C A P Í T U L O 5 📚
Nesta nova página, Larissa demorou um pouco a entender onde estava. Parecia ter caído de um grande penhasco e ainda não conseguia abrir os olhos, estava tudo muito confuso. Esfregando os olhos, ela foi abrindo devagar e viu-se cercada de flores. Flores das mais diversas cores e tipos. Ela ficou confusa, já havia passado por tantos lugares diferentes e aprendido tanto! Queria saber o que a aguardava ali.
Piscando várias vezes para tentar focar ao seu redor, percebeu que o que parecia um jardim era imenso. havia flores até onde os seus olhos podiam alcançar.
Receosa, Larissa se levantou e olhou ao seu redor. Apenas flores. Andando sem direção, ela começou a sentir uma brisa soprar levemente, e de repente, sentindo uma paz, abriu os braços e começou a rodopiar ao redor de si própria.
Era muito tranquilo ali. Silencioso. Ela começou a se incomodar com a falta de movimentação. Andando por algum tempo em direção ao que imaginava ser o norte, mas a paisagem permanecia igual.
“O que será que está acontecendo, o que devo fazer?”, porém a resposta não veio. Quando estava prestes a se desanimar, encontrou-se com um rapaz de boa aparência, deitado de barriga para cima, com um capim na boca, de olhos fechados. Ela ficou parada por um tempo, apenas observando-o.
— Vai continuar me olhando ou pretende se apresentar? — disse ele em um tom divertido, sobressaltando-a.
— Er, desculpe. Eu sou Larissa. Quem é você? Onde estou? — ela não conseguiu conter sua curiosidade ao cogitar ter encontrado alguém que poderia responder suas perguntas.
— Xi, calma, criança. Uma coisa de cada vez. — Sem abrir os olhos, o rapaz fez um gesto com a mão para que ela se sentasse ao lado dele. Mesmo relutante, ela o fez.
— Então, me chamo Pacífico. Sim, eu sei.
Dito isso, ele calou-se e ela queria fazer mais perguntas. Por muito tempo ficaram ali, até que ela se cansou e deitou ao lado dele. Experimentou fazer o que ele fazia. Fechou os olhos e ficou só sentindo a brisa em seu rosto, a paz.
Por um momento pensou ter adormecido, pois o tempo mudou de repente: nuvens escuras pairavam sobre a sua cabeça. Olhou para o lado e percebeu que Pacífico havia se levantado e estava olhando o horizonte.
Ao se levantar, viu que o tempo se fechava rapidamente. Pacífico olhou em sua direção e ela percebeu que os olhos dele eram de um azul escuro, tal qual o tempo naquele momento. Poderia apostar que se o tivesse visto de olhos abertos anteriormente, eles seriam azuis claros como céu ensolarado.
Ele veio se aproximando e pegou em sua mão.
— Vamos, não poderemos ficar aqui. É perigoso.
Larissa queria perguntar o por quê, mas o estrondoso trovão a fez estremecer e rapidamente pegar na mão que lhe era estendida. Pacífico apertou a mão dela e juntos correram, correram. Após alguns minutos, eles vislumbraram uma alta montanha, que até então não estava à vista.
Larissa já estava se cansando, mas Pacífico parecia entender que ela precisava se esforçar mais, e apertava sua mão, não deixando-a desistir. O céu cada vez mais escuro e de repente, grossas gotas de chuva começaram a cair, açoitando seus rostos e seu corpo. Pacífico apertou ainda mais o passo.
— Já estamos quase chegando, quase lá.
Ao se aproximarem da montanha, o moço soltou a mão dela, e começou a subir nas pedras. A mente da Larissa gritava: “Sério?”. Depois de tanto correr, quando mal podia respirar, ela ainda precisava subir na montanha?
Olhando para cima, quis desanimar, mas ao olhar para trás, de onde vieram, viu que a linda paisagem havia se transformado completamente. Nada parecia igual. Nuvens cinzas, vento forte. Nem se apercebiam as flores que outrora estava ali, tão lindas. O vento havia varrido praticamente todas. Sentindo uma espécie de medo, ela tratou de seguir seu novo amigo.
Após alguns minutos de subida, viu que ele havia desaparecido. Ao se aproximar, percebeu que se tratava de uma caverna.
— Venha, Larissa, aqui estaremos seguros. — Cansada, ela não retrucou, apenas seguiu.
Dentro da caverna, o moço arrumou um jeito de fazer uma fogueira e ficaram aquecidos e seguros enquanto a tempestade fustigava lá fora. Enquanto se aquecia e descansava, após beber água de uma fonte límpida que havia na caverna, Larissa se perdeu em pensamentos. Queria entender.
Ao som de um pigarro, olhou em direção a seu companheiro. Ele esboçava um sorriso de canto e seus olhos refletiam o fogo, criando uma imagem surreal diante da moça.
— Você ainda está confusa. Pensei qeu havia entendido, criança. — Ao menear a cabeça negando, o rapaz suspirou. Por um tempo apenas mirou o fogo. — Você consegue me descrever as sensações que teve enquanto estávamos naquele vale de flores?
Larissa não hesitou. Era uma pergunta fácil de responder.
— Sim. Era uma calma, uma paz. Em certo momento, enquanto estava sozinha, o silêncio chegou a me incomodar, mas quando o encontrei de repente me senti segura. Até cochilei.
Pacífico balançou a cabeça, concordando.
— E depois? — seu olhar era intenso.
— Bem. Depois a sensação de segurança desapareceu. Ao ver as nuvens negras da tempestade iminente e não ver nenhum abrigo, me veio o sentimento de pânico, sei lá.
O sorriso de seu companheiro alargou-se.
— Ainda não entendeu?
— Não, Pacífico… — começou ela, mas foi interrompido pelo rapaz.
— Não me chame de Pacífico aqui. Me chame de Victor. — ao ver a confusão aumentar no rosto da moça, ele fechou os olhos. — Descanse, criança. Você conseguirá entender.
Exausta da corrida e com os nervos abalados, Larissa deitou-se a redor da fogueira e Victor começou a entoar uma canção, que a fez logo fechar os olhos. Enquanto mergulhava no mundo dos sonhos, finalmente Larissa entendeu. Naquele capítulo, ela aprendeu que não adianta estar num ambiente tranquilo, sem uma efetiva segurança. A paz é efêmera. Que a verdadeira vitória costuma estar na segurança de uma montanha dura e desconhecida. Estar no vale não significa estar a salvo, se não puder se esconder e se desafiar a romper seus próprios limites.
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Capítulo por CDany7
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