgimento histórico da Cidade de Gandalar mas sua espera mostrou-se frustrada vendo que não havia nenhum aluno gandaliano presente. 

— Bom, esse foi o...

— Você não contou sobre a Cidade de Gandalar, Mestre. 

— Eu imaginei que ninguém iria perguntar já que não há nenhum jovem gandaliano aqui. — O mestre tentou mostrar-se cortês dando um leve sorriso para Derion. — Pois bem, vocês devem saber que os gandalianos atuais são descendentes dos larimarinos. Após o fim da guerra, esse povo preferiu exilar-se em sua fortificada cidade no topo das Montanhas Nebulosas ao norte do continente. A Cidade de Larimar já existia muito antes da Guerra das Raças portanto não havia a necessidade dos Ejions ensiná-los nenhum ofício. Dando continuidade a matéria, aqui nós encerramos as décadas iniciais da Ascensão e esse período ficou conhecido como A Construção das Cidades. 

— Tive a impressão que ele não pretendia nos contar sobre os gandalianos de forma alguma — disse Derion para Morren ao seu lado. 

— Cara, uma hora ele vai se aborrecer com essas suas perguntas. 

— Se passarem algumas páginas, vocês verão que o próximo capítulo relata os acontecimentos de O Grande Longo Conselho. Apesar de ser um período de tempo muito curto, é extremamente importante estudarmos essa passagem histórica pois se trata das primeiras medidas que foram tomadas para moldar a sociedade que conhecemos atualmente. Muito antes do Templo de Nerendor ser erguido, havia a gloriosa Lorindor, lar dos Ejions. Com o término da construção das duas grandes cidades, os governantes de Vordia e Asmabel forneceram pessoas comuns para servirem os Ejions em Lorindor como forma de agradecimento pelo vasto ensinamento transmitido durante as décadas anteriores. 

— Por que Lorindor não existe mais? 

Mais uma vez o mestre assumiu uma postura paciente com o aluno. 

— Os acontecimentos que levaram ao fim de Lorindor está a muitos capítulos a diante, Derion. Levará alguns dias para chegarmos lá. — O rapaz não demonstrou satisfação com a resposta lhe dada. — Pois bem, foi nesse período que Aloron, o Poderoso, fundou a Ordem dos Ejions com todos os seis ejions existentes na época. Assim, ele convocou os governantes das três grandes cidades e foi formado um conselho que durou mais de um ano. Foi decidido que os governantes Delemur de Vordia, Lomerius de Asmabel e Feloron de Larimar seriam os primeiros reis de cada povo dando início assim a monarquia que prevalece até os dias de hoje. O território de cada reino foi dividido em proporções quase iguais e a Sagrada Crença Alial foi adotada por Vordia e Asmabel. 

— Por que os larimarinos não quiseram adotar também a Crença? 

— Inicialmente, os larimarinos temeram mudar drasticamente sua cultura já que a sociedade deles estava formada desde o fim do Tempo da Criação. Mas após séculos eles enfim perceberam que a Crença Alial é a única cultura que deve ser seguida. 

— E o que levou eles a perceberem isso? 

— Conflitos, perdas e miséria. A Crença Alial salvou os gandalianos da extinção há poucos anos atrás, quando eles enfim abandonaram sua antiga cultura e adotaram a única que deve ser seguida. 

— Eu sempre pensei que a Crença tinha como função estabelecer a paz e a harmonia entre todos os indivíduos.

— E você está certo. Essa foi uma das primeiras leis a ser fundada. 

— Então por que os Ejions permitiram que a cidade de Larimar fosse destruída? Quer dizer, eu ainda não sei o que causou o fim da antiga cidade, mas se os Ejions podem fazer qualquer coisa, eles certamente poderiam ter impedido seu fim, não? 

— A antiga Cidade de Larimar teve seu fim por que eles não seguiam a Crença Alial. Eles não quiseram desfrutar da proteção e da benção dos Ejions. 

— Então os Ejions permitiram que a cidade fosse destruída porque os larimarinos não quiseram servir a Crença Alial? 

— Não foi isso que eu disse, Derion. Você está colocando palavras na minha boca. Não há porque fazer esse monte de perguntas agora se ainda estamos no início da matéria. Quando a concluirmos, vocês entenderão as motivações que ocasionaram todos os acontecimentos históricos. Não somente a Queda de Larimar mas tudo que já aconteceu ao longo dos três períodos que moldaram nossa História. 

— Sim, Mestre Redilon, mas é que eu tenho a impressão de que o senhor está baseando-se somente no que o livro está contando quando também poderia falar sobre as versões que as pessoas relatam mundo afora. 

— Mas do que você está falando?

— Antes de vir para Nerendor eu viajava por muitos lugares com meu pai vendendo mercadorias entre Asmabel e Gandalar. Eu ouvia histórias que as pessoas contavam sobre os tempos antigos, sobre o surgimento da Cidade de Gandalar e como a Crença Alial levou ao fim a cultura dos antigos larimarinos e dos gandalianos atuais, inclusive muitos deles estão em estado de escravidão. Eu já tinha percebido que eles contam versões diferentes das mesmas histórias que os livros daqui contam. Há divergências nos fatos, Mestre Redilon. 

O mestre andor ficou imóvel por alguns segundos. Seus olhos passaram pelos alunos ao redor que o observavam a espera de uma resposta às acusações do rapaz.

— Eu não sei de que tipo de pessoa você ouviu essas baboseiras, Derion, mas eu te garanto que são estórias inventadas. A única verdade que existe está relatada nas páginas deste livro. — Redilon apanhou o livro de capa verde na mão. — A Sagrada Crença Alial é a única verdade inquestionável em que nós devemos acreditar. Coloque isso de uma vez na sua cabeça. 

— Eu não duvido do poder da Crença, eu só estou dizendo que há certas divergências nos fatos relatados neste...

— Parece que o Derion é mesmo o escolhido — disse Joron em tom de deboche. — Ele já está até querendo ser mais inteligente que os mestres! 

Desta vez as risadas vieram de todos os alunos, desde asmabelianos à vordianos, amigos ou rivais. Derion engoliu suas palavras e olhou sutilmente para o lado evitando virar a cabeça. 

— Agora eu vejo o porquê de você ter sido aprovado em todos os testes e ter sido um dos escolhidos — continuou o mestre aproximando-se do rapaz que o olhava com receio. — Seu conhecimento está bem avançado em relação aos demais alunos, especialmente nessa matéria. Eu vou te dizer uma coisa, Derion, dentro deste templo você está cercado de seres mais sábios e muito mais poderosos do que você. Portanto, não duvide dos que sabem mais porque a sua opinião não vale nada contra a verdade da Crença Alial. 

O rapaz permaneceu imóvel em sua posição com os olhos fixos nos óculos do andor em sua frente. Suas mãos transpiravam e sua boca estava seca. Nada ouvia-se ao redor, o tempo parecia ter parado e o ar havia simplesmente desaparecido.

— Virem a página — disse o mestre em voz alta. 

Derion recuou o olhar e pensou no que lhe foi dito. Não compreendia o motivo do mestre ter rejeitado lhe dar explicações adequadas sobre seus questionamentos. Ora, não seria esse o motivo de ele estar ali em uma sala de aula? Ter suas dúvidas esclarecidas? Após todo esse episódio, ele julgou que não.




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