Já sonhou em voar alto pelo céu? Sentir o vento no rosto, pular e fazer cambalhotas, nas nuvens? Assim como toda criança, Larissa também tinha esse sonho. Entretanto, seu sonho nunca incluiu ser lançada para longe, devido ao impacto de uma explosão. 

A menina que segurava a pequena cadelinha próximo ao corpo, no propósito de amortecer a colisão com o chão, já se preparava para a morte. Será que a morte é o fim para ela? Uma verdadeira protagonista só morre quando a história termina, e a história de Larissa Daley só está nas primeiras linhas.

- Ei, menina... O que pensa que está fazendo? Se não sabe voar direito, é melhor ficar com os pés em terra. – aconselhou o ser com voz de anciã.

Quando Larissa abriu os olhos para ver quem falava e o porquê de não ter caído, teve um susto. Estava imobilizada no ar por algum motivo, e de cabeça para baixo. Isso era um problema, estava de vestido.

- Me desce daqui! SOCORRO!!! EU QUERO DESCER! – suplica a garotinha enquanto Snow latia. No idioma canino, também deve ser um pedido de ajuda.

A velha anciã de estatura baixa, aproximadamente da altura de um anão, puxou do bolso de suas vestes um graveto. Erguendo-o, balançou vagarosamente com uma expressão de aborrecimento na face pela agitação da menina.
Larissa naquele mesmo instante voltou a ver as coisas pelo ângulo correto e pôde sentir a terra debaixo de seus pés novamente. A região de onde Larissa foi arremessada, era de clima frio e o solo coberto por neve, mas esta, é de um clima mais quente. As folhas e o céu têm uma mistura de tons alaranjados, parece até a própria estação do outono.

- O... Obrigada – disse com o cabelo todo bagunçado.  Ela ainda respirava fundo depois do susto.

- De quem era aqueles gritos? – interroga o menino vindo de casebre à esquerda em torno de 30 metros. 

Larissa estava confusa. Olhava tudo, incluindo aqueles dois, e questiona: "Onde estou? Que lugar é esse?". 

O garoto recém-chegado observou aquela figura de olhos castanhos e de um brilho genuíno, e logo constatou que ela deveria ser a nova portadora. Já a senhora, encarava o rapaz ruivo e com sardas ao seu lado com expressão de " não é óbvio?".

- Então, o livro de Laura Leblanc ganhou uma nova portadora... – deduz com um sorriso nos lábios.

- O que disse? Olhe, por favor, me diga onde estou.

Larissa não entendeu. Como ele poderia saber o nome da autora do livro com uma capa arroxeada, ou melhor, da dona do diário de capa falsa? 

- Ora, depois de cumprir o desafio do livro, é evidente que você seria enviada a Bookland. – Larissa estatelou os olhos quando escutou tais palavras. – Não me diga que você resolveu entrar nessa jornada sem saber onde ia parar? – Larissa ficou retraída em dar confirmação.

- É bem típico da idade, Abel. – comentou a velha já sentando no toco de árvore, ali presente. – Até a própria Laura vivia se envolvendo em confusões. Vamos, pare de enrolar e dê uma introdução a pequena aventureira sobre sua jornada a partir de agora.

- É, eu preciso saber a respeito do que estão falando. Estou completamente perdida e desorientada – confessa prendendo o cabelo em um coque –, pois em um dado momento sou roubada, no outro sou presenteada com um livro mágico... Minutos depois sou perseguida por um bando de malucos atrás desse bendito livro! – desabafou exausta em todos os sentidos.

- Bom... Sou Abel Clarke. Então nesse capítulo serei seu tutor, minha pequena pupila. E qual seria sua graça?

- Meu nome é Larissa Daley, muito prazer, Abel . O que quer dizer com "nesse capítulo"? 

- Todo livro nos leva a uma viagem quando estamos lendo, mas esse livro é mais especial. A história de Laura é lida por seus leitores de um modo original; vista por um ângulo diferente. Além de ler, na própria pele você pode viver... – Abel falava e livros surgiam magicamente como elementos do cenário ali sendo criado – A cada desafio completado, um capítulo é desbloqueado. – vendo o semblante indagação, ele explicou mais – Sabe, para muitos ele pode ser só um antigo diário de uma adolescente, todavia para aqueles que acreditam no poder a qual um livro tem... O portador pode ser transportado para dentro. Sim, Bookland é o nome do lugar. Certamente, Larissa, você foi escolhida para portar o livro, receba essa missão e continue com essa paixão pela leitura.

- Nossa! Estou de queixo caído. Por que eu? – e naquele segundo ela entendeu, Larissa sabia o verdadeiro valor que um livro tem. Na sua cidade, os livros eram jogados, resgados e desprezados, exceto por uma moradora. – Espere, não lembro de ter efetuado um ato de compaixão. – Então Snow latiu como se dissesse "esqueceu de mim?"

Entusiasmada por ser a "escolhida", gritou e saltou de felicidade. Estava dentro de um mundo novo. Acabou saltando tão alto que quando percebeu estava voando novamente. Pediu ajuda e voltou para terra. 

- Diga-me só mais uma coisa meu tutor. E os meus perseguidores? Quem são? Como tinham conhecimento da minha posse do livro? Por que desejam o livro? Inclusive, tinha um homem chapéu, cabelos pretos e que possuía uma jóia...

A velha e o menino se entreolharam, já sabiam a resposta. Contudo, por algum motivo não lhe iriam revelar o segredo. Tão misteriosos como uma noite de luar sem estrelas, ambos selaram o segredo no fundo de seus corações. 

- Há coisas, criança, que não se revelam de imediato. – informou a senhora sem identificação.

- Explique-me.

- Talvez você precise de um próximo capítulo para obter as respostas, viajante do mundo real. – sugeriu Abel com um olhar enigmático.

Larissa não gostou nem um pouco. Queria saber. Afinal, era uma menina curiosa que não cessa de ler justamente por ser cativada por um mistério do mundo fictício.

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Capítulo por TaynanIris