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Fada Azul

A música flui em cascatas de água cristalina

No começo da manhã, os alunos eram conduzidos para a missa matinal. Para os padres não importava a opinião dos pais ou alunos, a liturgia era obrigatória. Samantha não conseguia se acostumar com o fato de tudo ali ser sempre tão grande e suntuoso: a igreja tinha uma ampla porta de madeira escura, devia ter cinco metros de largura por três de altura. Lá dentro, os alunos se acomodavam em bancos simples, formando uma multidão de uniformes que variava do branco e azul ao cinza e branco, todos com o mesmo brasão bordado: a cruz dos cruzados sobre o escudo marfim. No púlpito estava ela, pouco mais alta que Samantha e Melissa, vestida de branco e sem adornos. Apenas um violino.

Era como uma visão de sonho: uma fada cujos longos cabelos azuis desciam pelas espáduas como cascatas de água límpida, seus olhos eram como águas marinhas, e o som que ela tirava do instrumento era a coisa mais incrível que Samantha ouvira.

Enquanto a violinista tocava, as notas enchiam o ar e ressoavam não apenas no corpo, mas faziam vibrar a alma. Se fechasse os olhos, podia ver claramente rios cristalinos, cachoeiras, ventos cálidos e gelo. Nas notas do violino, havia uma imensidão branca e gelada, em que o sol se derramava suavemente em uma perfeita sensação de paz.

Depois da Ave Maria, Emília guardou o violino e o burburinho se espalhou até o padre pedir silêncio.

— Caramba, você tá quase babando. Tente ser um pouco mais discreta — zombou Melissa.

— Nunca vi um cabelo assim parecer tão natural. É impossível imaginar essa menina de outra forma.

— Na verdade, Emília nasceu assim, com cabelo azul e tudo.

— Você tá me zoando.

— Juro que não. — Melissa abaixou a cabeça, olhando para os punhos fechados. — Você não vai ver Emília socializando muito pela escola. A maioria dos estudantes, especialmente os que nasceram aqui na cidade, a evitam ou a tratam como se fosse uma aberração.

— A beleza às vezes assusta — murmurou Samantha.

Melissa ponderou aquelas palavras por um instante.

— Acho que inveja seja a palavra mais adequada.

— Medo, inveja, ciúme, cobiça... tudo envenena do mesmo modo.

— Gosto da sua maneira de pensar. — Melissa passou o braço pelos ombros de Samantha. — Tente não se apaixonar, Mili não tem interesse em garotas.

Samantha não se deu ao trabalho de responder a provocação.

Melissa puxou Samantha para mais perto e sussurrou.

— Tem quem diga que o violino dela é encantado — prosseguiu fazendo uma pausa e olhando para os lados. — Honestamente, eu já vi algumas coisas bem interessantes quando ela toca.

— Tipo?

— Tipo borboletas voarem como se dançassem a primavera de Vivaldi.

Samantha a encarou desconfiada.

— Não sei porque tô te contando isso. Os padres e as freiras estão sempre de olho nela, como se esperassem que algo maior aconteça ou como se Emília fosse, de repente, virar algum tipo de santa.

— Isso parece bem assustador.

— E é — Melissa admitiu. — Quero dizer, essa vigilância dos padres. Você me entendeu.

— Eu acredito em você — disse Samantha com sinceridade.

Samantha acreditava em Melissa porque aquela música tinha uma força misteriosa, e mesmo aqueles que olhavam feio para Emília enquanto ela seguia até seu lugar pareciam tão absorvidos quanto ela própria pela melodia. Samantha havia aprendido cedo que muitas pessoas desdenhavam daquilo que não podiam alcançar.

O padre começou a falar, e os estudantes voltaram a fazer silêncio, mas sem a atenção profunda que deram ao violino. A cerimônia de abertura era um lembrete de como as coisas funcionavam. Durava pouco mais de uma hora, e logo a vida escolar seguia normalmente. Ou o mais normal possível para os padrões daquele lugar. Samantha muitas vezes se achava perdida em algum filme estrangeiro, nada em Angelus lembrava a vida escolar nas escolas da capital.

A cerimônia se deu por encerrada, e os alunos foram, aos poucos, voltando para suas classes. Aos dezesseis, Samantha achou que seria colocada em uma turma do segundo ano e o irmão no terceiro, mas havia retroagido ao primeiro, e o estranho é que parecia normal para aquela turma. Melissa também tinha dezesseis e faria dezessete naquele ano. Imaginava a cara do irmão, que tinha quase dezoito e que provavelmente estaria em uma turma de segundo ano.

— Emília.

Os olhos se iluminaram ao reconhecer a voz e o rosto de Melissa. Seus passos para dentro da sala de estudos da biblioteca eram tímidos, porém ligeiros. Samantha acabara de descobrir que as aulas de linguagem muitas vezes se davam naquela sala aberta na parte sul da biblioteca do ensino médio. As mesas eram circulares, feitas para acomodar livros de pesquisa e atividades em grupo. Melissa empurrou a cadeira de um dos garotos para o lado, fazendo Emília se sentar ao seu lado e de frente para Samantha.

— Bom dia. — A voz da garota era tão baixa que se tornava quase inaudível.

— Fiquei preocupada por não te ver ontem. — Em comparação, a voz de Melissa era sonora e vibrante.

— Ainda não tínhamos chegado — respondeu ela.

— Essa é Samantha. Ela é a moradora do Estrela d'Alva.

Houve um breve momento de espanto e silêncio na mesa. Para os garotos, aquela informação também era novidade.

— Mora em uma casa assombrada? — perguntou um deles animado.

— Tá vendo, ela tem quase tantos problemas quanto você, Mili — brincou Melissa e piscou para Samantha. Emília relaxou os ombros e sorriu.

— Não é tão ruim — disse Samantha. — Eles só gemem e arrastam correntes depois da uma da manhã.

— Tá zoando.

— Juro que não.

Os garotos se inclinaram um pouco para frente.

— E?

— Então sopra um vento frio quando todas as janelas e portas estão fechadas. — Samantha abaixou mais o tom de voz, e os garotos inclinaram mais para frente, ansiosos. — As luzes piscam e você pode ouvir...

— Ouvir o quê?

Ela segurou a respiração um instante para aumentar o suspense.

— Diz logo! — exclamou um deles.

— Pode ouvir as panelas batendo enquanto fazem café.

— Tá zoando com a nossa cara — reclamou o outro.

— Com certeza. Não existe essa coisa de casa assombrada.

Melissa quase estourou de rir.

— Tô surpresa que tenha tanto senso de humor — disse ela assim que os garotos mudaram de mesa.

Ao entrar, a professora caminhou silenciosamente para perto do quadro. Faltavam alguns minutos para o início oficial da aula, e os estudantes ainda se acomodavam nas mesas. A mulher baixa e rechonchuda de bochechas rosadas notou a presença da nova estudante, mas a ignorou. O segundo sinal soou em seguida, e as vozes baixas dos alunos se calaram quase que por completo.

— Parece que aqueles dois não gostaram muito da brincadeira — murmurou Emília ainda se escondendo sob os cabelos.

— Deixa eles pra lá. — Samantha deu os ombros. — Muito bonita e comovente sua apresentação.

— Obrigada. Não te incomoda eu sentar aqui? Eu... — Ela enrolou uma mecha de cabelo entre os dedos.

— Eu quero ser sua amiga — respondeu Samantha.

— Está pedindo para entrar em um grupo bastante restrito — afirmou Melissa e, com satisfação, acrescentou. — Não aceitamos qualquer um. — Seus olhos correram para o resto da sala cheia de cabeças baixas e burburinho. — E não aceitamos desistências.

— Ela tá sendo exagerada. — Emília se apressou em dizer corando até a raiz dos cabelos. — Não é nada disso, não somos uma seita nem nada do tipo. Os outros que não se misturam muito com a gente. — Ela destacou os cabelos com um gesto.

— Se esse é motivo, são um bando de idiotas. De onde eu vim, pagam caro pra ter o cabelo assim, e ele logo desbota.

A professora lá na frente arremessou um generoso pedaço de giz que atingiu Melissa no meio da testa.

— Oh, pontaria— choramingou. — Esses professores nunca erram.

— Preciso jogar mais um ou vão se concentrar na atividade? — perguntou ela.

— Não precisa — respondeu Melissa.

— Ótimo.   

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